Maria de Faria Castro |
Maria de Faria Castro |
mais nova das filhas (sexta, na ordem de nascimento) do Capitão-mor Domingos de Faria Castro e de Isabel Rodrigues de Oliveira, por esta, neta do Capitão Pascácio de Oliveira Ledo e de Isabel Rodrigues, nasceu em 1728, em Cabaceiras, e no inventário de sua mãe, no mui longe outubro de 1742, ela contava apenas com quatorze anos de idade. Por ocasião da apresentação de mais bens, por parte do seu tutor e pai, para integrarem o inventário de Dona Isabel Rodrigues de Oliveira, em abril de 1744, ela ainda estava solteira. Mas em 1º de novembro de 1750, na prestação de contas que seu pai apresentou ao Juiz de Órfãos, há a valiosa notícia de que preguntado pella dito Juis ao dito Tutor pella pesoa da orfã Maria de Faria Respondeu que esta Seachava tão bem Cazada com Manoel Tavares a qual Seachava tão bem entregues da Sua Legitima e Sequella Como constou pello Seu formal de partilha que aprezentou (Inventário de Isabel Rodrigues de Oliveira).Na realidade, Maria de Faria Castro tinha casado em 1746, com dezoito anos de idade. Seu marido foi o Sargento-mor Manuel Tavares de Lira, pernambucano do Cabo, nascido em 1720, homem não muito rico, mas de apreciável patrimônio para a época, dono de terras no velho Cariri de Fora, endurecido na luta de tirar o sustento de sua numerosa família daquele chão seco, de extensão de fazer inveja hoje, porém mal servido e quase abandonado de chuvas, que Nosso Senhor as mandava tão pouquinhas. Suas terras abrangiam 3.600 ha, em duas porções de três por uma légua cada uma; a primeira delas adquirira-a por dote de casamento que o Capitão-mor Domingos de Faria Castro dera a Maria de Faria Castro; a segunda, ele a descobrira - como então se chamava ao fato de se ter sido o primeiro a ocupar uma gleba.De conformidade com a então vigente legislação fundiária, era necessário se requeressem as terras descobertas, como data, para garantir-se a efetiva posse da terra. Mesmo a propriedade que coubera, por dote, à mulher, foi requerida pelo Sargento-mor como sesmaria, para evitar duvidas. Eis os registros: |
"No 492 em 13 de Março de 1759 |
Sargento-mór Manoel Tavares de Lyra, morador no sertão dos Carirys velhos, diz que a vinte annos tinha cultivado umas terras no rio da Parahyba, entre o sitio do Cucurité do padre João Vieira da parte de cima e da parte de baixo com o sitio do Buraco, que foi do defunto Marcos de Castro, da parte do norte com terras de José da Costa Momeo (sic!) e Bodocongó, e da parte do sul com terras do sargento-mór Valentim Dias de Mello, e porque tinha gados e não tinha terras para os poder crear e mais creações, e se achavam estas terras devolutas e desaproveitadas, sem senhorio, só sim servirão de coito do gentio e de outros malignos causando prejuiso ao bem commum pela distinção que fazia aos animaes vaccum e cavallar, e servindo de grande prejuiso aos dizimos reaes pela destruição das fazendas por estarem incultas e desaproveitadas estes logares e outros annexos, a que ella a custa de sua fazenda queria povoar, pedia em conclusão lhe mandasse passar em nome de S. M. sua carta de sesmaria das terras acima confrontadas de tres leguas de comprido pelo rio acima e uma de largo, meia para cada banda, em condição de se poder fazer largura comprimento, donde melhor dessem seus rumos. Foi feita a concessão, no governo de José Henrique de Carvalho." |
"No 539 em 8 de Dezembro de 1760 |
Sargento-mór Manoel Tavares de Lyra, morador no Cariri de Fora, diz que no dito logar povoara um sitio de terras com gados e de que a muitos annos lhe fizera traspasso seu sogro capitão Domingos de Farias Castro por compra que o dito seu sogro fizera em 1736 ao Capitão Gaspar Pereira de Oliveira, não tendo mais titulo que a escriptura, dizendo Gaspar Pereira que as ditas terras lhe tocaram por legitimima de sua mãe, sendo certo que o que lhe tocava por legitima foi o sitio do Cornaió, e porque se lhe fazia necessario sesmaria para evitar duvidas, e estando o supplicante de posse a mais de 14 annos pedia tres leguas de terras de comprido