Todo o material contido neste sitio e' de autoria de Andre Cristo.
Introducao
Justificativa
Objeto de estudo
Objetivo
Partido adotado
Bibliografia
Agradecimentos
Imagens do edificio
Imagens do bairro
Projeto

O problema da moradia na cidade de Sao Paulo comeca com o crescimento da cidade, com seu enriquecimento a partir da expansao da lavoura do cafe em fins do seculo XIX e consequente aumento da concentracao de riquezas. As industrias fazem crescer vertiginosamente o numero de habitantes e o contingente de trabalhadores assalariados. Em torno destas industrias, que se situavam ao longo das linhas de trem, surgem os bairros operarios. Poucas vezes as industrias se encarregaram da construcao destas vilas, apesar da vantagem de trazer os operarios para perto do trabalho. Os crescimentos da populacao pobre e do tamanho da cidade sao os responsaveis pelo surgimento dos corticos, alternativa barata para quem nao queria mudar para longe do centro. Os corticos sempre tiveram muitos habitantes em pouco espaco, sanitarios comuns e precarios, ventilacao e insolacao insuficientes, sendo locais mais sujeitos a disseminacao de doencas.

O urbanismo sanitarista � respons�vel por um padr�o novo de constru��o. O bairro de Higien�polis, afastado dos primeiros bairros da cidade, � um exemplo desse padr�o de ocupa��o que leva a elite a deixar os edif�cios antigos do centro da cidade.

No in�cio do s�culo, o burro foi substitu�do pela eletricidade na tra��o dos bondes. Foram implantadas as primeiras linhas de �nibus criando-se as condi��es que permitem o deslocamento da popula��o mais carente para locais mais distantes do centro. As primeiras reformas urban�sticas da cidade, incluindo a que uniu o centro velho ao centro novo atrav�s da reurbaniza��o do vale do Anhangaba�, valorizaram os terrenos e expulsaram a popula��o pobre da regi�o.

Bonduki afirma que, de maneira geral, a popula��o paulistana morou em casas de aluguel at� a d�cada de 1930 (BONDUKI 1998:43). O capital excedente de muitas empresas era investido na produ��o rentista de habita��es. Com a era Vargas e o discurso em defesa do trabalhador, surge a preocupa��o estatal pela moradia, principalmente pela moradia pr�pria. A casa pr�pria foi transformada num s�mbolo de melhoria no padr�o de vida da popula��o e se contrapunha aos ideais socialistas, que � �poca estavam em voga. De 1942 a 1964 s�o promulgadas diversas vers�es da chamada Lei do Inquilinato, que regulamentava o mercado dos alugu�is. Contraditoriamente, visando proteger o inquilino do despejo injustificado e do aumento abusivo do valor do aluguel, essa lei acaba por inibir a produ��o de moradias para loca��o. No per�odo da guerra a escassez de materiais para a constru��o, embora n�o tenha sido o fator predominante, agrava a crise. O Estado reestrutura os Institutos de Aposentadoria e Previd�ncia (IAPs) com o objetivo de canalizar seus fundos para a produ��o de moradias, e surgem os conjuntos dos IAPs de diversas categorias. A Funda��o da Casa Popular foi criada pelo governo federal e revelou-se um fracasso, construindo muito menos casas que os IAPs, que sequer tinham como principal objetivo resolver o problema da moradia no pa�s (BONDUKI 1998:115). Essa pol�tica de habita��o deu resultados pontuais, mas, devido � descontinuidade administrativa e a problemas pol�ticos, n�o se consolidou nenhuma pol�tica habitacional para o pa�s at� a cria��o, em 1964, do Banco Nacional da Habita��o (BNH) pelo governo militar.

A cria��o do BNH, a extin��o dos IAPs e o fim da Lei do Inquilinato mudam o cen�rio da produ��o de habita��o popular. Objetivando baratear o valor dos im�veis, tornando-os acess�veis a uma faixa mais pobre da popula��o, optou-se por reduzir a qualidade das constru��es, reduzir o tamanho das unidades e lev�-las para locais cada vez mais distantes, ignorando as experi�ncias de cooperativas e mutir�es que apontavam solu��es de melhores. Sobre os terrenos, muitas vezes encostas de dif�cil acesso, eram reproduzidos pr�dios padronizados. Mesmo assim essas moradias continuaram inacess�veis para boa parte da popula��o, que desde o in�cio do s�culo esteve fora do mercado formal imobili�rio. O tipo de financiamento oferecido pelos IAPs e pelo BNH atingia uma parcela da popula��o que tinha um ganho fixo e comprov�vel, n�o inferior a um certo valor. Muitos moradores venderam seus im�veis em momentos de desespero e a classe m�dia muitas vezes se apropriou dos conjuntos do BNH.

Em 1986 extingue-se o BHN. Parte da demanda por habita��o � atendida pelos financiamentos da Caixa Econ�mica Federal, parte por empreendimentos estaduais ou municipais. Grande contingente da popula��o de baixa renda, n�o atendida pelos planos habitacionais desde antes dos IAPs e do BNH, vem construindo suas pr�prias casas da maneira como podem em locais distantes do centro da cidade e desprovidos da m�nima infra-estrutura, aumentando-se a �rea da periferia e afastando-a do centro.

A partir das d�cadas de 1950 e 1960 se inicia um processo de deteriora��o do centro da cidade e muitas empresas, em geral bancos, mudam suas sedes para a avenida Paulista. � sa�da da elite para os novos bairros de luxo segue-se o �xodo da classe m�dia. Esse movimento possibilita que a popula��o pobre forme mais corti�os, enquanto o poder p�blico pouco faz para fixar essa popula��o de maneira decente. Os problemas gerados pelo tr�fego crescente de ve�culos s� pioram a situa��o. (SILVA 2000:09)

Atualmente, o centro antigo de S�o Paulo � disputado por diversos grupos. Os movimentos por moradia incluem tanto os movimentos de sem-teto quanto os movimentos de corti�os, e s�o representados principalmente pela UMM (Uni�o dos Movimentos por Moradia) que une a ULC, o F�rum dos Corti�os, o MMC (Movimento de Moradia do Centro), entre outros. Outros grupos do centro se unem em torno da Associa��o Viva o Centro que � formada tanto por grandes empresas propriet�rias de edif�cios na regi�o, destaca-se o Banco de Boston, como por pequenos comerciantes. O Viva o Centro promove, em conjunto com o poder p�blico, a valoriza��o da regi�o atrav�s da transforma��o de diversos edif�cios em centros de cultura e consumo, e oferecendo habita��o para a classe m�dia.

O despovoamento do centro antigo da cidade torna ociosa toda uma infra-estrutura j� implantada. Neste contexto � que aumenta o n�mero de corti�os na cidade velha, habitados por trabalhadores das proximidades que aproveitam a facilidade do deslocamento e dos equipamentos pr�-existentes. Na d�cada de 1990 os movimentos por moradia intensificaram a estrat�gia de ocupar pr�dios p�blicos vazios, quase sempre no centro antigo, como forma de pressionar o governo a transformar seus im�veis desocupados da regi�o central em habita��o popular. Cada vez mais, nos �ltimos anos, o governo tem cedido � press�o dos movimentos, acabando por financiar a constru��o de habita��es ou a reforma dos edif�cios.

Sobre este trabalho
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