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Atualmente, Marcos é considerado o maior ídolo pela torcida palmeirense, o capitão palmeirense já está com 11 anos de Palmeiras e nestes onze anos o São Marcos teve muitas conquistas, glórias, títulos e fracassos, além de convocações para a Seleção Brasileira que lhe rendeu o Pentacampeonato Mundial em 2002 no Japão e na Coréia, e nesta entevista Marcos fala da perda de espaço na Seleção, humilhação na Segunda Divisão, excesso de responsabilidade junto ao elenco... Depois de um ano marcado por problemas, que lhe causaram uma bronquite de fundo psicológico, sobre o futuro, exterior, Copa de 2006 na Alemanha, Olímpiadas e o Palmeiras.


"São Marcos" - O ídolo da torcida palmeirense

L! - Foi muito humilhante disputar a Segunda Divisão do Brasileiro?
Acho muito melhor ser campeão da Segunda Divisão que saco de pancada na Primeira. O Palmeiras se fortaleceu no sentido de revelar jogadores. Naquela situação, era um risco, uma aposta. Mas deu certo e, hoje, eles têm a oportunidade de disputar a Primeira Divisão. Então, tirando a gozação dos rivais, foi útil.

L! - A molecada não está empolgada demais com o título da Segundona sem saber direito o que vem pela frente na Primeira Divisão?
Não. Acho que eles sabem. Todo mundo já passou para eles que este ano vai ser bem diferente. Mas eles têm qualidade para se dar bem. Até porque os atacantes e os meias do Palmeiras não perdem para nenhum jogador de outro time... É a vez dos meninos.

L! - Em entrevista para LANCE A MAIS, em 2001, você disse que queria ser campeão mundial pelo Palmeiras para reparar o erro na derrota para o Manchester no Mundial Interclubes de 99. O título da Copa não diminuiu essa frustração?
Só assumi a responsabildiade do gol. Posso ser frustrado tanto quanto os outros jogadores que participaram do jogo e não fizeram suas partes também. Em 2002, fui campeão do mundo. Infelizmente não foi com o Palmeiras, foi com a Seleção. Felizmente, né?

L! - Qual foi o melhor goleiro da Copa?
Kahn. Até porque a Alemanha não tinha um time tão bom como o Brasil. E o Kahn levou o time dele nas costas. Quase 70% da responsabilidade de a Alemanha ter chegado à final foi do goleiro. A premiação da Fifa foi justa.

L! - Por que os goleiros brasileiros, com raras exceções, não se dão bem na Europa?
Porque a Seleção é muito boa. Quando a França perde, todo mundo culpa o Barthez. Ninguém culpa os jogadores da linha. A tradição brasileira é formar craques de frente, meias de qualidade, não goleiros. Nada que o tempo não mude.

L! - Então você ainda pensa em atuar no exterior...
Não. Na verdade, nunca sonhei. Nem esperava pela proposta do Arsenal. Os jogadores sonham talvez com o reconhecimento internacional, o dinheiro... O salário de três meses na Europa não se ganha em um ano no Brasil. Prefiro ficar aqui, ganhando bem menos, mas ter a vida que eu gosto, estar perto das pessoas que eu gosto.

L! - Depois do rebaixamento, o Palmeiras passou por um fase braba. Tem explicação?
Eu sou titular desde 99. Até o ano passado, o Palmeiras teve quatro ou cinco reformulações. Começa o Paulistão com um time, chega no Brasileirão com outro, mudava de novo para o Rio-São Paulo... Foi mudando, foi mudando, até que chegou a hora que mudou errado e não deu para reverter a situação dentro das competições.

L! - O que foi o pior de tudo?
Os sete do Vitória. Em abril de 2003, o Palmeiras sofreu sua maior derrota na história do Parque Antarctica: 7 a 2 para o Vitória pela Copa do Brasil.

L! - Pior que o rebaixamento?
Pior que o rebaixamento, pior que perder para o Manchester... Perder e ganhar faz parte. Agora, perder de sete, dentro de casa, foi a maior decepção da minha carreira.

L! - Chegou a desanimar de vez?
Cheguei. Parecia que o buraco não tinha fim, né? E, normalmente, o mais cobrado era eu. Pô, eu sou goleiro. E pensava: "O que eu vou fazer? Sair da área e dar pancada nos outros?". Tinha que fazer alguma coisa para reverter a situação. Se abaixasse a cabeça, a tendência era piorar.

L! - Após uma derrota, você costuma carregar nas declarações. Não é hora de esfriar a cabeça?
Contra o Vitória, falei que errei em três lances, só que a gente perdeu de sete. Se fosse pelos meus erros, teria perdido de três e não de sete. É que o pessoal gosta de vender jornal com meu nome e com jogadores conhecidos, como Luís Fabiano, Rogério Ceni, Rincón, principalmente quando é polêmica. Quando perdemos para o São Caetano na Sul-Americana, eu disse que a gente tinha que reconhecer que o São Caetano era melhor. Você vai a São Caetano, perde de 3 a 0 e quer falar ainda que o Palmeiras é melhor? Não sei fazer esse tipo de maquiagem na resposta, o que muita gente sabe.

