N�o me interessa se voc� � uma garota bonita ou um marmanjo barbado.

Eu queria sair com voc� sem preocupa��o de ve�culo, hor�rio, e outras imposi��es s�cio-status-econ�micas.

Vamos sair a p�, andando. Voc� esqueceu como se anda ?

Vamos sair pelas ruas vendo nossos irm�os: os mendigos adultos que sa�ram da pris�o recentemente, por um p�o roubado, e quem os prendeu, meia hora antes havia sido subornado por uma import�ncia que d� duas vezes o seu sal�rio de fome...

Vamos ver as pessoas que dizem que a desonestidade � uma necessidade imponder�vel.

Vamos ver o pequeno pedinte, esse que nas cidades grandes � chamado de "trombadinha", esse que hoje limpa meu p�ra-brisa e amanh� poder� me assassinar, pois a sociedade o obrigou a roubar para se manter.

Vamos ver gente embaixo dos viadutos. (� por isso que o postal de viaduto � sempre fotografado de cima para baixo...)

Vamos ver... ver... ver, mesmo que n�o fa�amos nada.

Voc� vai me chamar de doido. Vamos ver e n�o faremos nada ?

Sim, vamos ver, � bom para despertar a consci�ncia, para que, PELO MENOS, n�o se fabriquem OUTROS iguais a esses.

N�s os fabricamos quando usamos ou encaminhamos algu�m � prostitui��o, quando jogamos ao desemprego quem poderia ser aproveitado.

N�s os fabricamos quando esbanjamos dinheiro em v�cios e prazeres impuros, quando poder�amos dar uma chance a um despejado, a um ex-prisioneiro.

Tudo o que veremos nas ruas, por incr�vel que pare�a, � fruto da nossa ra�a, decorr�ncia do que chamamos de pecado.

Eu queria passear, mas tenho certeza que voc� n�o iria a esse passeio. Preferiria um domingo na praia ou no campo, longe da gentinha que representa o �nus do mundo, mas que, mesmo assim, n�o deixa de ser, contra sua vontade, parte da fam�lia humana.

"Sabe, cara, n�o quero ver isso. Acho melhor continuar no cada um por si. Salve-se quem puder!"