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ARTIGOS

 

REPRODUÇÃO PERMITIDA DESDE QUE MENCIONADA A FONTE

Nelly Beatriz M. P. Penteado (*) 

   1- HISTÓRICO DA PNL

   2- O TERMO "PNL" E A UTILIZAÇÃO ÉTICA DE SUAS TÉCNICAS E PRESSUPOSTOS

   3- O META MODELO DE LINGUAGEM

   4- COMO PROCESSAMOS INFORMAÇÕES

   5- FOBIAS

   6- REIMPRESSÃO ( REIMPRINT)

   7- PALAVRAS PROCESSUAIS

   8- PISTAS DE ACESSO

   9- ESTADOS INTERNOS

   10- RAPPORT

   11- PNL E CRIANÇAS

   12- COMO FORMULAR OBJETIVOS

   13- A PALAVRA "MAS"

   14- FLEXIBILIDADE DE COMPORTAMENTO

   15- EXCELÊNCIA PESSOAL

   16- VOCABULÁRIO TRANSFORMACIONAL

   17- A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA E DA T.V.

   18- A LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

  19- COMO PODEMOS DEIXAR AS PESSOAS NUM ESTADO

MELHOR DO QUE QUANDO AS ENCONTRAMOS

 

20- COMO PODEMOS AVALIAR AS SITUAÇÕES DE FORMA POSITIVA

 21- "SE É BOM OU SE É MAU, SÓ O FUTURO DIRÁ..."

 22- TODO COMPORTAMENTO TEM UMA INTENÇÃO POSITIVA

 23- A PNL E A CURA DE DOENÇAS

 24- PNL E A CURA DE ALERGIAS

 25- COMO OS VALORES CAPITALISTAS PROGRAMAM VOCÊ

 26- ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM A INSÔNIA

 27- AGENDA OCULTA

 28- CURAS RÁPIDAS

 29- AS CRIANÇAS E O "NÃO"

 30- META-PROGRAMAS

 31- "EU DEVERIA..."

 32- PEDAGOGIA DO AMOR

 33.1- PROGRAMAÇÃO NEUROLINGÜÍSTICA: USANDO OS DOIS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

 33.2- TESTE: HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

 34.1- COMO PODEMOS PROMOVER A AUTO-ESTIMA DAS CRIANÇAS (1a parte)

 34.2- COMO PODEMOS PROMOVER A AUTO-ESTIMA DAS CRIANÇAS (2ͺ parte)

 35- MUDANÇA DE PARADIGMAS

 36- BARREIRAS INTERNAS

 



1 - HISTÓRICO DA PNL

REPRODUÇÃO PERMITIDA DESDE QUE MENCIONADA A FONTE

Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

A Programação Neurolingüística (PNL) consiste num modelo que nos permite entender a estrutura da experiência subjetiva humana com a finalidade de definir, modificar ou reproduzir qualquer objetivo comportamental.

Foi criada nos EUA na década de 70 por Richard Bandler e por John Grinder, que em 1975 publicaram o primeiro livro de PNL, A Estrutura da Magia, (publicado no Brasil pela Editora Guanabara-Koogan).

Bandler estudou matemática, ciência da computação e psicologia. Grinder é lingüista e especialista em Gramática Transformacional. Juntos criaram a PNL a partir de um processo chamado modelagem.

A modelagem baseia-se na observação criteriosa de um determinado comportamento ou habilidade com o objetivo de codificá-los e torná-los disponíveis a qualquer pessoa. Em outras palavras, Bandler e Grinder descobriram que nossa experiência é o resultado da forma como vemos, ouvimos e sentimos as coisas, o que freqüentemente é chamado de "pensamento". Se aprendermos a pensar como outra pessoa, teremos adquirido as mesmas habilidades e obteremos os mesmos resultados que ela obtém.

Bandler e Grinder modelaram grandes "magos" em terapia, cujos resultados eram considerados brilhantes. Foi assim que estudaram Fritz Perls, criador da terapia da Gestalt, Virginia Satir, terapeuta familiar, e Milton Erickson, psicanalista e hipnólogo, criador de formas originais de indução hipnótica.

Neste sentido, nada do que a PNL diz ou faz é novo, pois muitas de suas técnicas já existiam antes de sua criação. Seu grande mérito foi o de ter estudado, codificado e ensinado o COMO , o processo das técnicas bem sucedidas em terapia, muito mais do que o PORQUÊ, demonstrando que se um comportamento é possível a uma pessoa, então ele é possível a qualquer pessoa. A PNL nos indica, portanto, como reproduzir a competência humana.

Desde sua criação, a PNL vem estudando e codificando várias estratégias de pessoas que se destacam em suas áreas de atuação. São estratégias de auto-estima, de comunicação, de criatividade, de flexibilidade e muitas outras que vêm sendo aplicadas com sucesso em pessoas que desejam possuí-las.

Atualmente a PNL vem sendo utilizada em praticamente todas as áreas da experiência humana: em terapia, na educação, nas artes, esportes, em organizações, vendas, no tratamento de doenças psicossomáticas, AIDS, câncer (havendo inclusive relatos de experiências bem sucedidas com estas doenças), no tratamento de compulsões (comer em excesso, fumar, etc.) e as pesquisas continuam.

Às pessoas interessadas em aprender PNL eu recomendo principalmente que participem de cursos práticos (saiba por que em meu novo artigo PNL SE APRENDE PRATICANDO), além de bons autores (clique aqui para saber quais os autores que eu recomendo para quem está começando) e também de informações disponíveis na Internet (clique aqui para uma relação de sites de PNL no Brasil e no mundo).

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2 - O TERMO "PNL "E A UTILIZAÇÃO ÉTICA DE SUAS TÉCNICAS E PRESSUPOSTOS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

O termo "Programação" vem da computação e diz respeito à instalação de um plano ou estratégia, de um programa em nosso sistema neurológico. Isto significa que nós condicionamos nosso cérebro, nós o programamos para obter um resultado específico.

Por exemplo, para aprender a dirigir um automóvel, inicialmente praticamos por partes e depois, com o tempo e com a prática, a habilidade toda se torna automática.

Portanto, um programa fornece um caminho ao nosso sistema neurológico, indicando-lhe a direção a seguir, e este caminho é fortalecido pela prática e enfraquecido pela ausência desta. Vale ressaltar que nós possuímos programas para tudo, inclusive para nos sentirmos felizes ou tristes.

Um exemplo extremo de um programa é a fobia (medos intensos, incontroláveis, geralmente desproporcionais aos elementos que os causam, como o medo de baratas, ratos, medo de altura). Uma fobia também acontece através de um condicionamento, em que uma emoção intensa é associada a um objeto, animal ou situação, o qual, a partir de então, terá o poder de causar aquela emoção. Falaremos mais sobre este tema num próximo artigo.

O termo "Neuro" refere-se ao sistema nervoso, através do qual recebemos e processamos informações que nos chegam pelos cinco sentidos: visual, auditivo, táctil-proprioceptivo, olfativo e gustativo.

O termo "Lingüística" diz respeito à linguagem verbal e não verbal, através das quais as informações recebidas são codificadas, organizadas e recebem significado. Inclui imagens, sons/palavras, sensações/sentimentos, sabores e odores. Simplificando muito, poderíamos dizer que é o que nos permite "traduzir" as informações recebidas.

O termo "Lingüística" está relacionado também ao modelo de linguagem que um indivíduo possui, e que lhe permite interagir com o mundo exterior. Este modelo amplia ou reduz a compreensão do indivíduo com relação à realidade externa. Quando muito empobrecido, dificultará o contato com o mundo e o indivíduo representará a si mesmo como tendo poucas opções para enfrentar as mais diversas situações. Isto porque nós não reagimos à realidade, mas sim à representação que fazemos dela. Para compreender, ampliar ou modificar o modelo de alguém, a PNL conta com o Meta Modelo de Linguagem, que será assunto de nosso próximo artigo.

Exemplificando o termo todo, tomemos novamente a habilidade de dirigir automóveis. Um programa nos permite fazê-lo automaticamente. Neuro: nós vemos (placas de trânsito, cruzamentos, outros carros), ouvimos (sons do motor, buzinas), sentimos (uma trepidação no volante, o contato do pé com a embreagem, etc.). Lingüística: os sons, as imagens e as sensações/sentimentos são traduzidos para que tenham significado para nós. Desta forma, um som estridente é automaticamente reconhecido como o som de uma buzina e nos lembramos de que buzinas são usadas para alertar alguém. Estas associações ocorrem rapidamente e em geral não as percebemos da forma seqüencial como a que estamos utilizando neste exemplo.

Atualmente podemos observar um crescimento na utilização da PNL e uma certa popularização de suas técnicas e pressupostos. A mídia e profissionais inescrupulosos vêm se encarregando de associá-la à literatura de auto-ajuda e àquela que prega o poder do pensamento positivo. Repetimos: PNL não é auto-ajuda e não se relaciona ao "pensamento positivo".

Alertamos o leitor para que desconfie da velha fórmula, sempre reciclada, segundo a qual o poder do pensamento positivo é capaz de criar sozinho qualquer resultado que se deseje. A PNL nos mostra que é preciso muito mais do que isto - são necessárias estratégias, que são processos internos de pensamento, e também um planejamento, que inclua onde você está está, aonde quer chegar e quais os recursos que vai utilizar para obter aquilo que deseja.

Vemos, portanto, que não existe substituto para o trabalho real, objetivo, e que se os resultados da PNL são espantosos, todavia não são mágicos, posto que seguem um caminho, uma seqüência, que podem ser descritos, aprendidos e repetidos por outras pessoas.

Quando afirmamos que a PNL estuda a estrutura da experiência subjetiva humana (que inclui nossos processos internos de pensamento, sentimento, sensação, etc.) isto quer dizer que é possível abordá-la de forma objetiva, pois apesar de ser subjetiva ela possui estrutura (uma seqüência que pode ser descrita, observada, modificada). Talvez por isso um dos principais livros da PNL se chame A Estrutura da Magia, numa referência ao fato de que os resultados aparentemente mágicos da PNL possuem uma estrutura, que é lógica, demonstrável - você não precisa acreditar na PNL para que ela funcione com você e com as outras pessoas.

É exatamente por ser prática, demonstrável, lógica, que a PNL produz bons resultados - e geralmente em tempos menores que os usados por outras abordagens.

Àquelas pessoas que acusam a PNL de ser simplista, de resolver problemas graves com "fórmulas" prontas, lembramos que quando um cientista descobre uma fórmula de uma substância ou processo que poderá ajudar a humanidade, ele a anota num papel (ou num computador), possivelmente como uma fórmula matemática. Todavia, posteriormente alguém precisará produzir concretamente aqueles passos anotados na fórmula - da mesma forma que quando você vai ao restaurante você não come o cardápio e sim os alimentos que posteriormente lhe são servidos.

Assim é a PNL: um conjunto de notações que descrevem processos, estratégias. Infelizmente algumas pessoas ainda não perceberam este fato e acabam comendo o cardápio (ou engolindo o papel que contém as fórmulas...)

(Saiba mais sobre isto lendo uma entrevista que concedi sobre a utilização da PNL).

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3 - O META MODELO DE LINGUAGEM

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Todos nós possuímos um modelo de linguagem que nos permite interagir com o mundo. Linguagem aqui quer dizer tudo o que utilizamos para representar nossa experiência: imagens, sons, palavras, sensações, sentimentos. Não há como pensar em algo sem usar pelo menos um dos elementos acima.

Por exemplo, se tomarmos a palavra "pipoca", veremos que ela nos traz a imagem que fazemos de uma ou várias pipocas, talvez a lembrança do sabor e até do som ao mastigá-las.

Todavia, a linguagem não é a experiência, mas uma representação da experiência, assim como um mapa não é o território que representa. Como seres humanos, sempre vivenciaremos somente o mapa, e não o território. Isto quer dizer que nós não reagimos às coisas em si, mas às representações que fazemos delas.

Para exemplificar o que dissemos acima, citaremos os esquimós, que têm cerca de doze palavras para designar neve: neve que cai, neve no chão, neve que serve para construir casas, etc. Para outras pessoas, a neve será sempre a mesma. Mas para os esquimós, o fato de possuírem palavras diferentes para a neve significa que eles são capazes de fazer distinções muito sutis entre os tipos de neve, o que lhes permite agir com maior número de escolhas em seu mundo.

Um outro exemplo seria o de duas pessoas recusadas para uma vaga numa empresa. A primeira representou o fato como decorrente de sua incapacidade, de sua falta de experiência e de sua inadequação ao cargo. A segunda representou o mesmo fato como algo corriqueiro, podendo até ter achado que não foi escolhida por estar superqualificada para o cargo. Nenhuma das duas sabe o real motivo pelo qual foi recusada, mas cada uma delas representou a recusa a seu modo, de acordo com o seu "mapa", que é produto de experiências, emoções e aprendizagens passadas.

Como pudemos constatar nos dois exemplos, um mapa amplia ou reduz as possibilidades de alguém.

As pessoas formam seus mapas a partir de suas experiências, tanto internas como externas. Sendo assim, se não é possível mudar os fatos, a PNL nos ensina como mudar a experiência subjetiva, a representação que as pessoas têm do mundo e de si mesmas. Isto é possível através do Meta Modelo de Linguagem, que vai reconectar a linguagem à experiência, vai buscar a mensagem oculta, as crenças que existem por trás de palavras e frases.

Retomando o exemplo da recusa para um emprego, imaginemos que a primeira pessoa disse: "Eu fui rejeitada porque sempre fico com medo nessas situações". Alguém experiente no uso do Meta Modelo de Linguagem perceberia as lacunas existentes na frase, ou seja, há omissões, generalizações e distorções (consulte o próximo artigo) nela que o emissor provavelmente não percebe conscientemente. Para ele, as coisas são da maneira como afirmou e ele talvez não veja como poderiam ser diferentes.

As informações suprimidas poderiam ser recuperadas com perguntas como: "Você tem medo do quê?" "Você sempre fica com medo?" "Em algumas dessas ocasiões você não sentiu medo?" "Então você acredita que se não sentisse medo, não seria recusado?" e assim por diante. À medida em que se vai questionando, vai-se modificando o mapa da outra pessoa, que é obrigada a completá-lo, a preencher suas lacunas, a atualizá-lo. Como conseqüência, ela passará a ter um outro tipo de representação, que por sua vez a levará a um resultado comportamental diferente.

O Meta Modelo compreende um conjunto de instrumentos com os quais se pode construir uma comunicação melhor. Ele pergunta o que, como e quem, em resposta à comunicação do emissor.

Ao utilizar o Meta Modelo é necessário estar atento às próprias representações internas. Assim, se alguém nos diz: "Meus filhos me aborrecem", não é possível formar um quadro completo da situação. É necessário perguntar "como": "Como especificamente seus filhos o aborrecem?" Por outro lado, se assumirmos que conhecemos o significado preciso de "aborrecem", com base apenas em nossa experiência, então na verdade estaremos encaixando tal pessoa em nosso modelo de mundo, em nosso mapa, esquecendo-nos do mapa dela.

Lembramos que o objetivo do Meta Modelo é reconectar a representação à experiência, o que equivale a dar nome às coisas e fatos.

Ao questionarmos, por exemplo, a palavra "medo", procuraremos reconectar a palavra (representação) à experiência real de sentir medo. Imaginando que as palavras são como pastas de um imenso arquivo, há pessoas que arquivam na pasta "medo" experiências que seriam melhor arquivadas em outras pastas .

Não se trata de abordar teoricamente e dissociadamente as situações e sensações, como em algumas abordagens terapêuticas, mas sim de um instrumento que nos permite modificar as representações internas de uma pessoa, nos permite clarear pontos, completar mapas.

Todos os padrões do Meta Modelo estão descritos no livro A Estrutura da Magia, de Richard Bandler e John Grinder (Editora Guanabara-Koogan), cuja leitura recomendamos.

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4 - COMO PROCESSAMOS INFORMAÇÕES

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Recebemos informações do mundo através dos cinco sentidos: visual, auditivo, gustativo, olfativo, táctil-proprioceptivo. Ocorre que a informação recebida precisa ser processada internamente, precisa ser representada, e este processo é individual, personalizado, o que equivale a dizer que dois indivíduos representarão um mesmo fato de formas diferentes.

Isto acontece porque há três processos envolvidos na representação de informações: omissão, distorção e generalização.

A omissão ocorre quando omitimos parte da informação recebida. É ela que, por exemplo, nos permite prestar atenção no que uma pessoa está dizendo e ignorar todos os demais sons existentes num local de muitos ruídos. Ou então, quando estamos bem humorados e não prestamos atenção às pequenas contrariedades de nossa experiência, como por exemplo os semáforos que estavam todos fechados, o trânsito lento.

A distorção é freqüente nos casos de mal-entendidos, em que uma pessoa disse ou fez uma coisa e a outra pessoa percebeu algo completamente diferente. Ou também nas chamadas "fofocas", em que um fato é aumentado ou deturpado.

A generalização consiste no fato de que ao recebermos uma informação, temos a tendência de generalizá-la para outros contextos. É ela que nos permite aprender, por exemplo, a andar de bicicleta e a partir desta aprendizagem generalizar para outros tipos de bicicleta.

A generalização também acontece nos casos de preconceito. Por exemplo, se uma pessoa teve uma experiência negativa com um indivíduo de determinada raça, religião ou nacionalidade, poderá generalizar achando que todos os indivíduos semelhantes no aspecto que está sendo considerado (raça, religião, etc.) são iguais.

Após analisarmos os três processos através dos quais as informações são representadas, podemos entender melhor por que dois indivíduos representam um mesmo fato de formas diferentes e também por que o mapa não é o território que representa (como afirmamos em nosso artigo anterior).

Nós sempre reagiremos às representações que fazemos das coisas (aos mapas) e nunca às coisas propriamente ditas.

Convidamos o leitor a tomar qualquer experiência de que goste, como por exemplo saborear um determinado tipo de alimento. Analisando minuciosamente por que gosta deste alimento, verá que gosta dele porque faz imagens que são atraentes, enfatizando a cor, o brilho, incluindo talvez a sensação da consistência, do contato do alimento com a boca, o cheiro, e possivelmente associando tudo isso a emoções como felicidade, aconchego, alegria, festa, etc. Tudo isto (imagem, associações com alegria, etc.) é representação. É da representação que você gosta, e não propriamente do alimento. Você já deve ter observado que enquanto você adora um alimento, outras pessoas o detestam. A representação que elas têm do alimento em questão é bem diferente da sua. E se elas aprenderem a representá-lo da mesma maneira que você, passarão a gostar dele!

Não é por acaso que as propagandas exploram estes aspectos em larga escala. Em geral, elas contêm apelos aos cinco sentidos e uma ou mais associações a sentimentos de paz, sucesso, felicidade, etc. (Falaremos mais a respeito dos aspectos manipulados pela propaganda num próximo artigo).

Nós aprendemos por repetição e rapidez. Portanto, uma associação feita rapidamente e repetidas vezes, como é o caso da propaganda, tende a se estabelecer em nosso sistema neurológio. Trata-se de um condicionamento.

O que dissemos acima também se aplica a experiências marcantes em nossas vidas, capazes de influenciar nossa auto-imagem. Tomemos por exemplo o caso de duas crianças ridicularizadas na escola por terem errado um exercício na lousa. A primeira associa à experiência uma grande carga de emoção (vergonha, humilhação, incapacidade), representando a situação à sua maneira (talvez com grandes imagens dos colegas rindo, com o som de suas gargalhadas mais alto do que o som ouvido na realidade, etc.) . Já uma outra criança talvez nem se lembre do fato depois de um certo tempo e não lhe atribua maior importância.

O que faz a diferença aqui é a maneira através da qual cada criança representa a situação, o tipo de "etiqueta" que colocam ao organizarem seu arquivo de lembranças. Como já dissemos, é à representação que reagimos e não à situação, ao fato real, e na representação entram os processos de omissão, distorção e generalização. Portanto, é provável que a primeira criança tenha omitido dados da experiência, tenha distorcido outros e que ela generalize o ocorrido a todas as situações que envolvam os mesmos elementos (situações em que se exponha à opinião alheia).

As técnicas da PNL visam dar um outro significado (resignificar) ao ocorrido, já que não é possível alterar os fatos. Visa ainda desfazer o condicionamento, a associação, através da manipulação de aspectos específicos da representação da experiência (mudanças sutis nas características da imagem, som, sensação/sentimento, etc.).

No próximo artigo continuaremos a discorrer sobre este assunto quando abordaremos as fobias (medos intensos e desproporcionais às suas causas).

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5 - FOBIAS

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Uma fobia consiste basicamente num medo intenso, incontrolável e por vezes insuportável à pessoa que o experimenta, sendo desproporcional em relação aos elementos que o causam. Desta forma, há indivíduos com fobias de altura, escuridão, lugares fechados, lugares abertos, aviões, água, elevadores, etc.

Uma reação fóbica ocorre de forma instantânea, automática, diante de um estímulo externo (o elemento causador da fobia). O indivíduo poderá experimentar taquicardia (coração batendo acelerado), falta de ar, transpiração excessiva ("suar frio"), dentre outros sintomas.

O medo em geral não pode ser explicado pelo indivíduo, que conscientemente não entende por que o sente e talvez até o considere ilógico. Isto porque o medo está associado a experiências traumáticas passadas (ou, às vezes, a experiências traumáticas projetadas no futuro) que estão fora da consciência do indivíduo.

Para compreender o aspecto aparentemente ilógico de uma fobia, imaginemos um homem forte, corajoso, um campeão de boxe por exemplo, que, todavia, se vê totalmente aniquilado quando entra num elevador. A um mero espectador, a cena seria incompreensível: como um homem tão forte pode ter medo de algo tão inofensivo?

Contudo, trata-se de uma reação intensa aprendida no passado, talvez na infância, quando o homem associou o medo ao elevador, ou por ter passado por uma experiência traumática envolvendo elevadores, ou mesmo por tê-la apenas imaginado.

Note-se que as fobias muitas vezes se formam na infância porque este é um período em que há poucos recursos, poucas vivências em relação à experiência traumática. A fobia também pode ter início em outros momentos da vida, nos quais o indivíduo está temporariamente sem recursos, fragilizado, experimentando uma emoção muito forte ( como por exemplo um assalto, a perda de alguém muito próximo).

Da mesma forma que um determinado aroma ou uma música nos lembram uma pessoa, ou um momento de nossas vidas, uma fobia também é uma associação entre uma sensação e um estímulo.

Na formação da fobia participam os processos de omissão, distorção e generalização (descritos em nosso artigo anterior).

Omissão porque partes da experiência original (ou a experiência toda) são eliminadas da consciência.

Distorção porque em geral a representação da experiência não corresponde ao que ocorreu na realidade. Por exemplo, um indivíduo com fobia de ratos pode ter um dia imaginado que muitos ratos o estavam devorando, quando na verdade um único rato apenas havia passado perto dele. Pode ainda formar imagens (geralmente inconscientes) imensas, aterrorizantes, muito coloridas e próximas de um ou mais ratos, e reviver a experiência traumática como se estivesse passando por ela novamente.

A generalização acontece em virtude de que o indivíduo vai apresentar a reação fóbica sempre que estiver diante do objeto causador da fobia, em todas as situações e ambientes.

