PLANO
DIRECTOR
MUNICIPAL
DE
CASCAIS
Análise
Estrutural
e
Funcional
da
Fundação
Cascais
4.
Uniformidade
e
Habitabilidade
no
Concelho
de
Cascais
A
urbanização
galopante
do
Concelho
de
Cascais,
aliada
a
uma
diminuição
real
da
qualidade
de
vida
e
do
conforto
urbano
dos
seus
habitantes,
patente
nas
inúmeras
queixas
públicas
veiculadas
pela
comunicação
social
Nacional
e
pelos
muitos
jornais
e
rádios
locais,
tem
sido
sinónimo,
ao
longo
dos
últimos
anos,
de
uma
contestação
que
tem
trazido
implicações
eminentes
à
governabilidade
municipal.
O
Plano
Director
Municipal
do
Concelho,
baseado
em
pressupostos
supostamente
indiscutíveis,
ou
seja,
em
números
e
em
sondagens
oficiais
efectuadas
com
uma
margem
de
erro
mínima
e
com
uma
surpreendente
proximidade
face
à
realidade,
procurou
estabelecer
no
Concelho
os
limites
deste
desenvolvimento,
por
forma
a
garantir
que
o
mesmo
se
processará
dentro
daquilo
que
são
as
capacidade
reais
de
resposta
das
instituições
e
das
infra-estruturas.
A
aplicação
do
plano,
no
entanto,
acabou
por
mostrar
que
entre
o
cenário
idílico
teoricamente
criado
pela
equipa
técnica
que
compôs
o
PDM
e
a
realidade
municipal,
existe
uma
disparidade
que
compromete
completamente
as
directivas
emanadas
pelo
documento.
A
primeira
grande
questão
que
se
coloca
face
à
revisão
do
Plano
de
Cascais,
mais
do
que
com
a
potencial
criação
de
mecanismos
de
suporte
a
um
desenvolvimento
concertado,
prende-se
com
a
necessidade
de
perceber
quais
são
em
verdade
as
fronteiras
possíveis
e
viáveis
de
crescimento
do
Concelho.
A
demografia,
a
partir
de
uma
análise
quantitativa
dos
fogos
construídos
e
a
construir
neste
espaço,
obviamente
equacionada
tendo
em
conta
as
possibilidades
reais
de
suporte
das
redes
viárias
e
de
saneamento,
bem
como
de
outros
bens
imediatos
de
consumo
que
devem
manter-se
ao
alcance
de
todos
os
cidadãos,
fornece
dados
indesmentíveis
que,
bastante
desvirtuados
pela
já
referida
urbanidade
crescente
do
Concelho,
nos
fornecem
elementos
preocupantes
relativos
ao
futuro
da
qualidade
de
vida
e
do
conforto
social
do
Concelho.
Os
pareceres
técnicos
que
foram
anexados
ao
Plano
Director
Municipal,
assumido
pela
edilidade
cascalense
como
forma
de
incremento
de
um
regime
de
ocupação
de
média
densidade,
previam
em
1995
um
acréscimo
populacional
em
Cascais
de
cerca
de
93.000
habitantes
até
2005.
Como
é
fácil
verificar,
este
número
aponta
para
um
crescimento
percentual
na
ordem
dos
62
pontos,
facto
que
obrigatoriamente
deveria
traduzir
um
crescimento
estrutural
semelhante
no
mesmo
período
como
única
forma
de
salvaguardar
a
qualidade
de
vida
existente.
A
necessária
previsão
desta
alteração,
que
não
consta
deste
documento,
é
obviamente
sinónimo
de
um
facto
tão
simples
quanto
este:
quando
em
1995
se
elaborou
o
PDM
existiam
em
Cascais
cerca
de
150.000
habitantes,
que
usufruíam
de
determinadas
infra-estruturas
que
todos
conhecemos
bastante
bem.