principiando no poço da Pedra Branca pelo rio da Parahyba acima até a situação do Cruz e uma legua de largo buscando o riacho do Bento, partindo delle para o poente Malhada Grande, Alagôa de Agardentes, Riacho da charnéca até sahir do Travessão da parte do poente, ficando dentro do poço da Cachoeira e Maribondo, Malhada da Cabeça do Cavallo e tendo menos que se achar dentro da comprehensão, podendo o supplicante encher-se pelas testadas do Cornayó da parte do sul no riacho do Sacco, Cachoeira, Estreito e Queimadas e por onde mais necessario fosse. Foi feita a concessão, no governo de José Henrique de Carvalho." |
O Sargento-mor ao falecer estava com setenta anos de idade. Veja o termo do seu óbito, aqui transcrito: |
Ao primeiro de Agosto de mil Sete centos e noventa e hum faleceo na Fasenda Coroata desta Freguesia Manoel Tavares de Lira branco viuvo que foi de Maria de Faria de idade de Setenta annos pouco mais ou menos com todos os sacramentos e no mesmo dia foi sepultado na Capela da Cabaseira em habito de nossa Senhora do Carmo, incomendado pelo Padre José Ignacio dos Santos Lial. |
O Cura Joaqm Jose de Veras. |
Não localizamos a data do falecimento de Maria de Faria Castro, mas encontramos seu inventário, iniciado em fevereiro do ano de 1783, pelo qual se conclui haver ela falecido no início daquele ano ou em um ano muito próximo dele, com cinqüenta e poucos anos de idade. Seu inventário guarda muitas informações inetressantes, principalmente quanto aos utensílios domésticos de uso daquele tempo. Entre os bens por ela deixados, encontram-se os seguintes:
Título de Prata: Titulo de Cobre: enxadas, tachos, foices, cavadores, enxós e Bens Móveis: havia duas selas, um oratório e mais dois bancos e duas canastras, no valor total de 19$920 (dezenove mil, novecentos e vinte réis), sendo que só o oratório valia 10$000 (dez mil réis); gado vacum: Título de ovelhas e cabras: havia 74, cada cabra valendo um tostão, e cada ovelha, seis vinténs; escravos: havia Título de Bens de Raiz: só entrou o O total líquido do monte alcançou 1:209$100 (um conto, duzentos e nove mil e cem réis), tendo cabido, de meação, ao viúvo, 598$915 (quinhentos e noventa e oito mil, novecentos e quinze réis), e igual quantia a ser dividida pelos restantes treze herdeiros, tocando 46$070 (quarenta e seis mil e setenta réis) para cada um. Os filhos do casal: |
1 - José Tavares de Lira |
também José Tavares de Faria - Capitão, nascido em 1748; casado com Ana José da Purificação; |
2 - Domingos Tavares de Lira |
também Domingos Tavares de Faria - casado com Arcângela Maria da Conceição; |
3 - Manuel Tavares de Lira (Júnior) |
Alferes, casado com Luísa Ludovica. O casal, em janeiro de 1767, morava em SantAna, Freguesia do Cariri de Fora; |
4 - Sebastião José Tavares de Farias |
casado com Rosa Maria; |
5 - Francisco Tavares de Lira |
de quem não temos dados; |
6 - Josefa Maria da Conceição |
casada com seu primo legítimo Capitão José Félix de Barros Leira, filho do Capitão-mor Antônio de Barros Leira e de Ana de Faria Castro - esta, irmã da mãe de Josefa Maria. Seus filhos foram listados sob o marido. A partilha amigável dos bens de Josefa Maria teve início a 12 de setembro de 1831. Ela era moradora em Caruatá de Fora, Termo da Vila de Campina Grande; |
7 - Isabel Rodrigues |
também Isabel Maria - casada com Francisco Ferreira; |
8 - Ana de Faria |
também Ana Maria - casada com José Félix da Costa Romeu; |
9 - João Tavares de Farias |
casado com Francisca Josefa de Brito; |
10 - Tomás Tavares de Lira |
também Tomás Tavares de Farias - de quem não temos dados; |
11 - Inácio Tavares de Farias |
casado com Cosma Maria do Livramento, também Cosma do Livramento Queiroz e, também, Cosma Correia de Queiroz; |
12 - Norberto Tavares de Lira |
também conhecido como Norberto Tavares de Farias e como Norberto José de Farias - casado com Maria Joaquina da Conceição, também Maria Joaquina de Jesus; |
13 - Antônio Tavares de Lira |
também Antônio Tavares de Farias - casado com Maria Lins da Conceição. |
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