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Por Jo�o da Cruz e Souza

Estas poesias foram extraidas do livro Broqu�is

Jo�o da Cruz e Souza (1861-1898) era catarinense, negro e filho de escravos e viveu uma vida de mis�rias, doen�as e humilha��es. Em sua �poca, cr�ticos o anunciavam como um "negrinho mau rimador" que n�o alcan�aria sucesso porque "tinha a cruz no nome e a noite na epiderme". Um dos maiores poetas brasileiros.
Como jornalista, Cruz e Sousa foi tamb�m ousado e irreverente, escrevendo contra a escravid�o, ora em tom de combate aberto, ora em tom sarc�stico. Num de seus artigos, pelos quais ganhava um sal�rio de fome, escreveu: "N�o se liberta o escravo por pose, por chiquismo, para que pare�a a gente brasileira elegante e graciosa antes as na��es disciplinadas e cultas"; mas em outros momentos aparecia na imprensa recorrendo a um estilo humor�stico e usando pseud�nimos como Felisberto, Fil�sofo Alegre, Coriolano Sc�vola, Habitu�, Her�clito, Zat e Zot.

 

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#1 O Passeio - Neimar de Barros #2 Democracia X Rep�blica - Sidney Kulister #3 Poesias de Cruz e Souza
Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palha�o, que desengon�ado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...

Pedem-te bis e um bis n�o se despreza!
Vamos! retesa os m�sculos, retesa
Nessas macabras piruetas d'a�o...

E embora caias sobre o ch�o, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Cora��o, trist�ssimo palha�o.


Dilacera��es

� carnes que eu amei sangrentamente,
� vol�pias letais e dolorosas,
Ess�ncias de heliotropos e de rosas
De ess�ncia morna, tropical, dolente

Carnes virgens e t�pidas do Oriente
Do Sonho e das Estrelas fabulosas,
Carnes acerbas e maravilhosas,
Tentadoras do sol intensamente...

Passai, dilaceradas pelos zelos,
Atrav�s dos profundos pesadelos
Que me apunhalam de mortais horrores...

Passai, passai, desfeitas em tormentos,
Em l�grimas, em prantos, em lamentos,
Em ais, em luto, em convuls�es, em dores...


L�sbia

Cr�ton selvagem, tinhor�o, lascivo,
Planta mortal, carn�vora, sangrenta,
Da tua carne b�quica rebenta
A vermelha explos�o de um sangue vivo.

Nesse l�bio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de express�o violenta
O Amor, tr�gico e triste, e passa, lenta,
A morte, o espasmo g�lido, aflitivo...

L�sbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demon�aca serpente
Das flamejantes atra��es do gozo.

Dos teus seios ac�dulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos,
Os �pios de um luar tuberculoso...


Lubricidade

Quisera ser a serpe venenosa
Que d�-te medo e d�-te pesadelos
Para envolver-me, � Flor maravilhosa,
Nos flavos turbilh�es dos teus cabelos.

Quisera ser a serpe veludosa
Para, enroscada em m�ltiplos novelos,
Saltar-te aos seios de fluidez cheirosa
E babuj�-los e depois mord�-los...

Talvez que o sangue impuro e flamejante
Do teu l�nguido corpo de bacante,
Da langue ondula��o de �guas do Reno

Estranhamente se purificasse...
Pois que um veneno de �spide vorace
Deve ser morto com igual veneno...

 

AUXILIO GRAMATICAL

Acrobata da Dor

guizo: S.m. pequena esfera oca de metal, com pequenas aberturas ou furos, que tem dentro um peda�o de metal ou bolinha(s), e que ao ser agitada produz som.
gavroche: ? n�o tenho a m�nima id�ia.
clown: inspira��o shakesperiana; os clowns de Shakespeare eram os bobos da corte, herdeiros da tradi��o c�mica medieval e de seu repert�rio de can��es, pantomimas e mon�logos.
estertor: S.m. respira��o rouca e crepitante dos moribundos, e daqueles que sofrem de certas doen�as respirat�rias ou t�m respira��o opressa; vasca.
retesar: V.t.d. 1. tornar tenso; esticar, entesar. 2. tornar teso ou rijo; enrijar. 3. tornar-se teso; entesar-se; endireitar-se. 4. endurecer(-se), enrijar(-se), enrijecer(-se).
fremente: Adj. 1. que freme; vibrante; agitado; violento. 2. veemente, apaixonado, arrebatado.
estuoso: Adj. 1. estuante. 2. que est� em cach�o.
cach�o: S.m. 1. borbot�o 2. cachoeira alta e volumosa; tombo.
 

Dilacera��es

vol�pia: S.f. 1. grande prazer dos sentidos. 2. grande prazer, em geral. 3. grande prazer sexual.
heliotr�pio: S.m. designa��o comum �s plantas cuja flor se volta para o Sol.
dolente: Adj. que manifesta dor; magoado; lamentoso; lastimoso.
t�pidas: Adj. 1. que t�m pouco calor; mornas; t�bias. 2. frouxas, fracas.
acerbas: Adj. 1. azedas. 2. amargas. 3. duras, dif�ceis, �rduas.

L�sbia

tinhor�o: S.m. erva ar�cea, cultivada extensamente por sua beleza.
lascivo:Adj. 1. brincalh�o, travesso.2. sensual, libidinoso, l�brico, desregado.
b�quico: Adj. 1. relativo ao Deus grego Baco ou Dion�sio. 2. org�aco, bacanal.
ac�dulo:Adj.levemente �cido.
capro:
S.m.bode
letargo: S.f. 1. estado patol�gico caracterizado por um sono profundo e duradouro do qual s� com dificuldade, e temporariamente, pode o paciente despertar. 2. estado de insensibilidade caracter�stico do transe medi�nico. 3. sono profundo. 4. desinteresse, indiferen�a, apatia. 5. estado de abatimento moral ou f�sico; depress�o.

Lubricidade

serpe: S.f. 1. serpente. 2. Antiga pe�a de artilharia. 3. Bruxa.
flavos: Adj. dourados, amarelados
babujar: V.t.d. 1. sujar com babugem 2. lisonjear servilmente, adular, bajular. 3. viciar, corromper, conspurcar, aviltar. 4. chuviscar, borri�ar. 5. tocar de leve na comida, belisc�-la, em geral por inapet�ncia: lambiscar. 6. sujar-se de baba ou de comida.
l�nguido: Adj. 1. sem for�as; sem energia; frouxo, fraco, abatido, debilitado, extenuado, langoroso. 2. m�rbido, doentil. 3. voluptuoso, sensual, langoroso.
bacante: S.f. sacerdotisa de Baco; m�nede, t�ade.
Reno: o mais importante e famoso rio alem�o.
�spide: S.f. animal cordado, reptil, escamado, of�dio, da familia dos viper�deos, da Europa, com presas anteriores ocas, para inocular a pe�onha, por�m desprovido de fosseta lacrimal, como as demais v�boras pale�rticas.
vorace: S.f. voracidade; qualidade de voraz.
voraz: Adj. 1. que devora; edaz. 2. glut�o. 3. que subverte ou consome, corr�i, destr�i; destruidor, destrutivo. 4. muito �vido, ambicioso.

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