1997 | 1998 | 1999 | 2000 |
2001 | 2002 | 2003 | 2004 |
2005 | 2006 |
O futebol no Rio Grande do Norte começou a ser implantado em 1904, e no início da década de 1910 surgiram os primeiros clubes. O Campeonato Estadual surgiu em 1919, no ano seguinte à criação da Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos Terrestres (LND, também denominada LDT), mais tarde Federação Norte-Rio-Grandese de Desportos (FND), hoje Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF). Houve uma tentativa em 1918 mesmo, mas a competição foi interrompida pela gripe espanhola, e depois os jogos não foram retomados.
Ano | Campeão (tradição) | Campeão (pesquisas) |
---|---|---|
1918 | não houve | não houve*** |
1919 | América | América |
1920 | ABC** | não houve |
1921 | América | Centro Esportivo Natalense |
1922 | América | não houve |
1923 | ABC | não houve |
1924 | ABC | não houve |
1925 | Alecrim | não houve |
1926 | América | América |
1927 | América | América |
1928 | ABC | ABC |
1929 | ABC | ABC |
1930 | América | América |
1931 | América | América |
1932 | ABC | ABC |
1933 | ABC | ABC |
1934 | ABC | ABC |
1935 | ABC | ABC |
1936 | ABC | ABC |
1937 | ABC | ABC |
1938 | ABC | ABC |
1939 | ABC | ABC |
1940 | ABC | ABC |
1941 | ABC | ABC |
1942 | América | América |
1943 | Santa Cruz | Santa Cruz |
1944 | ABC | ABC |
1945 | ABC | ABC |
1946 | América | América |
1947 | ABC | ABC |
1948 | América | América |
1949 | América | América |
1950 | ABC | ABC |
1951 | América | América |
1952 | América | América |
1953 | ABC | ABC* |
1954 | ABC | ABC |
1955 | ABC | ABC |
1956 | América | América* |
1957 | América | América |
1958 | ABC | ABC |
1959 | ABC | ABC* |
1960 | ABC | ABC |
1961 | ABC | ABC |
1962 | ABC | ABC |
1963 | Alecrim | Alecrim |
1964 | Alecrim | Alecrim |
1965 | ABC | ABC |
1966 | ABC | ABC* |
1967 | América | América |
1968 | Alecrim | Alecrim |
1969 | América | América |
1970 | ABC | ABC |
1971 | ABC | ABC |
1972 | ABC | ABC |
1973 | ABC | ABC |
1974 | América | América |
1975 | América | América |
1976 | ABC | ABC |
1977 | América | América |
1978 | ABC | ABC |
1979 | América | América |
1980 | América | América |
1981 | América | América |
1982 | América | América |
1983 | ABC | ABC |
1984 | ABC | ABC |
1985 | Alecrim | Alecrim |
1986 | Alecrim | Alecrim |
1987 | América | América |
1988 | América | América |
1989 | América | América |
1990 | ABC | ABC |
1991 | América | América |
1992 | América | América |
1993 | ABC | ABC |
1994 | ABC | ABC |
1995 | ABC | ABC |
1996 | América | América |
1997 | ABC | ABC |
1998 | ABC | ABC |
1999 | ABC | ABC |
2000 | ABC | ABC |
2001 | Coríntians | Coríntians |
2002 | América | América |
2003 | América | América |
2004 | Potiguar-MOS | Potiguar-MOS |
2005 | ABC | ABC |
2006 | Baraúnas**** | Baraúnas |
Clube | Títulos |
---|---|
ABC | 46 títulos |
América | 32 títulos |
Alecrim | 6 títulos |
Santa Cruz | 1 título |
Coríntians de Caicó | 1 título |
Potiguar de Mossoró | 1 título |
Baraúnas | 1 título |
ABC | 43 títulos |
América | 30 títulos |
Alecrim | 5 títulos |
Santa Cruz | 1 título |
Centro E. Natalense | 1 título |
Coríntians de Caicó | 1 título |
Potiguar de Mossoró | 1 título |
Baraúnas | 1 título |
Como todo campeonato, o Potiguar também teve (e tem) seus "rolos" e fatos curiosos. Os primeiros anos foram "muito loucos", tanto que há duas listas de campeões estaduais - a tradicional, pelo que se conta da história de cada clube; e uma montada a partir de pesquisas feitas nos jornais e publicadas na década de 1980. E as duas apresentam algumas diferenças entre os anos de 1919 e 1926.
