Curiosidades EIS O VERDADEIRO CINISMO FILOSÓFICO
HOMENAGEM PÓSTUMA José Flávio da Silva BIOGRAFIA SUMÁRIA LOCAL : MARCELINO VIEIRA, SERTÃO DO RIO GRANDE DO NORTE 1945-1947: ESTUDOU FILOSOFIA NO SEMINÁRIO DE JOÃO PESSOA Iniciando, a Constituição do Estado da Paraíbade11 de junho de 1947, no "A todas disposições constitucionais transitórias", em seu artigo 15, reza: "O Estado promovera fundação de uma Faculdade de Filosofia e Letras, com sede nesta capital", concretizado com a publicação do decreto n. 146, de 5 de março de 1949. O curso começou a funcionar em princípio de1954. Os primeiros professores nomeados foram José Flóscolo da Nóbrega e padre Luís Gonzaga Fernandes, respectivamente para as cadeiras de Psicologia e Filosofia. O padre Luís Gonzaga Fernandes apresentou: a) Curriculum Vitae - b) Declaração c) Atestado de idoneidade moral - d) Atestado de residência- e) trabalhos com os seguintes títulos: "PESSOA, SOCIEDADE E BEM COMUM" e "PESSOA DIVINA E PESSOA HUMANA" - f)cópia do diploma. Estava compilando material para formar o corpo da pesquisa sobre a história da filosofia na Paraíba e enviei correspondência ao sr. bispo de Campina Grande, pelo motivo de ter sido o organizador, com J. Flóscolo da Nóbrega, do curso de Filosofia. Em resposta encaminhou-me a seguinte missiva: Campina Grande, 21/07/91
Prof. José Flávio, Paz!
Tenho aqui sua prezada carta do dia 6 deste. Desculpo-me pelo atraso da resposta. Seu texto vem relembrar-me os idos anos da formação do Curso de Filosofia em João Pessoa. Guardo, é verdade, a melhor memória do magistério aí exercido como entusiasmo daqueles inícios. Quanto,porém, aos passos dados na estruturação do curso justamente como venerando Prof. Flósculo da Nóbrega, confesso-me inteiramente sem condições de fornecer dados mais precisos, num"esboço-depoimento desses primeiros momentos", como o senhor me pede. Espero que possa encontrar outras testemunhas históricas mais bem dotadas de memória, que o ajudem em sua bela tarefa. Com os melhores votos, cordialmente, D. Luís Fernandes A N E X O REFLEXÕES SOBRE HUMANISMO P. L. FERNANDES (Cadeira de Introdução à Filosofia e de Metafísica) 1. O Humanismo tem uma alma. Alma herdeira das vibrações da humanidade inteira. A humanidade inteira é um grande sonho. Sonho que é pesadelo ou idílio, nas várias curvas da sua história. As fases agudas e profundas desse drama se chamam com o nome vago de humanismo. Kiriloff, a certa altura ("Os Demônios" - Dostoiewsk), exclamava entusiasta: "O Homem de hoje ainda não é o Homem. Um homem novo vir , altivo e feliz". Começa a delinear-se um humanismo, quando começa a surgir essa aspiração a um Homem Novo, a uma Humanidade melhor. Essa aspiração é congênita e eterna na humanidade mesma. A história humana é a história de uma marcha para o além, para as lonjuras. Um longo desejo de transcender. Essa aspiração perene do espírito humano tem seus momentos fortes, torna-se contagiante, solidifica-se em personalidades,em movimentos, arma-se de estruturas, sistematiza-se em ideologia:é um humanismo.Um humanismo que não respirasse ideal, que não aspirasse a transfigurações, estaria falido e abortado. Todo humanismo é escatológico e peregrino. Tem sua Meca e sua parusia. Polarizado numa plenitude, dinamiza do porumálan, trabalho por uma dialética, na"procura de um Homem Novo"(Henride Lubac). 2. Um processo de descoberta e de conquista do homem, portanto. Conhecê-lo a fundo para realizá-lo melhor.Em nossos tempos, não há negar o amadurecer de um senso do homem. Não é conhecimento somente. O homem já foi dissecado tantas vezes, analisado nos laboratórios somente. Quantas teorias do homem! Todas as escolas deram seu parecer sobre a matéria inesgotável. Agora,porém chegamos a uma descoberta das pessoas humana na sua concreticidade, na sua singularidade, na sua tragicidade, como nunca certamente acontecera. O Homem de hoje sente o homem. Não é só conhecê-lo, nem muito menos dissecá-lo. Há uma atitude mais cordial e afetiva.Uma experiência, pelo menos, e uma vivência comum da realidade humana. O homem de hoje é os homens.Um ser plural, Ou um ser comunitário. Quem sabe, é esta a mesma natureza profunda que somente agora emerge. Quem sabe,não se trata da sensibilidade especial de uma geração, mas da revelação mesma, tardia embora, da humanidade autêntica. Basta de tanto pensar, já é tempo de agir e de viver a substância humana. O homem passa a ser termo de um movimento passional, no sentido largo.Há um verdadeiro pathos humano. Amor, quase amor, simpatia, compaixão. O ódio. A viltamento e exploração. Não se pode mais ser indiferente ao homem. Mergulhamos fundo, todos, na mesma torrente da vida da história, solidário se comprometidos, culpa dos todos de ódios universais, irmanados todos em ideais coletivos. Dentro das contradições e da ambigüidade está sujeita toda energia humana, todo movimento de forças da história, podendo derivar para cima ou para baixo para as ascensões, para os abismos:não se pode negar que haja um grande despertador do homem para o homem, no espírito de nossa época. O artigo é longo, querendo a continuação escreva-me, [email protected] PELOS COLÉGIOS Prospecto do INSTITUTO EVANGÉLICO HATIKVA,localizado no populoso conjunto habitacional Valentina I,informa que inova seu sistema educacional com o ensino de FILOSOFIA.
