Seja bem-vindo!

Sociedade Esportiva Palmeiras -> (www.sociedadeepalmeiras.cjb.net)

Evair

O atacante que chegou numa troca que levou Careca ao Atalanta (ITA) se tornou o maior artilheiro da década de 90, idolatrado pela torcida, Evair passou cinco anos no Verdão em duas passagens. Foi um dos responsáveis pelas conquistas do Paulistão de 93 e a Libertadores em 99, entre outros muitos títulos no clube.

O matador dos anos 90

Evair Aparecido Paulino, nascido em Crisólia (MG), foi o artilheiro máximo do Palmeiras na década de 90, chegando aos 125 gols e figurando em sétimo na lista dos maiores artilheiros do clube em suas duas passagens que somadas são cinco de anos de muitas conquistas, foram seis títulos, sendo dois deles, responsável máximo pela conquista, no Paulistão de 93, quando marcou dois dos quatro gols do Verdão na final com o Corinthians e, em 99, quando marcou um dos gols na final da Libertadores da América.

Foi um caso típico de amor à primeira vista. O garoto alto, humilde e tímido não esperava, porém, que o relacionamento de paixão com a bola de futebol pudesse lhe render tantas alegrias e emoções.

O jovem matador, que desfilava com a redonda pelos "campinhos" de Crisólia, no sul de Minas Gerais, não sonhava em se transformar no craque Evair, o ídolo eterno da torcida do Palmeiras.

A imagem do atleta, hoje com 39 anos e muitos títulos, está estreitamente ligada ao sucesso, ao gol, à vitória, na memória da fanática galera do Verdão.

Muitos craques já vestiram a camisa 9 alviverde desde sua saída no final de 99, mas Evair deixou saudade, definitivamente registrou seu nome na história do clube. O Palestra Itália, palco dos espetáculos do atacante, ainda sente falta do maestro, que empolgava a platéia com sua categoria.

"Eh, oh, eh, oh, o Evair é um terror", a ópera do matador ainda faz os corações palmeirenses baterem mais forte. E sempre fará!

"Não tive luxo na infância, pelo contrário. Levava uma vida muito humilde, pois meu pai era pedreiro. Realmente o futebol transformou minha vida. E o Palmeiras é uma capítulo muito importante nesta história. Tenho um carinho muito especial pelo clube, pois foi no Parque Antártica que conquistei grandes títulos", garante o atleta, que no final de 2001 iniciou um curso de treinador. Evair jamais abandonará a bola de futebol.

Ex-atacante de São Paulo, Figueirense, Vasco, Portuguesa, Atlético-MG, Goiás, Coritiba, Yokohama Flugels e Atalanta, Evair não titubeia quando perguntado de que equipe guarda as melhores lembranças e maior carinho: "O Palmeiras é minha grande paixão. Por tudo o que conquistei no clube".

Sua história no alviverde começa em 1991, quando chegou ao clube em uma troca que envolveu Careca Bianchesi, que foi para o Atalanta, da Itália.

"Alguns dias depois de minha chegada, eu estava jantando na concentração e ouvi a conversa de alguns garçons, que olhavam para mim. Eles diziam que eu não seria nada no clube, apenas mais um. Aquilo me marcou", relembra.

Evair sofria com um problema crônico na coluna, e muitos acharam que ele estava "bichado" e morto para o futebol profissional.

- "Enfrentei muito descrédito no começo. Mas consegui dar a volta por cima", conta Evair.

Em 92, Evair viveu um drama, quando foi afastado do elenco pelo treinador Nelsinho. Ele só voltaria ao time meses mais tarde, com a entrada do técnico Otacílio Gonçalves, o "Chapinha".

-"Devo muito a ele, por voltar a acreditar em mim. O título Paulista (93) é dele também", disse Evair.

Em 93, mesmo com a chegada de muitos reforços de peso e o comando de Wanderley Luxemburgo, o atacante permaneceu na equipe como titular e foi fundamental nas conquistas, foram três títulos naquele ano, Paulista, Rio São-Paulo e Brasileiro, sendo que em duas finais o atacante marcou, no Paulistão, dois gols, e no Brasileirão, um. Veja abaixo um pouco do momento da conquista do Paulistão de 93.

Paulistão 93

O Palmeiras não conquistava um título há 17 anos. Tinha a chance de dar fim ao jejum na final do Campeonato Paulista de 1993. O adversário: o arqui-rival Corinthians. A primeira partida é vencida pelos alvinegros: 1 a 0 , gol de Viola com direito a provocações: na comemoração, o atacante imita um porco. O final da história parecia se repetir: o Palmeiras esperaria mais um tempo para tirar o grito de campeão da garganta.

Porém, o time comandado por Wanderley Luxemburgo mostraria que tinha lugar na história do futebol brasileiro. Os jogadores entraram em campo para jogar a segunda partida da final confiantes de que poderiam reverter a situação. E reverteram. Em tarde inspirada de Zinho, Edmundo, Edílson e Evair, o Palmeiras venceria a partida no tempo normal por 3 a 0 e levaria o jogo para a prorrogação.