Na
actualidade
estima-se
em
cerca
de
200
mil
os
habitantes
do
Concelho
que,
com
excepção
da
Avenida
Dom
Pedro
I,
que
facilitou
um
pouco
as
entradas
na
Vila
de
Cascais,
continuam
a
usufruir
das
mesmas
infra-estruturas
que
existiam
naquela
altura.
No
decorrer
destes
cinco
anos
de
vigência
do
Plano
Director
Municipal,
por
não
existir
uma
assumpção
clara
da
vocação
do
Concelho,
não
foram
criados
novos
postos
de
trabalho,
nem
tão
pouco
se
fundamentou
a
qualidade
turística
que
traria
para
este
espaço
a
riqueza
necessária
a
um
desenvolvimento
com
qualidade.
Como
é
evidente,
ao
longo
dos
últimos
cinco
anos,
foi-se
progressivamente
degradando
a
qualidade
de
vida
de
todos
os
habitantes
de
Cascais!
A
inserção
do
Concelho
na
Área
Metropolitana
de
Lisboa,
e
a
relativa
facilidade
com
que
foi
assumindo
a
postura
de
dormitório
crescente,
permitiu
um
crescimento
e
uma
expansão
territorial
que
criou
condições
para
que
aqui
se
venham
instalando
um
número
cada
vez
maior
de
habitantes.
Na
maior
parte
dos
seus
aspectos,
a
expansão
territorial
da
área
urbanizada
do
Concelho
de
Cascais
processou-se
de
forma
completamente
desordenada,
facto
que
consubstanciou
o
desenquadramento
urbanístico
e
a
crescente
redução
da
sua
qualidade
paisagística.
Em
algumas
áreas
que
o
actual
PDM
considera
“espaços
verdes”,
ou
naqueles
que
se
integram
nas
áreas
de
RAN
ou
de
REN,
a
desqualificação
faz-se
pela
intervenção
dos
denominados
clandestinos
que,
ocupando
sistematicamente
os
espaços
vazios,
vão
contribuindo
também
para
a
redução
paulatina
das
potencialidades
naturais
do
Concelho.
Este
crescimento
de
Cascais,
que
se
foi
instituindo
de
uma
forma
subordinada
às
directivas
emanadas
pelo
actual
PDM,
resultou
numa
descaracterização
preocupante
que
atrás
de
si
arrastou
problemas
de
segurança,
salubridade
e
sociabilidade
que,
por
seu
turno
exigem
soluções
concretas
e
adequadas
para
a
sua
ultrapassagem.
O
Plano
Director
Municipal,
através
das
competências
que
lhe
estão
acometidas,
possui
a
capacidade
para
intervir
positivamente
na
resolução
destes
problemas,
recriando
uma
dinâmica
que
exija
dos
poderes
instituídos
as
respostas
necessárias
para
a
ultrapassagem
dos
obstáculos
que
se
vão
levantando.
A
melhoria
da
qualidade
ambiental
de
Cascais,
agregada
à
descompressão
das
zonas
antigas,
ao
condicionamento
do
trânsito
automóvel,
à
melhoria
dos
circuitos
pedonais,
à
dotação
de
mobiliário
urbano
de
qualidade,
à
correcta
iluminação
e
a
uma
arborização
adequada,
em
conjugação
com
uma
política
de
incentivo
à
recuperação
de
imóveis
antigos
e
de
respeito
pelos
materiais
tradicionais,
são
somente
alguns
caminhos
que,
devidamente
estruturados
num
plano
vasto
de
gestão
concelhia
como
é
este
PDM,
poderiam
trazer
novamente
para
o
Concelho
de
Cascais
os
parâmetros
de
qualidade
que
este
entretanto
perdeu.
No
que
concerne
à
indústria,
considerada
factor
pouco
significativo
no
conjunto
dos
parâmetros
que
contribuem
para
a
gestão
urbanística
do
Concelho,
é
deveras
preocupante
o
facto
de
o
actual
PDM
não
apontar
estratégias
viáveis
que
permitam
o
cumprimento
de
dois
objectivos
prioritários:
a.
