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O título sul-americano era um velho sonho da torcida palmeirense. Duas vezes vice-campeão na década de 60, o Palmeiras queria expandir seus domínios, abraçar a América e ganhar o mundo. Para isso, contou com um eficiente planejamento da comissão técnica e da diretoria, que não poupou esforços para reforçar a equipe. Jogadores como Evair, Jackson, Euller e Cesar Sampaio juntaram-se a Zinho, Alex, Arce, Oséas, Paulo Nunes... Com um elenco extremamente competitivo e um técnico vencedor, Luís Felipe Scolari, o Verdão era franco candidato ao título.
Num grupo que tinha Palmeiras, Corinthians, Cerro Porteño (PAR) e Olimpia (PAR), o Verdão fez uma campanha regular na Primeira fase, uma vitória e uma derrota com o Corinthians (1 x 0 e 1 x 2), duas vitórias no Cerro Porteño (5 x 2 e 2 x 1) e uma derrota e um empate com o Olimpia (2 x 4 e 1 x 1). Nas oitavas, um duro embate: o time de Luís Felipe Scolari teria de encarar o campeão do torneio na ocasião, o Vasco de Carlos Germano, Mauro Galvão, Juninho Pernambucano e Luizão. No primeiro jogo, em São Paulo, empate em 1 x 1 em um jogo equilibrado, e no segundo jogo, no Rio de Janeiro, uma inesquecível goleda por 4 x 2, garantiu o Palmeiras nas quartas-de-final da competição.
Nas quartas, dois jogos dramáticos contra o Corinthians, onde começou a brilhar a estrela do goleiro Marcos, uma vitória e uma derrota (2 x 0 e 0 x 2), nos pênaltis o Verdão ganhou por 4 x 2. Nas semifinais, um time argentino pela frente, o River Plate, no primeiro jogo, em Monumental de Nuñez, o Verdão perdeu 1 x 0, mas em São Paulo, uma goleada no Parque Antarctica, 3 x 0, com show de bola e de gols do meia Alex, selaram a passagem para as finais, contra o Deportivo Cali, da Colômbia.
A derrota (0 x 1) no primeiro jogo, em Cali, deu à partida de volta, no Parque Antarctica, um ar de superação. Felipão soube como ningúem criar um clima favorável para sua equipe. Durante a semana, conclamou os torcedores para que superlotassem o Parque Antarctica. O apelo deu resultado: 32 mil pessoas abarrotaram o estádio e 10 mil tentaram, do lado de fora, invadir o recinto na marra.
Na preleção antes da partida, convidou o delegado Ben-Hur Marchiori, fiel amigo do Rio Grande do Sul, para falar aos atletas, que aprenderam a "tática dos gansos":
"Os gansos voam alinhados em V e dois deles lideram o grupo. Com isso, os que ficam atrás destes dois se esforçam menos do que o normal. O time tinha que jogar assim. E mais, quando os líderes se cansam, outros jogadores, assim como os gansos, assumem seus lugares, liderando o grupo".
A lição, no entanto, não surtiu efeito, pelo menos no primeiro tempo. A torcida viu um Palmeiras afobado, ansioso, errando passes em demasia e esbarrando na forte marcação adversária.
Mesmo assim, o lateral Júnior quase abriu o placar aos dois minutos de jogo. Aos 41, a melhor oportunidade de gol: Arce cruza da direita e o zagueiro Roque Júnior cabeceia na trave. O primeiro tempo terminava em 0 a 0, e Felipão, angustiado, advertia na descida aos verstiários:
"Se continuarmos assim, o desespero vai tomar conta. Precisamos acertar os passes e jogar mais em cima. Não tem jeito, temos que correr riscos".
Na segunda etapa, a equipe mais uma vez não houve os conselhos do técnico e volta da mesma maneira. Felipão perde a paciência e troca Arce por Evair, aos 11 minutos, deslocando Rogério para a lateral direita. A substituição não poderia surtir melhor efeito: seis minutos depois, Yépez põe a mão na bola, na tentativa de impedir uma cabeçada de Oséas. Evair bate o pênalti e abre o placar, 1 x 0.
Júnior Baiano, porém, desespera a torcida ao cometer pênalti infantil em Bedoya, aos 24. Zapata bate firme e empata. Dali em diante, o Palmeiras se lança à frente e pressiona. Aos 29, Felipão troca Alex por Euller. Novamente a alteração dá resultado imediato: um minuto depois, Zinho enfia para Júnior, que cruza forte para a área. Oséas escora e põe o Verdão novamente em vantagem. O Deportivo Cáli se fecha todo, tentando levar a decisão para os pênaltis e consegue, graças à catimba do goleiro Dudamel e à conivência do árbitro paraguaio Ubaldo Aquino.
