Diversas tentativas anteriores, tanto da CDHU quanto da arquiteta Beatriz Nachtergaele, no seu Trabalho Final de Graduação, comprovam que o edifício existente não comportaria de maneira satisfatória os 160 apartamentos almejados. Porém, o terreno possui grande potencial construtivo. Erguendo-se um novo prédio pode-se alcançar uma razoável área construída sem ter de derrubar todo o hospital e sem verticalizar excessivamente o conjunto.
A opção encontrada foi a de fazer um corte no edifício do hospital, abrindo-o e liberando uma faixa mais larga ao oeste para a qual foram projetadas duas lâminas de seis pavimentos. Também se previu a ocupação de todo o quarto pavimento do edifício antigo, hoje dividido entre cobertura e uma pequena enfermaria. Alcançou-se, assim, o número de 151 apartamentos. Com dezesseis apartamentos por andar, o antigo edifício abrigaria sessenta e quatro habitações. O novo edifício teria oito apartamentos por pavimento na lâmina oeste e sete apartamentos por pavimento na lâmina leste. No térreo, o lado leste deixa de ter três apartamentos e ganha uma passagem entre os edifícios. Ao todo são oitenta e sete apartamentos em seis andares do novo prédio.
Poucas paredes internas foram aproveitadas no velho hospital. O estudo da estrutura existente foi feito sobrepondo-se as paredes dos três pavimentos e encontrando os trechos comuns a elas. Depois se deduziram os prováveis eixos da estrutura. Serão mantidas aquelas paredes que, provavelmente, contém os pilares de sustentação edifício. Afora o trecho demolido todas as paredes externas são antigas. A demolição prevista desocuparia uma área de 689,92 metros quadrados do total de 1515,20 metros quadrados de projeção do antigo edifício. Permanecem 825,28 metros quadrados, correspondentes a 54,5% da projeção original.
Um único corredor no sentido norte-sul liga todos os apartamentos do prédio existente. Duas escadas estão situadas ao oeste do corredor nas áreas abertas e são construções totalmente novas. Metade dos apartamentos desse prédio, trinta e duas unidades, têm apenas um dormitório. Essas residências atendem a um número grande de famílias com até duas pessoas.
Segundo o levantamento feito pela CDHU na ocupação, 63 famílias, ou 36,4% das famílias, são constituídas por uma ou duas pessoas. Do restante, 74 famílias têm entre três e quatro indivíduos, correspondendo a 42,8% do total de famílias, 30 outras têm entre cinco e seis, e correspondem a 17,3%, e seis têm sete ou mais pessoas.
No lugar do segundo quarto está a parte da sala que recebe insolação e ventilação diretas. A ventilação dos banheiros é feita através de um duto horizontal que corre por cima de um dos dormitórios, aproveitando o pé-direito de 3,45 metros. A cozinha recebe insolação e ventilação pelo corredor, que tem aberturas permanentes, e os leva à área de serviço.
Todas as paredes novas são feitas de bloco cerâmico. As escadas tem paredes autoportantes e sustentam uma caixa d'água no seu topo. De acordo com o estudo da estrutura existente e da nova estrutura, está prevista a construção cinco novas caixas d'água. Uma caixa d'água ficaria enterrada entre os edifícios e outras quatro ficariam em cima das escadas.
O edifício novo está estruturado em paredes autoportantes feitas com blocos cerâmicos. As lajes são pré-moldadas treliçadas. Esse sistema é econômico e de execução simples. O desempenho térmico e acústico do bloco cerâmico é muito adequado. Sua inércia térmica média é ideal para as condições da cidade de São Paulo. Os principais blocos usados têm como medidas: 39cm de profundidade, 19cm de altura e largura de 9cm ou 14cm.
Dutos de ventilação verticais servem aos banheiros do edifício novo. A cozinha conduz luz e ar para a área de serviço através de uma abertura. A fachada em bloco cerâmico aparente, revelando as saídas dos dutos como chaminés, e as passarelas em estrutura metálica respeitam a linguagem predominante entre os edifícios da região.
Priorizando as fachadas leste e oeste, a implantação dos edifícios permite aos edifícios receber sol em quantidade. O controle do fluxo luminoso é feito principalmente pelas janelas do tipo Copacabana, que possuem uma persiana que pode ser recolhida e movida de acordo com o interesse do usuário. As paredes dos quartos são de gesso ocupando menos espaço, podendo ser mudadas ou removidas com facilidade e interferindo pouco nas trocas de calor no interior da habitação.
Uma pequena vila se comunica com o terreno pelo lado norte. Neste ponto está uma das entradas do conjunto que deve estar aberta ao acesso da população vizinha.
O piso dos apartamentos térreos está elevado em quarenta e cinco centímetros proporcionando maior privacidade para seus moradores e um pé-direito maior nas áreas de circulação comuns. As tomadas de ar dos dutos de ventilação dos banheiros passam por baixo de todos os apartamentos aproveitando este espaço.