Por exemplo, em 1922 o campeão foi o América, pela tradição; mas, pelos jornais, não houve Estadual - foram realizados vários amistosos, e um Torneio da Independência onde de fato o vencedor foi o América. Com o passar do tempo, o Torneio da Independência passou a ser confundido com um Estadual... Outro caso: em 1925, pelos jornais, não houve Estadual, a então LND estava dissolvida, e foram realizados na verdade uma boa série de amistosos, sendo que a maioria destas partidas teve como vencedor o Alecrim - mas, pela tradição, o Alecrim foi campeão (?) estadual. Há mais dados adiante.
Só a partir de meados da década de 1930 para cá é que o Estadual - digamos - se fixou mesmo. Predominantemente, o título de vencedor tem ido ora para o ABC, ora para o América. Mas volta e meia há interrupções nessa hegemonia: em 1921 deu Centro Esportivo Natalense, segundo jornais da época (levantamento de Joaquim Martiniano, publicado no Diário de Natal, 07.07.1981); em 1943 deu Santa Cruz; em 1963, 64, 68, 85 e 86 deu Alecrim (que reivindica ainda o título de 1925, mas há controvérsias históricas). Até aqui, todos os clubes são de Natal.
Mas o título de "primeiro campeão do novo milênio" não foi de nenhum clube de Natal - o vencedor de 2001 foi o Coríntians de Caicó, o "Galo do Seridó", que entrou na história ainda como primeira equipe interiorana a conquistar um Estadual.
Pois bem, além de ter conquistado o título de campeão em 2001, o Coríntians de Caicó abriu o caminho para as equipes do interior do Estado alcançarem o "caneco" - afinal, se as equipes de Natal podem, por que não os times dos outros cantos do Rio Grande do Norte?
Em 2004, foi a vez do Potiguar de Mossoró - depois de um tempo afastado devido à falta de condições sob uma série de aspectos (a crise, aliãs, atingiu todas as equipes mossoroenses) - repetir a dose, após recuperar-se (até certo ponto) da crise. O time voltou ao Estadual, conquistando um título inédito e histórico para a região de Mossoró e o segundo "caneco" para os times do interior - um ato de superação com boas doses de audácia por parte dos dirigentes e dos atletas (comandados, nos primeiros jogos, por Cícero Ramalho - atacante que fez história até recentemente, e tanto fez que foi apelidado de "El Matador" - e, depois, por Miluir Macedo), que deu certo.
O jogo decisivo, a "nêga" (como dizem alguns) foi no estádio Machadão, diante do América, que buscava o tricampeonato - deu América, 1 a 0, num jogo movimentado, mas o resultado não foi suficiente para o rubro de Natal: na "ida", dias antes em Mossoró, o Potiguar goleou o inimigo, 4 a zero, praticamente garantindo o título, e podia se dar ao luxo (perigoso) de perder por até 3 gols de diferença. Além do título, o Potiguar ficou também com a liderança da artilharia: o atleta Canindezinho fechou a competição com 14 gols marcados.
Mais dos times interioranos: como se fosse pouco, o interior potiguar ainda possui o seu único "bicampeão" num ano só - o Baraúnas, de Mossoró. Foi em 2006, quando as fases semifinal e final tiveram que ser repetidas em virtude de uma pendenga jurídica entre dois partipantes (ABC, de Natal; e Associação Sportiva Sociedade Unida - ASSU, de Assu).
Nas quartas-de-final, o ASSU eliminou o ABC - que, insatisfeito, entrou no TJD alegando que o adverário teria jogado com um atleta em condição irregular (aparentemente desde fevereiro). A decisão no "Tapetão", a favor do ABC, saiu o dia 28 de março, com a fase semifinal em franco andamento. O ASSU recorreu ao STJD (enquanto isso, Potiguar de Mossoró e Baraúnas fizeram a "primeira" final, no início de abril, e deu Baraúnas que naquela ocasião genhou mas não levou).
Entre o final de maio e o início de junho, vésperas da Copa da Alemanha, o STJD decidiu que o ASSU tinha razão: os jogos foram revertidos, "reiniciando" a competição a partir das semifinais, com o ASSU no lugar do ABC. Na "final II", de novo deu Baraúnas - que conquistou o Estadual pela segunda vez em questão de apenas dois meses...