A
requalificação
do
espaço
industrial
do
Concelho,
em
termos
urbanísticos
e
estruturais,
por
forma
a
garantir
que
se
evitam
os
riscos
acrescidos
da
grande
proximidade
existente
face
aos
principais
núcleos
urbanos
do
interior.
A
bacia
industrial
de
Trajouce,
por
exemplo,
tem
levantado
problemas
graves
junto
das
populações
envolventes,
criando
um
atrito
social
que
contribui
para
a
diminuição
da
qualidade
de
vida.
Os
incómodos
e
transtornos
causados
pelo
desregramento
das
explorações
industriais
ou
semi-industriais,
aumentando
os
riscos
de
eventuais
contaminações
de
águas
subterrâneas
e
superficiais,
bem
como
dos
solos
agrícolas
por
descargas
anómalas
de
efluentes,
face
à
inexistência
de
um
sistema
integrado
de
tratamento
que
se
mostre
adequado
às
necessidades
prementes
daquele
local,
só
pode
ser
suprido
através
da
criação
de
formas
estruturantes
ao
nível
do
planeamento
genérico
da
Área
Metropolitana
de
Lisboa.
As
indústrias
legalizadas
e
legais,
parcela
importante
da
totalidade
das
explorações
que
existem
no
Concelho
de
Cascais,
sofrem
hoje
com
a
inexistência
de
uma
rede
de
acessibilidades
adequada,
factor
agravante
de
poluição
difusa
como
o
resultante
do
transporte
de
matérias
primas
ou
de
resíduos
de
forma
inadequada,
contribuindo
também
para
a
degradação
da
qualidade
do
ambiente
urbano;
b.
A
reconversão
das
explorações
industriais
do
Concelho,
visando
uma
melhoria
significativa
na
sua
produtividade
e
a
criação
de
um
espaço
legítimo
de
emprego
que
suporte
economicamente
a
sustentabilidade
das
famílias
que
habitam
em
Cascais.
Esta
reconversão,
obviamente
fundamentada
num
plano
de
salvaguarda
mais
amplo,
necessariamente
enquadrado
na
plano
estratégico
de
desenvolvimento
da
rede
viária
nacional,
permitiria
ao
parque
industrial
cascalense
o
usufruto
dos
benefícios
de
melhores
acessibilidades
a
bens
de
consumo
e
a
matérias
primas,
facto
que
contribuiria
de
forma
decisiva
para
o
aumento
da
produtividade
e
para
a
redução
do
preço
final
de
produção,
criando
incentivos
para
a
instalação
no
Concelho
de
estruturas
novas
e
para
a
sua
promoção
no
exterior.
Toda
esta
panóplia
de
regalias,
que
resultariam
facilmente
de
um
Plano
Director
Municipal
fortemente
inibidor
da
clandestinidade
e
promotor
da
qualidade
de
vida,
na
sua
vertente
ambiental
e
social,
deveria
ser
complementada
com
medidas
concretas
de
incentivo
à
regularização
do
posicionamento
industrial
cascalense
no
seio
da
Área
Metropolitana
de
Lisboa,
rentabilizando
uma
independência
que
só
não
existe
porque
este
PDM
não
perspectiva
uma
utilidade
de
produção
que
seja
suficiente
para
fundamentar
uma
política
consistente
nesta
área.
Cascais
e
o
seu
Concelho,
numa
região
multifacetada
como
é
a
da
Grande
Lisboa,
deverá
ser
capaz
de
se
afirmar
através
da
sua
vocação,
garantindo
assim
um
afastamento
suficientemente
amplo
face
às
pressões
que
garanta
aos
promotores
locais
a
criação
de
uma
estratégia
própria
de
desenvolvimento.
Esta
afirmação,
contida
num
espectro
cronológico
que
se
assume
noutros
locais
de
uma
forma
imediata,
teria
permitido
ao
município
o
acesso
a
apoio
estruturais
que
muito
teriam
contribuído
para
a
diminuição
do
desequilíbrio
já
mencionado
que
actualmente
existe
entre
o
aumento
populacional
e
a
oferta
infra-estrutural
face
ao
mesmo.