As reações fóbicas em geral acontecem quando as pessoas formam imagens da situação que causou a fobia como se estivessem nelas, associadamente (ainda que não se dêem conta disso). Quando uma pessoa se recorda de um fato estando associada nele, seus sentimentos estão contidos no próprio fato. Porém quando as pessoas vêem a si mesmas passando pela experiência, dissociadamente, como se assistissem a um filme, têm sentimentos sobre o que vêem. Neste caso, há uma certa distância entre o indivíduo e o fato.

A associação e a dissociação, conforme a descrição acima, são técnicas bastante úteis utilizadas pela PNL. Convidamos o leitor a experimentá-las com suas próprias lembranças. Imagine, por exemplo, a experiência de estar andando numa montanha-russa - se já esteve numa antes - ou outra experiência pela qual já tenha passado. Passe um filme da situação de forma que possa se ver passando pela experiência. Agora, "entre" dentro do filme, associe-se, passe pela experiência como se ela estivesse acontecendo agora, e experimente a diferença. Você poderá usar estas técnicas em inúmeras situações de sua vida. A dissociação, quando se lembrar de fatos desagradáveis, evitando assim passar pela situação novamente e sentir-se mal em conseqüência disto. A associação para recuperar sensações agradáveis.

Na cura da fobia, a PNL utiliza basicamente a dissociação no processo de desfazer a associação entre o estímulo e a sensação ( a resposta fóbica). Isto em geral é feito de forma simples, segura e rápida, lembrando que uma das formas através das quais aprendemos é a rapidez (a outra é a repetição).

Ressaltamos que a PNL não se ocupa do conteúdo da fobia, mas da sua forma, seu processo. Por este motivo, não se perde em intermináveis interpretações e explicações sobre o porquê um indivíduo é fóbico.

Todavia, o indivíduo é considerado como um todo, ou seja, são verificadas outras questões que podem estar influenciando a fobia. Como exemplo, citamos os ganhos secundários, que ocorrem quando o indivíduo obtém vantagens a partir de seu problema, como atenção e afeto. Enquanto não for resolvida esta questão, ele não será curado da fobia.

Uma outra estratégia utilizada em alguns casos de fobia ( e no tratamento de sentimentos e comportamentos que o indivíduo não consegue alterar pelo simples esforço consciente e compreensão intelectual) é a reimpressão, que será assunto de nosso próximo artigo.

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6 - REIMPRESSÃO ( REIMPRINT)

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Uma impressão (imprint) ocorre quando um indivíduo passa por uma experiência significativa, à qual associa forte emoção e a partir dela forma uma ou mais crenças.

Para a PNL, o que importa não é o conteúdo da experiência, mas sim a crença ou impressão gerada a partir da mesma. Dito de outra forma, importa o significado que o indivíduo atribuiu à experiência, as conclusões a que chegou.

O conceito de impressão foi proposto por Konrad Lorenz, que estudou o comportamento dos patos no momento em que saíam do ovo. Neste momento, eles imprimiam a figura materna, de forma que o que quer que fosse que se movesse, e que estivesse perto no momento em que saíam do ovo, passava a ser seguido e "se tornava" a mãe dos patinhos.

Lorenz verificou que os patinhos "imprimiram" as botas que ele usava no momento em que saíram do ovo e então passaram a segui-lo, como se as botas fossem a "mãe". Ele tentou apresentá-los à mãe-pata, mas eles a ignoravam e continuavam a segui-lo.

Lorenz acreditava que as impressões ocorriam em momentos importantes do desenvolvimento neurológico e que não era possível alterá-las posteriormente.

Timothy Leary estudou o fenômeno da impressão nos seres humanos e descobriu que estes possuem um sistema nervoso mais sofisticado que o dos patos, e por este motivo o conteúdo das impressões poderia ser acessado e reprogramado (reimpresso).

Leary também identificou períodos críticos no desenvolvimento dos seres humanos. As impressões ocorridas nestes períodos geravam crenças básicas, que moldavam a personalidade e inteligência do indivíduo: crenças sobre ligações sentimentais, bem-estar, destreza intelectual, papel social, etc.

As impressões podem ser experiências "positivas", que geram crenças úteis, ou experiências traumáticas, que conduzem a crenças limitantes. Na maioria das vezes, elas incluem pessoas significativas, que inconscientemente podem ter servido de modelo.

A diferença entre uma impressão e uma lembrança ruim, tal como uma fobia, é que na impressão associa-se uma crença à lembrança, em geral uma crença de identidade ( do tipo "eu sou": fraco, forte, capaz, incapaz, etc.).

A técnica da reimpressão (reimprint) utilizada pela PNL parte da crença e da sensação associada à impressão, como forma de guiar o indivíduo de volta ao passado, até o momento em que passou pela experiência de impressão. Esta é uma forma de regressão que, ao contrário de certas intervenções feitas por outras abordagens terapêuticas, é feita conscientemente, com o indivíduo "acordado" e totalmente no controle da situação. De volta ao fato, ele pode descobrir que recursos ele e as demais pessoas envolvidas teriam precisado naquela época para que ele não se sentisse daquela maneira.

A reimpressão é usada no tratamento de traumas, crenças limitantes, sentimentos e comportamentos persistentes na vida adulta (como timidez, insegurança, agressividade, etc.) e em alguns casos de fobia.

Ela permite retroceder no tempo e descobrir a experiência geradora de tais crenças, sentimentos e comportamentos, os quais o indivíduo não consegue alterar pelo simples esforço consciente e compreensão intelectual.

O indivíduo não poderá apagar os fatos que compõem a sua história, mas poderá mudar seu ponto de vista a respeito deles. Seria como reviver aquela experiência só que agora levando consigo toda a vivência e os recursos obtidos ao longo dos anos.

Para um aprofundamento no tema recomendamos o livro CRENÇAS: CAMINHOS PARA A SAÚDE E O BEM-ESTAR, de Robert Dilts, Tim Halborn e Suzi Smith (Editora Summus).

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7 - PALAVRAS PROCESSUAIS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Ao longo do tempo, só temos consciência de uma pequena parte de nossa experiência.

Enquanto lê esta frase, você pode estar atento aos sons à sua volta, à temperatura ambiente, às letras do texto, ao gosto em sua boca, ou à qualidade do ar que respira. É provável que você tenha prestado atenção a cada aspecto que foi sendo sugerido aqui e que antes disto não estivesse atento a todos eles.

Isto acontece porque nós não prestamos atenção a tudo e durante o tempo todo. A consciência humana é um fenômeno limitado. Nós selecionamos parte da experiência e omitimos o que resta. E esta seleção é determinada por nossas capacidades sensoriais, motivações atuais e por aprendizagens ocorridas na infância.

Se estamos atentos a um programa de TV, é provável que não prestemos atenção aos demais sons existentes no ambiente, mesmo quando alguém nos pergunta algo. Isto porque nossa motivação dirige e concentra nossa atenção.

Se uma mãe diz a uma criança: "Amo você, meu filho", mas com uma expressão de desdém, cerrando os dentes e os punhos, em qual das duas mensagens a criança acredita? É bem provável que ela dê mais atenção à parte visual da experiência, ou seja, que confie no que vê, muito mais do que no que ouve, e leve consigo esta aprendizagem para toda a sua vida. É desta forma que as pessoas aprendem a privilegiar a parte visual, auditiva ou cinestésica da experiência.

Como ouvintes, podemos discernir qual a parte da experiência de uma pessoa que está sendo representada em sua linguagem verbal prestando atenção às palavras processuais, aos predicados utilizados: adjetivos, verbos e advérbios.

A tabela abaixo contém exemplos de palavras processuais.

 

VISUAIS

AUDITIVAS

CINESTÉSICAS

INESPECÍFICAS

ver

ouvir

aconchegante

acreditar

imagem

dizer

confortável

aprender

claro

falar

sentir

estimular

ponto de vista

perguntar

sensação

"sacar"

brilhante

explicar

gosto

estudar

quadro

estalo

cheiro

saber

luz

comentário

pesado

igualar

aparência

boato

macio

detalhe

observar

tom

doce

decidir

obscuro

barulho

bloqueio

pensar

 

Tomemos o seguinte diálogo entre um vendedor e um cliente:

 

- Eu quero comprar um carro que seja confortável, em que eu me sinta muito bem, e que seja macio para dirigir.

- Pois não, senhor. Acabo de ter uma idéia brilhante. Eu imagino que o senhor gostaria muito de um carro de estilo jovem, como este aqui. Veja que linda cor...

 

É bastante provável que a venda não se efetue. É como se o cliente e o vendedor estivessem falando línguas diferentes. O cliente fala usando predicados que indicam que ele está num acesso cinestésico de sua experiência ("confortável", "sinta", "macio"), e também que ele privilegia critérios cinestésicos ao comprar um carro. Já o vendedor responde utilizando palavras processuais (predicados) visuais ("brilhante", "imagino", "estilo jovem" , "veja", "cor"). O cliente está pedindo uma coisa e o vendedor está lhe mostrando outra.

Isto acontece também com casais. Se a mulher usa predominantemente o canal sensorial auditivo e o marido o visual, ela poderá se queixar: "Meu marido não me ama. Ele nunca diz que me ama". E neste caso, o marido não diz porque para ele não é importante dizer, mas mostrar, visualmente, que ama a esposa, talvez levando-a a passeios, trazendo-lhe flores. O marido poderá ter a mesma queixa em relação à esposa porque ela não demonstra (visualmente) que o ama. Para o marido, não é importante que ela diga, mas que ela mostre que o ama (talvez deixando a casa mais bonita, cuidando de sua própria aparência ou preparando-lhe pratos que sejam visualmente atraentes).

Cada palavra processual usada (visual, auditiva, cinestésica) indica que a experiência interna daquele que fala está sendo representada num determinado sistema sensorial. O uso habitual de uma categoria de palavras processuais em detrimento de outra é indicativo de um sistema representacional primário. Este é o que é mais desenvolvido e usado com mais freqüência do que outros. Resultará no fato de que o indivíduo perceberá o mundo primordialmente através deste sistema.

Predicativos que não apontam nenhuma das partes da experiência (visual, auditiva, cinestésica) são chamados de inespecíficos. Isto é, não indicam como o processo está sendo representado.

E qual a utilidade em saber o sistema sensorial predominante de uma pessoa? A utilidade está diretamente relacionada à capacidade de relacionar-se com alguém de modo eficaz. Significa saber "falar a mesma língua" que o outro. Significa saber compreender e se fazer compreendido.

O ideal seria que todos nós tivéssemos todos os canais sensoriais igualmente desenvolvidos. Isto poderia ser comprovado através do uso equilibrado das palavras processuais, sem que houvesse predomínio de uma classe sobre outra. Em geral, não é isto que acontece com a maioria das pessoas.

Todavia, é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Sugerimos para isto a seguinte experiência: reserve um dia da semana para treinar cada canal sensorial. Por exemplo, às segundas-feiras, proponha-se a treinar seu olfato. Neste dia, esteja disposto a ampliar sua capacidade olfativa e a sentir o maior número possível de odores. Faça o mesmo com o paladar e com os canais cinestésico (sensações: quente, frio, áspero), auditivo e visual.

Sugerimos ainda ao leitor que treine a identificação de palavras processuais ouvindo programas de entrevistas. Observe o que acontece quando o entrevistado está usando palavras processuais auditivas e o entrevistador lhe pergunta algo usando palavras visuais. Muitas discussões acontecem pelo simples fato de que as pessoas não conseguem entender umas às outras porque estão utilizando canais sensoriais diferentes.

E para saber qual é seu canal sensorial predominante, conte as palavras processuais que você utiliza ao escrever um texto neutro, ou seja, um texto que não se refira especificamente a experiências apenas visuais (um texto que falasse sobre fotografia, por exemplo), auditivas (um concerto) ou cinestésicas (a comida de seu restaurante favorito).

Se em seu texto existirem mais palavras auditivas, isto quer dizer que seu canal auditivo é mais desenvolvido e utilizado em relação aos demais. Quer dizer que você dá preferência à parte auditiva das situações. E as palavras processuais menos utilizadas, aquelas que você usou em menor número em seu texto, correspondem ao canal menos utilizado e que poderia ser mais explorado.

Há pessoas que são tão visuais que são capazes de falar durante meia hora sobre um almoço delicioso usando apenas palavras visuais (Falando sobre a beleza dos pratos, da louça, dos talheres, etc.).

Já outras, são mais cinestésicas e estão sempre dizendo "Eu sinto...". Geralmente são pessoas que gostam de tocar nas demais, gostam de abraçar.

Pessoas predominantemente auditivas dizem muito "E então eu disse... Daí ele falou..." " Eu sempre falo que..."

E você? Já sabe qual é sua predominância? Ou você é uma dessas raras pessoas que são equilibradas quanto ao uso dos canais sensoriais?

 

(Se você está realmente muito curioso para saber qual é seu canal sensorial predominante, clique aqui para fazer um TESTE)

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8 - PISTAS DE ACESSO

REPRODUÇÃO PERMITIDA DESDE QUE MENCIONADA A FONTE

Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

A fim de que você compreenda as informações que serão discutidas a seguir, sugerimos a seguinte experiência:

1 - Pense num momento muito especial de sua infância.

2 - Como era a voz de sua professora predileta?

3 - Sinta o gosto do sorvete de morango.

Para cumprir estas tarefas foi preciso conseguir acesso a certas classes distintas de experiências passadas. Chamamos o processo de obtenção da informação (o processo de conseguir a informação subjetiva: as imagens, os sons, as palavras e sensações que fazem parte das memórias e fantasias) de acesso. Pistas de acesso são os comportamentos não verbais que indicam como a informação foi colocada à disposição da mente consciente. Pistas de acesso são os movimentos dos olhos que indicam como uma pessoa pensa - se através de imagens, palavras ou sensações.

Quando se observa uma pessoa e seus olhos estão voltados para cima e à direita (dela), isto significa que ela está criando imagens (acesso visual construído), como por exemplo, a imagem de como ela ficaria se usasse determinado tipo de roupa.

Todos provavelmente já passaram pela experiência de fazer uma pergunta a alguém que desviou o olhar, mexeu os olhos para cima e para a esquerda e disse: "Huuummm, deixe-me ver...". E viu. Buscou em suas imagens visuais recordadas.

Portanto, as pistas de acesso podem ser detectadas pela simples observação dos movimentos oculares.

Especificamente para pessoas destras, consideremos o movimento dos olhos na direção mostrada na ilustração abaixo:

 

 

Vl - Visual lembrado (olhos voltados para cima e à esquerda): ver imagens de coisas vistas antes. Exemplos de perguntas que eliciam este tipo de acesso incluem: "Qual a cor dos olhos de sua mãe?" "Como era a primeira casa em que você morou?"

Vc - Visual construído (olhos para cima e à direita): Ver imagens de coisas nunca vistas antes. Exemplos: "Como seria um elefante azul de bolinhas amarelas?" "Como você seria se tivesse cabelos verdes e olhos vermelhos?"

Al - Auditivo lembrado (olhos na linha média e à esquerda): Lembrar de sons ouvidos antes. Exemplos: "Como é o alarme do seu despertador?" "Como é o som de uma cachoeira?" "Qual a primeira palavra que você disse hoje?"

Ac - Auditivo construído (olhos na linha média e à direita): Ouvir palavras nunca ouvidas realmente dessa maneira antes. Pôr palavras e sons juntos numa nova forma. Exemplo: "Se você fosse criar uma música agora, como ela seria?" "Se você pudesse fazer uma pergunta ao presidente Fernando Henrique, o que diria?"

Ai - Auditivo interno - ou Auditivo digital (olhos voltados para baixo e à esquerda): Falar para si mesmo, diálogo interno. Exemplo: "Diga algo a você mesmo, algo que você se diz freqüentemente" "Recite um verso mentalmente".

C - Cinestésico (olhos para baixo e à direita): sentir emoções e sensações. Exemplo: "Como é a sensação de correr?" "Como você se sentiu hoje pela manhã, logo que acordou?"

 

Para pessoas sinistras (as chamadas "canhotas") os padrões são invertidos: o acesso visual construído é observado do lado esquerdo, o visual lembrado do lado direito, e assim por diante.

Quando afirmamos que os movimentos oculares são padrões, queremos dizer que eles são observados em todas as pessoas dotadas de uma organização neurológica normal.

Algumas pessoas apresentam algumas diferenças em relação a este padrão, como olhos voltados sempre para cima, à direita ou esquerda, a qualquer pergunta que se faça, indicando que elas necessitam primeiro ter a imagem do que quer que seja para depois poderem ter acesso à experiência sugerida. Por exemplo, para se lembrarem do gosto do sorvete de morango, primeiro necessitam da imagem do sorvete para depois se lembrarem do sabor (acesso cinestésico).

Outras pessoas apresentam olhos voltados para cima, no centro, como se fixassem um ponto, com pupilas dilatadas. Isto indica acesso visual e concentração.

Pessoas que privilegiam por exemplo a visão para perceber o mundo, certamente estão perdendo muitas informações auditivas e cinestésicas. O mesmo acontece com aquelas que privilegiam os canais auditivo e cinestésico.

O ideal seria que nós tivéssemos todos os canais sensoriais igualmente desenvolvidos, o que nos possibilitaria uma experiência mais completa da realidade.

Há também outros indicativos que nos informam o tipo de acesso de uma pessoa, tais como os movimentos respiratórios (por exemplo, respiração rápida indica acesso visual), o ritmo da voz, etc. (Para um aprofundamento no tema, consulte Sapos em Príncipes, de R. Bandler e J. Grinder, EditoraSummus).

O conhecimento e a prática em relação às pistas de acesso permitem-nos:

1 - Fazer com que uma pessoa tenha acesso ao tipo de experiência que é necessário para que compreenda o que lhe estamos comunicando.

2 - Saber quando uma pessoa está conscientemente ouvindo, vendo, sentindo e quando ela está "longe", abstraída em seus processos subjetivos.

3 - Estabelecer um bom contato (rapport) com qualquer pessoa, de forma suave, eficaz e elegante.

4 - Lembrar com mais facilidade de experiências, como por exemplo se quisermos nos lembrar do caminho que percorremos para chegar a um determinado local (ou onde guardamos um objeto que não conseguimos encontrar), basta que voltemos os olhos para cima e à esquerda (visual lembrado).

Portanto, lembramos aos professores que uma criança que está olhando para cima durante a aula pode não estar "no mundo da lua", mas visualizando, lembrando-se da grafia de uma palavra ou construindo palavras e frases.

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9 - ESTADOS INTERNOS

REPRODUÇÃO PERMITIDA DESDE QUE MENCIONADA A FONTE

Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Você já passou pela experiência de estar em "maré alta"? Aquele dia ou período em que tudo é bonito, as pessoas são gentis e você é feliz?

Você já passou por um dia em que nada dá certo? Aquele dia em que você "acordou com o pé esquerdo"?

Você é a mesma pessoa nas duas situações. A diferença está no estado neurofisiológico em questão - o estado interno.

A maioria de nossos estados internos acontece de forma automática - sem controle consciente - porque estamos "acostumados" (programados) a reagir daquela maneira.

Você já percebeu como muda o seu estado interno quando você vê uma pessoa de quem não gosta? Se você estava alegre, imediatamente aquela alegria é temporariamente interrompida para dar lugar a um outro tipo de estado interno.

Uma outra experiência comum é estarem várias pessoas num domingo à noite, conversando animadamente, quando então ouvem pela T.V. a música de abertura do Fantástico. É o anúncio do final do domingo e do início de uma nova semana. Imediatamente alguns param de conversar, ficam pensativos, outros desanimados. Este é um exemplo de como um estímulo externo (a música) é capaz de alterar um estado interno.

Um estado interno é criado a partir da nossa representação interna e das condições e uso de nossa fisiologia.

Imaginemos uma mulher numa festa. Ela se divertiu muito durante quatro horas. No último minuto da festa, ela derruba um copo de vinho em sua roupa e sai arrasada. Quando lhe perguntam se a festa estava agradável, ela responde que não, que foi horrível. Um minuto foi suficiente para acabar com a representação interna formada em quatro horas. E por este motivo, esta mulher mudou seu estado interno de alguém que estava se divertindo para alguém que saiu arrasado.

Imaginemos agora uma esposa esperando pelo marido à noite. Ele está atrasado. Mas a esposa está num estado interno tranqüilo, despreocupado, e por isso o atraso do marido não a preocupa. Em suas representações internas, ela o imagina trabalhando.

Agora, se ela estivesse num estado interno de preocupação ou desconfiança, sua representação interna do atraso do marido talvez incluísse um caso extraconjugal. Ela poderia então imaginá-lo com outra mulher, o que a deixaria ainda mais desconfiada. Quando o marido chegasse, ela provavelmente discutiria com ele e lhe perguntaria quem é a "outra"...

Portanto, nossa representação interna dos fatos determina o estado em que nos colocamos.

A maior utilidade para este conhecimento está relacionada a estados de capacidade e de incapacidade (estados de recursos e estados limitantes).

Quando vamos realizar algo e acreditamos que somos incapazes, nós entramos no estado de ser incapaz e nossa fisiologia responde prontamente como se fôssemos incapazes. Nosso cérebro envia um comando às partes de nosso corpo envolvidas na ação.

Imaginemos um jogador de futebol cobrando um pênalti. Se ele se considera incapaz, naquele momento seu cérebro obedece a esta ordem e envia um comando para seus músculos, que executam a cobrança como se ele fosse de fato um incapaz, ou seja, ele não faz o gol.

É o mesmo que andar numa corda-bamba. Descobriu-se que para um equilibrista ter sucesso nesta ação, é necessário que ele tenha apenas uma imagem: a imagem de si mesmo andando com sucesso. Se ele tiver duas imagens, uma de sucesso, outra de fracasso, uma ao lado da outra, ele provavelmente cairá porque seu cérebro não sabe qual a representação interna que deverá realizar.

Conclui-se que a dúvida nos atrapalha com relação aos nossos objetivos porque é como se ela nos colocasse diante de dois caminhos. A PNL adotou uma frase que resume bem isto: "Quer você acredite que pode (realizar algo), quer acredite que não pode, de qualquer forma você está certo".

Nossa fisiologia também influencia nossas representações internas. Se estamos tensos, se nos alimentamos mal, se dormimos mal, se estamos sentindo dor, tudo isto influencia diretamente nossas representações internas. Por este motivo, não é recomendável fazer compras no supermercado quando se está com fome. A fome, que é um estado interno causado por condições fisiológicas, faz com que representemos todos os alimentos encontrados como muito mais saborosos do que na verdade são.

Percebe-se, portanto, que representação interna e fisiologia são interdependentes: alterando-se uma, a outra também muda.

Para ilustrar, citaremos o que ocorre com as pessoas depressivas. É sabido que elas permanecem todo o tempo num acesso cinestésico, sentindo-se mal. Elas em geral não constróem imagens, não têm sonhos, não utilizam o acesso visual construído (conforme explicamos em nosso artigo anterior, sobre pistas de acesso). Como conseqüência, sua postura é a de uma pessoa cabisbaixa, olhos voltados para baixo, como se estivessem sempre olhando para o chão (acesso cinestésico). A conhecida expressão "Levante a cabeça, olhe para cima" tem fundamento e costuma ajudar os depressivos, pois o que eles precisam é sair do acesso cinestésico e começar a fazer planos para o futuro (usar o acesso visual construído).

