Ana de Oliveira Ledo

            

Filha de Custódio de Oliveira Ledo e, portanto, irmã do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo, a matriarca Ana de Oliveira Ledo, casada com Antão da Cruz Portocarreiro, também baiano das margens do Rio São Francisco, como ela, foi mulher incansável, dotada de grande coragem, a exemplo dos seus irmãos e, aliás, do clã Oliveira Ledo, tendo ficado conhecida por ser pioneira na ocupação do alto sertão e do Cariri, acompanhando o seu gado na formação de fazendas. Dela, aliás, estava de pé, ainda, até pouco tempo, a casa de morada, de pedra, ao lado direito da estrada que vai de Juazeirinho para Patos.

Através dos seus filhos e netos, levantou taperas e fincou os primeiros mourões e porteiras de fazendas de gado que se transformariam, depois, em lugarejos e cidades. 

Não foi, ainda, levantado o ano em que ela faleceu. Mas, com certeza sobreviveu a seu marido e pode-se afirmar que ela viveu até uma idade provecta, porque, em 1742, ainda estava viva, e era viúva, conforme ela mesmo declarou na petição para regularizar uma sesmaria, juntamente com seu sobrinho e homônimo do seu irmão Teodósio de Oliveira Ledo, cuja transcrição está aqui. Em 1733, aliás, talvez ela já estivesse viúva, porque requereu uma sesmaria em seu próprio nome, e não no do seu marido.

Para se ter uma idéia de como ela teve uma vida longa, basta considerar que em 1706, o seu filho Manuel da Cruz Oliveira, juntamente com o Conde de Alvor e outros, requeria sesmaria - é evidente que, então, ele já era adulto.

Suas sesmarias:

"Nº 233 em 2 de novembro de 1733

Anna de Oliveira, moradora nesta capitania, possuindo seus gados não tem onde os situar senão no sertão do Cariry, onde chamão a serra de Timbauba por detraz ella entre a dita serra e um riacho chamado Cravatá, por no dito riacho haver uns pés de cravatá-assú e outro riacho chamado do Padre, e porque neste meio se achão terras devolutas, que descobrio ella supplicante a sua custa, um olho d'agua salobra; chamado pela lingua do gentio Comquá, chamado riacho da pedra bonita, e outro sim uma lagôa chamada tambem pela lingua do gentio Amprou (?); requeria tres legoas de comprido e uma de largo, correndo runo direito do dito olho d'agua, buscando dita lagôa, ficando o dito olho d'agua e lagoa dentro das tres legoas de comprido e uma de largo, meia para cada banda, com todas as sobrs que houver para as quatro partes até contestar nos providos. Fez-se a concessão das tres legoas de terras de comprido e uma de largo, no governo de Francisco Pedro de Mendonça Gurjão."
    

"Nº 305 em 7 de novembro de 1742

Viuva Anna de Oliveira e o menor Theodozio de Oliveira, filho do capitão-mór Theodozio de Oliveira e de Cosma Tavares, dizem que nas partilhas que se fizeram se adjudicou a metade do sitio Timbaúba à supplicante Anna de Oliveira e a outra metade a seu irmão capitão-mor Theodozio de Oliveira, e por morte do dito seu irmão se lançou a mesma Timbaúba ao supplicante menor, e porque o dito sitio Timbaúba o possuia o supplicante por logradouro do seu sitio chamado Riacho do Padre com quem confinava pela parte do nascente e o defunto capitão Theodozio de Oliveira por logradouro, lograva a mesma Timbaúba por logradouro do sitio chamado Badallo que diz entestar com a Timbaúba pela parte do poente cujo sitio do Badallo vendeu a viuva Cosma Tavares e porque os supplicantes não têm data do dito Timbaúba e por justificação summaria se averiguou ficar a dita Timbaúba fóra dos limites das datas dos Oliveiras, e como por equidade se deve conceder a dita Timbaúba aos supplicantes como possuidores delle, pediam fosse servido attendendo ao referido, mandar passar carta de data de sesmaria começando do sitio do Livramento pelo rio acima até entestar com o sitio do Badallo e meia para o nascente, para elles suplicantes em comum trazerem seos gados vaccuns e cavallares, com declaração de que aquelle que mover duvida perderá a parte que lhe toca e ficará dada a outra parte, e faltando as águas na dita Timbaúba retirarem os gados sem prejuiso dos seos visinhos, e como procurdor da corôa também é das partes se requer responda outro advogado para se evitar duvidas. Foi feita a concessão, no governo de Pedro Monteiro de Macedo".
   

