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Filosofia: Patrimônio da humanidade
Paradigma de pensar
Martin Heidegger
Filosofia formadora e formentadora
Artigo Jornal O NORTE

 

FILOSOFIA, FORMADORA E FOMENTADORA DE INDIVÍDUOS

Por: Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva

A Lei n. 7.302/93 da Assembléia Legislativa da Paraíba determina o ensino de Filosofia no Ensino Médio. Finalmente a teoria é estendida à prática, mostrando a possibilidade de levar um conhecimento filosófico para os jovens. Entendemos que transmitir o conteúdo filosófico requer do professor uma postura diferente, pois não se ensina filosofia e sim a filosofar como disse o filósofo Immanuel Kant. A melhor maneira de ensinar conteúdos filosóficos aos jovens é refletir junto com eles acerca das problemáticas do homem. Acreditamos que tal ensino tem suas peculiaridades, e que não comporta uma definição acabada. No entanto, constatamos que a linguagem de falar aos jovens não pode ser igual à usada na universidade. Em tratando do nível mediano, deve-se praticar um ensino diferente introdutória mais substancialmente crítica. O fundamental é atrair a atenção e, por conseguinte, o interesse da juventude.

Na concepção de muitos, o ensino da filosofia no ensino médio é mais um cumprimento do que está nas Leis de Diretrizes e Bases (LDB nº. 9.394/96) do que uma necessidade intrínseca da educação. Não obstante isso, a referida lei resgatou a necessidade do ensino de filosofia. Dessa forma se constatou que seus fundamentos preparam o cidadão para a vida, por essa razão o jovem deve ser lançado no mundo adulto com conhecimentos que possibilitem-no viver satisfatoriamente. Para alcançar tal objetivo é exigido um ensino que preze pela formação intelectual, crítico-reflexiva, a saber: a filosofia, formadora e fomentadora de indivíduos enquanto agentes participativos na sociedade, este conhecimento desperta nos atuais educadores e educandos o desejo de crescimento intelectual e conseqüentemente uma atuação efetiva na sociedade.

Ao perpassar pela leitura de um texto filosófico, o indivíduo abre uma ampla perspectiva de interpretações, a filosofia está configurada de modo importante na formação de cidadãos. Sendo assim o nosso trabalho de conclusão de curso, sobre o assunto: o ensinar filosofia para jovens versando sobre Uma contribuição didático-pedagógica do ensino de filosofia no ensino médio , tem o objetivo de abordar a trajetória percorrida pela matéria filosofia ao longo do tempo na Paraíba, e de contribuir com o documentário de experiências, gentilmente cedidas por professores de filosofia para jovens no nosso estado, que comprovam a necessidade de se ensinar filosofia a uma juventude eletrônica e a possibilidade efetiva desde ensino ocorrer.

A ausência da filosofia no currículo do nível médio na Paraíba contabiliza-se vinte e nove longos anos. Esta ausência é irreparável para a educação, pois a educação atual é pragmática e tecnicista. É certo que neste ínterim a filosofia teve presença relâmpago no currículo, ao longo da história paraibana.

Desde o descobrimento do Brasil se tem a filosofia como um dos pilares da educação. Podemos afirmar que cada época interpretou o ensino da filosofia de acordo com os seus interesses. Por exemplo, a filosofia foi exaltada pelos padres no período colonial, no entanto foi abominada pelos ditadores na época da ditadura de 64. Daí conclui que era forte a presença da filosofia no período colonial e certa a sua ausência no período ditatorial. A frase de Nicolai Hartmann (1960: 633) que diz: �A história é o devir do espírito que, por certo, não tem a sua verdade num resultado final, mas sim no todo do processo, de tal maneira que uma fase qualquer dele é parcialmente verdadeira e falsa�, reporta-se a postura filosófica dialética de Hegel que defende os movimentos elípticos da história, cujos movimentos refletem-se, também, no ensino da filosofia para jovens.

Para cumprir o objetivo do cerne da questão contribuímos com a didática e a pedagogia do ensino de filosofia, em nível médio, exercido por professores entrevistados, constituindo peças de fundamental importância na constatação da possibilidade de se ensinar filosofia a jovens. Nesse sentido, nosso estudo detecta o ensino da filosofia adequado aos jovens, visando uma melhor compreensão, especificando mais claramente os conteúdos: da LDB; do especialista no assunto: Dalton José Alves; das diretrizes para o ensino de filosofia; das práticas pedagógicas dos professores que, através de seus depoimentos, enriqueceram a parte da didática e da pedagogia; da SEAF - Sociedade de estudos e Atividades Filosóficas; da história da filosofia no Estado da Paraíba e do currículo da licenciatura em filosofia Universidade Federal da Paraíba.

Para atingir os nossos objetivos, analisamos de forma metodológica o arcabouço teórico em que a filosofia está inserida, através: de pesquisa bibliográfica, de entrevistas com professores que ensinaram ou ainda ensinam filosofia a jovens, de visitas ao colégio Sesqüicentenário em João Pessoa, e de debates com o Grupo Pe.-Mestre João do Rego Moura (um grupo de professores estudantes que lutam pela implantação da disciplina Filosofia em nível médio). Nos encontros do grupo trocamos idéias acerca do modo mais viável de se levar à filosofia para os nossos jovens paraibanos. Entendemos a história de modo dialético, na qual o ensino da filosofia aparece e desaparece em determinados momentos. Constatamos o papel essencial da filosofia na formação do indivíduo, como diz na LDB o aluno deve concluir o nível médio tendo conhecimentos filosóficos, esta é mais uma razão para nós criticarmos a inexistência da Filosofia, enquanto matéria curricular. Como dito, a ausência deste ensino resulta numa formação tecnicista e pragmática, a lei, no entanto, exige a formação do indivíduo enquanto cidadão, aquele que reflete sobre a vida, a sociedade e seus atos.

João Pessoa, 11 de janeiro de 2004.

Hélcia Macedo de Carvalho Diniz e Silva. - �Formada em Filosofia pela UFPB e Aluna da Pós-Graduação desta mesma Instituição de Ensino. Considera que se deve estudar uma filosofia que leve a uma transformação da realidade atual, formando cidadãos pensantes e críticos. Afirma haver uma possibilidade de ensinar filosofia a jovens e a crianças. Se se usar uma pedagogia adequada a cada nível".