Para
salvaguardar
estes
princípios
o
PDM
de
Cascais
deverá
ter
em
linha
de
conta,
principalmente
no
que
concerne
à
sua
política
industrial,
um
levantamento
exaustivo
das
situações
existentes
que,
conferindo
conhecimento
de
causa
aos
técnicos
responsáveis
pelo
processo,
lhes
garanta
a
possibilidade
de
uma
intervenção
coerente
e
consistente
nestas
áreas.
Para
efectuar
esta
caracterização
situacional,
mais
do
que
mananciais
enormes
de
recursos
humanos
que,
como
todos
sabemos,
o
município
não
possui,
dever-se-ia
fazer
uso
das
associações
de
moradores,
das
colectividades,
grupos
culturais
e
desportivos
e
de
outros
agentes
locais
que,
pela
sua
proximidade
face
aos
problemas
mencionados,
possuam
também
respostas
coerentes
que
permitam
resolve-los.
A
sociedade
civil,
uma
vez
mais
entendida
como
repositório
privilegiado
da
informação
importante
para
a
governação
municipal,
principalmente
num
País
como
Portugal,
no
qual
a
estrutura
municipalista
possui
uma
história
que
precede
a
própria
história
da
independência
Nacional,
assume
na
orientação
programática
do
urbanismo
de
Cascais
um
papel
de
destaque
especial
que
deveria
estar
contido
no
Plano
Director
Municipal.
A
planificação
daquilo
que
vai
ser
Cascais
nos
próximos
anos,
aliado
à
corrente
progressista
que
impele
os
órgãos
autárquicos
ao
encontrar
de
viabilidades
que
permitam
continuar
a
construir
no
Concelho,
implica
obviamente
e
rentabilização
do
manancial
informativo
que
aqui
existe.
Não
é
possível,
sem
o
acesso
a
informação
rigorosa,
criteriosa
e
consistente,
o
que
muitas
vezes
não
existe
em
anónimos
documentos
técnicos
de
difícil
leitura
para
o
cidadão
comum,
prever
o
desenvolvimento
planeado
de
um
espaço,
nem
tão
pouco
gerir
as
potencialidades
que
o
mesmo
apresenta.
As
lacunas
graves
ao
nível
da
informação
patentes
no
actual
Plano
Director
Municipal
traduzindo
um
desconhecimento
que
constrange
a
viabilidade
de
concretização
dos
seus
princípios,
é
completamente
contraproducente
em
Cascais,
pois
para
além
de
existir
em
grande
profusão,
ela
possui
as
bases
de
qualidade
que
são
suficientes
para
garantir
um
excelente
trabalho
a
qualquer
executivo
municipal.
A
promoção
do
licenciamento
das
unidades
não
licenciadas,
a
partir
deste
levantamento
situacional
e
da
legislação
vigente,
permitiria
ao
parque
industrial
cascalense
a
reconversão
de
todo
o
material
directamente
responsável
pela
degradação
do
ambiente
concelhio,
facto
que
se
traduziria,
de
uma
forma
óbvia,
num
incremento
estruturado
ao
desenvolvimento
do
município.
No
que
diz
respeito
à
habitabilidade,
num
Concelho
em
que,
como
referimos
anteriormente,
o
acesso
aos
bens
de
consumo
e
aos
apoios
estruturais
vai
diminuindo
a
coberto
do
actual
Plano
Director
Municipal,
verifica-se
a
necessidade
de
promoção
de
novas
formas
de
apoio
à
consolidação
dos
núcleos
urbanos
que
se
encontram
degradados.
De
facto,
e
sobretudo
desde
o
início
da
última
década,
que
a
paisagem
patrimonial
do
Concelho
de
Cascais
se
caracteriza
essencialmente
pela
degradação
que
vem
cada
vez
mais
acompanhando
o
envelhecimento
cronológico
dos
edifícios.
