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Costumes de Cristãos novos nas tradições familiares
brasileiras
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Segue-se
uma lista de aspectos culturais e perguntas que podem revelar
a origem judaica de uma família. Dividida em tópicos:
Família, Ritos Natalícios, Ritos Matrimoniais, Refeições,
Objetos, Costumes e Ritos Fúnebres; a lista apresenta práticas
possivelmente já esquecidas pelas tradições
familiares no decorrer dos tempos. Compare tais práticas
com as tradições de sua família, se possível
com a ajuda de familiares mais antigos (pais, tios, avós,
bisavós). Peço desculpas pela simplicidade devido
ao desconhecimento do significado da maioria dos costumes, mas
procurei ser o mais explanador possível.
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Família
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Alguém, pai, avô, ou outro
parente, já falou algo sobre a família ser
de judeus?
Na cidade em que a família morava, há algum
judeu ou comunidade judaica antiga?
Alguém da família fala/falava alguma língua
desconhecida? Parecia com o espanhol? Era totalmente desconhecida?
Ladino?
Algum parente evita ou evitava igrejas católicas?
As Igrejas, mesmo católicas, que os familiares freqüentavam
não tinham imagens?
Alguém da família participava de reuniões
secretas, ou de encontros onde só homens ou só
os pais podiam ir? Ou de algum grupo de oração
secreto?
Os nomes bíblicos são/eram comuns entre os
familiares?
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Ritos Natalícios
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Colocar a cabeça de um galo em cima
da porta do quarto onde o nascimento iria acontecer.
Depois do nascimento, a mãe não deveria descobrir-se
ou mudar de roupas durante 30 dias. Ela deveria permanecer
em repouso em sua cama, e afastada do contato com outras
pessoas, pois segundo a Lei, a mulher fica impura durante
30 dias após um parto. Parecida com esta prática
é a de afastar-se no período menstrual, em
que também é considerada impura.
Ainda durante esses trinta dias, a mulher só comia
frango, de manhã, de tarde e de noite. Dava sustância,
força para a recuperação.
Lançar uma moeda prateada na primeira água
de banho do bebê.
Dizer uma oração oito dias depois de nascimento
na qual o nome do bebê é citado.
Realizar a circuncisão ou mesmo batizar o menino
ao oitavo dia de nascido.
Acender alguma vela ou lamparina no quarto onde o parto
ia acontecer, porque o menino não podia ficar no
escuro até ser batizado (ou circuncidado).
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Ritos Matrimoniais
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Os noivos e seus padrinhos e madrinhas deveriam
jejuar no dia do casamento.
Na cerimônia, as mãos dos noivos eram envoltas
por um pano branco, enquanto fazia-se uma oração.
Da cerimônia seguia-se uma refeição
leve: vinho, ervas, mel, sal e pão sem fermento.
Noivo e noiva comiam e tomavam do mesmo prato e copo.
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Refeições
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A prática de jejuns era comum.
Era proibido comer carne com sangue. Às vezes também
se retiravam os nervos, com uma faca especial para tal.
Ovos com mancha de sangue eram jogados fora.
Não se comia carne de porco, pois é considerada
impura.
Não era permitido cozinhar carne e leite juntos.
Ás vezes esperava-se um certo tempo entre a ingestão
do leite e da carne.
Comia-se apenas comida preparada pela mãe ou pela
avó materna.
Um menino deveria jejuar durante 24 horas antes de completar
sete anos.
Costumava-se beijar qualquer pedaço de pão
que cai no chão.
Era proibido comer carne de animal de sangue quente que
não tivesse sido sangrado.
Havia certas restrições quanto aos tipos de
peixe comestíveis: os peixes de couro
(sem escamas) não serviam para consumo, e às
vezes só os peixes do mar podiam ser ingeridos. Moluscos
e mariscos também eram proibidos.
Há ainda hoje um hábito muito difundido, especialmente
no interior, de derramar um pouco da bebida e da comida
para o santo, com raízes na páscoa
judaica.
Em algumas casas de famílias cristãs-novas,
na mesa de jantar, havia gavetas, que serviam para esconder
a comida kasher, a comida recomendada pela Torah, caso chegasse
alguma visita inesperada.
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Costumes
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Acender velas nas sextas-feiras à noite.
Celebrar a Páscoa, e jejuar durante a Semana Santa.
As datas da Páscoa Cristã e da Páscoa
judaica freqüentemente coincidem.
Limpar a casa nas sextas-feiras durante o dia.
Era proibido fazer qualquer coisa na sexta-feira à
noite (até mesmo lavagem de cabelo).
Realizar alguma reunião familiar nas sextas-feiras
à noite.
Aos sábados, velas eram acesas diante do oratório
e deveriam queimar até o fim do dia.
Havia roupas especiais para o sábado. Às vezes
eram simplesmente roupas novas ou roupas limpas.
Dizeres comuns: O Sábado é o dia da glória,
ou Deus te crie (Hayim Tovim), para quando alguém
espirrava.