Sua família:

1. Manuel da Cruz de Oliveira

também mencionado como Manuel da Cruz Oliveira - ocupou terras na ribeira do Piranhas e também na do Patu, tanto na banda que hoje constitui o Rio Grande do Norte, como na da Paraíba. Foi fundador e proprietário da Fazendo Brejo. Por causa de seu sobrenome, chamava-se a esta fazenda de Brejo do Cruz - origem da atual cidade de igual nome. Era casado com Maria Manuela Pereira, ou Maria Manuela da Silva. Deixou descendência. Foi sesmeiro:

"Nº 58 em 30 de Maio de 1706

Conde de Alvor, Manoel da Cruz de Oliveira, Bartholomeo Barbosa Pereira, D. Clara de Vasconcellos e Bento de Araujo, dizem que descobriram umas terras devolutas no sertão das Piranhas entre os providos do Pody, Piranhas e riacho do Meio e dos Porcos e necessitavam dellas para crear seos gados, pelo que pediam tres legoas de terras para cada um até entestar nos providos por serem sobras. Opinou o provedor que se dessem as terras pedidas exceptuadas as do riacho dos Porcos por já estarem dadas. Foi feita concessão de tres legoas de comprido e uma de largo à cada um no sertão das Piranhas e riacho Ogon, reservado o riacho dos Porcos por já ter sido dado, no governo de Fernando de Barros e Vasconcellos."
   

"Nº 98 em 23 de Janeiro de 1712

Manoel da Cruz de Oliveira, Francisco Martins de Mattos e Capitão Antonio Affonso de Carvalho, dizem que tendo servido a S. M. na conquista dos sertões, fazendo guerra ao gentio com gasto de sua fazenda, e até o presente não lhes sendo dado cousa alguma, e elles supplicantes tinham umas creações de gados e não tinham onde os situar senão no sertãs das Piranhas, onde chamão a serra do Patú por estarem desaproveitadas, que descobriram à sua custa e risco de vida, cujas terras começam do rio do olho d'agua da dita serra, onde está uma gamelleira, e para situarem seus gados e fazerem suas lavouras lhes eram necessarias seis leguas de terras do dito olho d'agua para o poente e para o nascente duas leguas, cujo olho d'agua fica da dita serra para a banda do sul e dita serra para a banda do norte, toda terra que se achar devoluta dentro das seis legoas para parte do poente e duas para o nascente no logar confrontado. O provedor da fazenda opinou que se concedesse a terra pedida com uma legua de largura. Foi feita a concessão com a declaração de que se repartissem igualmente e de tal sorte que não ficasse prejudicado o Capm Antonio Affonso de Carvalho por ter o gado do contracto do disimo real para situar, e com a condição apontada pelo provedôr, no governo de João da Maia da Gama. Esta concessão foi confirmada pelo Rei de Portugal em 17 de Maio de 1715."
   

"Nº 132 em 18 de Fevereiro de 1717

Capitão Manuel da Cruz de Oliveira, morador na ribeira das Piranhas, diz que tem quantidade de gados assim vaccum como cavallar e não tem terra sufficiente para os poder crear e porque tem noticia de que dentro dos boqueirões da serra das Piranhas, ha terra devoluta e desaproveitada que vem a ser um olho d'agua que está dentro dos sobreditos boqueirões, o qual para a parte do norte confronta com o sitio de S. Antonio, do supplicante e para a parte do sul confronta com o sitio de Anna de Oliveira e do Capitão Francisco Pereira, o qual por estar assim desaproveitado, o pede o supplicante, fazendo peão no dito olho d'agua, meia legua para cada parte em quadro, para nelle poder crear com mais largueza. Foi feita a concessão de meia legua de terra em quadro, no governo de João da Maia da Gama."

2. José da Cruz de Oliveira

foi casado e deixou descendência. Era fazendeiro. Juntamente com seu irmão Francisco de Oliveira da Cruz, indicado abaixo, foi beneficiário de uma sesmaria:

"Nº 121 em 16 de Março de 1715

Francisco de Oliveira da Cruz e José da Oliveira da Cruz, moradores nesta capitania dizem que elles supplicantes tem gados e não tem terras proprias em que os accommodem para que possam crear e porque os supplicantes com dispendio de sua fazenda pagando ao gentio e por deligencia propria descobriram um riacho nos Cariris nas ilhargas dos Oliveiras a que o gentio chama Barro Vermelho e na nossa lingua tem o mesmo nome, o qual riacho nasce da parte do sul e desagoa no rio Parahyba, pelo que querem os supplicantes haver por data de sesmaria tres leguas de comprido e uma de largo para cada um pelo riacho acima para o sul pediam fosse-lhes concedida por data de sesmaria as ditas seis legoas de terras de comprido e duas de largo, trez para cada um, pelo dito riacho acima para a parte do sul, por devolutas e desaproveitadas. Por exigencia do Provedor declararam mais os supplicantes que a terra pedida havia de começar no dito riacho Barro Vermelho, ou na primeira agua ou poço capaz e aturavel para o gado. Foi feita a concessão, no governo de João da Maia da Gama."