Ressaltamos que esse é apenas um começo e que o tratamento da depressão não consiste nisto somente.

O oposto também é verdadeiro. Se adotarmos a fisiologia (a postura) de uma pessoa deprimida, é bem provável que fiquemos deprimidos.

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 (2a. parte)

 

Nada é bom ou mau intrinsecamente. Tudo depende da forma como representamos uma situação.

Podemos representar os fatos de uma forma que fiquemos num estado de recursos ou podemos fazer o oposto. Como já afirmamos numa outra ocasião, "O mapa não é o território". Nossas representações a respeito dos fatos jamais corresponderão exatamente a eles.

Desta forma, uma pessoa pode representar a si mesma como alguém insignificante e incapaz, e esta representação vai colocá-la num estado de poucos recursos - um estado limitante. Na verdade, esta pessoa pode não ser nada disso - pode até ser alguém com muitas capacidades - mas ela se tornou naquele momento exatamente aquilo que julgou ser.

A diferença entre as pessoas que falham em realizar suas metas e aquelas que são bem sucedidas é que estas conseguem se colocar num estado de apoio e segurança (um estado de recursos). Isto é muito diferente de entrar e sair de estados automaticamente, sem controle consciente, sendo controlado por outras pessoas, pela mídia, etc. Imagine que seu cérebro é um veículo que, se você não dirigir, se você não estiver ao volante, será guiado por outros ou pelas situações - como um barco ao sabor do vento.

Quando formamos uma imagem interna de que seremos capazes de realizar algo, criamos os recursos internos de que precisamos para conseguir o estado que nos apoiará.

Para alcançar seus objetivos, é necessário que você focalize o que você quer - e não o que não quer. Há inúmeras pessoas que afirmam que não querem ser pobres, não querem ser depressivas, não querem ser inseguras, etc. Com este tipo de afirmação, fornecem ao cérebro a imagem do que não querem ( e é isso que acabam conquistando em suas vidas).

Para que nosso cérebro possa entender e processar uma informação como "Eu não quero fracassar", ele primeiro necessita de uma imagem do que não se quer (fracassar) para então negá-la.

É como quando se diz a uma criança "Não deixe cair este copo" e então ela o derruba, pois para que ela entendesse a mensagem, precisou representar internamente aquilo que não deveria fazer.

Portanto, é melhor nos dirigirmos às coisas que queremos (Por exemplo: "Eu quero ser feliz, seguro, etc." e, no caso da criança, "Segure o copo com cuidado").

A cada estado interno corresponde uma fisiologia externa observável. As mães conhecem bem este fato: uma criança não consegue mentir, pois sua fisiologia (sua postura, expressão facial, respiração, voz, cor da pele, etc.) a denuncia.

Temos fisiologias correspondentes a cada estado interno que experimentamos. Provavelmente, as pessoas que nos conhecem bem sabem disso melhor que nós, pois conseguem identificar nosso estado interno pela simples observação de alguns aspectos de nossa fisiologia.

Um empregado pode adiar um pedido de promoção pela observação da fisiologia de seu chefe: "Ummm! Hoje o chefe está ..."

Se nos treinarmos nesse tipo de observação, seremos capazes de verificar como a linguagem não verbal (os gestos, a postura, o tom e ritmo da voz, a respiração, etc.) nos informa muito mais do que a linguagem verbal (o que uma pessoa diz).

Como quando alguém nos fala "Eu estou muito feliz", todavia com uma expressão melancólica, ombros para frente, olhos para baixo, etc. Neste caso, há uma incongruência entre as duas linguagens (verbal e não verbal) e em geral se dá muito mais importância e significado à linguagem não verbal.

Quando alguém nos diz algo mas seu corpo revela mensagens opostas, o resultado será que esta pessoa não nos convencerá, pois suscita dúvidas em nós com relação a qual das duas mensagens é verdadeira.

Há maneiras de provocar estados internos em outras pessoas. Uma delas é muito usada por pessoas que costumam ser bastante desagradáveis e inadequadas: "O que você tem? Você está passando mal?" "Está nervoso?" ou "Você está preocupada porque seu marido está demorando?", etc. Nestes casos, para que se possa responder à pergunta, é necessário primeiro entrar no estado sugerido para então saber se ele se aplica ou não a nós. Às vezes as pessoas acabam entrando de fato no estado em virtude do poder da sugestão. Daí acabam se sentindo mal, ficando nervosas, preocupadas, etc. Melhor seria se as pessoas colocassem umas às outras em estados de recursos, estados agradáveis.

Por exemplo, ao se perguntar a alguém doente "Você melhorou?", coloca-se a pessoa numa outra direção - em direção à saúde, à recuperação. Ou a alguém que está : "Você está mais calmo?"

Com a certeza de que não esgotamos o assunto, citaremos uma história que ilustra o que são representações internas e como estas causam estados internos.

Um homem andava por uma estrada deserta quando o pneu de seu carro furou. Como ele não tinha macaco para trocar o pneu, pôs-se a caminhar pela estrada a fim de procurar alguém que pudesse ajudá-lo.

Avistou uma casa e para lá se dirigiu. Enquanto caminhava, começou a pensar: "E se o dono da casa não me atender?" "E se ele achar que eu sou um assaltante?" "E se ele for grosseiro comigo?".

Quando ele finalmente chegou lá, um senhor abriu a porta e, com um amável sorriso, disse-lhe: "Pois não, em que posso ajudá-lo?" O homem então respondeu, visivelmente transtornado: "Pode ficar com a porcaria deste macaco porque eu não o quero mais". E foi embora.

Inúmeras vezes nos comportamos como se nossas representações internas fossem reais. E na maioria das vezes elas não são.

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10 - RAPPORT

REPRODUÇÃO PERMITIDA DESDE QUE MENCIONADA A FONTE

Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Imaginemos a seguinte cena: um casal conversando à mesa de um restaurante, parecendo absolutamente absortos no diálogo, como se houvessem se desligado de tudo. Eles adotam inclusive a mesma postura corporal (a mesma fisiologia): ambos estão inclinados à frente, braços apoiados sobre a mesa, apresentam a mesma expressão fisionômica. Se fosse possível ouvi-los, provavelmente estariam usando até o mesmo tom de voz, o mesmo ritmo, etc. Há tanta sincronia entre eles que se um muda (sua postura, sua voz), o outro também muda, como que por reflexo. É como se eles estivessem sendo o espelho um do outro.

Todos nós passamos por experiências semelhantes a esta, em que nos sentimos em perfeita harmonia com o outro a ponto de nos esquecermos, naquele momento, de onde estamos, do horário, de tudo.

A este tipo de experiência dá-se o nome de rapport, palavra de origem francesa que significa concordância, afinidade, analogia.

A habilidade de entrar em rapport pode ser aprendida e aperfeiçoada, havendo inúmeras técnicas para isto. Estas técnicas já existiam muito antes do surgimento da PNL, pois são muito utilizadas também por várias abordagens terapêuticas (Psicanálise, Abordagem Centrada na Pessoa, entre outras).

O grande mérito da PNL foi o de ter ido além das descrições existentes sobre estas técnicas, feitas pelas pessoas que eram peritas em rapport.

A PNL observou estas pessoas atuando, verificando se a descrição feita por elas correspondia à sua prática. Em seguida detalhou as etapas do processo, tornando assim possível a qualquer pessoa chegar aos mesmos resultados (Este processo de observar e descrever uma habilidade passo a passo é chamado de Modelagem).

Um rapport consiste inicialmente num espelhamento, em refletir o outro em seus vários aspectos, como postura, gestos, voz, etc. Não é uma imitação. Temos restrições culturais muito fortes quanto a imitar alguém. As imitações em geral são interpretadas como deboche, pois costumam exagerar um traço do comportamento, promovendo uma espécie de caricatura.

Já o espelhamento é o reflexo sutil daquelas comunicações inconscientes verbais e não verbais. (O leitor talvez se lembre de como nossos gestos, expressões, voz, etc., comunicam mensagens, às vezes muito mais do que as palavras, e até mesmo mensagens que desejaríamos ocultar.)

Outros exemplos de espelhamento e rapport incluem vestir-se adequadamente para uma ocasião, lugar, ou ainda para estar com determinado grupo de pessoas, e também comportar-se de acordo com o lugar em que se está: ser formal num tribunal, ser informal numa praia. Muito mais do que regras de boas-maneiras, estes exemplos nos sugerem que se quisermos estar integrados ao lugar e às pessoas, é necessário que nos igualemos a eles, que os espelhemos.

Geralmente nos sentimos mais à vontade quando a pessoa que nos fala é igual a nós. O espelhamento possibilita esta experiência na medida em que uma pessoa se esforça para equiparar seu comportamento ao da pessoa com quem fala. Esta, provavelmente, terá a sensação de ser aceita, considerada, compreendida. É desta forma que se conquistam a confiança, o respeito e a simpatia de alguém.

Conta-se que uma pessoa estava sentada num banco de uma rodoviária, onde deveria aguardar por um longo tempo. Resolveu então verificar o que aconteceria se espelhasse uma outra pessoa à distancia.

Sentou-se exatamente como um senhor que estava mais adiante e assumiu uma postura parecida com a dele. Quando ele mudava de posição, discretamente esta pessoa também mudava.

Após um certo tempo, o senhor se aproximou da pessoa que o espelhava dizendo ter a impressão de conhecê-la. Pediu-lhe licença para sentar-se ao seu lado e conversar um pouco.

Minutos depois, ele disse que não esperava sentir-se tão à vontade na presença de um estranho e que poucas vezes em sua vida tinha tido a experiência de encontrar alguém que o compreendesse tão bem.

Uma vez que dão à outra pessoa a impressão de ser compreendida e valorizada, as técnicas de rapport inúmeras vezes são usadas inescrupulosamente e de forma mecânica, por pessoas cujo único interesse é convencer alguém para obter alguma vantagem ou lucro com isto.

Assim procedem alguns políticos em época de campanha, quando imitam comportamentos e costumes dos eleitores na tentativa de convencê-los de que são como eles. É desta forma também que agem líderes carismáticos, pessoas com grande facilidade de convencer pessoas - mesmo que seja para comprar um falso bilhete de loteria premiado ou um terreno na Lua.

Entre os aspectos do comportamento de uma pessoa que podemos espelhar, estão a postura corporal, os gestos, o ritmo respiratório, expressões faciais, padrões de entonação, cadência e ritmo da voz e palavras mais usadas.

Além destes aspectos, podemos espelhar as palavras processuais (visuais, auditivas e cinestésicas, conforme descrevemos num artigo anterior) e o estado-de-espírito (feliz, triste, preocupado).

Considerando que são muitos os aspectos possíveis de serem espelhados, sugerimos ao leitor interessado em melhorar suas habilidades de comunicação que pratique espelhando um aspecto de cada vez e, à medida que adquire prática, acrescente outros, de forma que o espelhamento seja uma habilidade automática e quase inconsciente (dizemos quase porque sempre poderemos acioná-la conscientemente quando precisarmos dela).

Em qualquer ocasião em que estiver com pessoas que interajam entre si, será útil notar quantos espelhamentos estão acontecendo e também o que acontece com a qualidade da interação quando não há espelhamento.

Alertamos para que o espelhamento aqui sugerido seja feito sempre de forma natural, discreta, elegante. Não é preciso falar errado e adquirir um tique para estabelecer rapport com uma pessoa que possua estas características. Ela poderia interpretar isto como uma ofensa ou gozação. Neste caso, pode-se espelhar outros aspectos menos óbvios, tais como o ritmo respiratório, o ritmo da voz, o estado-de-espírito.

Se na primeira parte do rapport estivemos acompanhando uma pessoa através do espelhamento, na segunda parte poderemos conduzi-la: a concordar conosco, a aceitar um novo ponto de vista sobre determinado assunto, a mudar seu estado interno (por exemplo, de alguém desinteressado para alguém que agora está interessado; de preocupado para tranqüilo, etc.).

De nada adianta tentar conduzir alguém sem antes acompanhá-lo. Um exemplo disto é quando uma pessoa está triste e chega alguém com o firme propósito de animá-la, falando alto e irradiando alegria. O resultado será péssimo e, na melhor das hipóteses, a pessoa que estava triste sentir-se-á agredida com tanta animação, e dirá a si mesma: "Ninguém me entende..."

Mais adequado seria estabelecer rapport com esta pessoa espelhando talvez até o seu estado interno, além de outras características dela. Ou seja, espelhar sua postura, seu tom de voz, sua expressão, etc. Desta forma, é como se lhe demonstrássemos que reconhecemos e respeitamos o que ela sente. (Só isto às vezes já é suficiente para que esta pessoa se sinta melhor). Depois de estabelecido o rapport, poderemos então começar a conduzi-la, suavemente, para outro estado interno, para assuntos mais alegres.

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11 - PNL E CRIANÇAS (1a. parte)

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Uma situação comum: uma criança bate em outra porque esta pegou seu brinquedo. Na situação acima, o primeiro impulso (ou a alternativa freqüentemente mais usada pelos adultos) é repreender a criança, dizer a ela que empreste o brinquedo - ou até mesmo obrigá-la a emprestá-lo.

Do ponto de vista da criança, isto é uma violência, Do ponto de vista do adulto, as crianças precisam ser educadas para se ajustarem satisfatoriamente ao mundo. Ambos têm intenções positivas embutidas em seu comportamento. Só que as da criança geralmente são desconsideradas.

Um dos pressupostos da PNL afirma que todo comportamento tem uma intenção positiva. Portanto, a criança que bate em outra tem uma intenção positiva. Talvez queira mostrar que algo a desagrada, ou para proteger o que é seu, ou para livrar-se da dor de perder algo precioso para ela.

Uma das estratégias propostas pela PNL para casos como este será exemplificada com um diálogo, em que o adulto estará representado pela letra "A" e a criança pela letra "C".

A - Emerson, você bateu no Fabrício. Posso ver que você está bravo com ele. O que aconteceu? (O adulto constata os fatos o mais objetivamente possível, evitando interpretações)

C - Ele pegou meu brinquedo.

A - Entendo. Você não quer que ele pegue seu brinquedo. (Esta é a intenção positiva do comportamento da criança). É mesmo muito ruim quando pegam nossas coisas. (O adulto está dizendo à criança que ele reconhece a intenção positiva de seu comportamento e que ela é importante). Você não quer que ele pegue suas coisas. E você conhece um outro jeito, além de bater, para mostrar a ele que você não quer que ele pegue seu brinquedo? (O adulto está verificando se a criança possui alternativas de comportamento, pois muitas crianças se comportam de forma socialmente inadequada porque não possuem alternativas - não as conhecem ou não as experimentaram).

C - Eu poderia dar um empurrão nele. Mas se ele cair, daí a professora vai ficar brava comigo (a criança criou uma alternativa e imediatamente verificou sua ineficiência). Eu poderia dizer para ele não pegar meu brinquedo e também eu não deixaria meu brinquedo jogado por aí, assim ele não o pegaria. E se isso não adiantar, daí eu chamo a professora e conto para ela ( a criança criou alternativas e fez os ajustes e previsões necessários. Caso fosse preciso, o adulto poderia ajudá-la neste processo fazendo-lhe perguntas que antecipassem possíveis dificuldades com as alternativas escolhidas).

A - Então, se ele voltar a pegar seu brinquedo, o que você vai fazer daqui para frente? (O adulto está fazendo uma ponte-ao-futuro, ou seja, está levando a criança a imaginar-se no futuro agindo com as novas alternativas. Esta é uma forma de condicionamento feito através da imaginação - visualização - para que uma resposta comportamental se automatize no futuro).

C - (A criança repete as alternativas escolhidas e se imagina no futuro - seus olhos estarão voltados para cima e à direita, no acesso visual construído, conforme explicado num artigo anterior - e verifica novamente se as alternativas lhe parecem boas tendo em vista a intenção positiva de seu comportamento).

O mesmo processo seria feito com a outra criança, a que tomou o brinquedo. Seria desejável que o processo fosse feito com as duas crianças simultaneamente.

O exemplo apresentado é esquemático e não inclui todas as possíveis respostas de uma criança e todas as intervenções possíveis por parte do adulto.

Neste exemplo, reconhece-se a legitimidade dos sentimentos da criança. Todavia, no dia-a-dia, há inúmeras situações em que isto não acontece.

Por exemplo, quando uma criança cai e se machuca, o que normalmente estamos habituados e condicionados a lhe dizer? "Não é nada, é só um cortinho" (enquanto o corte sangra e a criança sente dor). Ou "Antes de casar sara". Assim, a criança cresce aprendendo a não confiar no que sente, a fazer de conta que o que sente não é real. Se ela fizer isto muitas vezes, poderá se "aperfeiçoar" tanto a ponto de se ferir e nem perceber, além de deixar de sentir também inúmeras outras sensações, desligando-se delas e de seu corpo.

Ou ainda, quando a criança não tolera o sabor de um alimento e é obrigada a comê-lo. Para se defender do desprazer de comer algo desagradável ao seu paladar, ela tenderá a se desligar da sensação do alimento em sua boca e poderá generalizar esta aprendizagem para todos os tipos de alimento, resultando num total desinteresse em relação à alimentação - ou talvez num consumo exagerado, uma vez que não sente quando está saciada. Em geral, temos grande facilidade para generalizar nossas aprendizagens.

A criança que não reclama de dor quando toma injeção ou quando se fere deve ser melhor observada, porque a dor é um importante sinal de alerta do organismo.

É bom também observar a criança sempre boazinha, que não reclama de nada e nunca desobedece ninguém, pois é possível que ela tenha aprendido a desconsiderar seus sentimentos e a substituí-los pelos desejos dos adultos.

O ideal seria que ensinássemos a criança a confiar em seu julgamento interno, em seus sentidos (no que vê, ouve, cheira, saboreia, em suas sensações) e sentimentos. Imagine uma criança que diz à mãe que não quer mais tomar o leite porque ele está com um gosto ruim. Quando a mãe vai finalmente verificar, depois de ter obrigado a criança a beber mais da metade do copo, constata que o leite realmente estava azedo.

O mesmo é válido em relação aos medos da criança. Se uma criança diz que tem medo do monstro do seu sonho, precisamos nos lembrar que para ela o monstro é real e reconhecer seu medo, mostrar a ela que nós o compreendemos, para então podermos conversar sobre ele. Fazemos isto para que ela aprenda a conviver com suas emoções, aprenda a expressá-las, ao invés de negá-las.

É preciso respeitar o direito que a criança tem de sentir e de fazer escolhas. Nós nem sempre podemos decidir por ela porque às vezes somente ela sabe o que é melhor para si mesma. Neste sentido, existe dentro dela uma sabedoria auto-reguladora que jamais poderia ser desperdiçada e desaprendida.

Um exemplo disto é a criança que deixa de comer algo que é oferecido pela mãe porque não sente fome. Em geral, as mães insistem, ameaçam, propõem trocas ("Se você comer tudo, eu lhe darei aquele brinquedo que você quer"). A menos que a criança esteja doente, ou esteja chantageando a mãe, ou tenha desaprendido, em geral ela sabe quando precisa ingerir alimentos e não deveria ser forçada a comer quando não sente fome pois, dentre outras coisas, isto poderá gerar obesidade no futuro.

 

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(2a. parte)

Certa vez uma criança me confidenciou, entre lágrimas e soluços, que era muito má. Questionada sobre o porquê desta crença, ela me contou que a cada vez que a mãe encontrava algo fora do lugar, ela dizia: "Diabo de menino! Qualquer dia eu morro de tanto trabalhar".

Uma criança se torna aquilo que fazem dela. E as declarações que ela ouve a seu respeito vão formando sua identidade, seu auto-conceito.

É necessário separar o comportamento da criança de sua identidade. Se uma criança deixa seu quarto desarrumado, a mãe poderia fazer comentários como "Seu quarto está bagunçado" e nunca "Você é bagunceiro". Se a criança ouve comentários como este repetidas vezes, passa a acreditar que ela é isto que dizem dela e a se comportar de acordo com esta identidade.

Como regra geral, quando uma criança comete um erro, melhor seria se, ao invés de julgá-la, comentássemos objetivamente os fatos e em seguida preveníssemos para que eles não voltassem a ocorrer no futuro.

Por exemplo, à criança que deixou cair algo no chão, ao invés de lhe dizer "Parece que você tem a mão furada, derruba tudo o que pega", melhor seria "Caiu porque você estava correndo e não segurou firme". E também. "Da próxima vez, segure com cuidado".

Lembramos que uma criança jamais deveria ser comparada a outra, nem para lhe dizer que ela é melhor, nem que é pior que a outra. A criança deve ser comparada apenas com ela mesma.

Se a mãe está comentando com o filho sobre sua letra no caderno da escola, poderia dizer "Hoje sua letra está mais bonita que ontem porque você usou a borracha, apontou bem o lápis e separou bem as palavras". Utilizando-se esta estratégia, a criança terá uma informação acerca de seus resultados (um feedback) e seu auto-conceito será preservado, uma vez que ela não foi diminuída ou humilhada pela letra do dia anterior.

É preciso ainda que os pais tenham muito cuidado com os programas que instalam em seus filhos. Poderíamos comparar estes programas com óculos de lentes coloridas. Se colocarmos óculos de lentes azuis, o mundo será visto como tendo esta cor.

Há pais que dão aos filhos óculos com os quais eles poderão enxergar como as pessoas são más, perigosas ou falsas. Os filhos então passarão a enxergar estas características nas pessoas, pois para isto foram programados. E encontrarão muitas pessoas assim, porque é fato que quando passamos a procurar algo, fatalmente encontraremos.

Portanto, se nós programarmos uma criança para que ela veja no mundo e nas pessoas somente coisas negativas, estaremos dando a ela óculos de lentes cinzas, e então tudo o que ela vir terá esta cor.

Recorreremos a uma metáfora para ilustrar o que acabamos de afirmar.

Conta-se que três ministros foram enviados a um reino distante.

Ao primeiro ministro foi dito que tivesse muito cuidado porque o rei era muito violento. O primeiro ministro partiu e dias depois chegaram notícias de que ele havia sido jogado aos leões porque despertara a ira do rei.

Ao segundo ministro foi dito que tivesse muito cuidado porque o rei era traiçoeiro. Passados alguns dias, um viajante contou que o ministro fora envenenado num banquete que o rei lhe ofereceu.

Partiu então o terceiro ministro, ao qual foi dito que o rei era muito bondoso e amigável. O terceiro ministro partiu e também não voltou. Comenta-se que até hoje ele está lá com o rei, de quem é amigo pessoal e inseparável.

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(3a. parte)

É muito comum encontrarmos mães (e pais) que ainda guardam as coisas que os filhos deixam jogadas, que colocam a comida no prato para eles, que escolhem a roupa que os filhos vão vestir e até dão banho no filho que já está em idade de fazê-lo sozinho. O que recomendamos para casos como este é: NÃO FAÇA O QUE SEU FILHO É CAPAZ DE FAZER SOZINHO. Autonomia e segurança são programas que instalamos (ou não) desde cedo nas crianças .

Tomando como exemplo uma excursão escolar, em geral as crianças que não possuem autonomia são as que dão mais trabalho ao professor, pois não conseguem cuidar de si mesmas.

Melhor seria para os filhos se seus pais os preparassem para toda e qualquer situação da vida, desde como preparar uma refeição simples até como proceder estando perdido num lugar estranho.