Locais
outrora
famosos
pela
sua
singularidade
paisagística
e
arquitectónica,
como
é
o
caso
do
Monte
Estoril,
estão
hoje
transformados
em
meros
pardieiros,
onde
as
ruínas
da
pujança
de
outrora
se
misturam
de
forma
desregrada
com
os
vetustos
imóveis
de
agora,
demonstrando
profundo
desacordo
entre
si,
e
promovendo
uma
descaracterização
que,
por
si
só,
já
é
factor
de
extrema
importância
na
degradação
das
condições
de
habitabilidade
dos
munícipes
cascalenses.
A
transição
de
século
e
milénio
que
agora
atravessamos,
ao
contrário
daquilo
que
seria
de
esperar,
tem
trazido
a
Cascais
um
cada
vez
maior
desrespeito
pelos
fundamentos
da
sua
memória.
A
habitação,
transportando
consigo
os
resquícios
de
uma
vivência
de
vários
séculos,
tem
sido
elemento
altamente
marcado
pela
negatividade
deste
sector,
recriando
dinâmicas
novas
de
abandono,
destruição,
demolição
e
reconstrução
que
em
nada
contribuem
para
a
dignidade
urbana
do
município.
O
Plano
Director
Municipal,
enquanto
documento
único
na
recriação
de
um
verdadeiro
espaço
de
conservação
e
de
determinação
tipológica
dos
edifícios,
deveria
conter
formulações
gráficas
perfeitamente
legíveis
dos
espaços
que
urge
preservar
e
reconsolidar.
Sem
uma
definição
política
que
permita
orientar
os
investimentos,
jamais
Cascais
conseguirá
readquirir
o
estatuto
de
qualidade
que
o
desregramento
dos
últimos
anos
tem
conseguido
criar.
A
inclusão
no
Plano
Director
Municipal
de
orientações
específicas
ao
nível
da
recriação
do
ambiente
urbano
das
diversas
localidades
cascalenses,
passando
obrigatoriamente
pela
reconversão
dos
espaços
existentes
e,
em
situações
pontuais
em
que
a
falta
de
qualidade
seja
um
factor
inibidor
do
progresso
concertado,
pela
demolição
dos
erros
urbanísticos
anteriormente
cometidos,
para
além
de
contribuir
para
incluir
este
município
naquilo
que
são
actualmente
as
mais
importantes
directivas
urbanas
da
Europa,
permitiria
a
Cascais
assistir
a
uma
diminuição
drástica
do
número
de
licenciamentos
para
novas
construções,
promovendo
a
ocupação
regrada
e
sistematizada
daquelas
que
existindo
sem
as
características
indispensáveis
a
uma
ocupação
de
qualidade,
passariam
assim
a
obter
os
fundamentos
que
lhes
permitiriam
modificar-se.
A
principal
questão
que
se
coloca,
quando
chegamos
ao
impasse
que
esta
revisão
do
PDM
propõe,
é
a
de
se
saber
se
interessa
ou
não
a
Cascais
alterar,
aumentando
ou
diminuindo,
o
número
de
habitantes
do
Concelho.
A
resposta,
como
temos
vindo
a
frisar
ao
longo
dos
anos,
terá
obrigatoriamente
de
passar
por
uma
análise
cuidada
daquilo
que
são
as
capacidades
efectivas
de
ocupação.
Esta
ocupação,
no
entanto,
não
está
restrita
ao
solo
nem
à
disponibilidade
de
loteamento
dos
espaços
vazios
antes
se
prendendo
com
aquilo
que
emana
dos
recursos
naturais
de
que
podem
usufruir
os
cidadãos
que
aqui
habitam
nos
seus
momentos
de
trabalho
ou
de
lazer.
O
principal
recurso
a
ter
em
conta,
numa
altura
em
que
os
equilíbrios
ambientais
do
planeta
fazem
prever
catástrofes
inimagináveis
para
o
Homem
que
as
provocou,
é
o
da
água
potável.