No tira-teima, Evair, que já havia marcado um gol no tempo normal, tem nos pés a chance de levar o Palmeiras ao triunfo. A equipe tem um pênalti a seu favor. Na sua frente, Wilson, goleiro corintiano que substituía Ronaldo, expulso no mesmo jogo. Evair respira fundo. César Sampaio sopra em seu ouvido: "Deus te abençoe". Evair espera o apito do juiz. Pronto, agora já pode partir. Caminha lentamente e toca com categoria no canto direito de Wilson, que pula para o oposto. Gol de pênalti. Do título. Após 16 anos e 10 meses, o Palmeiras volta a ser campeão. Evair corre até a risca lateral, se ajoelha, abre os braços e se arrepia todo. A torcida palmeirense pula e vibra. O herói deixa o campo logo depois substituído por Alexandre Rosa.

Evair virou herói e ganhou o apelido que o acompanharia por todos os gramados do mundo. Naquele dia 12 de junho de 1993, ele deixou de ser Evair Aparecido Paulino para se tornar o inesquecível "El Matador". O sucesso no Verdão valeu a Evair uma convocação para a Seleção Brasileira na Copa América de 93 e nos jogos das eliminatórias para a Copa de 94. O artilheiro disputou 24 jogos com a camisa canarinho e marcou seis gols.

Em 94, o atacante conquistou mais títulos, o Bi-Paulista e Brasileiro, e ainda conquistou a artilharia do Paulistão com 23 gols.

A grande esperança de Evair era participar da Copa do Mundo dos Estados Unidos, quando o Brasil se sagraria tetracampeão mundial. E a estrela do craque brilhou nos primeiros meses de 94: O goleador foi bicampeão paulista, além de ser o artilheiro do campeonato com 23 gols em 26 jogos. Além disso, "El Matador" marcou o gol do título contra o Santo André (a competição foi disputada por pontos corridos).

Durante esse ano, o único ponto lamentável foram as brigas com o "Animal", especialmente no primeiro semestre. Mas, dentro de campo, eles se entendiam perfeitamente.

"Bastava substituir um que já havia tumulto. Mas, a convivência só era complicada fora de campo. Quando entrávamos no jogo, porém, tentavámos "comer" os adversários", contou.

Mas, Evair não foi convocado por Carlos Alberto Parreira e teve de assistir à competição pela televisão. Uma decepção que o atacante não esconde de ninguém.

"Talvez se eu tivesse trabalhado mais o marketing pessoal, muita coisa poderia ter sido diferente", lamentou.

A resposta de Evair, fã do atacante holandês Van Basten, que jogou no Milan, da Itália, no final dos anos 80, foi dada dentro dos gramados, com a querida bola nos pés e com a camisa alviverde.

Evair marcou 14 gols no segundo semestre e foi fundamental na campanha do Palmeiras: bicampeão brasileiro, com mais uma vitória inesquecível sobre o Corinthians.

Ao término da temporada 94, entretanto, o craque decidiu que era o momento ideal para consolidar a independência financeira no milionário futebol japonês. Por isso, juntamente com os amigos César Sampaio e Zinho, se transferiu para o Yokohama Flugels, onde permaneceu durante dois anos no Japão.

Evair voltou para o Atlético-MG em 97 e teve uma rápida passagem de seis meses pelo Galo de Belo Horizonte. Mas continuou sendo o carrasco do Corinthians ao marcar um gol no Timão em jogo válido pela Copa do Brasil daquela temporada. No segundo semestre de 97, Evair jogou no Vasco. Foram apenas seis meses, mas o suficiente para reeditar uma dupla vitoriosa com Edmundo. O "Animal" bateu o recorde de gols em uma única edição do Campeonato Brasileiro, balançando as redes rivais em 29 oportunidades. Graças ao talento do "garçom" Evair.

A experiência que ganhou no exterior, jogando na Itália e no Japão, serviram para que o atacante se transformasse em especialista nas assistências.

"Percebi que se dava mais valor para o atacante que também ajudasse na marcação e na armação das jogadas. Sofri muito para mudar minhas características, pois estava acostumado a ficar plantado na frente fazendo gols. Com muito treino consegui e acabei evoluindo".

E o Vasco ficou no lucro: foi campeão brasileiro na final contra o Palmeiras. O terceiro título nacional de Evair.

A volta ao Palestra Itália aconteceu apenas em 1999, após ter defendido a Portuguesa. O retorno do "El Matador" foi fundamental na conquista do principal título da história do Verdão: a Copa Libertadores da América. Evair deixou sua marca, fez um gol na decisão da competição sul-americana contra o Deportivo Cali. Aliás, ele manteve a rotina também contra o Corinthians. Na final do Paulistão de 99, Evair marcou dois gols, mas não impediu o título do Timinho.

