A respiração é uma função vital, instintiva e reflexa que se dá no primeiro momento de vida fora do útero. Através da respiração nasal o ar é levado para os pulmões filtrado, aquecido e umidificado. Os lábios permanecem fechados na posição de repouso, há equilíbrio na musculatura facial que atua como uma cinta muscular e orienta o crescimento e desenvolvimento da face.
Qualquer impedimento neste processo de respiração pelo nariz, independente de sua causa, pode levar à síndrome da respiração bucal.
Na infância as causas mais comuns são: hipertrofia de adenóide e amídalas; rinite alérgica; desvio de septo nasal; hábitos inadequados, como o uso da mamadeira antes dos 6 meses de idade, chupar chupeta, dedo ou roer unhas (onicofagia).
Na adolescência são mais comuns: tumores nasais; pólipos nasais (relacionados com pacientes alérgicos); rinite medicamentosa (pelo uso excessivo de vasoconstritores nasais tópicos); desvio de septo nasal; rinite alérgica; hipertrofia de adenóide e de amídalas.
Infelizmente a incidência de respiradores bucais tem aumentado devido à susceptibilidade alérgica exagerada aos agressores ambientais (poluição, alimentos com agrotóxicos, hormônios, anabolizantes, etc.) e às obstruções nasais. Cerca de 25% da população mundial sofre de rinite, mas muitas pessoas não têm noção de ter esse tipo de alergia.
Esta síndrome pode causar importantes alterações em todo organismo, comprometendo a qualidade de vida do paciente: Face adenoideana e pálida, assimetria da musculatura facial; Nariz estreito, com base alargada, desvio de septo, sinusites freqüentes; Olheiras, posicionamento alterado dos olhos, olhar cansado, expressão facial vaga; Perda auditiva, otites de repetição; Cabeça mal posicionada em relação ao pescoço, trazendo alterações compensatórias para a coluna; dores nas costas e na região do pescoço; Obesidade ou magreza excessiva; Lábios secos e rachados com alteração de cor, lábio superior retraído e/ou curto e inferior evertido ou interposto entre os dentes; Má higienização dos dentes, gengivas ressecadas, maior incidência de cáries, halitose (nome científico para mau hálito. O respirador bucal tende a ter um ressecamento grande da mucosa, gerando excesso de descamação das células que se depositam sobre a língua e entram em decomposição, aumentando o dor desagradável, com a diminuição da percepção do paladar e olfato);
Logo, se toda a propriocepção oral apresenta-se alterada, podemos encontrar também alterações nas funções do sistema estomatognático (sucção, deglutição, respiração, mastigação e fala): Deglutição atípica; Fala imprecisa com articulação trancada e excesso de saliva; Alteração de volume e ritmo do ar inspirado; Mastigação incoordenada e insuficiente, pela necessidade de mastigar e respirar pela boca ao mesmo tempo;Respirar pela boca também pode levar a alteração no sono (agitado ou insônia, apnéia, ronco, baba noturna e/ou diurna). Os déficits de atenção causados pelo estresse resultam em ansiedade e sonolência. Menor rendimento físico, incoordenação global, cansaço, levando a conseqüências psicossociais, tais como faltas freqüentes na escola e/ou no trabalho, agitação, ansiedade, impaciência, impulsividade, desânimo.
Fga.Regina Nicolósi |