Eis mais alguns dados a respeito dos últimos Estaduais (por enquanto, de 1991 a 2005) - segundo Marcos Trindade (Rádio Poti):
1991 Campeão: América Vice: ABC Terceiro: Potiguar MOS 72 jogos 155 gols média de 2,15 Artilheiros 14 gols Cacau (Potiguar MOS) 8 gols Baíca (América) Magno (América) ================ 1992 Campeão: América Vice: ABC Terceiro: desportiva 65 jogos 140 gols média de 2,15 Artilheiros 11 gols Paloma carioca (América) 10 gols ândio (ABC) 9 gols Bebeto (América =================== 1993 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: Coríntians 93 jogos 257 gols média de 2,76 Artilheiros 22 gols Cl udio José (ABC) 21 gols Bebeto (América) 17 gols Oliveira (Coríntians) =================== 1994 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: Coríntians 138 jogos 366 gols média de 2,65 Artilheiros 23 gols Renilson (ABC) 11 gols Odilon (ABC) 10 gols Alcino (América) Zé Ivaldo (Desportiva) ==================== 1995 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: Potiguar de Mossor¢ 144 jogos 358 gols média de 2,48 Artilheiros 15 gols Cícero Ramalho (Potiguar MOS) 14 gols André Marrom (Alecrim) 12 gols Zé Ivaldo (Desportiva) =============== 1996 Campeão: América Vice: ABC Terceiro: Caic¢ 120 jogos 315 gols média de 2,62 Artilheiros 20 gols Claudinho (ABC) 14 gols Zé Ivaldo (Alecrim) 12 gols Ivan (ABC) ============== 1997 Campeão: ABC Vice: Potiguar de Mossor¢ Terceiro: América 96 jogos 312 gols média de 3,25 Artilheiros 20 gols Claudinho (ABC) 17 gols Cícero Ramalho (Potiguar MOS) 15 gols Henrique (ABC) ============= 1998 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: Baraúnas 60 jogos 164 gols média de 2,73 Artilheiros 10 gols Sérgio Alves (ABC) 8 gols Ivan (ABC) Zé Ivaldo (Areia Branca) ============== 1999 Campeão: ABC Vice: América Terceiro; Baraúnas 73 jogos 239 gols média de 3,27 Artilheiros 18 gols Sérgio Alves (ABC) 13 gols Robson (ABC) 12 gols George (América) Cícero Ramalho (Baraúnas) ============== 2000 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: S. Gonçalo 117 jogos 323 gols média de 2,76 Artilheiros: 26 gols Leonardo (ABC) 13 gols Nailson (América) 12 gols Gustavo (S. Gonçalo) =============== 2001 Campeão: Coríntians Vice: América Terceiro: ABC 96 jogos 282 gols média de 2,93 Artilheiros 21 gols Sérgio Alves (ABC) 12 gols Nildo (Parnamirim) 8 gols Júnior Baía (Coríntians) Hermano (Potiguar MOS) ===================== 2002 Campeão: América Vice: Coríntians Terceiro: S. Gonçalo 94 jogo 269 gols média de 2,86 Artilheiros 13 gols Júnior Baía (Coríntians) 10 gols Flaviano (S. Gonçalo) Pedro Costa (Coríntians) =================== 2003 Campeão: América Vice: S. Gonçalo Terceiro: Coríntians 48 jogos 150 gols média de 3,12 Artilheiros 12 gols Sandro Gaúcho (América) 10 gols Val Araguaia (S. Gonçalo) Paulinho Macaíba (S. Gonçalo) ====================== 2004 Campeão: Potiguar de Mossor¢ Vice: América Terceiro: S. Gonçalo 98 jogos 305 gols média de 3,11 Artilheiros 14 gols Canindezinho (Potiguar MOS) 10 gols Baiano (ASSU) 9 gols Fabinho (América) ====================== 2005 Campeão: ABC Vice: América Terceiro: ASSU 74 jogos 235 gols média de 3,17 Artilheiros 15 gols Sérgio Alves (ABC) 10 gols Marcelo (ASSU) 9 gols Barata (ABC) Reinaldo (América)
Muitos e muitos times participaram do Campeoanto Estadual nas mais variadas épocas. Algums até mudaram de nome e seguiram em frente. Mas boa parte deles também deixou de participar ou mesmo de existir, sumindo do mapa esportivo.
Boa parte ficou no período pré-Machadão (antes de 1972, quando foi entregue o então estádio Castelo Branco, o Castelão, em Lagoa Nova; que em meados da década de 1980 mudou o nome para o hoje Estádio João Machado); quando o principal estádio de futebol do Rio Grande do Norte era o Juvenal Lamartine (o JL, na Avenida Hermes da Fonseca) - como o Baependy, o Paysandu (de Vicente Farache), o Sport Club Natalense (o mesmo do remo), o Santa Cruz (fundado em 1934, estreou no Estadual em 1935 e em 1972 já havia desaparecido).
