The Opinion Maker

   

    O concurso para a aquisição de submarinos para a Armada Portuguesa viu, enfim, uma conclusão. O GSC e o seu U-209PN venceu o Scorpéne da DCNI. Portugal assinou um contracto para dois submarinos, com opção para um terceiro. Ora, esse terceiro tem que, necessariamente, ser adquirido a curto prazo segundo o que consta no contracto, ou seja, a aquisição fica dependente de vários aspectos que a lançam numa incerteza preocupante. Até que ponto poderá o Governo justificar um terceiro submarino? Até que ponto a economia recuperará, como se espera, e permitirá justificar e financiar tal aquisição?

    Talvez o mais preocupante não seja a incerteza quanto ao terceiro, mas a certeza quanto à impossibilidade da aquisição de uma quarta unidade, que permitiria a Portugal ter, finalmente, uma frota operacional numericamente suficiente e apta para efectuar uma real cobertura da ZEE nacional e cumprir com o vasto leque de missões que se lhe confiou. O submarino, refira-se, não é somente uma arma eficiente, é, também, uma arma dissuasora, polivalente e económica. É um meio ideal para recolha de informações, um meio privilegiado para o emprego de unidades de operações especiais, um meio de patrulha e vigilância, de escolta e protecção, de ataque e defesa, de minagem, de pesquisa, de treino de unidades navais destinadas à luta ASW, de combate ao tráfico e emigração legal, na fiscalização das pescas, etc.

    Talvez quando os políticos tentam explicar ao contribuinte o porquê de tal compra – que a questiona e reclama, com toda a justiça, por mais informações – devessem, igualmente, dar a conhecer os custos da perda de tal capacidade (custos não só económicos, mas também, operacionais, humanos e referentes a toda uma experiência acumulada) e a necessidade, que passaria a existir, de adquirir unidades de combate de superfície, tais como as fragatas, que se revelariam mais custosas de adquirir, manter e operar.

    A capacidade que os dois submarinos darão à Armada não é a ideal. Esta é, sim, a possível, a mínima para garantir a preservação de uma arma fundamental. Porém, há que lembrar que os mesmos darão capacidades acrescidas, introduzindo mudanças na sua doutrina de emprego: o sistema AIP (que lhe permitirá uma autonomia de 15 dias submerso contra as oito horas dos Daphné), os mísseis anti-navio, os sistemas de comando e combate e a capacidade acrescida para infiltração e recolha (com grande discrição) de forças especiais são exemplos disso.

    Ficam, pois, duas perguntas: daqui a 30 anos, terá Portugal, ainda, necessidade de submarinos? E se esta necessidade persistir, saberá, então, a Armada argumentar que necessita de um terceiro (como antes teve), quando passou tantos anos sem ele?

 

Pedro Manuel P. Monteiro

 

Leia:

The Opinion Maker - Janeiro de 2004

The Opinion Maker - Fevereiro 2004

The Opinion Maker - Março 2004

The Opinion Maker - Abril 2004

 

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