A divisão de tarefas em casa educa para a autonomia, é democrática e justa. A criança que possui obrigações em casa aprende a se organizar, a cooperar e a ser responsável. Mesmo nas famílias que possuem empregados as crianças poderiam ter suas obrigações, tais como arrumar a própria cama, buscar o jornal ou o pão.

As crianças generalizam o que aprendem. Se em casa os pais não colocam limites ao comportamento da criança, e se ela tem permissão para mexer à vontade nas coisas dos pais ou irmãos, é provável que ela o faça também na casa dos amigos. E este será um motivo mais do que suficiente para que eles deixem de convidá-la, excluindo-as de programas ou da "turma".

Na escola, se não há conseqüências quando a criança transgride as normas (ou, o que e pior, se a escola não possui normas) é provável que ela generalize esta ausência de limites, sendo no futuro um adulto desajustado.

Vale ressaltar que as escolas alternativas, que popularizaram o estilo liberal (que valoriza mais a liberdade em todos os aspectos, a criatividade) estão revendo suas práticas, pois o tempo revelou que muitas delas não surtiram o efeito que se esperava.

Conforme matéria publicada no jornal Folha de São Paulo em 26/03/95 (pg. 1-16), "O culto à auto-estima e a indulgência com os filhos criaram nos E.U.A. gerações de crianças mal-educadas, apáticas e amorais."

Portanto, disciplina é indispensável à vida em sociedade e à realização de qualquer objetivo na vida. Principalmente a auto-disciplina, aquela que tem a ver com uma certa organização interna, uma capacidade de programar a si próprio para atingir resultados desejados.

Ousamos dizer que disciplina é a diferença entre as pessoas que têm sucesso na vida e aquelas que falham em realizar suas metas.

Um teste para saber se uma criança possui auto-disciplina consiste em sugerir-lhe uma tarefa um tanto extensa, como por exemplo arrumar todo o seu armário.

A criança que possui disciplina saberá que a melhor forma de realizar uma tarefa extensa é dividi-la em partes menores e em seguida estabelecer uma ordem de realização.

Além disto, ela deverá demonstrar certos critérios de classificação dos objetos ao invés de amontoá-los, sem um critério que explique por que estão juntos. Ela deverá ainda calcular o tempo a ser utilizado (por exemplo, "Até a hora do jantar já terei terminado"), motivar-se pelo resultado que espera e avaliar se ele foi conseguido.

O que fazer se uma criança não passar no teste? Realizar a tarefa com ela, conforme os passos sugeridos acima, até que ela internalize as estratégias que lhe estamos ensinando. Propor tarefas diferentes e repeti-las até que a criança as domine. E acima de tudo, ensiná-la a ser perseverante, a não desistir quando surgirem as dificuldades.

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12 - COMO FORMULAR OBJETIVOS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Objetivos são muito mais do que meros desejos. Como reconhecer um objetivo? Se alguém afirma "Seria tão bom se eu fosse magro", com a expressão sonhadora de quem fala de algo tão distante quanto ganhar na loteria, expressa apenas um desejo.

Pessoas que vivem "tentando" realizar um objetivo (como emagrecer, parar de fumar, modificar um comportamento, etc.) em geral falham porque a finalidade do objetivo é pouco importante ou foi mal especificada.

Pode-se descobrir a finalidade de um objetivo respondendo à pergunta "PARA QUÊ?" "Para que você quer isto?" O que você ganhará quando realizar este objetivo?" "Valerá a pena?"

Além de perguntar o que se ganha ao atingir um objetivo, é fundamental pesquisar o que se perde, porque a conquista de um objetivo sempre envolve ganhos e perdas: "O que você poderia perder ao conquistar este objetivo?" "Isto é algo que você está disposto a perder?" "Este objetivo poderia trazer prejuízos a você ou às pessoas que lhe são caras?"

Para que um objetivo seja alcançado, é preciso que exista um motivo mais forte do que a vontade de não realizá-lo. A alguém que quer parar de fumar, pode-se perguntar: "O que poderia ser mais forte do que a vontade de continuar fumando?"

Objetivos mal formulados incluem também fantasias e expectativas irreais. A pessoa que quer emagrecer para que consiga aprovação social está duplamente equivocada: o que ela quer é aprovação e não emagrecer, e o fato de ser magra, por si só, não lhe garante esta aprovação. Aqui é preciso, antes de tudo, cuidar de sua auto-estima. Também o tamanho do objetivo pode estar mal especificado. Quando uma pessoa afirma que gostaria de aumentar seus rendimentos (ou aprender um idioma, um esporte, ampliar o número de clientes, emagrecer, etc.) é preciso que dimensione QUANTO quer ganhar e EM QUANTO TEMPO. Em geral, nós não nos motivamos em relação a tarefas que nos pareçam intermináveis. Por este motivo convém dividir um objetivo em partes menores e especificar o tempo a ser gasto em cada uma delas.

Outro ponto a ser verificado diz respeito aos recursos e alternativas que deverão estar presentes para a realização de um objetivo. Além de recursos materiais, é preciso saber O QUE fazer e COMO fazer e ainda, possuir alternativas para lidar com falhas ou imprevistos. Imaginemos um empresário que tem como objetivo melhorar o atendimento aos clientes. As perguntas a serem feitas neste caso são: "Tem ele os recursos de que necessita?" "Ele sabe o que e como fazer?" "Se não sabe, quem poderia lhe dar as informações de que necessita?" "De que outra maneira ele poderia atingir seu objetivo?"

Se repetidas um certo número de vezes, estas estratégias de formulação de objetivos passarão a fazer parte do repertório comportamental de quem as pratica. Poderão ser de grande valia no sentido de fornecer uma certa estrutura, uma organização, que evita a confusão, a indecisão e conduz à ação planejada.

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13 - A PALAVRA "MAS"

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Analisemos a frase: "Considero você um funcionário muito competente, honesto, dedicado, MAS gostaria que você não chegasse atrasado". Qual frase o funcionário vai memorizar? Certamente, a que é iniciada por "MAS". Além disso, ficará com a impressão de que chegar atrasado chama mais a atenção de seu chefe do que o fato de ser competente, honesto e dedicado.

A palavra "MAS" coloca uma frase em oposição a outra. É como se a frase iniciada por "MAS" apagasse tudo o que havia sido dito antes.

Como você se sentiria se alguém lhe dissesse: "Gosto muito de você, MAS gosto muito de fulano também" ? Provavelmente, você sentiria que esta pessoa gosta muito mais do fulano do que de você.

Numa discussão, a palavra "MAS" causa ainda mais resistência e tensão. Só de ouvi-la, as pessoas se tornam mais inflexíveis e se colocam na defensiva. Isto acontece porque estamos condicionados ao seu efeito. Ao ouvir um "MAS", soa um sinal de alarme que nos faz defender com mais vigor ainda nossas idéias e posições.

Simplificando muito, diríamos que a cada vez que ouvimos um "MAS" em resposta ao que dissemos, num diálogo ou discussão, concluímos que a pessoa que nos fala está contra nós.

O que se pode fazer para evitar os efeitos negativos do "MAS"? Primeiro, não usá-lo da forma como demonstramos nos exemplos acima. Segundo, substituí-lo pela palavra "E", quando isto for apropriado.

Como na frase "Gosto muito de você E gosto muito de fulano também". Ou a frase "Considero você um funcionário muito competente, honesto, dedicado E gostaria que você chegasse no horário". (Lembra-se de que é melhor não usar a palavra "NÃO", conforme dissemos num artigo anterior? Ao invés de dizer "Não chegue atrasado", melhor dizer "Chegue no horário". )

A palavra "MAS" pode ser usada de forma positiva para ressaltar um conteúdo desejado: "Meu filho, eu sei que você está triste por ter ido mal na prova, MAS nós sabemos que você é muito inteligente e que estudou bastante". Neste caso, a criança compreenderá que suas habilidades e possibilidades são maiores que o resultado de uma única avaliação. Agora, imagine o que a criança sentiria se a frase fosse invertida desta maneira: "Eu sei que você é muito inteligente e estudou bastante, MAS você foi mal na prova"...

As frases que construímos com "MAS" podem ainda revelar visões distorcidas que temos do mundo e de nós mesmos. Podem indicar relações que na verdade não existem. Por exemplo: "Não gosto de ser ríspido, MAS meu trabalho assim exige". Poderíamos perguntar a esta pessoa: "Quer dizer então que se seu trabalho não exigisse, você não seria ríspido?" "Como seria então?" "O que poderia acontecer se você não fosse ríspido em seu trabalho?" Estas e outras perguntas auxiliam a pessoa a buscar informações que ela havia suprimido e a desfazer relações de causa e efeito que não existiam de fato.

Também objeções são expressas através do "MAS": "Este carro é lindo, MAS custa muito caro". Uma forma de lidar com objeções é fazer de conta, por um momento, que elas não existem: "Então se não fosse caro, este seria o tipo de carro que o deixaria feliz? Este tipo de pergunta faz com que o indivíduo avalie melhor seus critérios e prioridades. Seria como se lhe perguntássemos: "O que é mais importante para você, o dinheiro que vai gastar ou o prazer de possuir este carro?"

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14 - FLEXIBILIDADE DE COMPORTAMENTO

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

Responda às seguintes perguntas:

1- Indo ao seu restaurante favorito, você pede sempre o mesmo prato?

2 - Você faz todos os dias um mesmo caminho para voltar para casa?

3 - Se você vai preparar uma receita e descobre que não possui um dos ingredientes, você deixa de fazê-la?

Se você respondeu "sim" às perguntas acima, é possível que esteja apegado a rotinas, a padrões rígidos, e que lhe falte flexibilidade de comportamento.

Pessoas flexíveis possuem várias alternativas para lidar com uma mesma situação. No caso de preparar uma receita, poderão substituir o ingrediente que falta ou pedi-lo ao vizinho e só em último caso deixarão de realizá-la. São pessoas que diante de imprevistos e da pergunta "E agora, o que eu faço?" são criativas e possuem escolha. Possuir escolha é sempre melhor do que sentir-se controlado pela vida, pelos desejos e receios.

Se uma pessoa acende um cigarro (ou come em excesso, bebe, etc) sempre que está ansiosa (ou insegura, ou deprimida), isto pode indicar que ela possui uma única maneira para lidar com a ansiedade.

Todavia, outras pessoas possuem comportamentos diferentes diante da ansiedade: lêem, praticam esportes, ouvem uma música suave. Tais pessoas podem escolher inclusive a alternativa mais adequada para cada situação. Por exemplo, no ambiente de trabalho, não sendo possível praticar esportes, pode-se andar um pouco ou conversar com um colega e assim driblar a ansiedade.

As formas como reagimos a cada tipo de situação ou pessoa em geral se tornam intensamente condicionadas (programadas) através da repetição. O condicionamento por um lado é positivo porque nos permite agir automaticamente (você não precisa pensar demoradamente sobre o que fazer quando um pedestre cruza a rua bem na frente do seu carro). Em outras situações é negativo porque deixamos de experimentar novas possibilidades (se você sempre pede o mesmo prato em seu restaurante favorito, deixa de experimentar novas texturas, novos temperos, novos sabores, que enriqueceriam o seu paladar e a sua experiência).

A fim de adquirir maior flexibilidade de comportamento, faça algo que você nunca fez antes. Amplie seus interesses. Adquira novos "programas" (aprenda um esporte diferente, informe-se sobre novos assuntos, participe de cursos interessantes).

Identifique e interrompa antigos padrões de comportamento que lhe sejam prejudiciais. Por exemplo, se cada vez que você se sente entediado você "ataca" a geladeira, experimente algo novo, como ler uma revista ou outra atividade que o agrade. Repita isto várias vezes e você terá condicionado uma nova alternativa.

Quer você seja bem sucedido ao realizar um objetivo, quer você fracasse, da próxima vez use uma estratégia diferente. O sucesso pode impedi-lo de ser mais flexível e com relação ao fracasso, há um fato curioso: as pessoas tendem a insistir num comportamento mesmo quando ele não dá bons resultados (como nos chamados jogos de azar).

Clique aqui para ler uma poesia que fala exatamente sobre isso...

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15 - EXCELÊNCIA PESSOAL (1a. parte)

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

Podemos definir excelência pessoal como a capacidade que tem o ser humano de desenvolver ao máximo uma determinada habilidade.

Como exemplo, temos os atletas que treinam constantemente e conseguem superar marcas e recordes, temos o músico que dia-a-dia aprimora sua habilidade de tocar um instrumento e temos também aquele nosso vizinho que consegue acordar cedo todos os dias para praticar exercícios, temos aquela amiga que é capaz de controlar adequadamente sua alimentação e aquele conhecido que é um excelente contador de piadas.

Estes são exemplos de pessoas que possuem habilidades que possivelmente admiramos e gostaríamos de possuir. E foi exatamente isto o que a PNL nos ensinou a conseguir.

A PNL observou minuciosamente pessoas no exercício de determinada habilidade. Esta habilidade foi dividida em partes menores, em passos, e descobriu-se então a seqüência destas partes. Em seguida esta seqüência foi ensinada a uma outra pessoa, que a repetiu várias vezes e então foi capaz de obter os mesmos resultados daquela pessoa que serviu de modelo, que foi copiada (modelada).

Esta descoberta desmistificou velhas crenças segundo as quais habilidades são dons de nascença e um privilégio concedido apenas a algumas pessoas.

Comparando nosso cérebro a um computador, a PNL nos diz que todos nós possuímos o mesmo tipo de computador, com a mesma capacidade, com a mesma potência. Entretanto, algumas pessoas sabem usá-lo melhor. Sabem explorar todo o seu potencial, todos os seus recursos. E possuem programas que lhes permitem ser excelentes em relação a um comportamento ou habilidade.

Portanto, todos podemos aprender a operar nosso computador da mesma maneira que estas pessoas operam. E podemos também adquirir os programas que elas utilizam para serem excelentes numa habilidade. Basta seguir exatamente os mesmos passos que elas, a mesma seqüência, repetir isto um certo número de vezes e teremos nos programado para que esta habilidade seja algo automático e natural em nosso comportamento.

Observe-se que a PNL não afirma que basta o pensamento positivo, o "poder da mente", etc., para que alguém se torne uma pessoa melhor ou alcance determinados resultados. A PNL propõe a prática de determinadas seqüências de comportamento, repetidas vezes. Logo, conclui-se que são necessários empenho, trabalho, exercício - não há mágica ou soluções milagrosas capazes de substituí-los.

Em outras palavras, hoje é possível reunir os melhores dentre os melhores, e descobrir o que eles têm em comum, o que eles fazem e como fazem para serem o que são.

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(2a. parte)

Há uma velha piada segundo a qual o cérebro humano é o único computador auto-suficiente que pode ser criado por um profissional não especializado. Trata-se, porém, de um computador sem manual do usuário.

Uma vez que não temos o manual do usuário, restam-nos pelo menos duas alternativas para aprender a usar este computador: por ensaio-e-erro (isto é, tentando, errando, corrigindo), ou então aprendendo como fazem as pessoas que utilizam-no de forma eficiente e alcançam resultados desejados.

Talvez um dia estes programas usados por pessoas excelentes em determinadas áreas estejam disponíveis a todas as pessoas, da mesma forma como hoje é possível adquirir facilmente um programa de computador.

Considerando que todos nós possuímos o mesmo tipo de "computador mental", conclui-se que o fracasso é apenas um programa que não deu certo. Quando um programa não dá certo em informática, não se joga o computador no lixo, mas sim corrige-se o programa, ou então ele é substituído por um outro. Da mesma forma, é preciso separar o ser humano, o seu valor, de seu comportamento. Assim, diríamos que alguém está incompetente, mas não que ele é incompetente.

Para tudo existe um programa, uma estratégia, até mesmo para fracassar, para ficar deprimido, com raiva, ansioso, etc. Isto quer dizer que as pessoas costumam usar uma seqüência de pensamentos (imagens, sons, sensações, sentimentos) para sentirem-se de uma determinada maneira, apesar de na maioria das vezes não se darem conta disto.

Descobriu-se que as possibilidades de uma pessoa resultam da forma como ela faz avaliações de si mesma e das situações. Por exemplo, como você avalia (representa) um copo com água até a metade? Você diria que ele está "meio-cheio" ou "meio-vazio"? Assim também é na vida. Podemos avaliar algo sob diversos ângulos. Alguns deles farão com que nos sintamos mais capazes, com que tenhamos uma imagem melhor de nós mesmos.

Conta-se que Thomas Edison havia tentado 9.999 vezes aperfeiçoar a lâmpada, sem ter conseguido. Então alguém lhe perguntou: "Você vai ter 10.000 fracassos?" Ao que ele respondeu "Não falhei. Acabo de descobrir outra maneira de não inventar a lâmpada elétrica"...

O desenvolvimento do ser humano, a lapidação de sua personalidade rumo à excelência pessoal, só é possível quando se sai da acomodação, das chamadas "zonas de conforto". Exemplo: "Eu gostaria tanto de saber nadar como fulano, mas é tão difícil, vou ficar tão cansado, vai demorar tanto, que é melhor eu nem tentar". Esta pessoa prefere ficar em sua zona de conforto ao invés de tentar, se empenhar e se arriscar, talvez por acreditar que não será capaz.

Um dos principais pressupostos da PNL diz o seguinte: "Quer você acredite que pode (realizar algo), quer acredite que não pode, de qualquer maneira você está certo".

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16 - VOCABULÁRIO TRANSFORMACIONAL

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Recebemos informações do mundo através dos cinco sentidos. Essas informações (imagens, sons, sabores, odores, sensações) precisam ser categorizadas, precisam receber uma etiqueta, um nome, para serem compreendidas.

É como se as palavras que utilizamos fossem pastas de um imenso arquivo. Quando, por exemplo, vemos uma maçã, comparamos esta imagem com todas as imagens que estão no arquivo até chegarmos à pasta cujo nome é "maçã". Abrimos a pasta, comparamos as imagens que estão dentro dela com a imagem captada por nossos olhos e concluímos que aquilo é de fato uma maçã

O arquivo a que nos referimos acima contém pastas para sons, odores, sabores, imagens, sensações, sentimentos, e possui particularidades interessantes. Se nós não possuirmos, por exemplo um sentimento como "amor" em nosso arquivo, não seremos capazes de compreendê-lo, de experimentá-lo e também não o reconheceremos no mundo e nas pessoas.

Podemos inclusive afirmar que a língua falada num país molda sua cultura, seus valores, seus habitantes. Exemplo: O que é felicidade para um americano capitalista e para um monge tibetano? E o que é "levar vantagem" no Brasil? Quando uma nação tem a mesma interpretação ou tradução para uma palavra ou expressão (como "levar vantagem") esta interpretação programa a todos da mesma maneira. Um outro exemplo seria a força da palavra "reconstrução" no Japão do pós-guerra.

As palavras que usamos têm o poder de aumentar, diminuir e modificar nossas reações à experiência que estamos vivendo. Como você classifica (denomina, representa) a experiência de ter um pneu furado? "Terrível"? "Um transtorno insuportável"? Ou "Um pequeno imprevisto"? As palavras que você utilizar definirão a maneira como você vai interpretar a situação e também como você vai se sentir. Num outro exemplo, três pessoas descrevem sua situação de desemprego como "Estou desempregado", "Estou procurando uma nova oportunidade" e finalmente a terceira diz "Estou temporariamente sem ocupação remunerada". Conseqüentemente, cada uma delas se sente e reage de forma diferente diante da mesma situação.

A esta altura, você pode estar dizendo "Não é só um jogo de palavras? Que diferença faz?" A resposta é que se tudo o que você fizer for mudar a palavra, então a experiência não muda. Mas se o uso da palavra fizer com que você analise a experiência por um outro ângulo, então tudo muda.

Se você tem o hábito de dizer que odeia as coisas ("odeia" seus cabelos, "odeia" seu trabalho, "odeia" ter de fazer alguma coisa) aumenta a intensidade de estados emocionais negativos mais do que se usasse uma frase como "Eu prefiro ..." Da mesma forma, como muda sua experiência interna se você muda a expressão "Estou exausto" para "Estou recarregando a bateria"? Ou "Estou perdido" para "Estou procurando"? Ou ainda "Estou com ciúmes" para "Estou transbordando de amor"?

Crie seu próprio vocabulário transformacional mudando palavras que comumente você usa e que acabam por deixá-lo num estado ruim. Encontre palavras que possam colocá-lo numa direção mais positiva.

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17 - A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA E DA T.V.

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

Quem nunca voltou do supermercado com coisas que depois, ao chegar em casa, não soube explicar por que comprou? Às vezes nem gostamos daquele produto, ou não precisamos dele, mas mesmo assim o compramos. Algumas pessoas dirão que compraram porque sentiram vontade. E a questão que se coloca é: de onde surgiu esta vontade? Será que as vontades que temos, como esta por exemplo, realmente nos pertencem?

Há algum tempo atrás foi realizada uma experiência que consistiu em exibir numa tela de cinema, durante um filme, a frase "coma pipoca", em flashes tão rápidos que não fosse possível perceber conscientemente que a frase havia sido mostrada. O resultado desta experiência foi que apesar de não se lembrar da frase escrita, a maioria das pessoas foi comprar pipoca. ( Isto é chamado de Propaganda Subliminar)

É possível que nós estejamos tomando refrigerantes, comendo biscoitos e adquirindo uma série de outros produtos da mesma forma que aquelas pessoas comeram pipoca. Porque o processo utilizado pela propaganda é muito semelhante ao descrito acima.

Há várias formas de fazer com que uma mensagem chegue ao inconsciente de uma pessoa. Uma delas é colocar esta pessoa num estado de relaxamento, semelhante aos momentos que antecedem o sono. Considerando que em geral as pessoas aproveitam para relaxar em frente a T.V., chegando às vezes a dormir, a propaganda na T.V. já conta com esta facilidade. É como uma sugestão hipnótica.

Pode-se também programar pela repetição. Para isto a mensagem deve ser repetida inúmeras vezes, em curtos espaços de tempo. Um exemplo são aquelas músicas (jingles) que, de tanto escutarmos em propagandas, ficamos repetindo mentalmente, às vezes durante horas. Até que um dia sentimos uma súbita vontade de comprar aquele produto.

O acesso ao inconsciente de alguém também é possível de uma maneira indireta, através da associação. Basta colocar um produto junto a símbolos já consagrados (por exemplo, cosméticos são apresentados junto a pérolas, a flores delicadas, e a pessoas famosas). Cria-se uma associação que a repetição se encarregará de consolidar. É possível ainda associar um produto a valores e sentimentos (cigarros são associados a status; alimentos a aconchego e alegria).

O tipo de imagem usado nas propagandas pode nos programar facilmente. Como são, por exemplo, as propagandas de alimentos? Em geral elas possuem imagens grandes, bem focalizadas, próximas, coloridas, brilhantes, ocupando o centro da tela. Porque é este o tipo de imagem que geralmente usamos para representar um alimento que decidimos comer urgentemente. Muitos dentre nós o imaginam exatamente desta maneira.

As seqüências de imagens são trabalhadas de forma que a sua rápida sucessão nos programe numa determinada direção. Como acontece com o formato: sempre que acontecer X, use Y e então tudo ficará bem. (Exemplo: propagandas de analgésicos).