Outros, porém, resistiram bravamente, alguns até a década de 1990, como o Riachuelo (criado em 1948, teve ajuda até da Marinha em determinado período, sumiu em fins da década de 1970, "retornou" em 1987, retirou-se em seguida planejando voltar em 1994 - mas não voltou, e sumiu de vez) e o Atlético (que surgiu na década de 1910, como Centro Esportivo Natalense; mudou de nome em 1941, saindo de cena em meados da década de 1980, retornando em 1991 e sumindo em seguida; como o RAC, estudava voltar em 1994 mas não foi possível; em fevereiro de 2002 existia uma equipe com o mesmo nome, apenas na categoria de juniores).
Isto sem contar aqueles que vêm e vão, como o Força e Luz (que depois chamou-se Cosern, e mais tarde retornou ao nome original), que participou de vários campeonatos, sendo o último em 1997), e o Potyguar de Currais Novos (cuja última participação foi em 1992, e só retornou em 2002 após a desistência do Baraúnas, de Mossoró). Além, claro, dos efêmeros, como o Fluminense das Quintas (em 1997) e o Parnamirim (em 1997, quando foi apelidado pela imprensa esportiva como "Máquina Mortífera"). A lista é longa...e certo há mais nomes ainda.
Falando na lista, lá vai - pelo menos alguns ainda lembrados, incluindo alguns bem antigos, além dos mais novos participantes do Campeonato Potiguar:
A pergunta rola solta, especialmente em início de campeonato. E é um tanto complicada para responder. Mas há um ou outro levantamento "perdido", de gente que caiu "de boca" no assunto e que pode ajudar. Eis um destes levantamentos:
A tabela que segue se baseia num documento sobre o assunto, datado de 1997, no site da RSSSF (sobre estatísticas esportivas, simples mas bem interessante) - que resumi em forma de tabela e dei uma atualizada (e incluí as notas de rodapé) com os dados que tinha disponível de outras anotações.
Equipe | Cidade | Período(s) |
---|---|---|
ABC Futebol Clube | Natal | 1919-1922, 1924-1936, 1940-1951, 1953-... |
Alecrim Futebol Clube | Natal | 1924-1930, 1940-1941, 1943-1947, 1949-... |
América Futebol Clube | Natal | 1919-1922, 1924-1936, 1940-1941, 1943-1959, 1966-... |
Asas Esporte Clube | Parnamirim (6) | 1956 |
Associação Atlética Cosern (1) | Natal | 1970-1971 |
Associação Cultural Esporte Clube Baraúnas | Mossoró | 1976-1990, 1992, 1995-2001, 2004 |
Associação Cultural e Desportiva Potiguar (7) | Mossoró | 1974-1980, 1982-1991, 1994-1995, 1997-2002, 2004 |
Associação Desportiva do Vale do Açu | Ipanguaçu | 1992-1995 |
Associação Esportiva Emserv | Natal | 1995 |
Associação Sportiva Sociedade Unida - ASSU | Assu | 2002-... |
Atlético Clube Coríntians (3) | Caicó | 1977-1979, 1993-1996, 2000-... |
Baependy Futebol Clube | Natal | 1943 |
Baixa Verde Futebol Clube | João Câmara (6) | 1933-1934 |
Caicó Esporte Clube | Caicó | 1994, 1996, 2004 |
Ceará Mirim Futebol Clube | Natal | 1920 |
Centro Esportivo Natalaense (2) | Natal | 1919-1922, 1940-1941 |
Clube Atlético Piranhas - CAP | Jardim de Piranhas | 1999-2001, 2004 |
Clube Atlético Potengi (do bairro de Igapó) | Natal | 2003-2004 |
Clube Atlético Potiguar (2) | Natal | 1942-1979, 1981-1988, 1991, 1993 |
Centro Esportivo Força e Luz (1) | Natal | 1972-1979, 1995-1997 |
Currais Novos Esporte Clube | Currais Novos | 1993-1995 |
Esporte Clube Areia Branca | Areia Branca | 1994, 1998? (4) |
Ferroviário Esporte Clube | Natal | 1961-1979, 1981 |
Fluminense Futebol Clube (do bairro de Lagoa Seca) (8) | Natal | 1996-1997 |
Força e Luz Sport Club (1) | Natal | 1932-1934, 1941 |
Globo Esporte Clube | Natal | 1960-1964 |
Grêmio Futebol Clube | Natal | 1956-1957 |
Juventus Esporte Clube | Natal | 1947-1948 |
Macau Esporte Clube | Macau | 1978-1979, 1996 |
