"Deve-se tentar atingir o impossível. O fácil ai está, já o sei fazer, tenho-o incorporado a meu corpo." (Julio Bocca)

 

 

História da fotografia

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Os Quimicos

Os sais de prata 

Até então, o auxílio da câmera escura limitava-se à cópia da realidade. Ela era apreendida, assimilada e reproduzida pelo desenho. Faltava descobrir como aprisioná-la. E foi no século XVIII que se realizaram as primeiras tentativas de fixação da imagem produzida na câmera escura. A primeira grande contribuição foi dada por um homem que buscava tudo, menos uma solução para a questão da fixação da imagem refletida.

Há séculos que se conhecia o escurecimento progressivo da prata. Mas é em 1725 que se constatou o porquê do enegrecimento dos sais de prata. Johann Heinrich Shulze, um professor de anatomia que vivia perto de Nuremberg, pesquisava um meio de obter fósforo (“pedras luminosas”, como as chamava) artificialmente. Numa de suas experiências, ele encharcou uma porção de cal com nitrato de prata e colocou-a dentro de uma garrafa. Exposta à luz solar, a massa adquiriu uma tonalidade escura. O seu espírito investigativo fez com que repetisse a experiência até o ponto de verificar, primeiro, que o que enegrecia era uma base de grada e nitrato de prata, enquanto o resto da massa permanecia claro. Em seguida, expondo essa base ao calor e à luz, alternadamente, concluiu que a alteração se dava em função dos raios solares, e não devido à temperatura ou a outros efeitos da atmosfera.

Em 1727 ele publicou sua tese com um título bem-humorado: De como descobri o portador da escuridão ao tentar descobrir o portador da luz. Chamou aquela pasta com sais de prata de Scotophorus, o anti-fósforo, o que traz a escuridão. Mas ele acreditava que suas experiências poderiam “revelar ainda outras utilidades de aplicação aos naturalistas”. Acabaria sendo o pai da fotoquímica: até os nossos dias, o elemento básico fotossensível utilizado pela indústria fotográfica é o Bromureto de Prata, obtido através da reação química entre o Nitrato de Prata e um Bromureto de Sódio ou Potássio.

Jean Senebier, um bibliotecário de Genebra, continuou as experiências de Schulze e publicou em 1782 o resultado de seus experimentos: ele pesquisou a velocidade com que as cores do espectro atuavam sobre o cloreto de prata, do violeta ao vermelho, e empreendeu outros experimentos sobre a atuação da luz solar em resinas. Outra descoberta química que teria importância futura passou quase desapercebida: o químico sueco Carl Scheele demonstrou que os sais de prata afetados pela luz se tornavam insolúveis após um banho de amoníaco. O estágio do conhecimento humano já permitia a solução fotográfica. Mas ela teria de esperar até o século seguinte para se tornar uma realidade.

De volta à câmera escura

Um cientista amador, filho de um afamado ceramista inglês, utilizava-se da câmera escura para desenhar grandes casas de campo, com as quais decorava aparelhos de chá e vasilhas elaboradas na cerâmica de seu pai. Seu nome era Thomas Wedgwood, e ele havia tomado conhecimento do livro de Schulze. Junto com seu amigo Humphry Davy, tentou fixar as imagens da câmera escura, fazendo com que a luz incidisse sobre um couro branco revestido de nitrato de prata.

Em junho de 1802, a dupla anunciou que conseguira fixar as imagens, mas elas só podiam ser vistas, infelizmente, por um “tempo muito moderado”. Conseguiram ainda algumas reproduções por contato, registros de objetos transparentes por contato: asas de insetos, folhas e pinturas sobre vidro. Mas as imagens só podiam ser observadas à luz de velas, em local escuro, e mesmo assim iam enegrecendo. Faltou pouco para que Wedgwood e Davy conseguissem as primeiras fotografias permanentes. 

Niépce

Mais uma vez, o conhecimento da natureza originado da investigação científica viria somar-se aos anseios artísticos. Joseph Nicéphore Niépce, um oficial do exército francês, desde a o final do século XVIII empreendeu tentativas de fixar a imagem da câmera escura. Começou em 1793 a realizar alguns experimentos químicos com materiais sensíveis à luz, mas somente após sua aposentadoria empenhou-se nessa tarefa.

Mas por que Niépce insistia em fixar aquelas imagens? Seu interesse era artístico: ele demonstrava grande interesse por litografias, muito populares na França do início do século XIX. Muitos artistas medianos chegavam a ganhar um bom dinheiro com isso. Embora essa não fosse a preocupação de Niépce, homem ilustrado e de bom cabedal, o seu espírito de investigação uni-se a um frustrado desejo artístico alimentado durante a mocidade: ele nunca demonstrou habilidade para o desenho. A solução que encontrava para essa inaptidão era a câmera escura. E, se ele conseguisse fixar a imagem sobre a pedra litográfica sensibilizada, poderia transpô-la como uma gravura, obtendo bons resultados (perfeitos, sob o ponto de vista estético da época) sem saber desenhar. 

Em 1816, conseguiu fixar parcialmente a imagem do pátio de sua casa sobre um papel sensibilizado com cloreto de prata, usando como fixador o ácido nítrico. Mas, para sua decepção, observou que as partes que deveriam ser claras apareciam escuras. Eram negativos e, embora isso abrisse uma senda clara para a fotografia, Niépce passou a experimentar novos materiais. Ele queria um positivo. Em julho de 1822 conseguiu sua primeira fotocópia - uma gravação em chapa de cobre exposta ao sol e, em seguida, colocada sobre uma chapa de cristal recoberta com betume da Judéia (que era usado em gravações por causa de sua resistência à corrosão). Nos anos seguintes, ele substituiu a chapa de vidro por zinco, e batizou o processo de heliografia.

Em 1826 Niepce conseguiu realizar o primeiro registro fotográfico que se tem notícia, utilizando uma câmera construída pelo óptico parisiense Charles Chevalier. Numa chapa de peltre (uma liga de estanho e chumbo) recoberta por betume dissolvido em azeite de alfazema, conseguiu que as partes afetadas pela luz se endurecessem. Mas as partes escuras continuaram solúveis, e foram dissolvidas por uma mistura de azeite de alfazema e terebintina. Foi necessária uma exposição de oito horas, num dia de verão. O resultado foi uma imagem positiva permanente, as luzes estão gravadas no betume e as sombras no próprio peltre.

Mas vale lembrar que o objetivo de Niepce continuava sendo o de elaborar uma placa de impressão para litografia. Ele abandonou o peltre por esse motivo: era um material muito brando para se transformar numa placa de impressão. Passou a utilizar lâminas de cobre prateadas, e alcançou uma sensível melhoria de contrastes enegrecendo com vapor de iodo as partes que não sofreram impressão. Mas o tempo de exposição continuava sendo muito longo. Niépce queria aperfeiçoar esse método e, por isso, em 1829, procurou um homem chamado Louis Jacques Mandé Daguerre, pintor, inventor e empresário do ramo de espetáculos. Firmaram um convênio com um único objetivo: aperfeiçoar a heliografia. Ela seria aperfeiçoada, mas o tempo de Niépce chegava ao fim. Ele morreu em 1833, aos 68 anos.

 

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