Rodeio Country     

A HISTÓRIA DO BERRANTE

 

Os berrantes surgiram há mais de três séculos, época em que o próprio tropeirismo dava seus primeiros passos e talvez seja por isso mesmo que é tão difícil desassociar uma coisa a outra. Ao nascer, o berrante tinha uma primeira função: ajudar os tropeiros a agrupar os animais.
          

Os primeiros berrantes eram feitos do chifre do boi pedreiro - antiga raça surgida em meados de 1910 cujos chifres podiam chegar até 1,50m de comprimentos - mediam mais de um metro, eram fundamentais no transporte de boiadas de até 85 marchas e seu som era bastante grave. Em seguida surgiram os berrantes com anéis de prata, suas bocas mediam até 40centímetros e eram utilizados para chamar vacas e bois para dar sal ou fazer transporte ou, ainda, quando a bóia estava pronta.O som de um berrante, no silêncio do sertão, pode ser ouvido a meia légua (3km) de distância.

 

Bodes, gatos, porcos são animais "maléficos"que não respondem ao toque do berrante e não demonstram qualquer sentimento pelo instrumento, todos os outros animais, rendem-se ao repique do berrante.

 

O bom berranteiro consegue o som certo, algo que se assemelha a um longo pluuummmm, quando o som é de um longo Fuuufuuu é sinal de que o instrumento está sendo mal tocado. Se fosse criado um glossário dos tropeiros, estradões seriam definidas como viagens, dias como marchas e o berranteiro seria conhecido como porteiro. De acordo com a região do Brasil, berrantes podem ser chamados de: binga, guampo, buzina ou berrante. O berranteiro nunca o carrega pendurado, trata o instrumento com azeite de mamona, jamais coloca bebidas alcoólicas e o mantém sempre limpo.

 

O berranteiro oficial do Brasil é Zé Capeta, que recebeu dos Independentes um diploma de professor do berrante. Carlinhos Berranteiro começou a tocar há 20 anos e hoje é tetra-campeão do Concurso de Berrantes que acontece todo ano em Barretos. O som apaixonante também encantou a mineira Letícia Berranteira, nascida e crescida na roça desde pequena acompanhava boiadas. E foi prestando atenção nos toques do instrumento que iniciou sua história com o berrante. "O som sensibiliza as pessoas transmitindo calma, paixão e energia. Além disso, conta a história de nossa gente, faz parte de nossa tradição.

Características de um Berrante:

1 - A ponta do berrante recebe o nome de bocal;
2 - Berrantes com emendas deixam o ar vazar, por isso, às vezes são apenas bonitos;
3 - Berrante é cultura, folclore, saudade;
4 - O som deve ser limpo e ter sentimento, caso contrário irrita o berranteiro.

O berrante carrega um mistério. Em qualquer lugar, após ter sido tocado, os primeiros a se aproximarem são sempre: a mulher mais bonita, uma criança e um bêbado; O som do berrante é contagiante, conquista mundos, corações, religiões, rádios, TV, jornais, cavalgadas, missas... Não tem paleta, corda, teclado. A nota é dada na boca do berranteiro e cada berranteiro cria um estilo próprio e traz saudades, alegrias, emoções e às vezes leva lágrimas; Quanto menos se coloca a boca no bocal, melhor é o som. Locais solitários onde o som não irrite ninguém criam uma certa mística; O bocal tem o lado certo, por isso existem berrantes para destros e canhotos.

 

Fonte: www.ibaitionline.com.br

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