Sócrates foi e é terrível. Os filósofos seculares o tem como mestre. Xenofonte diz que �Ele não parava o dia inteiro. De manhã fazia passeios e ia aos ginásios e, na hora de maior movimento do mercado, era visto na a gora; � (Memórias I,I,10). No mercado levou muita gente ao saber. Aqui na Paraíba, no mercado Central, mais uma pessoa ingressa no saber através de discussões filosóficas. Descreve o fato Sindulfo Santiago (Na rota dos ausentes, p. 33), na crônica seguinte:
Sindulfo Santiago A notícia infausta me chegou no sábado passado. Portanto, no dia seguinte ao de sua morte. Não recordo bem a pessoa que a deu. Lembro-me, apenas, da forma lacônica como ela foi dada no meio da rua. - Sabe quem morreu? Zé da Banana. - De quê? Ainda perguntei, surpreso. E a resposta, tão rápida quanto a notícia, saiu de raspão. - Muitas complicações. Foi no HU, ontem à noite. Ficamos sozinhos, eu e a notícia. Por um instante, um passado longínquo ressurgiu dentro de mim. Conheci Zé da Banana há coisa de trinta e cinco anos. A esse tempo, já engolfado em suculentas pesquisas filosóficas e históricas. Zé freqüentava os grêmios literários da cidade, especialmente o Pereira da Silva , do qual foi presidente. Foi ali que nos conhecemos. Com o tempo, soube que Zé começara a estudar já velho. Teria seus trinta anos quando foi atacado pela febre do saber. Como tudo aquilo tivera começo, ninguém sabe ao certo. Nas rodas boêmias daquela época se dizia que o estalo de Vieira de Zé se devera a duas pessoas: Manoel Cavalcanti e Messias Leite. E´ que ambos, o primeiro, professor de filosofia do Liceu Paraibano, e o segundo, intelectual aguerrido e aluno inteligente de Cavalcanti, costumavam �baixar� na barraca de Zé onde, durante horas seguidas, ficavam a debater temas filosóficos. Zé tinha uma barraca no Mercado Central, bem pertinho da Lagoa do Parque Solon de Lucena. Vivia, ali, de pequenos negócios, entre eles o comércio da banana. Segundo soube depois veio daí o apelido que conservou por toda a vida. Fora, exatamente, na modesta barraca de feira livre, que possuía, a escutar Messias e Cavalcanti discutindo Platão e Aristóteles que Zé encontrara, numa noite cheia de estrelas, o seu caminho de Damasco. E, ao encontrá-lo, tomara, ali mesmo, a decisão de desvendar, ele próprio, os mistérios escondidos da ciência. Nesse trabalho de Hércules, Zé gastaria a vida toda. Iniciara o seu aprendizado, como se diz, de cima para baixo. Seus primeiros livros, como em geral acontece, não foram a �Crestomatia Portuguesa� de FTD nem as �Lições de Aritmética� de Trajano. Escolheria para iniciar, precisamente, os caminhos por onde os outros costumavam terminar. Os �Diálogos� de Platão e a �Metafísica� de Aristóteles teriam sido suas primeiras leituras. Depois, transfigurado por um sonho universalista, submergiria, perdidamente, no oceano revolto dos clássicos greco-romanos. Como um estranho Odisseu, desvairado pelos sortilégios dos encantos de Minerva, singraria sozinho as grandes epopéias da Antigüidade, a devassar os mares ignotos de Homero e de Virgílio, de Dante e de Camões. OBS: A crônica vai um pouco além, no entanto, a curiosidade filosófica termina aqui.
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