Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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O triunvirato da Academia

por Armelim Guimarães
(do livro inédito "Bernardo Guimarães, o romancista da Abolição") 


Em 1849, Bernardo Guimarães cursou o 3º ano da Faculdade de Direto de São Paulo. As cadeiras eram, então, Direito Criminal e de Direto Civil.

Dos calouros desse ano, dois haviam de ser grandes amigos de B.G.: José Bonifácio de Andrada e Silva e Aureliano Jose Lessa. Havia ainda o padre Manuel Joaquim da Silva Guimarães, irmão de Bernardo.

José Bonifácio, dois anos mais moço que Bernardo, possuía alma de esteta. Claro que seria parceiro do boêmio de Vila Rica! Dominavam-no os mesmos arpejos artísticos que vibravam também nas veias do vate mineiro.

Bonifácio achava-se "profundamente imbuído dos temas românticos, como todos os poetas do momento, e em sua inspiração não seria difícil apontar fluências de Hugo, de Musset, de Espronceda, dos mestre da geração. Tinha, a mais, um certo senso de humorismo; nota que o aparentava a Álvares de Azevedo, ou talvez melhore, a Bernardo Guimarães". (Suplemento literário de "A Manhã", de 12.9.1934).

Mas o calouro que, desta feita, veio mesmo de encomenda foi Aureliano José Lessa. Ele, Bernardo e Álvares de Azevedo completavam o triunvirato que ficou famoso nas arcadas da escola.

Aureliano era mineiro, de Diamantina. Assim que chegou à Paulicéia, foi morar com Bernardo na república da Forca, no penúltimo prédio, próximo à rua da Santa Casa. Álvares Azevedo morava em Campo dos Curros (atual Praça da República).

É Bernardo Guimarães quem diria de Lessa postumamente, ao prefaciar-lhe o livro de versos, com as únicas produções publicadas do poeta diamantinense: "Fui companheiro e amigo do poeta durante a vida acadêmica; marchei, por alguns anos, de par com ele, em sua curta peregrinação por este mundo. Tive, pois, tempo bastante e ocasiões de sobra para conhecer-lhe a índole e os costumes, as tendências de seu espírito, o quilate de seu talento superior e as belas qualidades que lha dornavam o nobre e generoso coração".

Bernardo, Álvares e Aureliano....

Quando os três companheiros se separavam, era para tomar, cada um, hábitos inteiramente diferentes. Bernardo entregava-se às doces horas de sesta, na rede - ele amava as redes - como um justo, despreocupado de tudo. Álvares, com o queixo enterrado entre as mãos esqueléticas, sentava-se para pensar no túmulo. Aureliano ia recitar poemas nos teatros ou corria para a casa do abastado Vilares, pai de uma beldade. Aliás, meras desculpas de derriço, porque o interesse do poeta, segundo Francisco de Paula Ferreira de Resende, era comer dos doces finos e outros quitutes deliciosos que se serviam no rico solar...

Eram os três amigos, no dizer de Sílvio Romero, "os mais aplaudidos poetas da época". 

É de um acadêmico dos mesmos dias, Ferreira de Resende, este depoimento: "Durante o tempo em que estive em São Paulo, os estudantes que passavam como os melhores poetas ou que davam esperanças de vier a ser grandes poetas, eram apenas três: Álvares de Azevedo, que era conhecido por Maneco de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães".

Aureliano era de uma loquacidade extrema, um papagaio; Álvares, o meio-termo; Bernardo mais observava e ouvia e pouco falava.

Álvares amava o mundanismo, a boa sociedade, as pompas palacianas, e vivia a queixar-se, por isso mesmo, do viver tedioso e monótono da Paulicéia.

Aureliano era o meio termo.

E Bernardo fugia às léguas da sociedade, e só se dava bem na companhia dos íntimos.

Ele adorava uma orgia, com vinhos finos e noitadas em serenatas. Álvares. o meio termo. E Aureliano, embora também seresteiro, preferia o aplauso das platéias ao romance das ruas.

Leia também:
BG em São Paulo (1)

BG em São Paulo (2)
BG em São Paulo (3)
BG em São Paulo (4)
Boêmio incorrigível

Aureliano Lessa (poema)     


Prelúdio                        

Bernardo Guimarães

Neste alaúde, que a saudade afina,
Apraz-me às vêzes descantar lembranças
De um tempo mais ditoso;

De um tempo em que entre sonhos de ventura
Minha alma repousava adormecida
Nos braços da esperança.

Eu amo essas lembranças, como o cisne
Ama seu lago azul, ou como a pomba
Do bosque as sombras ama.

Íntegra do poema.

 

 

 
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