Elemento
preponderante
e
fundamental
na
qualidade
de
vida
dos
cidadãos,
a
água
é
hoje
um
elemento
que,
ao
contrário
do
que
sempre
aconteceu
neste
Concelho
escasseia
em
algumas
povoações
e
localidades.
A
água
de
Cascais,
oriunda
de
lençóis
subterrâneos
que
se
encontram
quase
totalmente
afectados
pela
clandestinidade
que
desde
há
muito
tomou
conta
do
Concelho,
é
ainda
afectada
pelas
ribeiras
e
riachos
que
correm,
de
norte
para
sul,
atravessando
inicialmente
o
Concelho
de
Sintra
antes
de
entrarem
em
território
cascalense.
A
sua
parca
expressão,
nos
dias
de
hoje
em
que
as
muitas
solicitações
obrigaram
à
sua
rentabilização,
torna-os
praticamente
desconhecidos
da
maior
parte
da
população,
só
se
fazendo
notar
quando
uma
qualquer
catástrofe
promovida
por
uma
enxurrada
não
prevista
os
faz
transbordar,
alagando
e
destruindo
bens
diversos
e
propriedades
e
provocando
danos
materiais
e
humanos
que
obrigam
a
uma
rápida
consciencialização
da
sua
existência.
O
actual
Plano
Director
Municipal,
neste
concelho
vocacionado
para
o
turismo,
para
além
das
medidas
que
contém,
e
que
teoricamente
deveriam
impedir
o
desvirtuamento
destes
cursos
de
água,
peca
pelo
omissão
de
inúmeros
destes
trajectos,
esquecidos
em
virtude
do
desconhecimento
sistemático
que
resulta
da
inexistência
de
informação.
A
intervenção
hidrológica
em
Portugal,
principalmente
em
equipas
técnicas
multidisciplinares
que
integram
profissionais
de
diversas
áreas
e
sectores,
normalmente
afectados
pelos
prazos
e
pela
burocracia
pesada
que
envolve
o
seu
trabalho,
tem-se
caracterizada
quase
sempre
pelo
interesse
especial
que
atribui
à
caracterização
dos
regimes
dos
rios
e
da
sua
variabilidade,
com
especial
relevo
para
o
problema
da
cheias,
mais
do
que
propriamente
pelo
estudo
do
funcionamento
dos
hidro-sistemas.
As
alterações
recentes
aos
equilíbrios
hidrográficos
Nacionais,
como
consequência
da
urbanização
cerrada
e
da
consequente
necessidade
efectiva
de
maior
quantidade
de
água,
tem
levantando
problemas
graves
que
Cascais,
possivelmente
mais
do
que
qualquer
outro
Concelho
no
País,
tem
sentido
agravar-se
ao
longo
dos
anos.
A
falta
de
água
sistemática,
mais
do
que
a
consequência
da
sua
má
gestão,
fica
a
dever-se
a
uma
falta
de
planificação
urbana
que
o
Plano
Director
Municipal
pode
e
deve
contrariar.
Para
tal,
e
para
além
de
todas
as
medidas
mencionadas,
é
fundamental
que
se
inicie
o
processo
de
levantamento
informativo
que
permita
perceber
quais
são
verdadeiramente
as
capacidades
de
acolhimento
de
Cascais.
A
determinação
destes
factores,
nesta
época
de
mudança,
permitirá,
com
base
numa
vontade
política
férrea,
assumir
as
consequências
politicamente
negativas
mas
ecologicamente
muito
positivas
de
uma
reconversão
que
garanta
a
todos
o
acesso
àquele
que
é,
com
toda
a
certeza,
um
dos
bens
mais
fundamentais
à
vida.