E não poderíamos deixar de mencionar a propaganda da violência. Diariamente somos bombardeados com imagens, notícias e alusões à violência. Quando as nacionais estão escassas (o que tem sido raro), recorre-se às "importadas". Que a violência é reflexo da crise social, política e econômica do país, isto todos nós sabemos. Questões ideológicas à parte, a verdade é que infelizmente as pessoas acabam se acostumando e achando que toda esta violência é natural. E poderão ainda refletir esta violência em seu próprio comportamento, dentro e fora de casa.

Além disso, toda esta programação poderia ser comparada a um lixo tóxico: imagens de agressão, desgraça, terror, etc., vão se acumulando em nosso inconsciente causando pesadelos, medo, pânico, depressão, pessimismo, insegurança. A repetição, a exibição contínua de cenas de violência, transforma isto em programação.

E retomamos a questão, agora num outro sentido: será que aqueles ímpetos de raiva que às vezes temos, aquelas vezes em que "explodimos" diante de algo ou alguém que nos aborrece, será que isto realmente nos pertence? Ou será um comportamento culturalmente aprendido, que dia a dia é reforçado (pela mídia, por outras pessoas, pelas instituições, etc.)? Será que estamos sendo programados para odiar pessoas, para reagir com agressividade?

Você poderá estar se perguntando se existe algo que possa ser feito para que não sejamos objetos passivos frente às influências aqui mencionadas. Esclarecemos que estar consciente em relação a elas já é um começo para outras alternativas que cada um poderá desenvolver a fim de assumir o controle de sua própria vida (e de suas próprias vontades, seus próprios comportamentos).

Não estamos aqui condenando a T.V. enquanto veículo de comunicação e nem a propaganda, afinal quem vende precisa divulgar. E quem compra pode ter a escolha de decidir o que e quando comprar. Com uma visão menos passiva e mais crítica, podemos pensar na T.V. como uma vitrine que reflete os valores de nossa cultura e que, inúmeras vezes, está a serviço do poder, ou defendendo os interesses de minorias abastadas, aquelas que se encontram no alto da pirâmide social e que precisam incentivar o consumismo de seus produtos por parte da "base", da qual dependem diretamente para continuarem a existir...

 

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18 - A LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Sempre que nos comunicamos com alguém utilizamos dois tipos de linguagem: verbal e não verbal. A linguagem verbal compõe-se de palavras e frases. A linguagem não verbal é constituída pelos outros elementos envolvidos na comunicação, a saber: gestos, tom de voz, postura corporal, etc.

Que ninguém duvide do poder da linguagem não verbal. Se uma pessoa lhe diz que está muito feliz mas sua voz é baixa, seus ombros estão caídos, o rosto inexpressivo, em qual mensagem você acredita? Na que ouviu ou na que viu? À esta discrepância entre a linguagem verbal e não verbal damos o nome de incongruência. Portanto, uma pessoa incongruente em determinado aspecto diz uma coisa e expressa outra diferente através de seus gestos, postura, voz, etc.

A linguagem não verbal provém do inconsciente de quem se comunica. Esta é a razão pela qual é tão difícil controlá-la conscientemente (por exemplo, um candidato a um emprego tem dificuldades para disfarçar suas mãos trêmulas em virtude da ansiedade na hora da entrevista). E será processada pelo inconsciente de quem recebe esta comunicação. Deste fato decorrem algumas observações interessantes.

Somente os bons atores são capazes de convencer outras pessoas com relação a uma mensagem da qual discordem inconscientemente. Isto porque esboçam sinais mínimos de incongruência. Ou seja, são treinados para controlar as manifestações do inconsciente (os sinais que poderiam denunciá-los, tais como a voz, que precisa ser forte ao interpretar um personagem agressivo e corajoso, mesmo que no fundo o ator esteja morrendo de medo da platéia).

Outra observação diz respeito à interpretação que fazemos desta linguagem não verbal e inconsciente. Nós às vezes não sabemos explicar por que não acreditamos no que uma pessoa disse. Simplesmente sentimos que algo está errado. Alguns chamarão a isto de intuição. Na verdade, nosso inconsciente observou os sinais do inconsciente da outra pessoa e os codificou. Ele registrou, por exemplo, os sinais que a pessoa emitiu a cada vez que expressou alegria. Imagine que esta pessoa juntava as mãos e respirava fundo sempre que se dizia alegre. Se um dia ela apenas sorri e não repete aqueles sinais, então concluímos que em uma das duas situações ela não estava se sentindo alegre.

Num outro exemplo, temos aqueles nossos amigos que nos conhecem tão bem a ponto de ser quase impossível mentir para eles. Isto porque eles já têm codificados no inconsciente todos os nossos sinais. Eles conhecem, por terem participado de momentos importantes de nossas vidas, a expressão que temos quando estamos cansados, preocupados, alegres, etc.

Imagine agora a seguinte situação: Uma mãe diz a seu filho que o ama, mas com uma voz ríspida e expressão agressiva. Obviamente, o inconsciente da criança registrará a incongruência e ela não se sentirá amada. Todavia, a fim de se proteger da dor que isto causa, ela poderá não dar ouvidos à mensagem inconsciente, procurará ignorá-la e assim se convencer de que a mãe a ama. Com o tempo e com a repetição, ela poderá aprender a desconsiderar sempre a mensagem de seu inconsciente.

O ideal seria que toda criança fosse educada de forma a confiar no que seus sentidos são capazes de perceber: confiar no que seus olhos vêem, confiar que o remédio realmente tem um gosto amargo e não é saboroso e doce como lhe afirmaram. Neste sentido, seria igualmente importante que aprendesse a confiar em sua intuição, aqui entendida como a capacidade de perceber a comunicação inconsciente que recebe de outras pessoas.

Em geral uma pessoa que expressa uma incongruência está dividida internamente. Imagine um político explicando sua plataforma política a seus eleitores de uma forma que não os convence. É como se uma parte dele confiasse no plano e estivesse convencida de seus benefícios, mas outra parte sua tivesse dúvidas a respeito de sua eficácia. Por este motivo, a comunicação será vacilante, insegura ou artificial (exceção feita aos bons atores e àqueles que convencem a si próprios).

Com relação às mensagens verbais e não verbais, ou conscientes e inconscientes, vale ressaltar que para a PNL ambas são reais e igualmente importantes. Porque cada uma delas é a expressão de uma parte da pessoa. Se alguém lhe diz que gosta de você e a nível não verbal expressa o contrário, é possível que esteja dividido a seu respeito. É como se um lado desta pessoa tivesse ressalvas em relação a você e outro lado realmente gostasse (ou quisesse gostar) de sua companhia.

Há alguns contextos onde a incongruência pode ser útil. Por exemplo, uma mãe não desejará que seu filho, que acabou de se ferir com certa gravidade, perceba que ela está apavorada. Ao contrário, neste momento a criança precisa de alguém que possa lhe dar apoio e segurança. Nesta situação, como em muitas outras, é melhor ser incongruente do que causar danos ainda maiores.

Existem várias maneiras de se lidar com as incongruências. A menos eficaz é comentar a incongruência observada, pois isto costuma colocar a outra pessoa na defensiva. Imagine o que acontece se alguém comenta que você parecia não estar falando o que sentia quando disse algo. É possível que você passe a tentar convencer esta pessoa, e para isto você defenderá o que disse. Comentários dão bons resultados quando existe um relacionamento muito próximo entre duas pessoas, quando elas têm liberdade para isto

Uma outra forma seria acompanhar a incongruência. Se alguém lhe diz "Estou muito empolgado com este projeto "e olha para baixo, suspira, cruza os braços, etc., você poderia dizer "Fico feliz", enquanto também olha para baixo, suspira e cruza os seus braços. Esta estratégia inicialmente fará com que a pessoa fique um pouco pensativa e confusa, passando depois a perceber a sua incongruência e possivelmente a querer falar sobre ela.

Algumas incongruências são devidas a divisões internas muito fortes, a conflitos internos significativos, que costumam causar sofrimento a quem os experimenta. Como o pai que fica sem jeito ao abraçar o filho porque tem dificuldades para dar e receber afeto. Neste caso, é necessário um trabalho de integração das partes envolvidas (da parte que gostaria de expressar afeto e da parte que acha que não deveria fazê-lo). Outras incongruências deste tipo são expressas através da fórmula "Eu gostaria de poder X mas Y me impede".

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19 - COMO PODEMOS DEIXAR AS PESSOAS NUM ESTADO MELHOR DO QUE QUANDO AS ENCONTRAMOS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Sugerimos a seguinte experiência: observe atentamente os objetos de cor verde que existem no local onde você está. Agora responda: quantos objetos azuis existem neste local?

As perguntas que nos são feitas direcionam o foco da nossa atenção. Como se esta fosse um farol que ilumina apenas o local para onde é apontado. Por exemplo, você está consciente da sensação em suas mãos neste momento? É provável que agora esteja, porque direcionou sua atenção a elas.

Imagine dois amigos conversando num restaurante. Um deles diz:

- Você reparou nas cores das paredes? Que mau gosto, não acha?

- Sabe que eu nem tinha visto...

- E o uniforme do garçom, então...

- O que há com ele?

- Está enorme, deve ser uns dois números maior que o dele.

- É. Pode ser.

- Este molho não está com um gosto estranho?

- Como assim?

- Sei lá... Acho que não vou comer.

- Não percebi nada.

- Comida apimentada como esta não lhe dá azia?

- ...

As perguntas que nos são feitas direcionam não só a nossa atenção mas também a maneira como nos sentimos num dado momento. Com pessoas como a do exemplo citado, há que se ter firmeza e determinação para não voltar do almoço com azia e com a impressão de ter ido ao pior restaurante do mundo.

Dois cuidados são necessários neste aspecto. Primeiro, cuidado com o que você anda focalizando em relação à vida. Se você focalizar apenas defeitos, maldade, desgraças e pontos negativos, você os encontrará em profusão. É como diz o ditado: "Quem procura, acha".

Como aquela pessoa que foi mandada a Paris para fotografar cenas de violência urbana. Ao voltar de lá, perguntaram-lhe o que ela havia achado da culinária francesa, da arquitetura, dos museus, etc., ao que ela não soube responder, pois havia focalizado apenas a violência.

Há pessoas que são capazes de achar horríveis lugares maravilhosos. Por outro lado, há também pessoas que se encantam com lugares simples e singelos. Tudo depende do que se busca, do que se observa quando se olha para algo.

O segundo cuidado que se deve ter é com relação às perguntas que fazemos às pessoas. Devemos nos lembrar de que nossas perguntas têm o poder de dirigir a atenção do outro para aquilo que lhe estamos sugerindo.

Imagine que você conhece alguém que um dia você viu passar por um grande vexame (ele escorregou e caiu, ou bebeu demais numa festa). Toda vez que o encontra, você não consegue deixar de lhe perguntar: "Lembra-se daquele dia?" de forma que, depois de um certo tempo, só o fato de vê-lo já é suficiente para que ele se sinta mal.

Num outro exemplo, uma pessoa diz: "Nossa, como você está pálido! Você está doente?" Ou então: "Você está preocupado com alguma coisa? Você está triste?" Para poder responder a perguntas como estas, a pessoa precisará verificar como se sente e se perguntará: "Eu, triste? Deixe-me ver...É, eu estou um pouco aborrecido porque estou sem dinheiro". Perceba que é possível que ela estivesse bem até então, que não estivesse pensando na falta de dinheiro, mas o fato de alguém tê-la lembrado disto foi suficiente para mudar seu estado interno.

Melhor seria se nós sempre deixássemos as pessoas num estado interno mais agradável do que quando as encontramos. Há pessoas que já fazem isto conosco, inconscientemente, sem que nem se dêem conta disto, pois a repetição, a prática, automatiza esta estratégia. São pessoas que gostamos de encontrar, que nos deixam com um sorriso no rosto quando vão embora. Como elas fazem isto?

Inicialmente, observa-se que estas pessoas procuram perguntar apenas sobre os assuntos que sabem que deixam o outro feliz, motivado, curioso, orgulhoso, etc.. Também, são pessoas que sabem observar e buscar interesses em comum. Por exemplo, J. adora cinema e encontra S., que é um expert em filmes de suspense. J. aproveita então para pedir-lhe algumas indicações e os dois conversam animadamente sobre o assunto. J. também adora pescar, de forma que ao visitar uma ilha de pescadores, tem muito o que conversar com os habitantes da ilha.

Pode-se notar que é necessário possuir flexibilidade de comportamento, que significa ser capaz de variar o próprio comportamento para se adaptar às várias situações e pessoas. Além disto, é necessário também ter interesses variados, ou pelo menos curiosidade a respeito das coisas que não se conhece.

Sendo um bom observador, não é difícil perceber o que motiva a vida de alguém atualmente. Se uma pessoa está muito empolgada com seu novo emprego, apreciará que lhe perguntem sobre ele. Mas se ela está insatisfeita, fazer-lhe perguntas sobre ele poderá deixá-la num estado ruim (que poderá ser constatado pela simples observação de sua linguagem não verbal: a expressão de seu rosto, sua postura, seu tom de voz, etc.).

Sempre há algo positivo a ser lembrado sobre a vida de uma pessoa, algo de que ela sinta orgulho, algo que a deixe feliz, apesar de às vezes ela não estar consciente disto (como você não estava consciente da sensação em seus pés até este momento, após ter lido esta frase). Nós então poderíamos dirigir o foco de sua atenção para estes aspectos positivos que até então estavam inconscientes. E com isto a deixaríamos num estado interno muito melhor.

Estamos sugerindo aqui que todo relacionamento pode ser uma troca. Em todo relacionamento é possível descobrir afinidades, interesses em comum, assuntos que interessem a ambas as pessoas. Nós sempre poderemos aprender algo, quer nosso interlocutor seja um pescador, um menino ou o Presidente da República. Basta saber procurar, lembrando-nos de que encontramos aquilo que focalizamos.

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20 - COMO PODEMOS AVALIAR AS SITUAÇÕES DE FORMA POSITIVA

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Nada é bom ou mau em si mesmo. Tudo depende da forma como avaliamos cada situação.

Há pessoas para as quais um pequeno contratempo significa uma catástrofe e outras que conseguem não se abalar em demasia diante de fatos realmente desagradáveis. A diferença entre ambas está na maneira pela qual representam as situações, no ''filme" que vêem em sua imaginação.

Imagine duas mães esperando seus filhos à noite. Eles estão atrasados e já é tarde. A primeira imagina o seguinte "filme": Ela vê um acidente e o filho todo sujo de sangue, à morte. Ou então imagina que ele foi seqüestrado, o vê em poder de perigosos assaltantes, sendo torturado. Esta mãe então começa a ficar ansiosa e apavorada. Já a segunda mãe imagina o filho se divertindo com os amigos. Talvez ele esteja num cinema ou numa festa. Conseqüentemente, ela fica tranqüila até que o filho chegue (ou pelo menos não fica apavorada).

Perceba que nenhuma delas sabe o que realmente aconteceu ao filho e cada uma imagina um tipo diferente de ''filme", que não é real, mas tem o poder de determinar como elas vão se sentir.

Assim também acontece conosco, no dia-a-dia. Se você está num estado interno ruim (se está ansioso, deprimido, etc. ), mude o "filme" que está vendo em sua imaginação e o seu estado interno também mudará.

Tudo pode ser visto e entendido sob vários ângulos. E então o leitor poderá se perguntar se isto não é o mesmo que se iludir, que negar os fatos, negar a realidade. Nós então lhe diríamos que também a realidade é um conceito relativo. Como saber se algo é de fato real?

Para exemplificar o que dissemos acima sobre realidade, citaremos os críticos de cinema. Quantas vezes você já não se surpreendeu achando horrível um filme que a crítica elogiou? O inverso também costuma ser freqüente: a crítica diz que aquele filme que você adorou é péssimo! E a pergunta que se faz então é. Quem está com a razão? O filme na realidade é bom ou ruim? A resposta seria: Depende. Depende dos critérios e do ponto de vista adotados. Talvez sob o ângulo da originalidade, da direção, dos atores, o filme seja ruim, mas sob o ângulo da diversão que ele lhe proporcionou, das gargalhadas que ele provocou, ele seja excelente.

Realidade é algo sobre o que duas ou mais pessoas concordam. Desta forma, se algumas pessoas vêem no céu uma luz e concluem que se trata de um disco voador, isto é real para elas. Pode não ser real para você, que está presente no local da aparição e acredita que aquela luz no céu é apenas um avião.

Sempre que você ouvir alguém afirmar que algo é péssimo, bom, feliz, infeliz, real ou irreal, questione: Do ponto de vista de quem? Comparado com quê?

Os "filmes" que vemos em nossa imaginação têm ainda a característica de serem dirigidos por nós. Somos nós quem escolhemos as cenas que vão compô-lo. Numa situação difícil, é você quem escolhe se focaliza a dificuldade ou as possíveis saídas. Ou ainda, qual parte da situação é mais importante para você. Como a mãe que comenta com a filha sobre um pretendente desta: "Minha filha, ele é feio, mas é tão rico!" E a filha responde: "Sim, mamãe, ele é rico, mas é tão feio."

As perguntas que você se faz determinam qual a parte da experiência que você vai focalizar e também como vai se sentir. Se você se pergunta "Por que comigo nada dá certo?" sua mente se esforçará para encontrar uma resposta, mesmo que precise "fabricar" uma. Agora, se você se perguntar "O que eu posso fazer para conseguir o resultado que desejo?" as respostas indicarão alternativas.

No próximo artigo ilustraremos com uma metáfora o que expusemos aqui.

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21 - "SE É BOM OU SE É MAU, SÓ O FUTURO DIRÁ..."

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Conforme afirmamos no artigo anterior, nada é bom ou mau intrinsecamente. Tudo depende do ponto de vista através do qual analisamos algo.

Nós não reagimos aos fatos em si, mas sim à representarão que temos deles. É o que nos mostra a estória a seguir.

Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras a seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, exceto o mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: " Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá."

No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: as fontes secaram, os pastos ficaram esturricados, o gado morreu. Mas o charco do irmão mais novo se transformou num oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco, por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa lhe havia acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá". Passados sete dias, o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos cavalos selvagens. Vieram os amigos para celebrar esta nova riqueza, mas o que ouviram foram as palavras de sempre: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá". No dia seguinte seu filho, sem juízo, montou o cavalo selvagem. O cavalo o lançou ao chão. O moço quebrou a perna. Voltaram os amigos para lamentar a desgraça. "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá", o pai repetiu. Passados poucos dias, vieram os soldados do rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços tiveram que partir, menos o seu filho de perna quebrada. Os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá..."

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22 - TODO COMPORTAMENTO TEM UMA INTENÇÃO POSITIVA

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Todo comportamento tem uma intenção positiva. Sempre. Pelo menos do ponto de vista de quem o pratica. Reconhecer este fato pode ser a solução para a maioria dos problemas de relacionamento.

Imagine uma criança que finge estar com dor de barriga para não ir à escola. Provavelmente, ela está tentando se proteger de algo (uma prova, uma briga) ou buscando algum ganho (assistir T.V., jogar futebol). Para resolver o impasse, o primeiro passo é conhecer qual é a intenção positiva que está por trás do comportamento da criança. Conversar com ela para saber o que ela ganha se ficar em casa e o que poderia perder se fosse à escola. Imagine que a criança afirma que não quer ir à escola porque alguns colegas prometeram bater nela. Neste ponto, poderíamos lhe dizer algo como: "Entendo que você não quer apanhar. É muito ruim apanhar". (Dizendo isto, estamos mostrando à criança que reconhecemos a intenção positiva de seu comportamento e que damos valor a ela). "E o que você poderia fazer para poder ir à escola e não apanhar?" (Aqui estamos buscando alternativas com a criança).

Reconhecer a intenção positiva, dar valor a ela e buscar alternativas. Esta seqüência pode resolver a maioria dos problemas entre as pessoas, desde a briga entre um casal, até problemas com funcionários, com filhos, alunos, etc. Talvez um dia, quando formos capazes de reconhecer a intenção positiva que existe no comportamento de todas as pessoas, nós sejamos realmente capazes de amá-las. Fica mais fácil entender o outro quando nos colocamos em seu lugar, olhamos a situação com os olhos dele e conhecemos o porquê dele fazer o que faz. Desta forma, é possível desaprovar o comportamento de uma pessoa mas ainda assim continuar gostando dela. Agindo assim, diríamos que alguém "está" (chato, agressivo, desanimado, etc.), mas não que "é". Separamos a pessoa, seu valor, de seu comportamento.

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(2a. parte)

O ser humano é um sistema complexo e organizado. Ele é um todo, um conjunto composto de várias partes que dependem uma das outras e que buscam o equilíbrio. A esta interdependência e equilíbrio, em PNL damos o nome de ecologia.

Todos nós temos uma ecologia interna que garante a manutenção e equilíbrio do nosso sistema. Um exemplo desta ecologia, que sempre atua a nosso favor, são aquelas mudanças que queremos realizar mas não conseguimos. Nestes casos, é como se sentíssemos que algo nos impede, nos bloqueia.

Muitas pessoas se revoltam contra si mesmas e chegam a sentir raiva por não conseguirem efetivar determinadas mudanças. Na verdade, deveríamos ser gratos à nossa ecologia interna, pois, como explicaremos a seguir, ela sempre nos protege.

Como aquela pessoa que prometeu a si mesma parar de fumar neste ano. Apesar de bem intencionada, como costuma acontecer quando um novo ano se inicia, é como se uma parte sua (ou várias) não concordasse e a impedisse de todas as formas. Isto ocorre porque, neste exemplo, a mudança desejada não seria ecológica. Se fôssemos investigar junto à parte (ou às partes) que tem objeções à mudança, constataríamos talvez que ela aja assim porque fumar é uma das poucas alegrias que aquela pessoa tem na vida. Como afirmamos, nosso sistema possui uma ecologia que nos protege, que busca o equilíbrio. E além disso, todo comportamento tem uma intenção positiva. Portanto, fumar para esta pessoa tem a intenção positiva de lhe dar prazer, alegria. E a parte dela que não quer que ela pare de fumar tem a intenção positiva de garantir que ela continue tendo este prazer.

Pensando de outra maneira, o que seria desta pessoa se de repente ela fosse impedida, por si mesma ou por outra pessoa, de obter este prazer? Ocorreria um desequilíbrio grave e o sistema todo seria afetado, ou seja, outras partes suas também seriam prejudicadas. Exagerando um pouco, poderíamos imaginar que esta pessoa, não tendo mais aquele motivo que a deixava alegre (o cigarro), não teria também motivação para trabalhar, resolver problemas, sair com os amigos, etc.

O que fazer então? Desenvolver outras alternativas que garantam o mesmo prazer que o cigarro, mas que não sejam nocivas à saúde e ao equilíbrio do sistema, ou seja, alternativas ecológicas. Se alguém se propõe a fazer exercícios ao invés de fumar, sendo que detesta se exercitar, não funciona, pois a alternativa não é ecológica - gerará objeções na parte que não gosta de exercícios.

Ou se promete a si mesmo um prêmio ao final de um ano, comprado com o dinheiro que seria gasto com cigarros, também não funciona, não é ecológico, pois a alternativa deveria proporcionar prazer imediato, como o cigarro, e não daqui a um ano.

É importante ressaltar que cada um possui sua própria ecologia. Assim, uma alternativa pode ser ecológica para uma pessoa e não o ser para outra.

