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"Por
esse tempo eu sofria de um complexo de inferioridade orgulhos�ssimo.
N�o v� que pouco menos de um ano antes, eu escolhera no
amontoado milion�rio dos meus versos o que considerava melhor,
uns quinze sonetos, e mandara a Vicente de Carvalho. Com
uma carta assombrada de idolatria e servid�o. E lhe pedia
humildemente que me dissesse qualquer coisa, um n�o
que fosse, para esclarecer as minhas d�vidas sobre mim.
� quase absolutamente certo que Vicente de Carvalho recebeu
a minha carta, entregue quase que �s m�os dele, num dia
em que ele se achava em casa. O que eu sofri de ang�stia,
de despeito, de humilha��o, de revolta, nem se conta! E
comecei a cultivar um complexo de inferioridade prodigiosamente
feliz, que me deixava solto, livre, irrespons�vel, desligado
dos meus �dolos parnasianos, curiosos de todas as inova��es,
sequaz incondicional de todas as revoltas"
(M�rio
de Andrade)
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