Comemorações diferentes das católicas,
como o Dia Puro (Yom Kippur) ou algum feriado
de Primavera. Era costume de alguns acender no Natal oito
velas.
Em imitação a alguns personagens bíblicos,
quando acontecia algo importante, rasgavam-se as vestes.
Um costume ainda muito comum hoje em dia era varrer o chão
longe da porta, ou varrer a casa de fora pra dentro, com a
crença de que se o contrário fosse feito as
visitas não voltariam mais. Na verdade esta prática
está ligada ao respeito pela Mezuzah, que era pendurada
nos portais de entrada, e passar o lixo por ela seria um sacrilégio.
Ao abençoar um filho, neto ou sobrinho, costumava-se
fazer com a mão sobre a cabeça.
Como o dia judaico começa na noite do dia anterior,
o início de um dia era marcado pelo despontar da primeira
estrela no céu. Assim o sábado (dia de celebração
nas casas judaicas), começava com o despontar da primeira
estrela no céu da sexta-feira. Se uma pessoa demonstrasse
alguma reação publicamente com relação
a tal estrela, ela seria alvo de suspeitas. Um adulto consegue
conter-se, mas uma criança não. Então
ensinava-se às crianças a lenda de que apontar
estrelas fazia crescer verrugas nos dedos.
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Ritos Fúnebres
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Cobrir todos os espelhos da casa.
Toda a água da casa do defunto era jogada fora.
Cortar as unhas do defunto (ou pelo menos um par delas)
como também alguns fios de cabelo e envolver tudo
em um pedaço de papel ou pano.
Lavar o corpo com água trazida da fonte em um recipiente
novo, que nunca tenha sido usado, e vestir o corpo em roupas
brancas, as mortalhas.
O corpo era velado durante um dia, e então uma procissão
levava-o à igreja e de lá ao cemitério.
A casa então era lavada.
Durante uma semana manter-se-ia o quarto do finado iluminado.
A casa da família enlutada fechada ao máximo,
durante uma semana, com incenso queimando pelos cômodos.
Quase ninguém entrava ou saía durante esse
período.
Os homens não se barbeavam durante trinta dias.
Manter o lugar do defunto à mesa, encher o prato
dele ou dela e dar a comida a um mendigo.
Não comer carne durante uma semana depois de uma
morte na família.
Jejuar no terceiro e oitavo dia e uma vez a cada três
meses durante um ano.
Convidar um mendigo para comer e servir a comida que o morto
mais gostava.
Colocar comida perto da cama do defunto.
Fazer a cama do defunto com linho fresco e queimar uma luz
perto dela durante um ano.
As parentes mulheres deveriam cobrir suas cabeças
e esconder as faces com uma manta.
Ir para o quarto do defunto por oito dias e dizer: "Que
Deus te dê um boa noite. Você foi uma vez como
nós, nós seremos como você ".
Passar uma moeda de ouro ou prata em cima da boca do defunto,
e então dá-la a um mendigo.
Passar um pedaço de pão em cima dos olhos
do defunto e dá-lo a um mendigo.
Dar esmolas em toda esquina antes da procissão funerária
chegar ao cemitério.
Dar pelo menos para um mendigo um terno completo e comida
aos Sábados durante um ano.
Ter várias luzes iluminando em véspera de
Dia Puro, em memória do defunto.
Em algumas cidades havia o chamado abafador,
que deveria ajudar alguém gravemente doente a ir
embora antes que um médico viesse examiná-lo
e descobrisse que o enfermo é judeu. O abafador,
a portas fechadas, sufocava o doente, proferindo calmamente
a frase Vamos, meu filho, Nosso Senhor está
esperando!. Feito o trabalho, o corpo era recomposto
e o abafador saía para dar a notícia aos parentes:
ele se foi como um passarinho....
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Objetos
Objetos encontrados em casas de famílias cristãs
novas:
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Estrela de Davi, usada em paredes e em jóias, algumas
vezes era vista como amuleto.
Menorah, castiçal de sete braços.
Mezuzah, caixa pendurada nos umbrais das portas, contendo
textos bíblicos. Em algumas casas antigas, são
encontradas marcas de prego que sustentavam mezuzahs (o plural
correto é mezuzot) ou espaços dentro das paredes
onde eram mantidas ocultas.
Peão - 'dreidle' - acredito
que fosse, como hoje, um brinquedo infantil masculino.
Kipah, chapéu redondo usado nas orações
e nos cultos, podendo variar em cores e formato. É
bastante conhecido, posto sobre a parte posterior do crânio.
Talit, Manto de oração
Tefilim, usadas em orações. As caixinhas pretas
são postas no pulso esquerdo e suas correntes são
enroladas em torno do braço e a outra na testa. Em
alguns casos eram escondidas sob os pés de imagens
católicas
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Página
por Yaacow DaCosta.- e-mail
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2001 [Memorial Brasil Sefarad]. Todos os direitos reservados.
Revisado em:
31-Oct-2001
No ar desde
16 de agosto de 2001. |
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