Monte Castelo Esporte Clube | Natal | 1971 |
Mossoró Esporte Clube | Mossoró | 1996 |
Natal Esporte Clube (10) | Natal | 1927 |
Paysandu Sport Club | Natal | 1922, 1928, 1940-1941 |
Parnamirim Futebol Clube | Parnamirim | 1996-1997, 2001 |
Potiguar Esporte Clube (5) | Parnamirim | 1946-1953, 1962-1964, 2002-... |
Potyguar Sport Club | Currais Novos | 1976-1984, 1991-1992, 2002-... |
Racing Sport Club (do bairro das Rocas) | Natal | 1969 |
Riachuelo Atlético Clube | Natal | 1949-1979, 1981-1989, 1993 |
Santa Cruz Esporte e Cultura | Natal | 1935-1936, 1940-1941, 1943-1959, 1962-1966 |
Santa Cruz Sport Club | Natal | 1928-1931 |
São Gonçalo FC | São Gonçalo do Amarante | 2000-... |
São Paulo FC | Parnamirim | 1999-2000 |
Sociedade Esportiva Pauferrense | Pau dos Ferros | 1996-1997, 1999-... |
Sport Club Natalense (9) | Natal | 1924, 1928-1936 |
Tuiuti Futebol Clube | Natal | 1924 |
União Futebol Clube | Natal | 1949-1950 |
Vênus Esporte Clube (do bairro da Cidade da Esperança) | Natal | 1994-1995 |
Ypiranga Futebol Clube | Natal | 1921 |
O Santa Cruz foi fundado no dia 7 de novembro de 1934, numa residência em frente ao Estádio Juvenal Lamartine. Os fundadores são Alberto Galvão de Moura, Valdemar Araújo (o "Seu" Valdemar, um dos fundadores do Diário de Natal, e o único ainda vivo - vivo em agosto/2003), Antônio Fernandes Filho, Álvaro Mesquita Açucena, Aristófanes da Trindade, Francisco das Chagas Carvalho, Geraldo Magela de Vasconcelos, José Peixoto, Leônidas Bonifácio, Ponciano Damasceno, Reinaldo Praça e Reinaldo José Iglesias.
O primeiro campeonato que participou foi o de 1935, e foi campeão estadual uma única vez, em 1943.
Nos primórdios do futebol em Natal existiu o Centro Esportivo Natalense, Em sessão de assembléia geral a 12 de maio de 1941, os sócios do CEN resolveram mudar o nome para Clube Atlético Potiguar. Sua primeira junta foi formada por Militão Chaves (presidente), Djalma Maranhão (fundador e vice-presidente; mais tarde tornou-se prefeito de Natal), Paulo de Góis (secretário) e Valter Pereira Fonseca (tesoureiro).
O uniforme era composto por camisa encarnada com listra preta horizontal e calção branco. O primeiro campeonato que participou foi o de 1942.
O Riachuelo Atlético Clube foi fundado em 16 de agosto de 1948. Segue a composição: Luiz Ferreira dos Santos (presidente), Antônio Varela da Costa (vice), José Eduardo da Silva (primeiro secretário), Benedito Valentim José de Souza (segundo secretário), Lucas Bahia Pantoja (primeiro tesoureiro), Lenilson Cavalcante (segundo tesoureiro), Raimundo Ribeiro dos Santos (diretor de esportes), Eduardo Fernandes Guimarães (diretor social), Antônio Pereira de Castro (bibliotecário - e foi diretor do RAC do primeiro ao último jogo) e Manoel Gomes da Silva (redator esportivo).
O primeiro campeonato que o RAC participou foi o de 1949.
Como foram os primeiros anos do Campeonato Estadual? Não foram poucos os que se embrenharam em matéria um tanto árdua, tal a (escassa) quantidade de informações... e a polêmica parce querer mandar em algumas edições do Estadual - em particular quando se discute a década de 1920 (mas há também bate-boca fora desse período). Senão vejamos aguns casos onde a tradição e os pesquisadores parecem se "estranhar"...
Primeiro, alguns apontam como primeiro campeonato o de 1919. Meia verdade - 1919 foi o primeiro ano em que o Estadual foi realizado integralmente. O primeiro campeonato em absoluto foi realizado, ainda que parcialmente, em 1918, pouco depois da criação da então Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos (hoje Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol - FNF).