A torcida se assusta com a penalidade perdida por Zinho logo na primeira cobrança, o meia chutou de esquerda no travessão de Dudamel, o goleiro abriu a série do Deportivo Cali marcando (0 x 1). Na segunda rodada de cobranças, Júnior Baiano chutou no meio do gol e empatou para o Palmeiras (1 x 1), depois dele, Gavíria também no meio do gol, novamente deixou o D. Cali em vantagem (1 x 2), Na terceira rodada de cobranças, Roque Júnior bateu bem e empatou novamente (2 x 2), depois dele, o zagueiro Yepes deixou o Cali na frente novamente (2 x 3). Na quarta rodada, Rogério, no alto empatou (3 x 3), e depois dele, Bedoya chutou na trave a sua cobrança deixando assim empatada a série. Na última cobrança palmeirense, Euller, chutou bem, rasteiro, sem chance para o goleiro. Faltava assim a última cobrança do Deportivo Cali para definir se persistiria os pênaltis ou se o Palmeiras se consagraria Campeão do Torneio.
A torcida, que assistia a tudo calada, estática, de repente, enche-se de coragem e começa a se manifestar."Fora, fora" balbuciam alguns torcedores na arquibancada. Os jogadores, abraçados no meio-campo, rezam à toda força. Na última cobrança da equipe colombiana, os gritos ganham mais adeptos. Torcedores davam-se as mãos nas arquibancadas. Outros viravam-se de costas, esperando a explosão da torcida, que significaria uma defesa de Marcos e o fim da agonia, ou o silêncio constrangedor, sinal de uma dolorosa derrota.
O cobrador da última penalidade seria o meia Zapata, justamente ele que havia convertido uma no tempo normal. Marcos encara-o, impassível, tentando intimidá-lo. A torcida intensifica os gritos. A pressão dá resultado: o colombiano bate de pé direito, chapado, e a bola sai milimetricamente à direita do gol. É a senha para a festa da torcida e o início dos festejos da mais importante façanha da história palmeirense.
Cobrança esta que coroou o trabalho do técnico mais identificado com a torcida alviverde nos últimos anos, um tanto dramático na forma de conquistar títulos. Como já havia acontecido na Copa do Brasil do ano anterior, vencida com um gol no último minuto contra o Cruzeiro no Morumbi. Título este que garantiu o Palmeiras na Libertadores. Há quem diga que uma caminhada que começa difícil não pode terminar de outro jeito. Pelo jeito, Felipão assina essa teoria.
Não haveria maneira mais dramática de se conquistar um título. Uma vitória com a cara do comandante, com o jeito Luís Felipe Scolari de vencer: suado, com sacrifício, na bacia das almas.
1ª Fase FICHA TÉCNICA: PALMEIRAS (BRA) 1 X 0 CORINTHIANS (BRA)
Estádio: Estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Velloso, Arce, Júnior Baiano, Cléber (55' Rogério) e Júnior; Roque Júnior, César Sampaio, Alex (86' Galeano) e Zinho; Paulo Nunes e Evair (75' Oséas). Téc: Luís Felipe Scolari.
CORINTHIANS: Nei, Índio (79' Dinei), Batata, Gamarra e Kléber; Vampeta, Rincón, Ricardinho (46' Rodrigo) e Marcelinho; Edílson e Fernando Baiano. Téc: Evaristo de Macedo.
1ª Fase
FICHA TÉCNICA:
CERRO PORTEÑO (PAR) 5 X 2 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção (PAR)
CERRO PORTEÑO: Aceval, Villalba (55' Paulo Roberto), D. Caballero, Juan Lópes e Fillpini; Gomes (51' Galván), Aguilera, Jorge Campos e Alvarenga; Gauchinho e Fernández (73' Ricalde). Téc: Jair Pereira.
PALMEIRAS: Velloso; Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Roque Júnior, Rogério, Alex (78' Jackson) e Zinho; Paulo Nunes (80' Galeano) e Evair (69' Oséas). Téc: Luís Felipe Scolari.
1ª Fase
FICHA TÉCNICA:
OLIMPIA (PAR) 4 X 2 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Defensores del Chaco, em Assunção (PAR)
OLIMPIA: Tavarelli, Cáceres, Caniza, Zelaya e Franco; Bourdier, Paredes, Avalos, Perez; M. Paredes (67' Dezotti) e Santa Cruz. Téc: Luís Cubilla
PALMEIRAS: Velloso, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Roque Júnior (70' Jackson), Rogério, Alex (57' Galeano) e Zinho; Paulo Nunes e Evair (62' Oséas). Téc: Luís Felipe Scolari.
1ª Fase
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS (BRA) 1 X 1 OLIMPIA (PAR)
Estádio: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Velloso, Arce, Júnior Baiano, Cléber, Júnior; Roque Júnior, Galeano e Zinho; Paulo Nunes, Oséas (67' Jackson) e Evair (82' Alex). Téc: Luís Felipe Scolari.
OLIMPIA: Tavarelli, Cáceres, Caniza, Zelaya e Franco; Bourdier (80' Dezotti), Paredes, Avalos (60' Sotelo) e Perez; M. Paredes (60' Torres) e Santa Cruz. Téc: Luís Cubilla.
