The Opinion Maker
Com a colocação em prática a partir deste ano, do PLANO BÁSICO DE ESTRUTURAÇÃO DO EXÉRCITO, a arma blindada brasileira sofrerá tremendas mudanças que irão influir não só dentro de toda a organização militar brasileira como envolverá um novo equilíbrio de forças no Cone Sul do continente.
O centro principal envolvendo CARROS DE COMBATE será o Rio Grande do Sul (Leopard 1 A1) e Paraná (M-60 A3TTS), deslocando desta maneira um grande efectivo para as fronteiras sul do país, num momento em que as antigas tensões pareciam ter sido definitivamente extirpadas.
Na região mais habitada e com alta concentração da riqueza do país, com grandes problemas, serão mantidos algumas unidades com veículos blindados sobre rodas, a maioria produzida aqui nos anos 70 e 80, completamente defasados em razão dos preceitos modernos de combates urbanos empregados hoje no mundo.
A primeira unidade a se deslocar ainda primeiro semestre de 2004 será o Centro de Instrução de Blindados “General Walter Pires” (CIBld), criado em 1996, do Rio de Janeiro para Santa Maria (RS), ficando longe de todos os outros Centros e Escolas que actualmente se agregam na região Sudeste, é claro que há algumas excepções, mas nada que quebre este equilíbrio.
O CIBld sofreu em
esvaziamento, a grande maioria de seus membros não acompanharão a Unidade,
optaram em ser
transferidos
para outras, seu património histórico provavelmente o acompanhará distanciando
assim peças importantes do eixo principal onde se concentra a maior parte dos
remanescentes da Indústria de Material de Defesa e dos Institutos de Pesquisa na
área militar. O que garante que não será extinto no futuro?
No primeiro semestre não serão ministrado os Estágios Técnico e Táctico (ver artigo no site Defesa Net), desde o ano passado não publicam mais A FORJA, um interessante informativo, criado em Julho de 1999, onde eram publicados diversas informações sobre a arma blindada em geral, do Brasil e do mundo e que teve 18 edições publicadas. Sua revista AÇÃO DE CHOQUE teve apenas um único número publicada ano passado, pois em razão da eterna “falta de verba” não foi possível dar continuidade a estas publicações.
O risco desta mudança será grande, uma vez iniciado sua previsão final será em 2007, quando todas as unidades estarão totalmente transferidas para a região sul.
Porque ao invés de mandar o CIBld para uma área tão distante, não o mantiveram no Rio de Janeiro elevando-o a ser uma ESCOLA DE BLINDADOS, tão importante para o próprio Exército, visto que em nenhum lugar há um estudo sequenciado sobre o emprego, desenvolvimento e evolução deste importante meio para os conflitos deste novo século que nos vislumbra guerras numa dimensão até então desconhecidas e uma transformação na utilização destes engenhos, bastando apenas estudarmos os conflitos mais recentes para termos esta dimensão. Existem sim fragmentos ao longo da carreira onde são vistos uns tópicos aqui outro acolá e só.
Porque não agregar a esta Escola de Blindados um MUSEU TECNOLÓGICO MILITAR, onde seriam mantidos os protótipos dos principais projectos desenvolvidos no país deste o fim da década de 60 até os dias de hoje, como forma de ser um importante meio de instrução e resgate da memória nacional, ao invés de deixa-los apodrecendo lentamente nos mais diversos locais?
Precisamos aprender com o passado, com nossas soluções e com nossos erros e termos uma visão estratégica de longo e o mais importante acreditar na nossa capacidade...
Expedito C. S. Bastos
Leia:
The Opinion Maker - Janeiro de 2004
The Opinion Maker - Fevereiro 2004