O Pantanal Mato-Grossense, a maior
região alagável do mundo, que abrange parte dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, é hoje uma das áreas mais importantes para pesquisadores, atividades turísticas e
para a pecuária no país.
Ocupando uma área
de 140 mil km2, o Pantanal, como seu ciclo especial de águas, que transforma durante boa
parte do ano imensas planícies em áreas semi-alagadas, abriga uma fauna riquíssima, que
o governo nos últimos anos têm procurado proteger, como é o caso dos jacarés e aves
das mais diferentes espécies.
Este ecossistema
delicado e extremamente complexo tem sofrido com o desmatamento ao longo das margens dos
rios que cortam a região, todos eles ligados à bacia hidrográfica do rio Paraguai. Os
garimpos de ouro e diamante também causam assoreamento de rios que chegam ao Pantanal,
especialmente no Mato Grosso, onde a atividade garimpeira tem sido mais intensa.
Problemas à parte,
a região do Pantanal, cada vez mais, desperta a atenção, não apenas nos aspectos que
envolvem seu ecossistema original, mas também pelas especificidades do homem pantaneiro,
acostumado a vencer as longas distâncias entre fazendas de gado, cruzando áreas
alagadas.
A colonização
chegou à região no século XVIII, através dos rio Tietê, Paraná e Paraguai. Eram
aventureiros à procura de ouro. Com o declínio desse tipo de exploração, o homem do
Pantanal acabou consolidando fazendas de pecuária extensiva, atividade que se adapta bem
à região com sua imensas pastagens naturais.
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As dificuldades de acesso aos grandes centros
brasileiros, como Rio de Janeiro e São Paulo, acabaram fazendo com que a população
local tivesse mais contato, até o início do século, com o Paraguai, Argentina e
Uruguai. Com isso, o pantaneiro acabou absorvendo traços culturais dos países vizinhos,
inclusive um sotaque que nas áreas mais próximas da fronteira denota a forte influência
do espanhol na língua.
Este imenso delta
interno entre o planalto Central brasileiro e a cordilheira dos Andes tem características
que misturam espécies da fauna e flora típicas da Amazônia e das áreas do cerrado. No
Brasil concentra-se 80% do Pantanal e o restante desse ecossistema distribui-se entre
Bolívia e Paraguai.
Tanto no Brasil
quanto nos países vizinhos estudos cientificos mais sistemáticos sobre a região só
começaram a se desenvolver nas últimas décadas. Na verdade, os próprios cientistas
reconhecem que pouco se sabe sobre a fauna e a flora do Pantanal, que já sentem os
efeitos das modificações introduzidas pelo homem no meio ambiente.
Paisagens - Quem
chega à região do Pantanal depara-se com quadros diversificados. A presença constante
de animais, principalmente aves, encanta o visitante. Cerca de 650 espécies de aves
povoam a região. Répteis como o jacaré (Caiman yacare) são encontrados em abundância,
espalhados pelos rios, lagos e baías.
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É a maior
concentração faunística de todas as Américas. Grandes bandos de capivaras, o maior
roedor do mundo, podem ser observados com extrema facilidade, ao lado de alguns cervos do
Pantanal. Já a ariranha, antes comum em toda a região, não tem sido mais encontrada
devido à enorme pressão de caça ilegal e predatória a que foi e continua sendo
submetida, principalmente pelo elevado valor de sua pele.
O
jacaré tambem tem sido alvo de caçadores - sua pele tem grande valor no mercado
internacional e sua carne é apreciada. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis (Ibama) tem investido na repressão à caça predatória, embora esta seja uma
tarefa difícil, tendo em vista que são inúmeros os rios e lagoas espalhadas no
Pantanal.
A região é um
convite à pesca. São cerca de 230 espécies de peixes, destacando-se a piranha, o
pintado, o pacu, o curimbatá e o dourado. A proteção dos peixes é outro desafio.
Especialmente na época da desova, quando as fêmeas sobem os rios até as cabeceiras, a
luta contra a pesca predatória torna-se mais intensa.
Rios, como o
Miranda, no Mato Grosso do Sul, são alvos fáceis de donos de frigoríficos que perseguem
os cardumes de peixes, pescados facilmente com tarrafas.