Há pessoas que desconsideram sua ecologia, que tentam sabotar suas partes internas que têm objeções à mudança pretendida. É o caso daqueles que trancam o maço de cigarros à chave, saem de casa sem levá-lo consigo, numa verdadeira briga interna.

Ou então aquelas pessoas que querem emagrecer e que para isso usam a chamada força de vontade. Como o próprio nome diz, trata-se de uma força, só que neste caso ela é usada contra a pessoa, contra aquela parte interna que quer comer. Trava-se uma batalha interna, da qual ora uma, ora outra parte sairá vitoriosa. E então aquela pessoa engorda e emagrece sucessivas vezes.

Considerando que nosso sistema busca o equilíbrio, se ele for privado de algo por um certo tempo, tentará recuperá-lo num outro período.

É como se a parte que quer emagrecer e a parte que quer comer vivessem disputando o poder, e a cada período uma delas assumisse o controle da situação.

Melhor seria se elas entrassem num acordo, de forma que a intenção positiva de ambas fosse respeitada e que elas não mais se interrompessem. Neste caso, caberia a pergunta: "O QUE, QUANTO E QUANDO vou comer para pesar X Kg"? "QUANTO preciso comer para poder emagrecer X Kg em X DIAS?"

Ou então, que cada uma das partes buscasse uma outra alternativa para conseguir realizar sua intenção positiva. Poderíamos perguntar às partes: "Existem outras formas de obter prazer e alegria além de comer?" Ou "Existem outras formas de perder peso além de reduzir a quantidade de alimentos ingeridos?"

Por exemplo, se a parte que quer comer para satisfazer a intenção positiva de preencher aquele vazio que sente falta de carinho, de afeto (ou de alegria, de novidades, etc.), se esta parte concordar em obter este afeto através do contato com amigos de verdade (e não mais do amigo imaginário que o alimento representava), ela perceberá que não lhe será negado aquilo que buscava (o afeto), apenas mudará a fonte através da qual o recebe.

Conclui-se que sempre que alguém está diante de uma questão como "Quero mas não consigo "ou "Quero X, mas Y me impede", está ocorrendo um problema de ecologia. Neste casos, é necessário conhecer todas as partes envolvidas na questão para que se encontre uma alternativa que satisfaça a todas elas, uma alternativa que seja ecológica, o que equivaleria a um acordo entre as partes.

Além disso, é necessário resignificar (redescobrir o verdadeiro significado, atribuir um novo significado a) a comida, o cigarro. No caso da comida, será necessário separar afeto e alimento, de forma que se perceba que afeto é diferente de prazer gustativo - que não deixará de existir e de ser apreciado. Trata-se desfazer um condicionamento.

Finalizando, gostaríamos de ressaltar que as "partes" a que nos referimos aqui não existem como tal. Falamos em "partes" assim como poderíamos falar de "lados", sendo este apenas um modelo que nos ajuda a compreender melhor a questão. O uso de modelos é comum também em Química, Física (por exemplo, o modelo tridimensional do átomo) e constituem uma tentativa de ilustrar melhor o funcionamento de algo.

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23 - A PNL E A CURA DE DOENÇAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Como afirmamos em artigos anteriores, todo comportamento tem uma intenção positiva. E no caso das doenças não é diferente.

Podemos interpretar uma doença como sendo uma mensagem que parte de uma pessoa e a ela mesma é dirigida. Assim sendo, uma dor de cabeça, depois de um dia muito estressante, pode conter uma mensagem como "descanse um pouco", "relaxe", etc.

A maioria das pessoas está habituada a desconsiderar as mensagens contidas nas doenças ou dores e a buscar alívio imediato dos sintomas (através de analgésicos, por exemplo).

Se imaginarmos que a dor (ou o sintoma) é um apelo de uma das partes de uma pessoa, se ela não o escuta, então aquela parte poderá começar a "gritar", ou seja, seus sintomas poderão piorar. É assim que aquela "dorzinha" se transforma num quadro mais grave.

Sempre que negligenciamos o apelo de nossas partes internas, e o termo partes aqui se refere tanto a partes orgânicas como àquelas partes de nossa personalidade, desrespeitamos nossa ecologia interna, aquela que busca o nosso equilíbrio (leia o artigo anterior).

Por exemplo, M. trabalha em uma empresa e suas atividades têm sido bastante desgastantes nos últimos meses. Ele nota que está mais cansado do que antes, no final do dia, mas atribui isso ao calor, e assim "vai levando". Há dias em que sente dor de cabeça e então toma um analgésico (qualquer um que estiver à mão). O alívio costuma ser imediato, mas em geral M. necessita de outra dose após algumas horas. Ultimamente ele tem notado que está com dificuldades para respirar quando sobe escadas. É bem verdade que tem fumado muito, pois o cigarro é a única alternativa que ele conhece para driblar a ansiedade. Ele promete a si mesmo parar de fumar e fazer exercícios - promessa essa que é sempre adiada: "No ano que vem...", "Nas férias...", ou "Na segunda-feira, sem falta...". Até que um dia ele tem um infarto.

No exemplo acima, as partes internas de M. fizeram de tudo para avisá-lo que ele não estava se respeitando, que ele precisava descansar e cuidar melhor de si mesmo. Como ele não ouviu, suas partes "gritaram".

Desta forma, uma doença não é algo que acontece a alguém, como se viesse de fora, mas um processo que tem início na própria pessoa, sinalizando que seu equilíbrio foi perturbado e que algo precisa ser feito para restaurá-lo.

É fato que quando as pessoas estão mais fragilizadas, deprimidas ou estressadas, ficam muito mais suscetíveis a doenças. Condições ambientais adversas, pensamentos e sentimentos negativos e persistentes, tudo isso contribui para o aparecimento de doenças.

No caso de pacientes com câncer, em geral observa-se que eles enfrentaram algum evento estressante entre seis e dezoito meses antes do aparecimento da doença. Pode ser, por exemplo, a morte de uma pessoa próxima, chegada da aposentadoria, ou ainda quando os filhos saem de casa ao ingressarem na universidade.

Com isso não estamos afirmando que toda pessoa que enfrentar um estresse ficará doente. O que faz a diferença aqui é a maneira como cada um reage ao estresse. Que alternativas dispõe para lidar com a situação, que saídas encontra.

Também as crenças que uma pessoa possui são determinantes para o aparecimento de doenças. Se alguém acredita que fumar provoca câncer, ou seja, se a cada vez que acender um cigarro reforçar a idéia de que ele vai matá-lo, provavelmente desenvolverá a doença. Possivelmente isso explique por que há pessoas que fumam e que não têm câncer, ao passo que outras, que não fumam ou que há muito tempo deixaram de fumar, adoecem e morrem dessa doença. Todavia esclarecemos que não basta afirmar "Comigo isso não acontecerá". Uma crença é algo muito mais forte do que uma simples afirmação.

Um outro exemplo de crença, bastante comum entre pacientes com câncer, é "Quase todos em minha família morreram de câncer, portanto, eu também terei câncer". Uma pessoa com uma crença como esta tem grande probabilidade de desenvolver câncer, a menos que consiga modificá-la.

Para exemplificar o poder das crenças, foram realizadas várias experiências com placebos (placebos são substâncias absolutamente inócuas, tais como pílulas de açúcar ou farinha, ministradas a pessoas às quais é dito que trata-se de um determinado medicamento). Os resultados destas experiências em geral apontam que as pessoas que receberam placebo têm índices de cura (ou de melhora dos sintomas) semelhantes àqueles que receberam medicamentos verdadeiros. Conclui-se que as crenças que uma pessoa tem sobre a eficácia de determinado medicamento podem ser até mais poderosas que o próprio medicamento.

 

 

O que a PNL propõe para a cura do câncer e de outras doenças é o reconhecimento da intenção positiva que existe por trás da doença, a identificação da mensagem que ela traz consigo e das crenças que possibilitaram o seu aparecimento. Não se trata apenas de curar a doença, o sintoma, mas de promover o crescimento de ser humano, uma reorganização de todas as suas partes.

Sobre esse assunto recomendamos o livro CRENÇAS: CAMINHOS PARA A SAÚDE E O BEM-ESTAR, de Robert Dilts, Tim Hallbom e Suzi Smith (Ed. Summus), um livro de PNL em que são descritos tratamentos de alergias, AIDS e câncer. Recomendamos também os livros AMOR, MEDICINA E MILAGRES, de Bernie Siegel (Ed. Best Seller) e COM A VIDA DE NOVO , de O. Carl Simonton, Stephanie M. Simonton e James L. Creightor (Ed. Summus). Nestes dois livros (que não pertencem à PNL) são utilizadas muitas das técnicas da PNL, algumas delas ensinadas aos autores pessoalmente por Richard Bandler e por John Grinder (os criadores da PNL). O que se propõe nesses livros não é um substituto para o tratamento médico convencional (que aliás é recomendado pelos autores, ambos médicos), mas um aliado que pode ser considerado, em muitos casos, o elemento que faltava para que se desse a cura.

Esclarecemos ainda que não se trata do tão popular "poder da mente", pelo menos não da forma como muitos o concebem (repetição de frases positivas, otimismo, etc.). O tratamento geralmente costuma causar modificações radicais na vida do doente, à medida em que lhe mostra aspectos até então negligenciados por ele.

Não é possível curar um doente com câncer se ele não quiser. E querer aqui pode significar estar disposto a enfrentar aspectos e mudanças difíceis, tais como mudar de emprego (ou de profissão), se isso for necessário para que o paciente se sinta feliz e motivado; separar-se de pessoas queridas para ir em busca da realização de um sonho, de um ideal; aprender a dizer NÃO (e a dizer SIM), etc..

Os sucessos obtidos com estas abordagens são bastantes animadores e apontam um caminho a muitas pessoas para as quais já não havia mais nenhum.

Basicamente, as técnicas utilizadas para a cura do câncer consistem em grupos terapêuticos, nos quais os pacientes se reúnem sistematicamente para poderem conhecer, com a ajuda do grupo, qual é a mensagem da doença para a sua vida e quais as crenças que fizeram com que ela aparecesse. Recebem também orientações sobre dietas e exercícios físicos, importantes aliados do tratamento. São realizados também exercícios de relaxamento, meditação e visualização (os pacientes visualizam, imaginam, seu sistema imunológico reagindo adequadamente à doença).

Concluindo, saber interpretar a intenção positiva que existe por trás de uma doença pode promover não apenas a sua cura como também o crescimento interior do ser humano e a transformação de sua vida.

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24 - PNL E A CURA DE ALERGIAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Há muito tempo sabe-se que as alergias consistem basicamente num erro do sistema imunológico.

Quando o sistema imunológico está funcionando corretamente, ele identifica substâncias realmente perigosas para a nossa saúde, tais como vírus e bactérias, a fim de nos proteger . Nestes casos, ele reagirá ao invasor, tentará neutralizá-lo, para que não fiquemos doentes.

Entretanto às vezes o sistema imunológico se engana e classifica substâncias inofensivas, tais como um alimento, picada de insetos, perfumes, como se fosse algo perigoso. Então a pessoa passa a apresentar uma reação exacerbada a uma substância que seria inofensiva, ou seja, uma reação alérgica. Seu sistema imunológico "pensa" que se trata de algo muito perigoso e contra-ataca, como se fosse um vírus ou bactéria.

Nosso sistema imunológico tem uma intenção positiva agindo desta maneira: está tentando nos proteger.

A PNL acredita que o sistema imunológico pode ser treinado a reagir novamente de forma adequada a estímulos inofensivos e possui procedimentos específicos para isto.

Tais procedimentos estão descritos nos livros A Essência da Mente, de Steve Andreas e Connirae Andreas, e CRENÇAS: caminhos para a saúde e o bem-estar, de Robert Dilts, Tim Hallbom e Suzi Smith, ambos da Editora Summus.

São técnicas que visam desfazer o erro codificado pelo sistema imunológico. Basicamente, consistem em mostrar ao sistema imunológico qual a reação adequada frente a um estímulo inofensivo. Uma pessoa alérgica à picada de abelhas, mas não à picada de vespas, ensinará seu sistema imunológico a reagir às abelhas da mesma forma que rege às vespas. É um condicionamento .

Inúmeras pesquisas comprovam este tipo de condicionamento.

"Em l984, durante uma experiência, cobaias receberam uma proteína estranha para estimular a reação imunológica, e as injeções eram acompanhadas por uma fragrância. Depois da quinta aplicação conjunta, das proteínas mais a fragrância, constatou-se que a reação alérgica dos animais, medida pela liberação de histamina, era estimulada apenas pela fragrância. Os níveis médios de histamina em reação àquela determinada fragrância eram trinta vezes maiores do que os níveis causados por uma fragrância neutra. Em outro estudo mais específico, ratos foram treinados para ter uma reação alérgica à luz e ao som. O nível de enzima específica essencial à reação alérgica foi aproximadamente quatro vezes maior que o nível obtido com animais não treinados.

Alguns pesquisadores acham que este é o processo que ocorre com pessoas que adquirem alergias. Um incidente ou uma reação emocional pode disparar a reação do sistema imunológico na presença de um gato, fumaça de cigarro, pólen ou qualquer outro 'alérgeno' " (A Essência da Mente, pg.49).

As técnicas usadas pela PNL costumam ser eficientes em 80% dos casos. Observa-se que a técnica funciona bem quando se trata apenas de desfazer o condicionamento, quando é apenas necessário reensinar o sistema imunológico. Todavia, inúmeras vezes as alergias são a parte aparente de um problema cujas raízes são mais profundas. Nestes casos, o condicionamento, a técnica, é a última coisa a ser realizada. Antes há que se tratar das questões envolvidas. Um exemplo disto que estamos falando são os ganhos secundários.

Os ganhos secundários seriam aquelas razões que, às vezes inconscientemente, mantêm as pessoas presas a um determinado tipo de problema. Por exemplo, uma pessoa não gosta que outros fumem perto dela, só que acha difícil dizer isto às pessoas. Então passa a ser alérgica à fumaça de cigarro, como se estivesse dizendo "Não sou eu quem não quer que você fume, é a minha alergia". Ou então uma pessoa que é alérgica a açúcar e cuja alergia tem a intenção positiva (ganho secundário) de evitar que ela engorde.

A solução para tais ganhos secundários é buscar com a pessoa maneiras mais eficientes de lidar com o problema do cigarro e o do peso. Quando a pessoa dispuser de meios mais adequados para reagir a estes problemas, a alergia não será mais necessária.

Outros ganhos secundários envolvem, por exemplo, a atenção e os cuidados que uma pessoa recebe em função de sua doença. Às vezes a doença é a única forma que ela sabe para conseguir atenção e afeto. Também aqui, se ela aprender novas maneiras de obter atenção e afeto, não mais necessitará da reação alérgica para esta finalidade.

Inúmeras vezes a alergia é apenas o sintoma de algo que não está bem na vida de uma pessoa. Às vezes, é até possível eliminar a alergia, mas como a verdadeira causa do problema não foi tratada, ele volta a se manifestar e a pessoa pode voltar a ter a alergia, ou então passará a ter um outro tipo de manifestação daquele problema, como por exemplo, problemas digestivos. Freqüentemente, por trás da alergia estão questões de extrema importância, tais como questões no nível da identidade e das crenças.

Tomemos um exemplo fictício. Um homem tem alergia a perfumes. Sempre que alguém que esteja usando um perfume se aproxima dele, ele começa a espirrar. Conhecendo melhor sua história, identificamos em sua infância um episódio no qual havia chegado em sua casa uma visita de quem ele não gostava. Casualmente, a visita usava uma colônia. Ele não poderia, por uma questão de educação, mostrar seu desagrado à visita. Mas poderia ter um comportamento reflexo, o espirro, uma vez que, via de regra, as pessoas não espirram porque querem. Espirrar passou a ser então uma forma de mostrar desagrado. O espirro tinha para ele a intenção positiva de afastá-lo das pessoas que o desagradavam. Note-se que tudo isto ocorria a nível inconsciente, ou seja, ele não agia "de propósito".

E geralmente o "pretexto" para os espirros era o perfume que elas usavam, e mais tarde outros odores foram acrescentados. Depois de um certo tempo, ele passou a espirrar sempre que qualquer coisa o desagradava, demonstrando assim a capacidade que tem o ser humano de generalizar um comportamento.

Além disto, ele recebia muita atenção (ganho secundário) de seus pais em virtude de seu problema. Vários médicos foram consultados, foram feitas viagens a cidades de clima mais agradável e ele tinha muitos privilégios em virtude de ser alérgico: era poupado de situações tais como ajudar na limpeza da casa, visitar a velha tia que morava numa casa úmida, etc. Ele adquiriu uma identidade de doente, de alérgico. Passou a ser visto e a ver a si próprio como doente. Acostumou-se a isto, de forma que ele nem se lembrava de como e por que sua alergia havia começado.

O tratamento para esta pessoa deveria possibilitar-lhe o conhecimento da intenção positiva de sua alergia. Em seguida, buscar com ela outras maneiras de satisfazer esta intenção positiva. Envolveria ainda uma mudança no nível da identidade, além de trabalhar a questão dos ganhos secundários. Provavelmente, muito mais que a cura de sua alergia, esta pessoa sentiria uma mudança global em sua vida, a começar em sua forma de se relacionar com as pessoas.

Lembramos que este é um exemplo fictício, o que quer dizer que cada caso é um caso. Não estamos aqui sugerindo que toda pessoa que espirra em função de uma alergia o faça pelos mesmos motivos que os do exemplo apresentado.

É preciso ressaltar que, como já afirmamos em artigos anteriores, TODO COMPORTAMENTO TEM UMA INTENÇÃO POSITIVA. Portanto, a pessoa que tem uma alergia, ou qualquer outro tipo de problema ou doença, está fazendo a melhor coisa que sabe. É a melhor escolha de que dispõe no momento.

Todavia, muitas pessoas ao procurarem tratamento para sua alergia desejam ser curadas sem que sejam trabalhadas as outras questões envolvidas. É como se dissessem ao profissional: "Eu vou deixar com você minha alergia para você tratá-la. Quando você houver resolvido o meu problema, me avise e eu passo aqui para buscá-lo. Até lá, não quero ser incomodado".

É preciso envolvimento total do indivíduo em relação ao tratamento. É preciso que ele queira curar-se. E queira muito!

Como na estória em que um doente pede a um curandeiro:

- Por favor, cure-me.

- Quanto você está disposto a investir em sua cura?

- Vinte moedas de ouro.

- Quantas moedas de ouro você tem ao todo?

- Cem.

- Então vá para casa e volte aqui somente quando estiver disposto a investir tudo o que tem em sua cura. Neste dia você saberá que obtemos as coisas que desejamos de acordo com a importância que lhes atribuímos.

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25 - COMO OS VALORES CAPITALISTAS PROGRAMAM VOCÊ

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Para poder dirigir um carro, você precisa ser programado: precisa aprender a pisar primeiro na embreagem para depois engatar a marcha e em seguida acelerar, etc..

As suas preferências e hábitos também são programas que um dia foram instalados em você. Se você torce para um determinado time, é possível que tenha aprendido com alguém que ele era o melhor quando comparado aos demais. Se você gosta de praticar um determinado esporte, foi programado (pela TV, pela escola, ídolos, amigos, etc.) para admirá-lo, além de programar-se para praticá-lo, fisicamente e cognitivamente.

Para viver numa sociedade capitalista você também precisa ser programado.

O primeiro programa que o capitalismo instala é o sentimento de falta, de carência, de "vazio". Perceba como a todo momento procuram (a TV, as pessoas, a propaganda, ) mostrar-lhe como você carece de "coisas": um carro novo , um novo computador, a perfeição física, vastos conhecimentos numa determinada área, e a lista seria interminável. É como se não bastasse ter muito, pois o certo, o bom, é ter cada vez mais.

O que alimenta esta ânsia por ter sempre mais é um forte e duradouro sentimento de insatisfação. É preciso bombardear as pessoas a todo momento com imagens e mensagens que lembrem-nas do quanto são incompletas, imperfeitas e, principalmente, infelizes.

Em seguida, é preciso mostrar-lhes que a aquisição disto ou daquilo restituirá seu equilíbrio e felicidade.

Dentre outras conseqüências, isto gera um constante adiamento da própria felicidade. É como se as pessoas dissessem a si mesmas: "No dia em que eu possuir X (ou em que eu for X), darei a mim mesmo permissão para ser feliz e desfrutar a vida". Enquanto este dia não chega, as pessoas vivem como se estivessem entre parênteses, ensaiando, preparando, mas não vivendo. Tal qual um ator que ensaia a peça mas nunca a encena, nunca pisa no palco .

Estas reflexões nos remetem à estória de um pastor de ovelhas que certa noite teve um sonho. Sonhou com um anjo que lhe dizia para levar seu rebanho até as planícies do norte. Dizia o anjo que se ele fosse em direção ao norte, encontraria belas paisagens, campos verdes, rios e cascatas. Assim fez o pastor. Por quarenta dias ele caminhou com suas ovelhas. Só parava à noite para repousar. Durante o dia, passou por lindas paisagens e pensou em parar e admirá-las, mas lembrou-se de que o anjo o mandou ir para as planícies do norte, e então pensou: "Lá certamente haverá paisagens como esta e até mais bonitas. Não vou perder tempo". Em outros dias, teve vontade de parar e tomar um banho refrescante na cachoeira, mas lembrou-se do que o anjo lhe disse e desistiu da idéia. Finalmente chegou às planícies de que lhe falara o anjo e qual não foi sua decepção. Nada de campos verdes, paisagens, rios e cascatas. Apenas um enorme deserto. O pastor, desapontado, deitou-se no chão e chorou, lamentando sua falta de sorte. Foi então que o anjo apareceu diante dele e lhe disse: "Por que você não apreciou as belas paisagens, rios e cachoeiras do caminho? Sem desfrutá-los, de que lhe adiantou vir até aqui?" Mas o que está feito, está feito, e o pastor não poderia recuperar o que havia perdido. E então cuidou de aproveitar o caminho de volta, desta vez prestando mais atenção à viagem em si do que ao destino final.

Esta história nos fala de como às vezes temos estado "viajando pela vida" sem desfrutar o caminho, a viagem, só preocupados com a chegada. Como se só pudéssemos ser felizes ao chegar lá (em nossas metas, conquistas). Antes, não.

Você, leitor, já pensou no que aconteceria se as pessoas aprendessem, de alguma forma, a se sentirem felizes e satisfeitas hoje, sem adiar nada para "O dia em que eu for (possuir) X"? Pense no que aconteceria, por exemplo, com a chamada indústria da beleza, que se alimenta muito mais da insatisfação e infelicidade humanas do que da auto-estima e valorização de si mesmo.

Um outro programa instalado pelo capitalismo é a competição. Aprendemos desde muito cedo a competir por tudo. Competimos por uma vaga para estacionar, competimos no trabalho, na família, com amigos, competimos sempre. Desde crianças aprendemos o jogo do "Eu tenho, você não tem", "Eu sou, você não é".

É como se vivêssemos numa guerra constante. O inimigo é o motorista que tenta nos ultrapassar ou tomar nossa vaga no estacionamento, é o colega de trabalho que é perito num assunto que desconhecemos, enfim, é uma luta que não acaba nunca. Lutamos até contra o tempo (costuma-se dizer que fulano está "correndo contra o tempo"), contra uma doença, contra a miséria e, principalmente, luta-se contra as pessoas.

