Luís de Faria Castro

                   

Luís de Faria Castro

décimo filho e caçula do Capitão-mor Domingos de Faria Castro e Isabel Rodrigues de Oliveira, dele sua mãe estava grávida, ao fazer seu testamento, em 1735, ano em que ele nasceu. Portanto, quando o inventário de Dona Isabel se iniciou, em 1742, ele estava com sete anos de idade, como, aliás, consta, corretamente, naquele documento.

Ele casou com Maria de Brito, filha do Capitão-mor Gaspar Pereira de Oliveira e de Josefa de Brito.

Esta é uma informação importante, quanto à remontagem da história da colonização do Cariri de Fora, pois até agora não se havia dado a lume, corretamente, o nome da mulher do Capitão-mor Gaspar Pereira de Oliveira. Veja termo de casamento de Luís de Faria Castro e Maria de Brito, abaixo, na transcrição fiel, na ortografia original:

Ao Primeiro dia do mes de Dezembro de mil Sette Sentos e Setenta annos nesta Matris feitas as denunciaçõns na forma do Sagrado Consilio Tridentino onde os Nubentes Sam naturais e terem justificado no Segundo Grao de Sanguinidade em minha perzensa estando presente por testemunha o Capitam Antonio de Faria Crasto e Domingos Ferreyra de Olyveira e outras pessoas muntas conhecidas se casarão em face da Igreja de palavras de persente Luis de Faria Crasto natural desta Freguesia filho legitimo do Capitam Mor Domingos de Faria Crasto e de sua Mulher Izabel Rodrigues já defuntos com Maria de Brito natural desta Freguesia filha do Capitam Mor Gaspar Pereyra e de sua mulher Josefa de Brito já defuntos e logo lhe dei as bençons conforme manda a Santa Madre Igreja de Roma dia e era tu Supra.

Antonio Rois Pires

Cura e Vigrº do Cariry.

Não sabemos se a bênção do Padre Antônio Rodrigues Pires se transubstanciou em geração fecunda de filhos, pois não foram encontrados descendentes seus. Por um certo tempo, até se perdeu de vista Luís de Faria Castro, para ser encontrado só em agosto de 1811, já velho, aos 76 anos de idade, no inventário de seu irmão Capitão Antônio de Faria Castro.

Voltemos ao nome da mulher do Capitão-mor Gaspar Pereira de Oliveira, ao qual, aliás, Dona Isabel Rodrigues de Oliveira, no seu testamento, chamara de meo Primo.

Elpídio de Almeida, na sua História de Campina Grande (página 67), ao falar do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo, fez a seguinte afirmação:

Quanto aos filhos do segundo matrimônio de Teodósio, pode-se afirmar haver Maria casado com Gaspar Pereira de Oliveira, de quem teve vários filhos. Prova-o a escritura em que o Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo, filho de Teodósio, e sua mulher Jacinta da Cruz Oliveira fizeram doação, em 16 de setembro de 1766, de meia légua de terra da sua propriedade Gameleira, no Cariri de Fora … a suas sobrinhas Josefa, Maria, Joana e Luzia, filhas do Capitão-mor Gaspar Pereira de Oliveira. Se eram suas sobrinhas, filhas de uma irmã, esta só poderia ser Maria.

Levado pela conclusão de Elpídio de Almeida, o genealogista Antônio Pereira de Almeida, em seu Os Oliveira Ledo e a Genealogia de Santa Rosa, cometeu o mesmo engano:

Um outro filho de Antônio de Oliveira Ledo … foi Gaspar Pereira de Oliveira que assenhoreou-se das terras acima de Boqueirão … Seu filho do mesmo nome casou com Maria, filha de Teodósio de Oliveira Ledo (segundo matrimônio).

O raciocínio lógico de Elpídio de Almeida está, aparentemente, correto e, por isto, é claro, foi seguido pelo genealogista citado. Entretanto, partiu-se de uma premissa falsa e, por conseqüência, a conclusão apresentada é incorreta.

Temos, nós também, cópia do original daquela escritura citada por Elpídio de Almeida, da qual vamos trazer ao leitor o texto em que se baseou este autor, levando consigo o genealogista:

disseram elles outorgantes que de seus motus proprios e sem constrangimento de pessoalguã por esmolla que faziam pello amor de Deos doavam como de facto logo doaram deste dia para sempre a dita meya legoa que possuem acima confrontada e declarada a suas sobrinhas Josefa, Maria, Joanna e Luzia, filha do Capitão mor Gaspar Pereira de Oliveyra

Como vê o leitor, de fato, o Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo e sua mulher chamaram às moças suas sobrinhas, mas não disseram, em nenhum momento, serem elas filhas de uma irmã, como entendeu Elpídio de Almeida, que, diga-se a bem da verdade, foi sempre seguríssimo em suas afirmativas. Exceto nesta.

Indubitavelmente, Gaspar Pereira de Oliveira não era irmão de Francisco de Oliveira Ledo. Mas sua mulher poderia ser irmã da mulher deste. Poderia. Mesmo que ambas tivessem tão diferentes sobrenomes, elas poderiam ser irmãs. O leitor já viu, sobejamente, que no tempo antigo os irmãos tinham, comumente, sobrenomes totalmente diferentes uns dos outros, que nada lembravam os de seus pais. Verdadeiramente, o que se sabe é os dois Capitães-mores Francisco de Oliveira Ledo e Gaspar Pereira de Oliveira haverem sido primos legítimos, conforme se conclui acertadamente do que disse o Capitão Antônio de Oliveira Ledo, irmão de Francisco de Oliveira Ledo, ao referir-se àqueloutro como seu primo, em seu testamento parcialmente dado a conhecer por Wilson Seixas, em O Velho Arraial de Piranhas (Pombal).

Aqui está a resolução do problema. Antigamente - e de certo modo até pouco tempo - chamavam-se sobrinhos aos filhos de primos. Qualquer pessoa acostumada a compulsar velhos documentos, como inventários e testamentos, sabe disso. É comum verem-se declarações de alguém referir-se a parente, filho de primo, de primo segundo e até de primo em terceiro grau, como sobrinho, sobrinho em segundo ou em terceiro grau.

Foi esta a causa, com certeza, de os doadores da dita meya legoa de terras chamarem à donatárias de suas sobrinhas - sem afastar a possibilidade de Dona Josefa de Brito ter sido irmã de Dona Jacinta da Cruz Oliveira, mulher do Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo. .De qualquer maneira, o assunto fica aí, à espera de provas. Sabe-se é que Dona Jacinta era filha de Antão da Cruz Portocarreiro e Ana de Oliveira Ledo.

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