Parcialmente? É que o Estadual de 1918 começou... mas não terminou. A competição foi interrompida pela epidemia de gripe espanhola, a tal "Influenza", que saiu matando alguns milhões de pessoas mundo afora naquela época. Tanto que em Natal as aulas foram interrompidas e reuniões proibidas, para evitar que a doença se espalhasse. Passou-se a gripe... e esqueceram do Estadual!
No ano seguinte (1919), a partir do zero começou um novo Campeonato Estadual, que teve início e fim - o vencedor foi o América.
Joaquim Martiniano, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (em janeiro/2001; em janeiro/2005 não se sabia se ainda estava vivo) escreveu algo sobre o assunto (Diário de Natal, 07.07.1981).
De acordo com Martiniano, nos anos de 1920, 1923, 1924 e 1925 o Campeonato Estadual não foi realizado. A então Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos. LND (ou, segundo outras fontes, a Liga de Desportos Terrestres, LDT - ora, para mim é a mesma entidade!), criada em 1918, estava em declínio. Só foram realizados alguns amistosos. Vale lembrar que nessa época o futebol (foot-ball, como se escrevia então, em inglês mesmo) ainda era um esporte de elite, e só mais tarde caiu no gosto do povão.
Detalhe: a tradição popular dá como campeões destes quatro anos, respectivamente, ABC, ABC, ABC e Alecrim
As pesquisas e a polêmica esquentam a partir de 1920. ABC e o Alecrim disputavam (na década de 1990) na Justiça o título de campeão estadual de 1920 - negócio muito sério! Só teve um detalhe: de acordo com levantamento de Joaquim Martiniano, baseado em jornais da época, não houve Estadual, apenas alguns amistosos.
Então, que título de Estadual - se não houve - os clubes estavam discutindo?...
Há até bate-boca (ou melhor, bate-letras) entre pesquisas. É o caso do campeonato de 1921. Pela tradição, o campeão teria sido o América. Só que as pesquisas, bem, as pesquisas... para Martiniano, que teria fuçado em vários jornais, o campeão foi o Centro Esportivo Natalaense (opinião compartilhada também pelo jornalista e pesquisador Luiz G. M. Bezerra); para outro pesquisador - Ricardo Bovi, da RSSSF Brazil (www.rsssf.org) - tomando como base o jornal A República, não houve campeão.
O que houve, então? Segundo os rascunhos de Bovi:
Data Jogo 14.08.1921 ABC ? x ? Centro 21.08.1921 Ipiranga W x O América 28.08.1921 ABC ? x ? Ipiranga 04.09.1921 Centro W x O América 11.09.1921 Centro ? x ? Ipiranga 18.09.1921 ABC 4 x 2 América 02.10.1921 ABC 2 x 2 ABC (!!!)
ABC x Centro terminou empatado; o ABC venceu o Ipiranga; e o Centro venceu o Ipiranga - porém em A República não consta o placar, apenas a referência de quem ganhou estes jogos (ou, no caso do primeiro, que ficou empatado)...
Os seis primeiros jogos formaram uma espécie de primeira fase, que ficou mais ou menos assim, quadro transcrito integralmente d'A República - naquele tempo, a vitória valia dois pontos:
Equipe Pts J V E D GP GC ABC 5 3 2 1 0 12 3 Centro 5 3 1 0 5 4 2 Ipiranga 2 3 1 0 2 1 10 América 0 1 0 0 3 2 4
Esquisito, não?
Quanto ao último placar (ABC 2 x 2 ABC), uma explicação possível que encontro é uma partida entre a equipe principal do ABC e seus aspirantes ou algo do gênero...
Em 1922, o América foi campeão do Estadual? Apesar de muitos afirmarem que foi; pelos jornais da época, de acordo com Martiniano, não foi. Explica-se: não houve Estadual, para começo. Além disso, foi realizado um Torneio do Centenário da Independência, e o campeão foi o América - com o passar dos anos, confundiu-se o Centenário com uma edição do Estadual (que não aconteceu!)... e até hoje persiste a confusão.
No ano da graça de 1924, com a Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos em declínio, não houve competição. As coisas foram acontecendo, e, nas últimas, a Liga marcou o início do Estadual para junho - o que não aconteceu nem em junho nem tão cedo... oficialmente não houve competição, mas a tradição dá conta que o ABC detém o título...
Ainda hoje há notícia de que o Alecrim conquistou seu primeiro Estadual em 1925 - título que o clube faz, naturalmente, questão de defender com unhas e dentes. Afinal, o primeiro título é inesquecível!
