Ascendência de Jovino Limeira Dinoá

     

Capitão-mor Domingos de Faria Castro

   

Casado com Isabel Rodrigues de Oliveira

              

Seus filhos:

Isabel Rodrigues de Faria

Ana de Faria Castro

Inácio de Faria Castro

Padre Domingos de Faria Castro

Antônio de Faria Castro

Maria de Faria Castro

Manuel de Faria Castro

Filipe de Faria Castro

Francisco de Faria Castro

Luís de Faria Castro

Proprietário da Fazenda Cabaceiras, que depois se transformaria em povoado, Vila Federal e, finalmente, cidade de Cabaceiras, Domingos de Farias Castro era português, natural de Cheleiros, ainda hoje freguesia de Mafra, Distrito de Lisboa, havendo chegado àquela região do Cariri de Fora, ou Cariri Velho, no início do século XVIII.

À época, os rapazes portugueses ou filhos de portugueses eram requisitados para casar com as moças filhas de fazendeiros locais. Não foi difícil para o jovem lusitano cair nas boas graças do Capitão Pascácio de Oliveira Ledo, que já se encontrava ali há muitos anos.

Ele era membro da família que dominava grandes extensões de terra, a partir do Sertão do Cariri até as Ribeiras de Espinharas, Piancó e Piranhas, chegando até à fraldas das Serras do Apodi e do Patu. 

O próprio Capitão Pascácio, além daquelas terras nas beiradas no Rio Paraíba, possuía seus sitios para roça e criar gados na região do Mipibu, já na Capitania do Rio Grande.

Ao Capitão Pascácio de Oliveira Ledo pareceu que aquele jovem era moço de bons princípios e trabalhador. E decidiu que o jovem português Domingos de Faria Castro servia para casar com sua filha Isabel Rodrigues de Oliveira - Isabel, em homenagem à sua mulher Isabel Rodrigues. Decisão tomada, fizeram-se os acertos para o casamento.

Acordou-se que a noiva, como se recomendava, teria um dote, representado pelo Pasto das Bestas, com uma légua de terra de comprido, no valor de 250$000 (duzentos e cinqüenta mil réis) a serem, no futuro, descontados da legítima de herança a que a filha tivesse direito, por morte dos pais, descontando-se 50% do valor por ocasião do inventário do pai e a outra metade no inventário da mãe, ou, conforme o montante dos bens deixados, fazendo-se logo o abatimento total do dote no inventário do que primeiro falecesse (foi esta, alias, a alternativa que se adotou quanto a este dote levado por Dona Isabel Rodrigues de Oliveira). Se na partilha lhe coubessem bens em valor superior ao do dote, seria entregue a ela a diferença; se, ao contrário, o quinhão fosse de valor inferior ao do dote, o casal ficaria sendo devedor da diferença aos demais herdeiros.

O dote era lançado em papel registrado, tudo muito claro, para evitar-se dúvida no futuro. Nada de possíveis disputas ou mal-entendidos que gerassem demandas. E por isto é que no papel constavam, em se tratando de terras, os limites e confrontações, as medidas e o valor. Tudo com a maior exatidão possível.

Havia, pelo mesmo tempo, um outro rapaz português, de nome Antônio Ferreira Guimarães, que viria a casar com Cristina Rodrigues de Oliveira, a outra filha do Capitão Pascácio.

Juntos, Domingos de Faria Castro e Antônio Ferreira Guimarães compraram o sítio Cabaceira do sogro, por 500$000 (quinhentos mil réis), cabendo a cada um a metade desse valor. Posteriormente, o primeiro dos dois sócios comprou a parte do segundo pelo mesmo valor que havia sido paga originalmente - 250$000. Foi esta o origem da Fazenda Cabaceiras, na qual Dona Isabel Rodrigues de Oliveira erigiu uma capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que ela chamou, no seu testamento, de minha capella.

