Em entrevista ao Jornal do Brasil ele fala sobre questões da habitação
popular:
"O Brasil é um dos países que mais tem descurado o
problema da habitação. Tem, pode-se mesmo dizer, ignorado
a sua existência.
Pouquissimas têm sido as realizações nesse setor,
ao passo que o déficit habitacional aumenta assustadoramente e,
como consequências, as favelas crescem como cogumelos. Até
hoje não houve, entre nós, uma tentativa séria para
encaminhar o problema, enfrentando-o com a decisão necessária,
em escala
compatível com a sua magnitude. Refiro-me, é claro, à
habitação para as classes menos favorecidas, onde mais se
sente a falta da ação do poder público. O grande
problema da habitação popular está na desproporção
existente entre o custo de urna habitação modesta, mas decente
e o salário do trabalhador. Essa situação, aliás,
não ocorre apenas entre nós, mas em quase todos os países.
Por mais que se procure reduzir o custo de uma habitação,
o seu valor será sempre muito superior às possibilidades
aquisitivas da maior parte dos trabalhadores. A habitação
mínima, isto é, aquela que corresponde a um padrão
mínimo de conforto, condizente com a condição humana,
não está ao alcance do poder aquisitivo do trabalhador
de salário mínimo. Assim, antes de chegar a ser um problema
de técnica, de arquitetura e de urbanismo, a habitação
popular é um problema financeiro. Como enfrentá-lo?Como
obter os recursos necessários? A habitação popular,
não sendo um empreendimento lucrativo, não pode interessar,
como investimento de capital, à iniciativa privada. Assim, terá
que caber forçosamente ao poder público, o ônus de
sua solução.
Terá que ser considerada um serviço público como
é o abastecimento de água, o serviço de esgotos,
os transportes coletivos etc. A intervenção do poder público
poderá processar-se diretamente, constituído através
dos seus órgãos executivos, ou indiretamente, em forma de
subsídio.Sendo a habitação um problema fundamental
do urbanismo, o plano diretor da cidade é que deverá indicar
os locais onde, preferencialmente, deverão ser construídos
os grupos residenciais, tendo em vista sua situação geográfica,
suas condições econômicas, suas possibilidades em
relação aos serviços públicos. É preciso
que essas casas, sejam individuais ou coletivas, tenham nas suas imediações,
ao seu alcance fácil, todos aqueles serviços e instalações
necessários à vida de todos os dias: a escola, para as diferentes
idades escolares, acessível às crianças mediante
curto percurso a pé, em segurança, livres do perigo de serem
atropeladas; posto de saúde, para prestação de assistência
médica e dentária; o pequeno mercado local, para , o abastecimento
de gêneros alimentícios; o play-ground, os campos de jogos,
o ginásio coberto e eventualmente a piscina, para a prática
do esporte e a recreação; o clube social, onde os membros
da pequena coletividade poderão reunir-se, dispor de uma biblioteca,
de uma sala de projeções etc. Nesse grupo de instalações
que constituirá um prolongamento da habitação, realizar-se-ão
as atividades cotidianas de fora-de-casa. Esse conjunto, compreendendo
as habitações e os seus prolongamentos, é a unidade
básica de planejamento dentro da cidade. O problema da habitação
está estreitamente ligado ao do transporte. Numa cidade como a
nossa, que se desenvolveu em extensas faixas, os deslocamentos das massas
populacionais são particularmente difíceis. Essa circunstância,
aliada a um deficiente sistema de transportes coletivos, faz com que o
tempo gasto nos percursos diários de ida e volta da casa ao trabalho
absorva totalmente as horas que deveriam ser empregadas nos lazeres indispensáveis
a uma vida sadia. O ideal seria morar perto dos locais de trabalho, de
modo a evitar perda de tempo e despesa com o transporte. Casa individual
ou habitação coletiva é solução igualmente
válida, dependendo das condições específicas
apresentadas por cada caso em particular .A casa popular individual só
é realizável em locais onde os terrenos são de baixo
custo, isto é, nos mais afastados bairros. Isso porque a casa individual
requer uma baixa densidade demográfica, o que significa uma elevada
cota de terreno per capita. Nos bairros mais centrais e valorizados, onde
também é necessária a construção de
habitações populares, não se pode pensar em solução
que não seja a da habitação coletiva, que permite
uma maior densidade habitacional, em boas condições de higiene
e conforto, ficando a cota de terreno diluída e, portanto, mais
acessível economicamente."
Logo depois com o desmonte do Morro do Santo Antônio, Reidy teve
o seu projeto novamente escolhido para a sede do Museu de Arte Moderna
do Rio de Janeiro (MAM). Trabalhando junto com Roberto Burle Marx a área
criada com o desmonte do Morro do Santo Antônio e o aterro do Flamengo
foram marcantes na obra do arquiteto e urbanista.
Reidy teve a maioria de seus trabalhos atendendo a uma clientela pública,
contudo Reidy projetou algumas residências com boas soluções
de aproveitamento do espaço, do sol e da natureza circundante.
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