Aí entram os pesquisadores para, digamos, estragar a festa do popular Verdão, nascido no coração do bairro do mesmo nome. Segundo Martiniano, em 1925 não houve Estadual, mas sim uma série de amistosos, onde o Alecrim se destacou em campo e mereceu destaque semelhante nos jornais da época, como "A República" e "A Imprensa". Quer dizer, não houve título estadual... mas ficou a história que o Verdão "conquistou" o Estadual de 1925, que não houve...
E ainda há a história do técnico - sem querer ofender - "fantasma". O homem realmente existiu, o sargento Alexandre Krause, da Marinha. A tradição popular dá conta que Krause foi o técnico do Alecrim de 1925; mas, segundo Martiniano, o sargento veio a Natal em 1917 e voltou ao Rio de Janeiro em 1920, dado comprovado por documento oficial da própria Marinha - e não há notícia de um retorno a Natal, portanto como estaria comandando um time de futebol em Natal, estando no Rio de Janeiro segundo documentos oficiais? Conclusão do pesquisador: Krause não dirigiu o Alecrim em 1925, nem pessoalmente muito menos por carta...
Quem disse que cartolagem é coisa de hoje em dia? Lá vem história. Em 1928, o ABC conquistou o primeiro turno do Campeonato Estadual. O dirigente ABCdista Vicente Farache fez algumas alegações, deu uma "choradinha", "soltou as cachorras" na Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos e partiu com a equipe para uma partida fora do Estado... quando voltou desta partida, o ABC estava proclamado campeão estadual, sem segundo turno nem nada, e os outros times ficaram chupando o dedo...
Campeonatos confusos não são coisa recente. O Estadual de 1929 foi uma loucura nesse aspecto. O campeonato estava em andamento e foi interrompido no meio para se formar a seleção estadual para algumas partidas. A Liga Norte-Rio-Grandense de Desportos, para compensar, "armou" um campeonato, suspenso em setembro. Sem tempo para concluir a competição, o que fazer? A Liga somou os pontos do Primeiro Time (o principal) com os do Segundo Time (juvenis, então ditos Aspirantes) e os do Terceiro Time (infantis) de cada equipe participante. O resultado foi que, mesmo não sendo o líder, o ABC levou o caneco para casa...
Segundo a tradição, em 1942 o América foi campeão estadual. Como, se a Federação Norte-Rio-Grandense de Desportos (FND, novo nome da LND) estava sob intervenção da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, hoje CBF)? É a pergunta de Ricardo Bovi.
Vamos aos dados, Segundo Bovi:
17.05.1942 Alecrim 3 x 1 Atlético 17.05.1942 Santa Cruz 4 x 2 Força e Luz 07.06.1942 Paysandu 3 x 1 América 14.06.1942 ABC 10 x 0 Força e Luz 21.06.1942 Santa Cruz 3 x 1 Atlético 05.07.1942 Alecrim 2 x 1 América 12.07.1942 Abc 4 x 0 Paysandu 19.07.1942 Atlético 4 x 3 Força e Luz 26.07.1942 América 6 x 3 Santa Cruz 01.08.1942 Alecrim 2 x 2 Paysandu 09.08.1942 ABC ? x ? Atlético 16.08.1942 América 9 x 3 Força e Luz 23.08.1942 Santa Cruz 2 x 2 Alecrim Não há notícia sobre o resultado de ABC x Atlético.
Após os jogos de 23.08, houve intervenção da CBD na FND, interrompendo o campeonato por tempo indeterminado - a essa altura, estavam programados os jogos Santa Cruz x Paysandu, América x Atlético, ABC x Alecrim, Paysandu x Atlético, ABC x Santa Cruz, Força e Luz x Alecrim, ABC x América e Paysandu x Força e Luz. Com a intervenção e a respectiva "parada" no campeonato, não ocorreram mais jogos no decorrer de 1942 - e o Estadual terminou sem campeão.
Após a rodada de 23.08, a competição estava assim (e a vitória valia dois pontos):
Equipe Pts J V E D Alecrim 6 4 3 0 1 Santa Cruz 5 4 2 1 1 ABC 4 3* 2 0 0 América 4 4 2 0 2 Payssandu 3 3 1 1 1 Atlético 2 4* 1 0 2 Força e Luz 0 4 0 0 4 (*) Lembrando que faltam os gols de ABC x Atlético (09.08.1942).
Se pesquisas posteriores apontarem vitória do ABC, este vai a 6 pontos e passa o Alecrim no confronto direto; qualquer coisa diferente disto favorece o Alecrim (em caso de ter dado Atlético, este vai a 4 pontos; em caso de empate, o ABC vai a 5 e o Atlético a 3 - e o Alecrim permanece no primeiro lugar).