No correr do tempo, Domingos de Faria Castro, que se tornaria Capitão-mor, chegou a ser possuidor de muitos bens, como se constata do inventário por falecimento de sua mulher, Isabel Rodrigues de Oliveira, iniciado em 1742:

a. Terras
  • a principal era ametade do citio da Cabaceyra no Certam do Cariry de cujo citio lhe fora dado em dote hua legoa de Terra chamado o Pasto das bestas, e mais terra pertencente ao mesmo citio a ouvera por Titullo de compra por escriptura que della fes o cappitam Pascacio de Oliveyra Ledo pella quantia de quinhentos mil reis e a que Se lhe deu em dote assima declarada fora por preso de duzentos e sincoenta mil reis que ambas as parcellas fazem a importancia de Sete Cento e cincoenta mil reis … avaliadas, em 1742, pelo mesmo valor original (a outra metade do citio da Cabaceyra tinha sido vendida ao seu concunhado Antônio Ferreira Guimarães, de quem, aliás depois foi adquirida pelo Capitão-mor, também por 250$000 - duzentos e cinqüenta mil réis);

  • havia hua legoa de terra . . . no lugar chamado Cornayôque o houve por Titullo de Compra ao Capittam mor Gaspar Pereira de Oliveira pella quanthia de duzentos e sincoenta mil reis do qual tem papel de Venda, avaliado pelos mesmos 250$000, no inventário de Isabel;

  • e hu citiode criar gadoCurral de Bacho … adquirido por compra 1:350$000 (um conto, trezentos e cinqüenta mil réis);

  • o Sítio curral do meyo;

  • o citio Caruatâ, onde criava vacas e eqüinos;

  • também hua Sorte de Terras no Certam do Cariry lugar do Brejo o qual ouvera por titullo de compra e dote rezervando a parte que dotou a Suas duas filhas em cujo citio tem um molinote coberto de Telha Caza de Caldeyras e de Vivenda como tam(bem) Senzalla dos negros, avaliada em 300$000;

  • uma fazenda, ao pé da Serra da Timbaúba, avaliada em 200$000, cuja data de sesmaria lhe fora concedida em 1740, conforme transcrição abaixo:

"No 274 em 18 de setembro de 1740

O Capitão-mór Domingos de Faria Castro, morador no sertão do Cariry, tendo a custa de sua fasenda descoberto um olho d’agoa no pé da serra da Timbaúba com capacidade de poder crear seos gados, por não ter cômmodo para elles, requeria tres legoas de terras de comprido no dito olho d’agoa, de nascente para o poente, seguindo encostado a dita serra e uma legoa de travessão para a parte do sul, fasendo peão no dito olho d’agoa e pela parte do poente a encontrar com a data da mesma Timbaúba e para o nascente a data do riacho do Padre. Fez-se a concessão na forma requerida, no governo de Pedro Monteiro de Macedo."
  • e mais a metade de uma data de sesmaria, com três léguas de comprimento por uma de largura, concedida a ele e a Luís Domingues Porto, conforme transcrição abaixo:

"No 330 em 12 de junho de 1744

Capitão-mór Domingos de Faria e Castro e Luiz Dominguez Porto, dizem que elles supplicantes, a custa de suas fasendas, descobriram no sertão do Cariry um sitio de terras, que nunca foi povoado, em um riacho chamado pela língua do gentio - Ocor - que desagua do sul para o norte no rio da Parahyba, fasenda dos herdeiros do Capitão Theodosio de Oliveira Ledo, em cujo riacho querem os supplicantes se lhes conceda por data a sesmaria, trez legoas de terras de comprido e uma de largo, nas cabeceiras do dito riacho, começando por elle acima até entestar com terras povoadas de Francisco da Cruz de Oliveira, e uma legoa de largo meia para cada banda do dito riacho para elles supplicantes poderem crear seos gados; pediam em conclusão fossem-lhes concedidas tres legoas de terras de comprido e uma de largo, no dito riacho, na forma acima confrontada. Foi feita a concessão no governo dos officiaes do Senado da Camara, a saber: Leonardo Domingues Porto, Manoel da Rocha de Carvalho, André Dias de Figueredo, Domingos dos Santos de Oliveira e Cosme Ribeiro da Costa."