L! - Isso não pode prejudicá-lo?
Não sei, pelo menos eu durmo tranqüilo. Não me preocupo com isso. Quando faço uma crítica, é sempre sobre o time inteiro. Quando falo que o Palmeiras não jogou nada, eu me incluo, porque estava jogando também. Do jeito que fazem, parece que estou livrando a minha e empurrando para os outros. Não sou eu quem tem que medir para falar, são os jornalistas que têm que medir para escrever.

L! - Tinha jogador fazendo corpo mole no Palmeiras?
A gente nunca pode julgar nesse sentido. Nunca se sabe se o cara jogou mal porque fez corpo mole ou se estava num dia ruim. Hoje em dia, estou aprendendo a não me envolver mais com isso. A responsabilidade de cobrar de um jogador é do técnico, da diretoria. Às vezes, pelo tempo de casa, eu me envolvia muito com isso. E não é certo.

L! - Outro problema foi a bronquite, que o tirou de um amistoso da Seleção Brasileira. Melhorou?
Não. Eu ainda uso aquela bombinha. De vez em quando, tenho que dar duas bombadas quando estou meio fechado. Fui liberado pela CBF para poder usar. Marcos pediu dispensa do amistoso contra o México, em maio de 2003, por não poder fazer viagens longas de avião.

L! - Você sempre carrega a bombinha com você?
Carrego duas, uma de reserva, para garantir. Mas não tenho crise, assim, de ah... (simula falta de ar). Quando acordo, pego um vento, treino na chuva, pego uma gripe normal ou faço uma viagem muito longa, aí eu tenho que usar para abrir os brônquios.

L! - Sempre teve isso?
Não. Eu fiz uma consulta com um especialista no ano passado. Minha bronquite foi nervosa mesmo. Nunca tive isso na vida, desde criança. Mas a fase estava tão ruim no Palmeiras, a gente sofreu tanto, fiquei quatro, cinco meses sem sair de casa... Era torcedor do Palmeiras me cobrando, torcedor do Corinthians me zoando, uma carga negativa muito grande.

L! - Chegou a ser ameaçado?
Não, nunca. Quando é profissional, você se cobra e, às vezes, nada melhora. Passei por problemas terríveis, e essa bronquite veio do sistema nervoso. Eu ficava remoendo as coisas. Você assiste a programas esportivos e ouve: "O Marcos não é mais aquele, não pega mais nada". Começam a jogar uma carga que não é justa. Eu não jogo sozinho, não sou tenista. Quem não era conhecido tinha vida normal, saía à noite, ia ao cinema. Eu, não.

L! - Sua confiança ficou abalada?
Não. Mas eu não me conformava com a cobrança. E os outros dez jogadores? Ninguém falava dos outros dez, entendeu? Aí, quando perdia, eu dava declaração fodida. Os repórteres vinham, eu apelava: "Pô, vocês vêm falar para mim? Vão falar com os outros, eu não joguei sozinho". Já estava de saco cheio.

L! - Você continua fumando?
Prefiro nem falar sobre isso, até porque tem muito menino que gosta de mim, que é meu fã.

L! - Você tinha declarado que eram dois ou três cigarros de vez em quando...
Continua a mesma coisa. Quando você passa por um problema, todos querem achar o motivo. Sempre foi assim com o cigarro, até porque não combina com o esporte. Só fumo quando saio à noite e vou beber uma cerveja em dia de folga.

L! - Se a bronquite tem fundo psicológico, quando vai passar?
Acho que não passa, não, cara. A gente está em constante nervoso. É preocupação e cobrança o ano inteiro. Acho que a bronquite vai passar quando eu parar de jogar bola.

L! - Com o Felipão, você era titular absoluto da Seleção. Por que perdeu espaço com o Parreira?
Porque não existe um titular absoluto no Brasil. Quando eu entrei, o Felipão falou: "Eu confio em você, joga aí". Eu acho que o Parreira está fazendo a mesma coisa com o Dida. Goleiro é um negócio diferente, você tem que colocar o cara e dar segurança. O Felipão falava: "Você pode tomar 500 gols que vai jogar e pronto". O goleiro precisa dessa tranqüilidade. O Dida é bom goleiro, todo mundo sabe disso.

L! - Quem é o melhor goleiro do Brasil?
Não dá para dar uma resposta seca porque tem muito goleiro bom: Rogério Ceni, Gomes, Júlio Cesar, Fábio, Diego, do Atlético-PR, Max, do Botafogo. Até o Maizena, que é experiente, foi bem com o Sport na Série B.

L! - E se você tivesse que convocar três goleiros para a Copa da Alemanha?
Ah, eu estou na parada. Pô, tenho que estar, né? (risos) Se a convocação fosse amanhã, chamaria eu, o Dida e o Rogério Ceni. Pela experiência, porque Copa é outra coisa. Mas ainda tem muito tempo, a gente fica mais velho e os jovens ficam mais experientes.

L! - Gostaria de jogar a Olimpíada de Atenas?
Não. Acho que o Gomes está muito bem na Seleção. É melhor levar o Ronaldo, o Roberto Carlos... Os caras do outro lado vão respeitar mais. No gol não precisa. Cada seleção pode inscrever três jogadores com mais de 23 anos no torneio olímpico.

Fonte: Revista Lance A+ - www.lancenet.com.br

RAIO X:

Nome: Marcos Roberto Silveira Reis
Data de Nascimento e Local: 04/08/73 - Oriente (SP)
Altura: 1,93m
Peso: 86kg

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