Para refletir:
Para
obter uma equação que possibilite descrever o comportamento
futuro de um sistema dinâmico os cientistas estudam o comportamento
do sistema para pequenos intervalos de tempo, constroem as
equações diferenciais, utilizam métodos para integrar
essas equações e chegam a uma solução, impondo as devidas
condições de contorno.
Alguns
sistemas, no entanto, se comportam de maneira tal que as equações
diferenciais que os representa não podem ser solucionadas
algebricamente. Neste caso se inscreve a maioria dos sistemas
não-lineares, através dos quais
o Caos se manifesta.
Como
estudar o comportamento futuro de um sistema dinâmico quando
não conseguimos solucionar algebricamente as equações diferenciais,
ou seja, quando o sistema é não-integrável?
Veremos
agora que é possível simular
o comportamento do sistema atribuindo valores numéricos
aos parâmetros envolvidos e representando-os no espaço
de fase. |
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Teoria:
Espaço
de fase é a representação das variáveis
dinâmicas relevantes de um sistema. Uma trajetória
no espaço de fase representa a evolução temporal do sistema,
através da evolução temporal de suas variáveis relevantes.
O espaço de fase é uma ferramenta útil na compreensão do comportamento
dos sistemas. Quando
o sistema é não-integrável (não admite solução
algébrica) podemos simular sua evolução temporal com
o auxílio do computador, realizando uma integração
numérica, e representar essa evolução no espaço de fase.
Para exemplificar
a utilização desta importante ferramenta, tomaremos dois sistemas
dinâmicos de tempo contínuo elementares: o pêndulo simples
e o pêndulo amortecido.
Pêndulo
Simples:
Um corpo
preso por um fio inextensível de massa desprezível, sob a
ação exclusiva da força peso. As variáveis relevantes são
a posição e a velocidade. As únicas forças externas atuantes
são o peso atuando sobre o corpo e a tração do fio sobre o
eixo de rotação. A força de tração não realiza trabalho, por
ser ortogonal à trajetória do movimento, e a força peso é
conservativa, portanto, o sistema é conservativo.
Pêndulo
Amortecido:
Além
da força peso, uma força de atrito proporcional
à velocidade age sobre o sistema, provocando uma dissipação
de energia que a longo prazo fará sessar o movimento.
Trata-se de um sistema dissipativo. |
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Dedução
matemática:
Sendo
θ o ângulo entre o fio e um eixo vertical, direção
da força peso, a componente responsável pelo torque de restauração
da posição de equilíbrio do corpo será proporcional a senθ
(componente ortogonal da força em relação ao fio). Aplicando
a segunda lei de Newton para movimento angular neste caso
teremos:
Fazendo a aproximação
linear do termo de restauração para ângulos pequenos, a componente
seno do peso fica aproximadamente proporcional ao próprio ângulo
formado com a vertical em radianos, , e a equação
diferencial do pêndulo simples torna-se linear.
Adotando-se o valor 1 para os parâmetros fixos (comprimento
do fio (l) e aceleração da gravidade (g)) teremos
a seguinte equação de segunda ordem:
ou
é conveniente,
para realizar a integração numérica pelo
método de Euler, expressá-la através de um sistema
de duas equações diferenciais de primeira ordem:
cuja solução é
e podemos verificar
que
Portanto, o
gráfico de θ x ω será um círculo
de raio a.
Adicionando
à equação do pendulo simples o termo de amortecimento 1/q, proporcional
à velocidade, a equação do movimento do pêndulo amortecido
será:
fazendo-se a aproximação
linear , podemos novamente
expressar em termos de equações diferenciais de primeira ordem:
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Na seção
Prática A o pêndulo
simples será utilizado como um exemplo de
sistema conservativo: 100 pontos iniciais distintos em Movimento
Harmônico Simples (MHS).
Para verificarmos
o que acontece entre os diversos pontos iniciais no espaço
de fase quando há dissipação de energia recorreremos ao pêndulo
amortecido, na seção Prática
B.
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Prática
A:
Representa-se
no espaço de fase o comportamento dinâmico de um sistema conservativo,
o pêndulo simples, com o programa espacodefase1.f.
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Figura
3
- Comportamento de um conjunto de 100 pontos em MHS
no espaço de fase. |
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Conclusão
A
Na
Figura 3, um conjunto de 100 pontos com condições iniciais
diferentes percorre um ciclo de um MHS. Foram registradas
posições em intervalos regulares e representadas no espaço
de fase, como fotos estroboscópicas. Quando o sistema é conservativo,
como neste caso, a área ocupada pelo conjunto de pontos se
mantém constante.
Como não
há conflito entre dissipação e reposição de energia, o comportamento
a longo prazo repete o comportamento a curto prazo, por isso
não se define atrator para sistemas conservativos.
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Prática
B: Com
o programa espacodefase2.f
observa-se o comportamento do atrator e a redução da área
no espaço de fase.
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Figura
4
- Comportamento de um conjunto de 100 pontos em movimento
harmônico amortecido com
q = 8,0.
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Conclusão
B:
No caso
do pêndulo amortecido (Figura 4) vemos que a área ocupada
pelo conjunto de condições iniciais vai diminuindo com o tempo,
ou seja, a distância entre os pontos vai diminuindo e isso
representa dissipação de energia.
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