Objetivos e justificativa

O que movimenta os processos de escrita e de leitura? Por que escrevemos e lemos? Somos movidos pela necessidade de expressar nossos pensamentos, de nos fazer ver e ouvir, de nos comunicar. O desenvolvimento de nossas funções intelectuais, na perspectiva vygotskiana, é mediada socialmente pelo processo de aquisição da linguagem escrita. Os signos linguísticos, que no decorrer de nossa vivência são internalizados, geram mudanças no nosso modo de ser. HARPER, Babette et alii. Cuidado, escola! desigualdade, domesticação e algumas saídas. 23ª ed. Brasiliense, 1986.

A escrita promove caminhos diferentes de pensar. Ela é uma forma de gerar, registrar e ampliar o conhecimento. Segundo Teresa C. Rego (1995, p. 68-69) "o domínio desse sistema complexo de signos fornece novo instrumento de pensamento (na medida em que aumenta a capacidade de memória, registro de informações, etc.), propicia diferentes formas de organizar a ação e permite um outro tipo de acesso ao patrimônio da cultura humana (que se encontra registrado nos livros e outros portadores de textos").

Buscando a compreensão do binômio Tecnologia e Educação, partindo dos recursos disponíveis no ambiente escolar, elaboramos um projeto que visa a construção de homepages, envolvendo a aquisição da linguagem verbal e não-verbal. A homepage é o resultado da elaboração de um sistema complexo simbólico de relações intertextuais e hipertextuais.

Introduz-se novos elementos no desenvolvimento do indivíduo, e configura-se um outro tipo de escrita que exige um novo aprendizado. O aluno não conta apenas com o papel, a caneta e o dicionário, mas escreve num teclado, lê numa tela e seu texto é corrigido pelo auto-corretor de textos que lhe aponta os possíveis formas corretas. Para dominar a nova técnica, ele efetua processos de compreensão mentais mais complexos, diferente daquela do papel que ele já dominava.

O indivíduo depara-se com uma escrita não linear, pode fazer uso de imagens, palavras e sons simultaneamente, possui mobilidade espacial. Tudo isso facilita o processo de produção. A utilização de materiais diversos para ampliar ou representar um texto, dão à página um aspecto lúdico que transforma o ato de ler e escrever numa aprendizagem em forma de jogo.

O indivíduo, ao construir homepages, observa como as sociedades organizadas se constróem e sofre mudanças no seu modo de relacionar-se com o meio. A aquisição e utilização desse tipo de linguagem ativa um processo novo para o estudante, propiciando uma compreensão de como a sociedade globalizada em que vivemos funciona, e uma visualização melhor dos laços de dependências que, no decorrer de nossa existência, criamos com o outro.

Esse trabalho não tem um selo novitativo somente por tratar-se de uma moderna tecnologia, mas porque introduz uma forma de escrita hipertextual com a qual a escola não está habituada a tratar. Uma escrita que permite ao leitor observar materialmente as diversas conexões que um texto possui, tornando concretos os cruzamentos de informações que os leitores geralmente efetuam.

Essa forma de escrita ativa processos mentais de leitura e escritura diferentes dos que o indivíduo vinha processando até o momento. Não se trata de dar ênfase a mais uma habilidade motora, está-se adentrando na mecânica da linguagem escrita, levando-os a observar como dá-se o processo cultural e complexo de construir frases, textos, mudando inclusive o perfil da pesquisa escolar.

Ao agir nesse ambiente virtual, o indivíduo estabelece a interação entre os textos construídos que convergem num único texto. Assim como o desenvolvimento humano é mediado por outros indivíduos que introduzem a cultura do seu grupo, o texto é permeado por mediações de outros textos. Cada texto é composto por uma "arca de palimpsestos" (LUIZ DOS SANTOS).

O aluno parte do conto célula, Madalena de Clarmi Régis, planeja suas ações e ao fazê-lo compara, deduz, organiza seu pensamento e o expressa não só através das palavras. Há todo um movimento de agrupamento de informações, conceitos e significados, que leva a um estrelamento do texto. Ele cria e recria partindo dos significados apresentados inicialmente no conto mater, arrolando produções de índole diversa: resumos, contos, poesias, figuras, etc.

Sala de Informática - 16/07/99Na formulação da homepage ele descortina e amplia a capacidade de acúmulo de informação e memória que todo texto traz consigo ao nascer. Cada link é um outro texto que é gerado por uma prática de leitura e produção que não é resultado de uma fala vazia, mas de um discurso interior, resultado do diálogo de diversos textos.

Essa utilização do computador como ferramenta pedagógica na leitura e produção de textos, oferece aos estudantes uma visão do conhecimento científico atrelada ao conhecimento empírico. "Uma técnica não se converte em uma ferramenta até que a saiba manejar e lhe aplicar a criatividade, a imaginação e o saber"(A. M. Dugud, 1981). O hipertexto é um recurso que ajuda a superar algumas dificuldades de escrita e introduz ou melhor, recupera o aspecto lúdico e artístico ao texto.

Ele traz uma mudança conceitual do ser homem e de suas relações sociais à medida que o estrelar do texto o faz perceber as diversidades culturais que o compõe. Essa visão das partes que o levam ao todo dão-lhe um entendimento do trabalho coletivo, interdisciplinar que deveria reger nossa rotina.

 

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Última atualização: 10/06/01 01:32:46

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