The Opinion Maker

 

    O Exército apresentou os estudos para uma nova estrutura operacional. Fá-lo, numa altura em que a execução de programas começa a ser visível, em que o fim do Serviço Militar Obrigatório é já uma realidade e os seus problemas, mostram ser conjecturas que (pelo menos para já) estão erradas. Mais: o Exército faz esta mudança tendo em conta o contexto e o país a que se destina. Um reequipamento que visa dotar as FA de equipamentos caros e desnecessários é um mau reequipamento e por melhor que fique no papel, acabará por falhar na sua componente prática. A LPM apontou para novos e correctos caminhos: unidades mais bem preparadas, maior polivalência nos meios, uma estrutura vincadamente apta a executar missões de interesse público e operações no exterior. Todos estes aspectos parecem ter sido considerados, o que mostra que as chefias militares souberam adaptar-se às novas necessidades e, também, às actuais possibilidades.

    É, contudo, verdade o que alguns argumentam: o conceito previsto apresenta-se-me como uma decisão com riscos inerentes. Não obstante disso, no seu essencial tem medidas inteligentes. Tem em conta, por exemplo, o facto da ameaça à segurança nacional ser já diferente, não esquecendo, porém, que a antiga permanece e surge associada a novas nações; não esquece, igualmente, que Portugal deve estar capacitado para intervir de uma forma rápida e decisiva nas missões no exterior.

    Desta estrutura, sai reforçado o carácter de forças de elite que envolve corpos como os pára-quedistas e comandos. Tratam-se, portanto, de forças cujo número de efectivos permitirá uma maior exigência na selecção. Não me parece positivo o aumento de efectivos, a massificação de unidades de elite. Tal poderia levar a que a BAI se tornasse um corpo de infantaria pára-quedista, afastando-se, perigosamente, do carácter de força de elite que a caracterizava no início da década de 90. Com o novo conceito aumenta-se a disponibilidade e mobilidade de unidades como a BLI e BMI que, enquanto infantaria mecanizada e infantaria ligeira, poderão intervir em missões no exterior; missões essas que eram, até agora, preferencialmente atribuídas ao núcleo de forças de elite. Assim, surgem novas unidades no plano operacional que antes tinham utilidade limitada. A exposição mediática, as missões e novos equipamentos ajudarão à extinção da imagem de unidades obsoletas, sem capacidade para intervir no exterior; uma imagem que erradamente se tem vindo a criar, apesar da notável participação da BMI e da BLI em missões no exterior.

    Não é, contudo, inoportuno reflectir se as metas atingidas se mostram certas ou demasiado simplistas. Devemos, ainda, perguntar-nos se o modelo profissional e o seu aparente sucesso não serão, afinal, resultado de uma conjuntura sócio-económica que favorece a recruta de voluntários entre as camadas jovens, aliciadas pelo factor económico.

 

Pedro Manuel P. Monteiro

 

Leia:

The Opinion Maker - Janeiro de 2004

The Opinion Maker - Fevereiro 2004

The Opinion Maker - Março 2004

The Opinion Maker - Abril 2004

The Opinion Maker - Maio 2004

 

 

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