Um exemplo desta luta levada ao extremo nos é dado pelo paciente que sofre de Esquizofrenia Paranóide, aquele que acha que todos na rua o estão perseguindo e conspirando contra ele.

Uma maneira de entender toda esta competição é imaginá-la como uma fantasia em que alguém acredita que o incompetente, o mau, o infeliz e miserável é o outro. No fundo, pode tratar-se de uma fuga de si mesmo, da própria insegurança, incapacidade, infelicidade, etc.

Concluindo, o fato de vivermos numa sociedade capitalista já é suficiente para que sejamos programados por seus valores. Temos à nossa disposição todos estes programas e podemos acessá-los se assim o desejarmos. Mas a escolha final é nossa, ou seja, nós é que decidimos se vamos usar tais programas, se vamos modificá-los ou se vamos nos reprogramar, adquirir novos programas, tais como solidariedade, generosidade, justiça, empatia, compaixão, etc.

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26 - ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM A INSÔNIA

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Entendemos por insônia a incapacidade de dormir quando se deseja. Exclui as perturbações do sono provocadas por ambientes ruidosos, calor excessivo, enfim, aquelas causas externas que, quando eliminadas, o indivíduo passa dormir normalmente.

Excluindo-se as causas orgânicas, neurológicas (que necessitam de uma investigação médica), vários fatores atrapalham o sono normal. Analisaremos aqui alguns deles.


Diálogo interno

É um tipo de ruído, de barulho, só que é interno, causado por nossa própria "voz interna". É quando ficamos dizendo coisas em nosso pensamento, ficamos repetindo frases como: "Amanhã eu não posso me esquecer de levar o carro para lavar. Mas, e se chover? Depois eu tenho que levar as crianças à escola. Depois... E então..." Da mesma maneira que precisamos silenciar os barulhos da casa para podermos dormir, precisamos silenciar o barulho interno.

Uma maneira de fazê-lo é tentar "abaixar o volume" deste diálogo, fazendo com que nossa "voz interna" fique mais suave, mais lenta, "macia", monótona. Tente deixar esta voz parecida com a daquela famosa locutora de um aeroporto, que fala pausadamente, com uma voz macia, quase sensual. Isto já pode ser suficiente para que o sono venha.

Há pessoas que deixam para fazer um balanço de tudo o que aconteceu no dia justamente na hora de dormir. Daí ficam recordando o que ouviram, o que lhes disseram, as músicas que escutaram, etc. E ficam passando novamente pelas mesmas emoções sentidas durante o dia, em geral com a mesma intensidade do momento em que ocorreram. Poderíamos dizer que neste momento experimentam um verdadeiro carrossel de emoções, cheio de altos e baixos, de emoções intensas e outras mais amenas.

Se discutiram com alguém no trabalho, ficam se lembrando de cada palavra dita e ouvida , e ainda, daquilo que poderiam ter dito. Sentem novamente raiva, tensão, medo, enfim, é como se passassem pela situação uma segunda vez.

Em geral este ruído interno traz consigo as imagens correspondentes. A pessoa pode ver a si mesma passando pela situação, como num filme, ou então poderá ter a impressão de que está dentro do filme, como se a situação estivesse ocorrendo exatamente ali onde ela se encontra. O resultado disto é semelhante a um filme de ação. Lembre-se do melhor filme de ação, suspense e aventura que você assistiu. Agora responda: você conseguiria dormir assistindo a um filme como este?

Imagens e sons trazem a sensações correspondentes: o coração pode bater mais rápido, o indivíduo poderá começar a transpirar, a experimentar diferentes graus de tensão e ansiedade. O corpo responde a estas imagens, sons e sensações de forma diretamente proporcional, ou seja, reage como se a pessoa estivesse em plena atividade, a todo vapor , quando o que ela mais desejaria neste momento seria dormir e relaxar.

Há pelo menos duas alternativas para lidar com esta situação. A primeira é não levar para a cama nenhum tipo de problema, plano, projeto, dúvida, recordação, "balanço", etc. Sugerimos que cada pessoa tenha em casa um lugar específico para pensar neste tipo de assunto, de forma que antes de se deitar, dirija-se a este local e pense até cansar, ou melhor, até sentir sono. Ao deitar-se na cama, se surgirem outros assuntos que haviam sido esquecidos, sugerimos que se levante e volte àquele local determinado para esta finalidade, caso não seja possível adiar o assunto para um outro dia, e volte para a cama após tê-lo esgotado.

Isto é importante porque nós nos condicionamos a tudo. Nosso corpo se condiciona e nosso cérebro também. Se você se condiciona a pensar na vida todas as vezes em que vai para cama, passará a fazer isto automaticamente. Bastará você deitar a cabeça no travesseiro para que seu cérebro passe a trabalhar em imagens, sons e sensações. Por este motivo estamos sugerindo que você se condicione a pensar em outro local que não seja o seu quarto.

Uma outra maneira é condicionar-se a só ir para cama quando sentir sono, ao invés de ficar na cama esperando que o sono chegue. Mesmo durante o dia, se sentir sono, seria benéfico dirigir-se à cama e lá permanecer durante alguns minutos. Agindo desta forma, está-se fazendo uma associação (um condicionamento) entre sono e cama. Seria como se você estivesse dizendo ao seu cérebro: "Lugar de sentir sono é na cama" e "Assim que me deito , durmo, automaticamente".

Desacelerar o ritmo

Você pode tomar uma série de medidas para ficar com sono: ler um livro complicado e desinteressante, ouvir uma entrevista do mesmo estilo, uma música suave, lenta.

Procure diminuir o seu ritmo, desacelerar. Com isto queremos dizer que antes de se dirigir ao seu quarto você deveria desacelerar o seu ritmo como um todo: o ritmo do seus pensamentos, o ritmo do seu corpo, pois é exatamente assim que nos comportamos quando estamos realmente com sono: ficamos lentos, não conseguimos nos concentrar, o corpo pode ficar "pesado", ou então há uma sensação de "moleza".

Para isto, busque atividades nas quais você possa sincronizar o seu ritmo com o delas: um programa de TV em que o apresentador seja monótono, fale devagar, até mesmo uma torneira que esteja pingando, desde que lentamente, poderá servir para este propósito.

É possível que aquela história de contar carneirinhos quando se está sem sono tenha também esta função: expor o indivíduo a um estímulo lento, repetitivo, monótono.

 

Experimente sincronizar o ritmo de sua respiração com o de alguém que já esteja dormindo, ou que esteja com muito sono. Respire no mesmo ritmo que esta pessoa e experimente o que acontece.

Aliás você já deve ter percebido que muitas vezes você acaba ficando com sono quando se aproxima de você uma pessoa que ou está com sono, ou possui um ritmo mais lento que o seu. Isto acontece porque você sincronizou o seu ritmo com o dela.


Relaxar o corpo

Muitas vezes, o que as pessoas ficam repetindo mentalmente é "Tenho que dormir", de forma autoritária, como uma ordem. Porém, para podermos responder a uma ordem, mesmo que ela seja dada por nós mesmos, precisamos nos esforçar, fazer força mesmo. É preciso que haja certo nível de tensão que nos prepare para a ação.

Perceba a diferença que existe entre você dar uma ordem ao seu corpo para que ele fique imóvel e entre estar absolutamente relaxado, sem nenhuma tensão. No primeiro caso, você tensiona músculos . No segundo, você não faz força nenhuma. Deixa que o sono venha.

Experimente agora ficar absolutamente imóvel por alguns minutos. É provável que você se sinta cansado depois de manter esta posição por certo tempo.

Estar relaxado é condição necessária para dormir e para não acordar com dores no corpo. Repetimos: relaxar é diferente de ficar paralisado, tal qual uma estátua. Relaxar é soltar-se.

Há várias maneiras de relaxar. Dentre elas, há diversas técnicas que combinam exercícios de respiração e conscientização corporal.

Experimente, por exemplo, inspirar pelo nariz, levando o ar em direção ao diafragma (ou seja, procurando deixar que o abdômen se eleve, ao invés do peito se elevar) e expire pela boca como se soprasse uma vela. Faça isto lentamente, de acordo com o seu ritmo e a sua necessidade. Pode ser que você sinta vontade de bocejar e isto será um bom indício de que o exercício está dando bons resultados.

Experimente também focalizar cada parte de seu corpo, a começar pelos pés, imaginando que elas estão ficando relaxadas, soltas, sentindo aquela sensação boa como quando você chega em casa e se livra de roupas e sapatos apertados e incômodos.


Procrastinar

Esta palavra significa adiar, deixar para depois.

Muitos executivos possuíam o hábito de ter uma pasta em seu escritório denominada "Assuntos Pendentes". Nesta pasta iam todos aqueles assuntos que poderiam esperar um certo tempo, ou assuntos para os quais não se desejava dar atenção no momento.

É como se esta pasta tivesse poderes mágicos e tudo o que nela fosse colocado se resolvesse por si mesmo. Ela ajudava, portanto, a resolver um problema de consciência, visto que o executivo ficava com a sensação de ter dado um destino àquele assunto, de ter tomado providências.

Todavia, a pasta ia aumentando, e os assuntos nela contidos não eram resolvidos, a menos que passassem para uma outra pasta: a dos assuntos urgentes.

Chamou-se a isto de procrastinação, e sendo vista como um defeito grave, os executivos trataram de eliminar a tal pasta dos assuntos pendentes.

Todavia, TODO COMPORTAMENTO É ÚTIL EM DETERMINADOS CONTEXTOS. Procrastinar pode ser útil quando se quer dormir e um assunto irrompe em nossa consciência.

Imagine que você está quase dormindo e, subitamente, se lembra de que ainda não resolveu um problema sério com um certo funcionário seu. Nesta hora, seria interessante procrastinar e pensar: "Amanhã eu pensarei no que fazer", ou "Depois eu resolvo isto". É assim que fazem as pessoas que conseguem dormir mesmo quando têm problemas a serem resolvidos.

É como quando você abre uma gaveta a procura de um papel e descobre que ela está super desarrumada. Você não está com a mínima vontade de arrumá-la naquele momento e então você a fecha e diz a você mesmo "Depois eu faço isto". É bem provável que enquanto estiver fechada você nem se lembre dela.

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Gostaríamos de ressaltar que a insônia pode ser sintoma de problemas neurológicos ou de problemas emocionais, tais como: depressão, mania, fobia, etc. Nestes casos, há que se consultar um especialista que procederá às investigações necessárias e à prescrição de medicamentos quando necessário.

Lembramos ainda que os famosos remédios para dormir jamais deveriam ser consumidos sem orientação e acompanhamento médicos.

 

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27 - AGENDA OCULTA

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Uma agenda oculta contém coisas que você sente e pensa em relação a uma pessoa mas não lhe diz, por vários motivos: ou para não perder a simpatia dela (e para que ela continue tendo uma boa imagem sua, e continue apoiando você), ou para não lhe dar a chance de rebater uma acusação sua, para ter um trunfo nas mãos contra ela, uma razão que diga que você está certo em não gostar dela (apesar de você nunca lhe dizer isso e nunca lhe dar a oportunidade de se modificar naquele aspecto). Contém também intenções secretas que podem existir em seus comportamentos.

Entre marido e mulher, é muito comum que, ao longo dos anos, um deles (ou ambos) tenha uma agenda oculta, constituída de mágoas, sentimentos negativos que jamais são revelados, mas através dos quais travam-se batalhas silenciosas, inconscientes.

As agendas ocultas afastam as pessoas, porque geram insegurança naquele que percebe que o outro não está totalmente no relacionamento, está como que "com um pé atrás".

Apesar de o conteúdo de uma agenda oculta não ser revelado, ele é pressentido, "intuído", através da observação da comunicação não verbal do outro: seu tom de voz, seu olhar, seus gestos, sua expressão, etc. Esta comunicação não verbal provém do inconsciente de quem fala (de quem possui a agenda oculta) e é percebida e interpretada pelo inconsciente de quem a recebe. Quem a recebe sente insegurança, angústia, rejeição, medo ou ansiedade, mas não sabe explicar por quê, ou apenas tem uma vaga percepção de que o outro está experimentando algo que não está sendo expresso verbalmente.

É quando alguém pergunta: "O que você tem?", e ouve: "Eu não tenho nada, estou ótimo", dito num tom de voz ríspido. Ou : "O que eu fiz a você para que me tratasse de forma tão agressiva?", e o outro diz: "Mas eu não fui agressivo...", com uma expressão furiosa.

Por medo, o outro é obrigado a se proteger e a se afastar também. O relacionamento perde a espontaneidade, como se as pessoas estivessem sempre em guarda, envolvidas nele apenas pela metade.

Uma pessoa com uma agenda oculta suga muita energia da outra, que passa a lhe devotar maior atenção tentando saber o que se passa na cabeça dela. Além de consumir sua energia, faz com que o relacionamento se deteriore.

Como o marido que chegou em casa e encontrou a esposa com uma expressão angustiada. Na verdade, a esposa está se sentindo só, e talvez gostasse que o marido a convidasse para um passeio, mas não lhe diz isso justamente para que o marido fique lhe perguntando ansiosamente sobre o que está acontecendo. Ela se sente bem com a preocupação do marido e com a atenção que ele lhe dispensa (a energia que ele lhe dirige). Já o marido, acaba ficando desanimado, com pensamentos derrotistas, ou então fica se sentindo culpado pelo estado da esposa .

Ou então aquela pessoa que não esquece um incidente desagradável do passado, que guarda a mágoa como trunfo contra o outro. Ela não diz nada a respeito, mas sua expressão revela a mágoa. Isso pode gerar sentimentos de culpa no outro, que acaba sentindo necessidade constante de reparar o mal cometido, como se fosse uma dívida eterna.

O que se nota em relacionamentos deste tipo é que não existe troca, envolvimento. Um está querendo só receber, e à força, arrancando do outro o que quer, e não querendo lhe dar nada em retribuição.

É uma batalha inconsciente, em que quem perde a batalha perde também a energia investida por ambos, como num jogo.

Há muitas batalhas que são travadas inconscientemente, ou pelo menos, de forma subliminar, de forma velada.

Paulo começou em seu novo emprego há uma semana. Trabalha na mesma sala que Mário, que o trata com educação, mas nota que algo não está bem neste relacionamento. Paulo tem a impressão de que na verdade Mário não gosta muito dele. Percebe isso pelo seu tom de voz, pelo seu olhar. Paulo esteve comparando estes sinais que Mário apresenta quando está com ele, com os sinais que observa quando Mário se relaciona com outras pessoas. São muito diferentes. Paulo começa a perceber até uma certa hostilidade, uma competição. Entra no jogo e começa a tratar Mário como rival. Ele não diz e não demonstra isto abertamente, mas de forma indireta. Continua tratando Mário com aparente respeito e educação, mas no fundo ambos sabem que estão numa batalha. Há dias em que Paulo chega em casa esgotado, sem energia para fazer nada, com vontade de largar tudo e sumir. Ele não sabe, mas Mário sente as mesmas coisas.

Um outro exemplo: Sandra conhece Lúcia há alguns anos. Sandra é muito observadora e perspicaz e está sempre procurando as falhas e dificuldades das outras pessoas, como forma de ter poder sobre elas, de controlá-las. E em relação a Lúcia, percebeu que ela é insegura, tem necessidade de agradar as pessoas, não tem uma boa auto-imagem. Sandra usa isso que percebeu tratando Lúcia com indiferença, pois sabe que este é um comportamento que ela não é capaz de tolerar. Sempre que Lúcia a encontra, imediatamente começa a se sentir insegura, desagradável, e se esforça para se comportar da forma que imagina que iria agradar Sandra, que se mantém distante. E quanto mais ela se distancia, mais Lúcia se esforça para conquistá-la. Quando se despedem, Sandra se sente "superior". Já Lúcia, está deprimida e esgotada.

Nestes dois exemplos, observamos como as pessoas acabam entrando nestas disputas, nestes jogos. Reflita: além da energia que é sugada do derrotado, o que mais se ganha?

Penso que no fundo esta necessidade de vencer e dominar sirva apenas e tão somente para diminuir a própria insegurança e impotência. Porque quando vence outro, o indivíduo se sente forte (energizado) e nega sua própria fraqueza.

Note que sempre que você trava uma batalha com alguém em sua cabeça, a outra pessoa pode perceber e entrar nela também. Porque existe uma comunicação inconsciente entre as pessoas, que é mediada pelos sinais não verbais (gestos, expressão, etc.).

Perceba como isto acontece no trânsito. Um motorista começa a tratar outro como se este fosse muito ruim ao volante, ou como se estivesse, por exemplo, andando devagar, ou na contra-mão, ou tentando ultrapassá-lo de propósito, só para irritá-lo, atrapalhá-lo. O outro motorista percebe e entra no jogo, sentindo raiva também, como quem diz: "Quem ele pensa que é? " O resultado pode ser desastroso para ambos. O que ambos querem é impor ao outro: "Eu sou bom, eu estou certo, você não" e também "Saia do meu caminho, não me atrapalhe".

Dentre as estratégias para lidar com situações como esta, você pode adotar a de não entrar no jogo.

Para perceber este tipo de jogo, observe como se sente. Quando perceber que está se sentindo sugado, cansado, "lutando", que não se sente bem consigo mesmo, mude seu comportamento. Pare o que estava fazendo e mantenha-se tranqüilo, recusando-se a tomar parte na disputa, na batalha, direcionando sua mente para outros estados internos, para outros sentimentos.

Melhor seria se todos nós aprendêssemos a nos relacionar com as pessoas de forma integral, transparente, com base naquilo que o outro realmente é, de forma que houvesse troca (de afeto, experiências, energia, etc.) e enriquecimento para ambos, ao invés de disputas em que se tenta extrair à força o que se deseja, ou nas quais se procura aniquilar o outro.

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28 - CURAS RÁPIDAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Algumas pessoas quando adoecem buscam soluções imediatas para o alívio dos sintomas, recorrendo às vezes a recursos "mágicos", destes que prometem resultados rápidos com um mínimo esforço.

Também na área da psicoterapia existem técnicas que "curam" pessoas rapidamente, até mesmo quando elas não querem. Por exemplo, um dependente de drogas é internado numa clínica, a pedido da família, onde lhe são administradas técnicas para que tenha aversão às drogas. Só que ele não escolheu isso. Ele tem razões e motivos para estar usando drogas, os quais precisam ser considerados e trabalhados.

Há também os terapeutas que fazem uma espécie de "mágica" e convencem o paciente de que está curado (o que às vezes até acaba acontecendo, porque o paciente acreditou).

Ou então são usadas técnicas com a criança que não quer comer, não quer estudar, etc., de forma mecânica e manipuladora, desconsiderando-se o motivo pelo qual a criança tem aquele comportamento.

Penso que é um desrespeito ao paciente quando ele é "curado" contra sua vontade. Inúmeras vezes, a doença pode ser a única forma que ele conhece para receber carinho das pessoas. Logo, se ele sara, vai ficar sem carinho, o que seria terrível. Então é necessário que isto seja trabalhado antes de seu sintoma ser curado, ou seja, ele precisa aprender novas formas de conseguir carinho, porque esse é seu real problema. O sintoma é apenas a parte aparente do problema, tal como a ponta do iceberg.

Não se pode encarar o sintoma do paciente como um "defeito" a ser corrigido, atendendo-o de forma superficial, sem se envolver de fato com ele e com seu problema. O paciente não é um coração ou um fígado (ou uma fobia, uma depressão). Ele é uma PESSOA.

Felizmente, inúmeros profissionais da área da saúde estão acordando para este fato e procuram maneiras de ajudar o paciente como um todo, considerando não apenas o sintoma mas os sentimentos do paciente, seu momento atual, sua vida. Muitas vezes, o que realmente cura um paciente é a atenção e o interesse que o profissional que o atende lhe dedica.

A maioria de nós provavelmente quer um alívio imediato de sintomas, não se importando ou "não tendo muito tempo e paciência" para descobrir suas causas e significados. Isto porque em geral há sofrimento e angústia envolvidos. Acreditamos que se o sintoma for curado, a angústia desaparecerá, o que na maioria das vezes não acontece.

Todavia, não se pode desconsiderar que TODO SINTOMA CONTÉM UMA MENSAGEM, que parte do inconsciente do indivíduo e que, se for ouvida, trará progresso para sua vida, para seus relacionamentos, para a maneira como em geral ele se sente.

Algumas teorias apontam que todas as doenças têm uma causa que se inscreve na própria história de vida do indivíduo, em sua evolução, dificuldades, emoções.

Às vezes, pode-se remover um sintoma, e a pessoa ficar totalmente curada. Mas como a mensagem que aquele sintoma trazia não foi ouvida, ele acaba voltando, talvez até de uma outra forma, num outro tipo de doença.

É como um sapato apertado que faz seus pés doerem. Neste caso, qual a mensagem que a dor traz? Você tomaria um analgésico para que seus pés parassem de doer ou tiraria os sapatos? Pois é, só que muitas pessoas continuam buscando analgésicos e remédios para "dores do corpo e da alma", ao invés de buscarem a mensagem que estas trazem.

Portanto, se você tem um sintoma para o qual ainda não conseguiu alívio, considere que seu inconsciente está fazendo de tudo para que você perceba algo que precisa modificar em sua vida. Algo que poderá fazer com que você cresça como pessoa.

A Programação Neurolingüística possui inúmeros procedimentos que se destinam a curas rápidas, porém esclarece que tais curas só poderão ser realizadas depois que todas as outras questões foram consideradas e trabalhadas, nunca antes disso. Não existe mágica. Sem dúvida que se procura utilizar o menor tempo possível, agindo-se de forma mais objetiva e específica possível , porém não mais do que o possível .

É como quando você assiste um jogo do seu time favorito. O momento do gol é mágico, porém é resultado de toda uma jogada, de uma estratégia, além de ser fruto de muitos treinos anteriores.

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29 - AS CRIANÇAS E O "NÃO"

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Muita confusão foi criada na cabeça dos pais por especialistas que advogavam a favor de não reprimir a criança, de não dizer NÃO a ela. Alguns chegaram a afirmar que o NÃO seria causa de sérios transtornos de personalidade, verdadeiros "traumas".

Foram feitos até cálculos de quanto NÃOS a criança escuta em seus primeiros anos de vida.

Os pais começaram a achar que tudo o que eles faziam estava errado, e que deveriam aprender a criar seus filhos com os especialistas. Estes pais compraram livros, freqüentaram cursos e palestras e se tornaram pais inseguros, desses que precisam ler no livro antes de responder algo para o filho.

E então a avó vinha visitar o neto e achava um absurdo não permitirem que ela lhe desse um pouco de sua sopa de feijão, pois os livros diziam que não era saudável para a criança. Indignada, ela se lembrava de que criara doze filhos com aquela sopa, todos saudáveis. Entristecida, a avó constatava que o seu saber não tinha mais valor algum, uma vez que ela não era uma especialista que estudou nos livros, nas universidades. Ela mesma já não tinha muita certeza se havia procedido de forma correta ao criar seus doze filhos...

Gostaríamos de tranqüilizar os pais que porventura ainda estejam sob o efeito dessa "corrente contra o não" dizendo-lhes que todo comportamento é adequado num determinado contexto, e no caso do NÃO , não é diferente.