3. Gonçalo da Cruz de Oliveira

era Tenente. Faleceu solteiro. Sua mãe foi sua herdeira da sua parte na fazenda São João na ribeira das Piranhas;

4. Eusébio da Cruz de Oliveira

também faleceu solteiro, e sua mãe foi a herdeira dos seus bens, incluindo na parte que ele tinha na fazenda São João, mencionada logo acima. Ela vendeu aquela terra por 450$000;

5. Jacinta da Cruz Oliveira

casada com o Capitão-mor Francisco de Oliveira Ledo, seu primo legitimo, filho do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo e sua primeira esposa, Isabel Paes;

6. Francisco de Cruz de Oliveira

também Francisco de Oliveira da Cruz- casado com Catarina Cavalcante. Permaneceu no Cariri. Pais de:

6.1. Ana Maria Cavalcante

casada com Inácio de Faria Castro, filho do Capitão-mor Domingos de Faria Castro e Isabel Rodrigues de Oliveira, esta, filha do Capitão Pascácio de Oliveira Ledo e Isabel Rodrigues. Alguns dos seus descendentes, inclusive os autores deste trabalho:

6.1.1. Inácio de Faria Castro (Júnior)

casado com Josefa Maria de Sousa; pais de, entre outros filhos:

6.1.1.1. Domingos de Farias Cavalcante

também conhecido como Domingos José Cavalcante - casado com Inês Maria do Amor Divino; pais de, entre outros filhos:

6.1.1.1.1. Manuel de Farias Cavalcante

casado com Águida Maria de Jesus; pais de, entre outros filhos:

6.1.1.1.1.1. Antônio de Farias Cavalcante

casado com Maria de Albuquerque Cavalcante Dinoá; pais de:

6.1.1.1.1.1.1. Alzira Cavalcante Dinoá

nascida em Bom Jardim, a 6 de outubro de 1894; falecida na infância;

6.1.1.1.1.1.2. Isaltina Cavalcante Dinoá

nascida a 28 de setembro de 1895, em Natuba, falecida solteira, com 81 anos incompletos, a 8 de janeiro de 1976, em Itabaiana;

6.1.1.1.1.1.3. Adiles Dinoá Medeiros Clique aqui para ver suas fotos

casada com Solon da Cunha Medeiros; pais de:

6.1.1.1.1.1.3.1. José Dinoá Medeiros

casado com Geni Siqueira Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.2. Antônio Bráulio de Medeiros

casado com Maria Concionila Souto Maior Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.3. José Anchieta de Medeiros

casado com Thaís Zanoni de Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.4. José Geraldo Dinoá Medeiros

casado com Terezinha Moura de Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.5. Maria de Lourdes Medeiros Morais

casada com João Clementino de Morais;

6.1.1.1.1.1.3.6. Martinho Dinoá Medeiros

casado Dilza Tavares Borba Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.7. Ambrósio Dinoá Medeiros

casado com Odaci de Sousa Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.8 Solon de Medeiros Filho Clique aqui para ver suas fotos

casado com Miriam Valença de Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.9 Francisco Seráfico de Medeiros

nascido a 26 de janeiro de 1936, em Patos, e falecido ainda na primeira infância;

6.1.1.1.1.1.3.10 Fernando Dinoá Medeiros Clique aqui para ver suas fotos

casado com Maria Mércia Guedes Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.11 Tarcízio Dinoá Medeiros Clique aqui para ver suas fotos

casado com Ana Tereza de Oliveira Medeiros;

6.1.1.1.1.1.3.12 Everaldo Dinoá Medeiros Clique aqui para ver sua foto

casado com Gláucia Pessoa de Vasconcelos Medeiros;

6.1.1.1.1.1.4. Georgina Cavalcante Dinoá

nascida em Natuba, e falecida na primeira infância;

6.1.1.1.1.1.5. Isaura Dinoá Cabral

casada com Antônio Cabral de Lira;

6.1.1.1.1.1.6. Alzira Dinoá Cabral

Nita - casada com Agenor Travassos Cabral;

6.1.1.1.1.1.7. Osvaldo Cavalcante Dinoá

casado com Maria Martins Dinoá (Zila);

6.1.1.1.1.1.8. Osmindo Cavalcante Dinoá

nascido e falecido em 1911, em Natuba;

6.1.1.1.1.1.8. Arlindo Cavalcante Dinoá

casado com Severina Cavalcante de Lima.

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