No segundo semestre, o Palmeiras se dedicou a apenas um jogo: a final do Mundial Interclubes, contra o Manchester United, da Inglaterra, em Tóquio. E foi no dia 30 de novembro de 99 que Evair disputou sua última partida com a camisa do Palmeiras. Preterido por Luiz Felipe Scolari, que preferiu escalar Asprilla no time titular, o ídolo eterno dos palmeirenses assistiu à derrota do banco de reservas e desabafou:

"Algumas pessoas não entenderam a importância desta partida para um jogador que deu sua vida ao Palmeiras".

Evair, que iniciou a carreira profissional no Guarani em 85, foi jogar no rival São Paulo, após a fatídica derrota em Tóquio. Passou pelo Goiás, foi para o Coritiba e retornou ao Goiás em 2002, a pedido do seu maior desafeto, o técnico Nelsinho Baptista. Os dois fizeram as pazes e acabaram com as rusgas dos tempos de Palmerias, há dez anos.

Evair não se desprende da bola tão facilmente. A experiência adquirida dentro de campo é matéria viva nas mãos do Matador. E, em 2004 se tornou o treinador Evair.

Volta ao Palmeiras?

- O Palmeiras não dá oportunidades para seus ex-jogadores. Não sei explicar o que acontece lá dentro, mas sei que é muito difícil algum ex-jogador se dar bem como treinador do Palmeiras. Lembro-me do Leão e do Dudu, que eram ídolos como jogadores, mas não tiveram tranqüilidade para fazer um bom trabalho como treinadores. Mas não sei se isso é só uma coincidência, uma falta de tradição, ou algo intencional.

A esperança da galera do Verdão é que "El Matador" demonstre seu talento no lado de fora das quatro linhas, no banco de reservas, com um esquema tático muito ofensivo. Talvez, o destino promova o reencontro entre Palmeiras e Evair. O palmeirense espera assistir ao técnico Evair comandar o time na rota dos títulos. Essa história de amor promete maiores emoções.

"Não tenho como esquecer o Palmeiras. Meu sonho é, se a torcida realmente quiser, dirigir o time num futuro próximo".

O Palmeiras é minha paixão. De todos os clubes em que passei, o Palmeiras é o time do qual guardo um carinho especial. Tanto pelo respeito que a torcida tem por mim, quanto pela minha história no clube. Sempre fui muito feliz no Parque Antártica e guardo muitas boas lembranças. Foi no Palmeiras que eu vivi as minhas maiores glórias no futebol: a conquista do Paulista de 1993 e da Libertadores de 1999. A primeira pelo momento histórico, pela pressão , pelas circunstâncias, enfim. A segunda porque se trata do maior torneio da América Latina. A equipe era especial.

A despedida

Evair nunca faltou a um treino de sua equipe, seja em São Paulo, em Curitiba, em Belo Horizonte ou em Yokohama. Com um jeito acanhado, sem fazer alarde, o menino alto, que vinha de Crisólia, sul de Minas Gerais, chegava ao Guarani para ganhar espaço no cenário esportivo brasileiro. E em sua história.

Posso me orgulhar de tudo o que eu fiz: saio do futebol com a cabeça erguida. Tudo o que conquistei, durante minha carreira, foi jogando futebol, simplesmente. Cheguei aos 38 anos jogando futebol e sempre respeitado por todos. Não segui qualquer outro rumo, não desviei minha atenção. A torcida tem muito carinho por mim. Só faltei duas vezes aos treinamentos: quando nasceram meus dois filhos. Claro que, vez ou outra, a gente se atrasava no treino por problemas no trânsito, essas coisas. Sempre honrei a disciplina.

Para a torcida, é muito mais que um simples artilheiro. Evair é DEUS. Jogando bem ou mal, foi sempre aplaudido. Para muitos, merece uma estátua no Palestra, igual a Fiúme, Junqueira e Ademir da Guia.

Fico feliz com o carinho da torcida, porque sempre fui querido por ela e amo o clube".

FICHA COMPLETA:

Nome: Evair Aparecido Paulino
Nascimento: 21/02/65
Local: Crisólia - MG
Quando Jogou: 5 anos (1991-1994 e 1999)
Títulos no clube: Paulista (93 e 94), Brasileiro (93 e 94), Rio-São Paulo (93), e Libertadores (99)
Outros clubes: Guarani (1986 a 1988), Atalanta-ITA (1988 A 1991), Yokohama Flugels-JAP (1995-1997), Atlético-MG (1997), Vasco (1997), Portuguesa (1998), São Paulo (2000), Goiás (2000), Coritiba (2001-2002) e Figueirense (2003)
Características: Centroavante inteligente e de excelente visão de jogo, foi o mais importante jogador palmeirense dos anos 90. Fez 125 gols e é o sétimo na lista dos maiores artilheiros do clube.

Leia também:

Ademir da Guia - O Divino
Valdemar Fiúme - O Pai da bola
Zinho - Um líder em campo
Voltar Ídolos

1