1ª Fase
FICHA TÉCNICA:
CORINTHIANS (BRA) 2 X 1 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
Gols: Marcelinho 7', Fernando Baiano 35' e Paulo Nunes 45'
Cartões Amarelos: Júnior Baiano, Cléber e Júnior (PAL) e Marcelinho (COR)
CORINTHIANS: Nei, Índio, Cris, Gamarra e Silvinho; Vampeta, Rincón, Ricardinho e Marcelinho (90' Amaral); Edílson e Fernando Baiano (66' Mirandinha). Téc: Evaristo de Macedo.
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Rogério, Galeano (46' César Sampaio), Alex (79' Jackson) e Zinho (46' Oséas); Paulo Nunes e Evair. Téc: Luís Felipe Scolari.
1ª Fase
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS (BRA) 2 X 1 CERRO PORTEÑO (PAR)
Estádio: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; César Sampaio (58' Evair), Galeano (46' Rogério), Jackson e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (76' Alex). Téc: Luís Felipe Scolari.
CERRO PORTEÑO: Aceval; Recalde, Peralta, Blanco e Toeldo; Gavilán, Gómez, Jorge Campos e Alvarenga; Gauchinho (70' Aguilera) e Caballero (75' Fernández). Téc: Carlos Báez.
Oitavas-de-final - 1º Jogo
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS (BRA) 1 X 1 VASCO (BRA)
Estádio: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; César Sampaio, Galeano (70' Rogério), Alex (75' Evair) e Zinho (81' Jackson); Paulo Nunes e Oséas. Téc: Luís Felipe Scolari.
VASCO: Carlos Germano, Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão e Felipe; Paulo Miranda, Nasa, Juninho (80' Fabrício) e Ramon (72' Alex Oliveira); Donizete e Guilherme (85' Alex). Téc: Antônio Lopes.
Oitavas-de-final - 2º Jogo
FICHA TÉCNICA:
VASCO (BRA) 2 X 4 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
VASCO: Márcio, Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão e Alex Oliveira; Paulo Miranda (69' Luís Cláudio), Nasa, Juninho e Ramon (54' Vágner); Donizete (54' Zezinho) e Luizão. Téc: Antônio Lopes.
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; César Sampaio, Galeano (46' Rogério), Alex (73' Roque Júnior) e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (64' Evair). Téc: Luís Felipe Scolari.
Quartas-de-final - 1º Jogo
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS (BRA) 2 X 0 CORINTHIANS (BRA)
Estádio: Estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Rubens Júnior; Galeano, César Sampaio, Alex (64' Rogério) e Zinho; Paulo Nunes (85' Jackson) e Oséas (66' Evair). Téc: Luís Felipe Scolari.
CORINTHIANS: Nei, Índio (82' Rodrigo), Nenê, Gamarra e Silvinho; Vampeta, Amaral, Ricardinho (60' Dinei) e Marcelinho; Edílson e Fernando Baiano. Téc: Oswaldo de Oliveira.
Quartas-de-final - 2º Jogo
FICHA TÉCNICA:
CORINTHIANS (BRA) 2 X 0 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Morumbi, em São Paulo (SP)
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Galeano (80' Euller), César Sampaio, Alex (59' Rogério) e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (46' Evair). Téc: Luís Felipe Scolari.
CORINTHIANS: Nei, Índio (86' Rodrigo), Nenê, Gamarra e Silvinho; Vampeta, Rincón, Ricardinho (74' Amaral) e Marcelinho; Edílson e Fernando Baiano (70' Dinei). Téc: Oswaldo de Oliveira.
Semi-final - 1º Jogo
FICHA TÉCNICA:
RIVER PLATE (ARG) 1 X 0 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Monumental de Núñes, em Buenos Aires (ARG)
RIVER PLATE: Bonano, Lombardi, Sarabia, Berizzo e Sorín; Astrada, Berti, Escudero (46' Gancedo) e Gallardo, Saviola e Angel (77' Castillo). Téc: Ramon Díaz.
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Cléber e Júnior; Galeano (80' Euller), César Sampaio, Alex (59' Rogério) e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (46' Evair). Téc: Luís Felipe Scolari.
Semi-final - 2º Jogo
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS (BRA) 3 X 0 RIVER PLATE (ARG)
Estádio: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (BRA)
PALMEIRAS: Marcos, Arce, Roque Júnior, Agnaldo e Rubens Júnior (66' Tiago); Rogério (76' Galeano), César Sampaio, Alex e Zinho; Paulo Nunes e Oséas (79' Evair). Téc: Luís Felipe Scolari.
RIVER PLATE: Bonano, Sarabia, Berizzo, Placente (46' Gancedo); Lombardi, Sorín, Pereyra (46' Pizzi), Netto (66' Aimar) e Berti, Gallardo e Angel. Téc: Ramon Díaz.
Final - 1º Jogo
FICHA TÉCNICA:
DEPORTIVO CALI (COL) 1 X 0 PALMEIRAS (BRA)
Estádio: Estádio Pacual Guerreiro, em Cali (COL)
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