O QUE DIZEM OS ÓRGÃOS DE SAÚDE
O QUE DIZ A OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
Em seu 8º
Informe Técnico datado de 1992, a OMS preconiza o controle de natalidade
de cães e de gatos e a educação da comunidade. É
o que conclui o Informe no capítulo 9.3, p.57:
“ A pesquisa realizada pela OMS entre 1981 e 1988, como parte do
projeto AGFUND/OMS no combate à raiva humana e canina nos países
em desenvolvimento, revelou que : (...) - os programas de eliminação
de cães, em que cães vadios são capturados e sacrificados
por métodos humanitários, são ineficazes e caros.”
Mais adiante:
(...)Não existe nenhuma prova de que a eliminação de
cães tenha gerado um impacto significativo na densidade das populações
caninas ou na propagação da raiva. A renovação
das populações caninas é muito rápida e a taxa
de sobrevivência delas sobrepõe facilmente à taxa de eliminação.”
(item 9.4, p. 58) O método atualmente adotado , além de ineficaz,
é altamente dispendioso, uma vez que o Poder Público investe
consideráveis somas para que sejam os animais apreendidos, confinados
e eliminados, sem que desse proceder resulte qualquer valia para a saúde
pública, o que revela má gestão dos interesses públicos.Conclui-se
que há mais de dez anos, desde que a OMS editou o último informe,
caiu por terra o argumento técnico pretensamente justificador da eliminação
de animais saudáveis pelo Poder Público. As autoridades em saúde
pública e os agentes dos Centros de Controle de Zoonoses, ávidos
por submeterem os animais ao que chamam de “eutanásia”,
termo de gritante eufemismo, já não encontram respaldo para
praticá-la.
O QUE DIZ A OPAS – ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE
SAÚDE
Recente publicação científica da Organização
Panamericana de Saúde também declara que a eliminação
de animais de rua, não só foi ineficaz para diminuir os casos
de raiva , mas aumentou a incidência dessa doença. A referida
publicação ainda apoia , explicitamente, o método baseado
na castração e devolução dos animais à
comunidade de origem. Trata-se da obra de PEDRO N. ACHA, considerado o “Papa
das Zoonoses”, em sua obra “ Zoonosis y enfermidades transmisibles
comunes al hombre y a los animales” (página 370, Publicación
Científica y Técnica nº 580 , ORGANIZÁCION PANAMERICANA
DE LA SALUD, Oficina Sanitária Panamericana , Oficina Regional de la
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 3ª edição, vol.
II, 2003), do qual se destaca o seguinte trecho: En las áreas no endémicas
o libres de rabia es importante mantener la inmunidad de los perros si en
el país existen focos de la enfermedad y limitar el exceso de la población
canina por medio de la esterlizácion de los perros machos y hembras
o, si esa estrategia no fuera posible, capturar a los perros callejeros, vacunarlos
y liberarlos”.
Importante ressaltar que a raiva em Belo Horizonte está controlada
desde 1983, não sendo portanto região endêmica do vírus
rábico.
Quanto ao controle da raiva , importa esclarecer que a vacinação em massa é o meio próprio e suficiente ao controle do vírus rábico, conforme asseverou Albino J. Belotto, coordenador do Programa de Saúde Pública Veterinária da Organização Pan-Americana de Saúde ( OPAS/OMS, Washington, D. C., USA ) em palestra intitulada “ Situação epidemiológica da raiva – Panorama Mundial”, ministrada em simpósio internacional sobre “Controle de Zoonoses e as interações homem –animal” , realizado em São Paulo, de 17 a 19 de setembro de 2001, conforme consta dos anais, páginas26-28:
“
A principal ação de controle da raiva urbana em todo o
mundo tem sido a vacinação de cães. Essa é
uma estratégia mundialmente aceita e de eficácia indiscutível.
Alguns países colocam muita ênfase na captura e na eliminação
de cães. Essa estratégia utilizada, de forma isolada,
apresenta resultados limitados e é difícil de ser mantida
a longo prazo, pelo alto custo e pela não –aceitação
social, embora num primeiro momento possa- se ter um efeito rápido.
A vacinação sistemática de cães nas áreas
de risco, o controle populacional, por meio da captura e esterilização,
aliados à educação para a posse responsável
de animais são as estratégias aceitas mundialmente com
diferentes níveis de implementação para cada região
do mundo”. |
E assim conclui :
“
O conceito é esse: se vacinar, controla. A nossa conclusão
é a de que raiva humana transmitida por cão é falta
de vontade política, falta de compromisso com a saúde
pública, porque realmente nós temos muitos problemas de
difícil solução, mas a raiva canina não
é. Temos que lidar com outras formas de raiva por animais silvestres,
que são muito mais difíceis de controlar, são quase
acidentes. Mas no que se refere à raiva canina, nós temos
todas as informações disponíveis, a tecnologia,
o conhecimento epidemiológico, técnico e científico
para eliminar esse problema, como demonstra a experiência em diversas
partes do mundo”. |
A vacinação deveria se estender aos animais de rua , e não
somente aos que estão domiciliados. Enquanto alguns são apreendidos,
muitos permanecem nas ruas, procriando desenfreadamente e disseminando doenças,
pois não estão vacinados. Relembre-se que a taxa de eliminação
e de sobrevivência não consegue se sobrepor à da reprodução,
como já concluiu a OMS.
Portanto, à alegação de que os animais não podem
permanecer nas vias públicas cabe replicar que eles estão nas
ruas e ali sempre permanecerão enquanto a Administração
Pública insistir no equivocado método da captura seguida de
morte.
Se os animais fossem capturados para fins de vacinação e de
esterilização, a quantidade de errantes diminuiria drasticamente,
bem como o risco de propagação de doenças.
O que diz o Instituto Pasteur ,
Em seu Manual Técnico, nº6, página 20 : “
A apreensão e a remoção de cães errantes e dos
sem controle, desenvolvidas sem conotação epidemiológica,
sem o conhecimento prévio da população e segundo técnicas
agressivas cruéis, têm mostrado pouca eficiência no controle
da raiva ou de outras zoonoses e de diferentes agravos, devido à resistência
imediata que suscita e à reposição rápida de novos
espécimes de origem desconhecida que, associadas à renovação
natural da população canina na região , favorecem o incremento
do grupo de suscetíveis. “
Fonte:
EXTERMÍNIO DE
ANIMAIS - A inclemente e ultrapassada política de saúde
pública - de Dra. VANICE TEIXEIRA ORLANDI, Advogada, Vice-Presidente
da Seção de São Paulo da UIPA - União Internacional
Protetora dos Animais, Vice-Presidente do Conselho de Proteção
e Defesa Animal.
O QUE DIZ O MANUAL
DE VIGILÂNCIA E CONTOLE DA LEISHMANIOSE VISCERAL
EDITADO EM 2003 PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE:
ITEN 7.3.1 – página 66 - A prática da eutanásia
é recomendada a todos os animais sororreagentes e/ou parasitológico
positivo.
Ações referentes ao reservatório – página
72
- cão sororreagente: proceder eutanásia;
- - cão não sororreagente: manter vigilância e monitoramento.