E a dúvida: se a classificação de momento favorecia Alecrim ou ABC, e o campeonato não foi retomado, como é que "deu" América?
Mas, como diabos começou esse tal de futebol no Rio Grande do Norte - ou, pelo menos, em Natal? Segue meu original, de 22.12.1998, publicado no Diário de Natal Especial 400 anos (25.12.1999, edição comemorativa de aniversário da cidade do Natal):
Rogério Torquato
Repórter de Esportes
O futebol profissional de Natal, hoje, está praticamente polarizado entre dois clubes - ABC e América. Há o Alecrim, qe há anos tenta se reerguer da crise. Mas como foi o início do futebol nesta cidade que está ficando um aninho mais velha, completando 400 anos? Onde ele começou?
Na virada do século, em Natal - acreditem - não se sabia o que era uma bola. "O futebol, aqui, surgiu com uma bola vinda da Inglaterra. Quem a trouxe foram os filhos da família Pedroza, que estudavam lá. Eles viram lá o 'Foot-Ball' e trouxeram uma bola", explica o jornalista e pesquisador Luiz G. M. Bezerra, que já presenciou muita história - e em alguns momentos faz até parte da mesma - no mundo do esporte potiguar.
Os Pedroza trouxeram a bola, isso por volta de 1903... mas quase não haviam regras. Procópio Neto, em seu último trabalho antes de morrer, em abril passado, apontava que no ano seguinte, os irmãos Fabrício e Fernando Pedroza criaram o Sport Club Natalense
Naquele tempo, sequer existia o Estádio Juvenal Lamartine - que dirá o Estádio Machadão. "O futebol, então, era jogado nos descampados, como as praças André de Albuquerque e Pedro Velho - que não eram praças ainda, eram descampados mesmo. A partir daí foram surgindo muitos clubes, cada um trazendo sua bola; mas quando a bola de um clube estourava, os componentes deste clube se desagregavam, juntando-se a outros clubes. Naquele tempo, o 'bom jogador' era aquele que ou chutava bem alto ou bem longe..."
Alguém teria que começar a colocar o futebol em ordem. "Veio Alberto Rosselli, que estudava na Suíça e também havia conhecido o 'Foot-Ball'. Ele trouxe as regras, e aí o futebl foi se organizando. Foi tanto, que no primeiro jogo de futebol, Rosselli foi o árbitro".
Isso durou até o ano de 1915, quando começaram a se formar clubes efetivamente organizados - "Nesta época surgiram o ABC, então composto basicamente por jogadores da região da Ribeira, os 'Canguleiros'; e o América, de jogadores da Cidade Alta, os 'Xarias'. Até que foi criado um terceiro clube, o Centro Esportivo Natalense".
Diga-se de passagem, o Centro Esportivo Natalense por si tem uma história interessante - "Foi criado por Antônio Afonso Monteiro Chagas, que era da Marinha. O time era formado pelos marinheiros e oficiais de três encouraçados que estavam aportados em Natal, por conta da I Guerra Mundial (1914-1918) - o 'Rio Grande do Norte', o 'Deodoro' e, acho, o 'Rio Grande do Sul'; e teve apoio dos jogadores do Alecrim, que havia sido criado há pouco tempo. Tanto, que o Alecrim parou suas atividades por um período para dar justamente apoio ao Centro Natalense". O Centro durou cerca de dois anos, até que Monteiro Chagas foi transferido. "Mas em 1921 o Centro foi campeão, e isso ninguém mais tira".
Nesse cenário, em 1918 foi criada a Liga de Futebol, hoje Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF), que tem uma curiosidade - "Sabe onde foi criada a Liga? No camarote do comandante do 'Encouraçado Deodoro'!" Aí foram vindo os campeonatos, o Estádio Juvenal Lamartine (em 1928), mais à frente o Machadão (então Castelão, em 1972)... e o presente.
Bases: levantamento de Rogério Torquato no Setor de Pesquisa do Diário de Natal (janeiro/2001); anotações do pesquisador esportivo Carlos Nascimento (janeiro/2001); levantamento de Ricardo Amaral e Julio Bovi Diogo (RSSSF e RSSSF Brazil, 1997 - www.rsssf.org); dados de Ricardo Bovi (RSSSF Brazil, 2005); original do repórter (dezembro/1999); dados de Marcos Trindade (Rádio Poti, fevereiro/2006) e atualizações anuais