b. Escravos

Eram vinte e um os escravos, sendo que o valor total de dezessete deles era de 1.612$720 (um conto, seiscentos e doze mil e setecentos e vinte réis) - quatro estavam fugidos, e por isto não tiveram seu valor declarado:

  • Vicente, de Angola, 30 anos, aprendiz de ferreiro - valendo 120$000 (cento e vinte mil réis);

  • Francisco, da Guiné, 40 anos, doente dos peytoz - 50$000 (cinqüenta mil réis);

  • José, molecam do Gentio de Angolla, quebrado de hua perna e hu aleijam em hu brasso de hidade de dezoyto annos - 45$000 (quarenta e cinco mil réis);

  • Pedro, do Gentio de Angolla, de hidade de vinte e oyto annos - 100$000 (cem mil réis);

  • Miguel, angolano, de hidade de trinta annos - 80$000 (oitenta mil réis);

  • Mateus, do Gentio de Benguella de hidade de quarenta annos - 100$000 (cem mil réis);

  • Gracia (Graça), do Congo, com vinte anos - 80$000 (oitenta mil réis);

  • Manuel, angolano, casado, de Sincoenta annos - 45$000 (quarenta e cinco mil réis);

  • Catarina, do Gentio da Costa, hidade de trinta e sinco annos, casada com Manuel acima - 90$000 (noventa mil réis);

  • Marcos, crioullo, com des annos - 50$000 (cinqüenta mil réis);

  • João, mistisso, também com des annos - 50$000 (cinqüenta mil réis);

  • Cosme, mulato, com oyto annos - 55$000 (cinqüenta e cinco mil réis);

  • Manuel, mulatinho, com quatro anos - 30$000;

  • Maria, de hidade de vinte e Sinco annos, do Gentio de Benguela - 75$000;

  • Maria, mulata, com vinte e quatro anos - 100$000 (cem mil réis);

  • uma crioula, Josepha, com onze anos - 50$000 (cinqüenta mil réis);

  • Maria, crioula, com dez anos - 50$000 (cinqüenta mil réis);

  • hua mulatinha por nome Luzia de hidade de Sinco annos - 45$000 (quarenta e cinco mil réis);

  • hu moleque por nome João Angolla de hidade de vinte e Seis annos que porquebrado de hua Virilha foy avalliado 40$ (quarenta mil réis);

  • hu escravo do Gentio Angolla por nome Antonio de hidade de quarenta e Sinco annos o qual andava foragido ha muitos annos e Sendo cazo que aparessa o aprezentara para Se dar valor e quinhão aos herdeiros;

  • outro escravo por nome Joze do Gentio do Congo de hidade de vinte e Sinco annos pouco mais ou menos que tambem Seauzentara junto com outro declarado;

  • outro escravo tambem fogido ha poucos annos por nome Joze do Gentio dos Ardes de hidade de vinte annos;

  • hu molecam por nome João Benguella de idade de vinte annos tambem auzente.

c. Gado vacum

Havia 2.190 cabeças, entre machos e fêmeas, de bezerros a bois mansos e touros, distribuídos entre Cabaceiras e os sítios.

d. Eqüinos

Entre éguas, poltros, poltras, pais de égua e outros cavalos inteiros ou castrados, havia 253 cabeças. Um rebanho enorme.

O Capitão-mor Domingos de Faria Castro e sua mulher, Isabel Rodrigues de Faria, tiveram dez filhos, listados acima, à esquerda, e sua descendência hoje está espalhada por todo o país, não só com os seus sobrenomes mas, também, com aqueles que vieram por motivo de casamento, ou que foram "inventados". Têm o sangue daquele casal todas as pessoas originárias do Cariri da Paraíba e que atualmente se assinam: Barros, Barros Brandão, Brandão, Brandão de Sousa, Brito, Brito Costa, Castro, Castro Farias, Castro Cavalcante, Cavalcante, Cavalcante Farias, Correia de Queiroz, Costa, Costa Brito, Costa Ramos, Dinoá, Farias, Farias Cavalcante, Farias Castro, Gaudêncio, Joffily, Leira, Maracajá, Queiroz e Ramos.
 

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