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Pronomes de tratamento

*Maria Tereza de Queiroz Piacentini

 

Antes de apresentar algumas dúvidas dos resenhistas, acho interessante transcrever um parágrafo do famoso Millôr Fernandes sobre "como convenções centenárias continuam dominando" grande parte das nossas cartas e ofícios. Foi em 1996 que Millôr escreveu:

"Muito de minha correspondência começa com Ilmo., ilustríssimo, por extenso. Ilustríssimo eu? Ilustríssimo você? Ilustríssimos por quê? Estão me gozando? Estão te gozando? Mesmo não sendo essa a intenção já não está demasiado gagá essa ilustrização de qualquer pessoa? Não bastaria um prezado, ainda que com um leve tom de falsidade, mas mais brando? Não sendo o cavalheiro em questão (eu) nem prezado, nem estimado, nem ilustre, nem ilustríssimo, nem ilustrado - por que não me tratar simplesmente por senhor?"

Devo esclarecer que antes disso - em 1991 - tal fórmula já tinha sido oficialmente abolida, quando a Presidência da República publicou seu "Manual de Redação", onde se lê à página 24: "(...) fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor". Na mesma ocasião se aboliu o uso de digníssimo (DD.) sob o argumento de que "a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação".

"Existem alguns corretores ortográficos que utilizam abreviaturas como V.Ex.a e V.S.a com o ponto no meio das letras e não no final como estamos acostumados a ver, ou seja, V.Exa. e V.Sa. Qual abreviatura é a correta?"

A opção melhor e mais moderna é abreviar palavras sem elevar nenhuma letra: V.Exa. , V.Sa. , Profa., Dra., Sra. etc.

Proponho também V Ex.ª e V. S.ª, como é ainda muito usado em Portugal, pelo que observei.

"Gostaria de saber qual a abreviatura correta do termo 'atenção', no sentido de aos cuidados de... utilizado em cartas profissionais."

Há duas opções para abreviar "à atenção de": AT. ou At.

"Como escrever no envelope: em mãos ou em mão?"

Tanto faz. E/M é a abreviatura de EM MÃOS ou EM MÃO. No Grande Manual de Ortografia Globo consta também: E.M.P. - em mão própria.

"Qual é a forma correta dos pronomes de tratamento e respectivas abreviaturas? Por exemplo: a senhora/a Senhora/ a sra./ a Sra. Maria..."

O usual quanto aos pronomes de tratamento como senhor, senhora, doutor, dona, dom, senhorita, professor, você etc. é empregar letras minúsculas quando por extenso e inicial maiúscula nas formas abreviadas:

- A Sra. Maria - A senhora Maria está aqui.

- D. Marta - A dona Marta já chegou.

- O Sr. Prof. Dr. José - O senhor professor doutor José se aposentou.

- V. me traiu. - Não sei se você me traiu.

- Louvaram S. Exas. - Louvaram suas excelências.

Embora muitos textos jornalísticos adotem somente as minúsculas, nas repartições públicas a praxe é empregar as maiúsculas em ambas as situações: V. Exa. / Vossa Excelência recebeu a nota... Enviamos a V. Sa. / Vossa Senhoria o boletim...

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Excelências e senhorias

"Qual é o pronome de tratamento a ser utilizado para vereadores? Baseada nas Normas de Comunicação em Língua Portuguesa, de Hêndricas Nadölskis, sempre utilizei Vossa Senhoria. É possível ter havido alteração para Vossa Excelência?"

O uso do pronome de tratamento VOSSA SENHORIA para vereadores está correto, sim. Numa Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu presidente, de acordo com o **Manual de Redação da Presidência da República (1991). Particularmente, vejo um pouco de exagero nisso - bastaria V. Sa. para todos, mas entendo que o Manual teve de generalizar, sugerindo então o emprego de V. Exa. também aos presidentes das Câmaras Municipais, já que Vossa Excelência / V. Exa. é o tratamento fixado para presidentes de casas legislativas como Assembléias, Senado e Câmara.

Segue a listagem das autoridades a quem se sugere tratar, nas comunicações oficiais, por Vossa Excelência [ou, de forma abreviada, V. Exa.]:

No Poder Executivo

- Presidente da República, Vice-Presidente, Secretário Geral, Chefe do Gabinete Militar, Chefe da Casa Civil, Procurador Geral, Consultor Geral e demais cargos ligados à presidência da República

- Ministros de Estado e Secretários Executivos dos Ministérios

- Governador, Vice-Governador e Secretários de Estado

- Embaixadores

- Prefeito Municipal

No Poder Legislativo

Presidente, Vice-Presidente e membros do Senado Federal

Idem Câmara dos Deputados

Idem Assembléias Legislativas estaduais

Idem Tribunal de Contas da União e estaduais

Presidentes das Câmaras Municipais

No Poder Judiciário

Presidente e membros de todos os Tribunais, vale dizer: ministros, desembargadores e juízes

Nas Forças Armadas

Chefes de Estado-Maior das três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e oficiais generais.

Outros

Reitores de universidades.

Ao endereçar correspondência a esses senhores (ou senhoras, bem entendido), escreva na primeira linha: (Ao) Excelentíssimo Senhor ou (Ao) Exmo. Sr. / (À) Exma. Sra.

Em tempo: a fórmula por extenso é uma exigência somente para Presidente da República e Governador de Estado, mas pode ser estendida para as demais autoridades, pois com o advento do computador ficou mais fácil usá-la (já imaginaram quanto se gastava para datilografar 'Vossa Excelência' cada vez que esse tratamento aparecia no texto?). No entanto, o redator precisa ser coerente usando ou todas as formas abreviadas ou todas por extenso - inclusive "doutor" - desde o endereçamento.

Emprega-se Vossa Senhoria para se dirigir a quem não está incluído nas listas acima, ou seja: vereadores, advogados, diretores de escolas, gerentes, chefes e dirigentes de empresas, padres, pastores e oficiais até coronel. Neste caso, comece o endereçamento com Ao Senhor / À Senhora, e não com "Ilmo. Sr. / Ilma. Sra. / Ilustríssimo Senhor".

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*Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Só Vírgula" e "Só Palavras Compostas", é diretora do Instituto Euclides da Cunha, www.linguabrasil.com.br

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