A
avaliação
das
reservas
hídricas
de
Cascais
e
as
suas
condições
de
restituição,
aliada
a
uma
correcta
gestão
do
espaço
construído
e
a
uma
fiscalização
que
implemente,
de
forma
efectiva
as
directivas
contidas
no
Plano
Director
Municipal,
garantiria
ao
Concelho
a
possibilidade
de
melhorar
de
forma
rápida
e
consequente
a
concretização
dos
planos
Nacionais
de
regulamentação
dos
recursos
hídricos,
compreendendo
melhor
a
dinâmica
hidro-morfológica
dos
hidro-sistemas
fluviais,
actualmente
bastante
condicionada
não
só
pelos
factores
climáticos
e
pedo-morfológicos,
mas
também
pelas
actividades
humanas.
A
complexidade
inerente
a
este
problema,
consequência
primária
das
múltiplas
condicionantes
que
afectam
este
tipo
de
sistemas,
obriga
as
equipas
técnicas
que
elaboram
o
Plano
Director
Municipal
a
demarcar
não
só
a
totalidade
dos
percursos
fluviais
ou
dos
meros
riachos
existentes
no
espaço
concelhio,
como
também
a
determinar
os
seus
fluxos
descontínuos
que,
como
se
sabe,
estão
sujeitos
a
uma
modificabilidade
que
responde
de
forma
adaptativa
às
influências
da
geomorfologia,
da
geografia
física
que
caracteriza
o
local,
da
climatologia
e
da
hidrologia
propriamente
dita.
O
que
isto
quer
dizer,
em
termos
do
Plano
Director
Municipal
é
que
a
inclusão
dos
percursos
eventuais
dos
cursos
de
água
é
tão
fundamental,
enquanto
elemento
que
atribui
determinadas
ferramentas
para
uma
análise
mais
fina
aos
problemas,
como
os
leitos
conhecidos,
reconhecidos
e
normalmente
dinâmicos.
As
zonas
de
cheia
eventual,
e
os
locais
alagáveis
afiguram-se
como
elementos
fundamentais
na
determinação
da
gestão
integral
do
espaço
concelhio,
assumindo
uma
inegável
importância
na
recriação
da
qualidade
de
vida
que
de
forma
sublinhada
temos
vindo
a
mencionar.
Num
documento
emitido
pela
Protecção
Civil
de
Cascais
e
dirigido
ao
Presidente
da
edilidade
no
início
do
ano
de
1996,
quando
o
actual
Plano
Director
Municipal
se
encontrava
ainda
em
fase
de
ultimação,
o
GPC
informava
a
Câmara
dos
resultados
de
um
pequeno
temporal
que
atingiu
o
Concelho
nos
dias
8
e
10
de
Janeiro
desse
ano.
Afectando
a
generalidade
das
Freguesias,
e
provocando
danos
avultados
que
destruíram
o
precário
equilíbrio
financeiro
de
muitas
famílias,
o
pequeno
temporal
fez-se
sentir
sobretudo
nas
zonas
de
alagamento
junto
aos
leitos
das
ribeiras.
A
Ribeira
de
Manique;
a
Ribeira
da
Castelhana;
a
Ribeira
de
Sassoeiros;
a
Ribeira
das
Marianas;
a
Ribeira
dos
Mochos;
a
Ribeira
das
Vinhas;
a
Ribeira
da
Cadaveira;
e
a
Ribeira
de
Bicesse;
são
apenas
alguns
dos
exemplos
apontados
neste
relatório
que
alerta
a
edilidade
para
a
necessidade
de
se
proceder
com
urgência
à
reconversão
das
áreas
fluviais
do
Concelho.
Para
que
tal
projecto
de
carácter
meritório
possa
ser
concretizado,
é
fundamental
que
se
proceda
à
inclusão
no
Plano
Director
Municipal
do
conjunto
do
sistema
hídrico
de
Cascais,
incluindo
aí
a
generalidade
dos
espaços
eventuais
que
resultam
da
dinâmica
própria
do
sistema
de
águas.
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'Um
Exercício
de
Determinação:
a
Génese
da
Ilegalidade'
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