O espetáculo da
piracema, como o fenômeno da desova é conhecido, impressiona a quem assiste. Alguns
cardumes que sobem o rio, vindos do rio Paraguai, nadam na superfície da água. Os dorsos
prateados ou dourados dos peixes compõem uma cena de beleza ímpar, já que alguns
cardumes ocupam praticamente toda a extensão visível do rio.
Ecologistas,
preocupados com o destino do Pantanal, defendem a necessidade de um manejo integrado para
garantir a saúde desse ecossistema. Além dos problemas da caça indiscriminada e da
ocupação das margens dos rios por garimpos e fazendas, os técnicos querem mais medidas
para organizar o fluxo de turismo para a região. Lembram, por exemplo, que têm sido
comum o atropelamento de animais ao longo da rodovia Transpantaneira. Além disso, carros
e ônibus costumam chegar muito próximo de ninhais ou viveiros.
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A
região do Pantanal é uma imensa planície sedimentar que faz limite com áreas mais
altas, como os planaltos de Maracaju e Taquiti/Itiquira, serra do Tapirapuã e chapada dos
Parecis. É nesses relevos que nascem os rios que se dirigem para o Pantanal. Todos acabam
desembocando num leito principal que é o rio Paraguai.
Entre os principais
cursos dagua estão os rios Jauru, Cabaçal, Cuiabá, São Lourenço, Miranda,
Aquidauana e Taquiri. Esses rios, que marcam o ciclo das águas do Pantanal, começam a
enfrentar os efeitos dos desmatamentos feitos por fazendas de grãos. Além do
assoreamento que atinge especialmente o rio Taquari no período das chuvas, uma boa
quantidade de água misturada com agrotóxicos usados nas lavouras é lançada no leito
dos rios. Esta é uma preocupação dos técnicos, já que esta água chegará ao
coração do Pantanal.
Este ciclo de águas
da região transforma drasticamente a paisagem. Durante o período seco brota a pastagem
natural que alimenta o gado, a maior atividade econômica da região. Com a chegada do
período chuvoso formam-se imensas lagoas e parte do pasto fica alagado, obrigando os
fazendeiros a remover o gado para áreas em locais às vezes muito distantes.
Apesar dos períodos
de adversidade, quando o excesso de chuva ou de estiagem chega a dar prejuízo aos
pecuaristas, a região é considerada ideal para essa atividade. Chega-se a dizer que no
Pantanal "não é o fazendeiro quem cria o gado, mas sim o gado que cria o
fazendeiro".
Proteção - O
equilíbrio dessa região exige proteção constante e embora os mecanismos de
fiscalização ainda sejam muito precários já existe, desde 1967, uma legislação que
procura proteger a fauna e a flora do Pantanal. A lei estabele, entre outras coisas, que
é proibida a "utilização, perseguição, destruição e caça de animais de
quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora
do cativeiro. A fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são
propriedade do Estado".
Apesar dos
mecanismos de proteção, muitas espécies ainda sofrem com a investida de caçadores e
pescadores profissionais. A pesca predatória, por exemplo, tem ameaçado espécies
consideradas nobres, como o pacu e o dourado. Os jacarés, que chegaram a 2 milhões há
poucas décadas, sofreram dramática redução populacional.
Em menor escala,
outros animais costumaram ser contrabandeados, como o caititu, capivara, queixada, lontra,
ariranha. Entre as aves, as mais visadas são as araras, principalmente a arara azul, cada
vez mais rara.
Os técnicos
entendem que toda essa riqueza animal e vegetação pode ser manejada, mas de forma
cuidadosa, para não comprometer a sobrevivência de algumas espécies. É o caso do
jacaré. Já existem algumas fazendas funcionando na região onde o jacaré é criado para
abate. Apesar da polêmica que o assunto levantou quando este tipo de manejo começou a
ser discutido, a atividade está se consolidando. As fazendas são obrigadas a devolver à
natureza parte da ninhada de jacarés que nasce em cativeiro. Fonte : Ministério das Relações Exteriores http://www.mre.gov.br |
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