O uso do NÃO muitas vezes está relacionado à necessidade de colocar limites ao comportamento da criança. Em outras palavras, se você não disser NÃO ao seu filho com medo de traumatizá-lo, o mundo se encarregará disso, mais cedo ou mais tarde. Se você não disser ao seu filho para NÃO agredir as pessoas, ele ouvirá esse NÃO mais tarde de outras formas: sendo excluído de grupos de amigos, envolvendo-se em brigas e confusões, etc.

Há um livro de uma famosa psicanalista em que ela relata como deixou seu filho se queimar na chapa do fogão, estando ela a seu lado, tudo para não lhe dizer NÃO, para deixar que ele tivesse suas próprias experiências, etc. Sinceramente, creio que é desnecessária e irresponsável esta conduta por parte de uma mãe.

Reflita: você deixaria seu filho grudado na tomada para que ele aprendesse que tomadas dão choques? Estamos na era da informação e podemos poupar tempo e todo esse transtorno. É para isso que serve a transmissão de conhecimentos de uma geração para outra. Há que se ter BOM-SENSO.

Agora, imagine uma mãe ao lado da filha que hoje, pela primeira vez em sua vida, resolveu pregar um botão. A mãe fica ansiosa, pois a menina ainda não tem muita habilidade. A mãe sim, é exímia costureira. Incomoda à mãe, que é assim tão prendada, ver um trabalho mal feito. Então ela começa: "NÃO é assim, está horrível, deixe que eu faço". E depois de pronto o trabalho: "Veja como ficou bem melhor. Aprenda. É assim que se faz." A filha diz: "Não sei o que seria de mim sem você, mamãe!" O que a filha aprendeu? Que a mãe é muito melhor que ela e também que será difícil (senão impossível) ser como ela?

Alguns pais precisam aprender a controlar sua ansiedade nestas horas. Porque há muita coisa que ele sabem muito bem, e que os filhos mal começaram a aprender. Alguns pais têm pressa e acabam atropelando as tentativas dos filhos. Ou então acham que o filho demora muito para aprender as coisas que lhes ensinam. Mas a questão é: Quanto é muito? E eles talvez respondessem: "Todos os outros filhos demoraram só X dias para aprender", ou : "O filho da vizinha tem a mesma idade e aprendeu em X-1 dias!" Então aí está o problema: a normatização, a tentativa de enquadramento e classificação.

Quando os pais acham que o filho DEVERIA algo (DEVERIA aprender mais rápido, DEVERIA ter muitos amigos, DEVERIA ter boas notas na escola), estão dizendo mais ou menos o seguinte: "Meu filho, não gostamos de como você é. Se nós conseguirmos fazer com que você seja diferente, então poderemos amá-lo". Ou então: "Todos da sua idade são X, como você ousa ser diferente sendo Y? Seja igual a todo o mundo!"

Admiro profundamente aqueles pais que conseguem conviver com as diferenças de seus filhos, respeitando-os e amando-os incondicionalmente por aquilo que eles são, sem o desejo de modificá-los e torná-los iguais a eles próprios, aos outros filhos, ao filho da vizinha, às pessoas da idade dele, etc..

Às vezes encontro professores muito preocupados com esta questão da uniformidade. Parece-me que alguns deles têm codificado em sua mente um padrão de qualidade, com características milimetricamente definidas, a partir do qual avaliam os alunos. O professor quer que TODOS sejam quietos, que TODOS falem baixo, que TODOS terminem a lição ao mesmo tempo, etc. Conheci uma classe em que todos os alunos tinham até a mesma letra que a professora. Certamente o professor tem os seus motivos. Mas não seria melhor centrar o objetivo no aluno?

O aluno não DEVERIA ser quieto, mas DEVERIA SER ELE MESMO, descobrindo suas capacidades, dons, talentos. O aluno não DEVERIA ser igual à maioria, ou igual ao "padrão de qualidade" adotado, ou igual ao próprio professor ( o que é comum: o professor desejar que o aluno seja o seu espelho), mas sim DEVERIA ter espaço para descobrir o mundo, para descobrir a si próprio, para definir qual será seu papel e participação no mundo e ser "sujeito da própria história" (emprestando aqui uma expressão de Paulo Freire). Só assim poderemos formar cidadãos criativos, que ao invés de se amoldarem às situações, de se acomodarem passivamente, promovam transformações, mudanças, progresso e desenvolvimento.

Desta forma, engana-se o professor que acha que cumpriu seu papel quando tem uma classe de alunos comportados, que jamais conversam durante a aula, que não saem da carteira, etc. Hoje podemos, graças à liberdade trazida pelos novos tempos e às novas descobertas, afirmar seguramente que uma classe que se comporta assim durante todo o tempo só pode ser constituída de autômatos. O que o professor conseguiu foi apenas uniformizar o comportamento de uma classe e torná-lo igual ao padrão que um dia lhe disseram que era adequado.

Mas adequado a quem? Ao aluno? Ao Professor? Ao país? E adequado do ponto de vista de quem? Sem dúvida, a um regime militar, ou à uma economia centrada no trabalho mecânico, repetitivo, a uniformidade é bastante conveniente, a maioria sendo treinada a receber ordens e uns poucos a pensar criativamente em alternativas. Já não é essa a realidade do país e os novos tempos requerem mudanças.

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30 - META-PROGRAMAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Você possui inúmeros programas, específicos para cada comportamento: programas que lhe permitem andar, ler, operar uma máquina, etc. E possui também os meta-programas, que organizam os programas e lhes dão direção.

Hoje analisaremos dois meta-programas (existem vários).

Responda: se você tivesse que correr 20 Km, você preferiria correr porque iria receber um prêmio milionário ou porque atrás de você estaria um cachorro enorme e muito bravo?

Ir em direção ao positivo (o prêmio milionário) ou fugir do negativo (o cachorro bravo) são dois importantes meta-programas, que dirigem muitos de nossos comportamentos. Cada um é adequado a determinados contextos.

Por exemplo, você coloca seu carro no seguro fugindo do negativo (roubos, acidentes). Você vai ao cinema buscando o positivo (distrair-se, ver seu ator preferido). E você compra um número de rifa ou para que parem de insistir e de importuná-lo (fugindo do negativo) ou na esperança de ganhar o prêmio (indo para o positivo).

Também um aluno pode estudar a fim de não ser reprovado (fugindo do negativo) ou para adquirir conhecimentos (indo em direção ao positivo).

Na verdade, na maioria das situações, é possível tanto se dirigir ao positivo quanto se afastar do negativo. É você quem escolhe o que focalizar.

Se você resolve ir a uma festa, poderá fazê-lo para se divertir (positivo) ou para não ficar em casa vendo programas monótonos na TV (negativo).

Há pessoas que estão sempre fugindo do negativo, em todas as situações. Estão sempre "lutando" contra algo.

Se resolvem fazer uma limpeza em casa, não é para que ela fique mais agradável (positivo), mas sim para "lutar" contra o pó, a desorganização, etc.(negativo).

Quando saem para o trabalho, não pensam nas coisas positivas que poderão realizar, mas sim na possibilidade de ficarem sem dinheiro caso não trabalhem, nas dívidas que têm para pagar (negativo) e encaram as tarefas como um inimigo que deve ser derrotado e eliminado.

Geralmente, têm muita dificuldade para sentir alegria, prazer nas coisas que fazem, pois estão sempre se obrigando a fazer algo: a lutar contra o tempo, lutar contra o cansaço e o desânimo frente a tarefas vistas como desagradáveis, que buscam fugir do negativo. São autoritárias e exigentes consigo próprias.

Algumas crenças contribuem para isto. Por exemplo: "Trabalho não combina com prazer, mas com obrigação, esforço, força de vontade". "Estou sofrendo agora, mas depois meu esforço será recompensado".

Pessoas com este tipo de crença sentem-se mal se estiverem se divertindo em seu trabalho. Para elas, a sensação do dever cumprido vem depois de "suar a camisa", "dar o sangue", "batalhar", etc. Diversão combina com lazer.

Em geral elas se sentem bem melhor e mais felizes quando passam a questionar as crenças acima e quando reaprendem a sentir prazer em tudo o que fazem. Às vezes elas precisam se reconectar às suas sensações, pois estão como que anestesiadas. Suprimiram boa parte delas, uma vez que não se permitem sentir prazer e também porque precisam desconsiderar as sensações desagradáveis (cansaço, fome, sono) a fim de realizarem tarefas a que se obrigam, em que estão fugindo do negativo.

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31 - "EU DEVERIA..."

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

A Programação Neurolingüística, como o próprio nome diz (Lingüística), estuda como a linguagem influencia nosso modo de perceber o mundo. Em outras palavras, ela nos mostra que de acordo com as palavras que usamos, perceberemos o mundo de uma determinada forma, classificaremos as informações que nos chegam pelos cinco sentidos (Neuro) de uma determinada maneira.

Duas pessoas percebem um mesmo acontecimento de formas diferentes, pois cada uma delas usa um tipo de filtro (ou de lente) para observar o fato. Este filtro é constituído pelas palavras, pelo vocabulário.

Imaginando que o vocabulário é um imenso arquivo de pastas e que cada pasta é uma palavra, uma pessoa poderá arquivar a experiência "está chovendo agora" na pasta das alegrias, e uma outra pessoa poderá arquivá-la na pasta dos aborrecimentos. A chuva é a mesma, mas cada uma a percebe de uma forma. Para uma delas a chuva poderia ser classificada como uma tempestade e para a outra, como uma chuva fraca.

Através de uma análise das palavras e dos tipos de construção de frases mais usados por uma pessoa, é possível saber muito sobre ela, tal como num teste de personalidade.

E se uma pessoa modificar as palavras e frases que usa com mais freqüência, a partir de um questionamento das mesmas, modificará a maneira como vê o mundo, as pessoas, a maneira como se sente e se comporta.

Analisaremos hoje a palavra DEVERIA.

Quando alguém nos pede esmola na rua e nós não damos, às vezes ficamos pensando coisas como: "Eu DEVERIA ajudar o próximo". Ou então quando alguém fica magoado com algo que dissemos, ficamos nos culpando com frases do tipo "Eu DEVERIA ter ficado calado".

Na maioria das vezes a palavra DEVERIA está relacionada a culpas que nos foram incutidas desde quando éramos bem pequenos.

Quando você diz que DEVERIA (fazer, pensar, sentir) alguma coisa, é como se estivesse afirmando a si mesmo que você não DEVERIA ser você mesmo, que ser você mesmo é muito perigoso e que não deve jamais confiar em seus sentimentos, crenças e intenções. Que você DEVERIA ser uma outra pessoa, tal como quando se derruba uma casa para construir outra melhor em seu lugar.

Pessoas que utilizam com muita freqüência a palavra DEVERIA costumam dar muito valor à opinião que os outros têm dela. São capazes de passar por cima de si mesmas para não desagradarem as demais. O que os outros pensam e acham a respeito delas costuma ser mais importante do que aquilo que elas mesmas pensam a respeito de si próprias.

Entretanto, só se pode dar o que se tem. Você não oferece às visitas que vieram para o jantar uma bebida que você não tem em casa. Da mesma forma, você só pode ser verdadeiramente você mesmo com as demais pessoas.

Se você diz: "Ah! Mas eu DEVERIA ter ficado quieto, não DEVERIA ter dito aquilo...", reflita que, provavelmente, se tivesse ficado quieto, não teria sido você. Talvez teria sido um ator e representado um papel.

Os tímidos costumam ter muitos deverias. Às vezes, são pessoas tão exigentes consigo mesmas a ponto de jamais admitirem errar. Então acabam ficando inseguros sobre a melhor forma de agir, que nunca é a deles mesmos. Estão sempre se esforçando ao máximo para serem melhores do que são. Não ficam à vontade nunca porque estão sempre estudando o que deveriam fazer. E têm concepções idealizadas e irreais sobre as características que procuram reproduzir, ou seja, têm objetivos tão altos que provavelmente são impossíveis de se alcançar.

A educação, recebida tanto em casa como na escola, igreja, etc., contribuiu para a disseminação dos deverias quando difundiu a crença de que as crianças são seres primitivos, quase como animais selvagens que precisam ser domesticados. Que emoções como raiva, ciúme, dentre outras, são "ruins", e devem ser combatidas, dominadas e eliminadas. E em seu lugar, as pessoas deveriam se esforçar para ter apenas "sentimentos bons". E principalmente, quando procurou uniformizar os comportamentos das pessoas, moldá-los de acordo com uma norma ou padrão.

Foi assim que aprendemos a lutar contra nós mesmos. Nos tornamos nosso próprio inimigo ou repressor. Aprendemos a ter força de vontade, o que em muitos casos significa ser capaz de vencer a si mesmo. Aprendemos a ser tão severos conosco como o foram talvez nossos professores, pais e familiares.

Mas como diz aquela frase, "Não importa o que fizeram de mim. Importa é o que eu vou fazer com o que fizeram de mim". Temos escolha. Podemos mudar.

Em relação à palavra DEVERIA, podemos nos questionar a cada vez que a usamos. Como no exemplo, "Eu deveria ter ficado calado", podemos nos perguntar: "O que aconteceria se eu ficasse calado?" Talvez a resposta seja algo como "A outra pessoa não teria ficado magoada, porém eu não teria sido espontâneo, verdadeiro".

Podemos nos perguntar também: "Por que eu deveria ter ficado calado?" A resposta a um porquê geralmente é uma crença. E questionar nossas crenças é um processo de atualização, afinal, muitas delas foram adquiridas quando não tínhamos idade suficiente para entendê-las e julgá-las.

"Eu deveria ter ficado calado porque é errado uma pessoa dizer o que sente". Podemos nos perguntar então: "É errado do ponto de vista de quem?" "De acordo com quem?"

Quando valorizamos aquilo que somos, quando nos apoiamos, quando gostamos de nós mesmos, criamos um ambiente positivo ao nosso redor, como se fosse um campo de energia positiva, que por sua vez atrai coisas positivas, bons relacionamentos, etc.

Da mesma forma, quando nos criticamos e nos reprimimos, criamos um ambiente negativo, e provavelmente atrairemos problemas e relacionamentos complicados.

Quando você se valoriza, você está valorizando seus próprios sentimentos, seu julgamento interno, sua "voz interior", sua intuição. Você está centrado em si mesmo. Quando você se critica, o seu centro está fora de você, talvez esteja nas pessoas à sua volta.

Então você pergunta: "Mas se eu não me criticar, como vou melhorar como pessoa, como vou progredir?"

Falaremos sobre isto no próximo artigo.

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32 - PEDAGOGIA DO AMOR

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

Encerramos o artigo anterior com a pergunta: "Se eu não me criticar, se eu parar de ficar me questionado sobre o que deveria fazer, como vou melhorar, crescer como pessoa?" Para responder esta pergunta, analisaremos o que acontece com as crianças.

A cada vez que se diz a uma criança: "Você não deveria (fazer ou sentir algo), é como se lhe fosse dito: "Se você for você mesma, ninguém vai gostar de você, pois você é muito má. Mas se você se esforçar e for diferente, então poderá encontrar pessoas que gostem de você".

Isto é uma violência contra a criança, talvez comparável a um assassinato. Está-se dizendo à ela para eliminar aquele "eu" (que é ela mesma) e construir um novo em cima. E ela seguirá pela vida profundamente infeliz, tentando fabricar um "eu" que agrade às pessoas, ou então assumindo uma identidade que corresponda àquele monstro que um dia disseram que ela era, tornando-se uma pessoa de difícil convivência, ou até mesmo um delinqüente.

Há muitas pessoas que optaram pelo caminho da marginalidade porque não conseguiram construir aquele "eu" que agradaria às pessoas. Talvez ninguém as odeie mais do que elas mesmas. Foi em virtude de muitos DEVERIAS, aos quais elas não conseguiram corresponder, que elas chegaram aonde estão. Elas se sentem tão em débito com esses deverias que é como se imaginassem uma dívida que jamais conseguirão saldar, pois a cada dia ela aumenta - a cada dia elas acrescentam algo que deveriam/não deveriam ter feito.

Uma outra maneira de educar as crianças é através do que chamarei de Pedagogia do Amor. E do amor incondicional. Aquele que não espera que o outro mude para começar a amá-lo. Aquele que não diz que a criança deveria ser diferente, mas que valoriza todos os seus sentimentos, comportamentos, iniciativas. Aquele amor que não tem a intenção de ter nenhum tipo de controle sobre a criança, que não quer manipular suas reações e comportamentos e moldá-los de acordo com um padrão, ou de acordo com um objetivo que não foi traçado por ela.

Aquele amor que permite que ela simplesmente SEJA ELA MESMA. Que "deixa o rio correr", sem apressá-lo. Que acompanha o fluir livre e leve da criança. Que jamais diz que ela não deveria sentir raiva de alguém, mas que procura compreender seus sentimentos e ensiná-la que quando não se luta contra os mesmos, eles passam por nós bem mais depressa. Deixar o rio correr... Sempre...

Ensiná-la a reconhecer que todo comportamento tem uma intenção positiva. Se ela aprender a reconhecer isto em si mesma, terá muito mais facilidade em reconhecê-lo nos outros. Se ela aprender a ser compreensiva e paciente consigo mesma, também o será com as demais pessoas.

Se ela está sentindo inveja de alguém, ajudá-la a reconhecer que provavelmente ela tem dentro de si uma parte (um "lado") que acredita que ela também merece ser como aquela pessoa, ou ter o que ela tem, e que não há nada de errado nisso. Se ela está com raiva de alguém que brigou com ela, talvez seja porque possui uma parte que acha que ela merecia ser tratada de uma maneira melhor. E assim por diante. Não é difícil saber a intenção positiva de nossas partes internas e aprender a valorizá-las.

Ajudá-la a confiar em seus sentimentos, sensações, intuições, em seu julgamento interno, em sua voz interior, na "voz do seu coração". Ao invés de ficar lhe dizendo o que deveria fazer, perguntar-lhe : "O que você acha disso?" "O que você sente em relação a isso?" Ajudá-la a formar seus próprios valores incentivando a reflexão, fazendo-lhe perguntas que ajudem-na a confiar em sua sabedoria interna. Esta é a maior herança que os pais podem deixar aos filhos, já que pais não são eternos.

Mas talvez você, leitor, esteja dizendo: "Ótimo, entendi o que você disse em relação às crianças. Mas o que eu faço comigo? Com os meus DEVERIAS?"

Sugiro que você imagine uma criança bem pequena, indefesa, que estivesse sofrendo em virtude dos mesmos DEVERIAS que você, que estivesse passando por dificuldades semelhantes às suas. O que você faria com esta criança? O que você diria a ela? Você diria a ela novos DEVERIAS? Você seria tão severo com ela como provavelmente é consigo? Você a ameaçaria? Você diria a ela algo como: "Se você não emagrecer, eu não levo você à praia"?

Acredito que você gostaria de conversar com ela, de tratá-la com carinho, compreensão, talvez de tomá-la nos braços, abraçá-la, confortá-la, dizendo-lhe coisas animadoras.

Geralmente, por mais severos que tenham sido nossos pais, a tendência é que sejamos mais severos conosco do que eles o foram, e um pouco mais compreensivos e benevolentes em relação aos filhos.

Por este motivo, sugiro que você faça com você o que faria com a criança que citei acima. Releia o texto e empregue as sugestões consigo mesmo. Imagine que dentro de você há uma criança e que você terá de cuidar dela pelo resto de sua vida. Você escolhe: ou você vai ser um repressor que controla, critica, diz DEVERIA a toda hora, ou você vai procurar fazê-la feliz, diverti-la, amá-la.

Só conseguimos amar, entender, aceitar as outras pessoas quando somos capazes de fazer tudo isso conosco. Quem não consegue aceitar o comportamento de alguém, quem não consegue gostar de alguém, certamente descobrirá que não consegue aceitar a si mesmo, talvez até não aceite em si aquele mesmo comportamento que não aceita no outro.

É um fato que você poderá constatar: quando paramos de lutar CONTRA nós, contra nossos sentimentos, desejos, quando passamos a ser A FAVOR de nós mesmos, o mundo responde da mesma maneira. A sua vida é o reflexo daquilo que acontece dentro de você. Se você não gosta de si mesmo, se você não se aprova, não se trata com carinho e respeito, não espere que os outros o façam. É o que se chama de AUTO-ESTIMA.

Para isso, você poderá começar a aprender a substituir o DEVERIA pelo EU PREFIRO, EU ESCOLHO, EU APRECIO, EU ME PERMITO.

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33.1 - PROGRAMAÇÃO NEUROLINGÜÍSTICA: USANDO OS DOIS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Sugerimos ao leitor a seguinte experiência: pegue uma folha de papel em branco e no centro da mesma desenhe um ponto preto (ou azul, amarelo - a cor não importa). Clique aqui para fazer esta experiência.

Olhando agora atentamente para a folha, responda: O que você está vendo? (Clique aqui para olhar novamente para a folha)

Se você responder como a maioria das pessoas a quem já propusemos esta questão antes, dirá que está vendo um ponto preto. Daí lhe perguntaríamos: Mas com tanto espaço em branco em volta, você só consegue ver o ponto preto???

Agora pense: Será que não é exatamente desta forma que costumamos lidar com muitos de nossos problemas? Será que às vezes ficamos remoendo um problema, pensando nele exaustivamente, 24 horas por dia, na tentativa de achar a solução? ( E então, cansados de tanto pensar, vamos dormir, em seguida acordamos subitamente no meio da noite e eis que nos aparece uma idéia nova, algo que não havíamos pensado antes – "Eureca"!!!) E também: será que às vezes nos concentramos obstinadamente nas coisas que não estão dando certo, ao invés de olharmos também para aquelas que são satisfatórias ou que podem nos proporcionar mais caminhos, recursos e soluções?

Via de regra, não é analisando o ponto (o problema em si) que encontraremos a solução porque esta geralmente se encontra no espaço em volta. A solução não costuma estar no problema em si mas em nossa criatividade, que nos possibilita acesso a outras possibilidades.

Imagine uma pessoa perdida no meio de uma floresta. Ele anda, anda, mas não sabe onde está, não sabe para onde está indo. Todavia, se ela conseguir subir num ponto bem alto e olhar a floresta à distância, poderá ter uma visão do todo e então saber para onde ir. Assim também acontece com nossos problemas. Por vezes, falta-nos a visão do todo porque ficamos muito concentrados "no ponto" (problema).

Se for este o seu caso, saiba que não está sozinho. Por muitos anos as pessoas vêm sendo treinadas a pensar de forma analítica, indo do todo às partes, esmiuçando problemas, analisando-o em partes cada vez menores.

Até mesmo a educação oferecida nas escolas caminhou por esta trilha durante muito tempo. Exemplos: análise sintática, alfabetização pelo método analítico (que parte do todo e vai às partes: barriga:ba-be-bi-bo-bu; muitas vezes preocupando-se apenas com a mecânica do processo da leitura e escrita, desvinculando as palavras de seus significados e contextos - aquelas frases tolas que as crianças eram obrigadas a ler). É como se o microscópio usado nos laboratórios de pesquisa passasse a ser uma maneira única e exclusiva de ver o mundo, generalizando-se a crença de que absolutamente tudo poderia ser compreendido e obtido por meio da análise (note-se que analisar significa decompor em partes menores, ir do todo para as partes). Tudo isso condicionou em nós uma certa maneira de olhar para o mundo, de entendê-lo e experimentá-lo.

Sabemos que o raciocínio analítico é uma atividade do hemisfério esquerdo do cérebro (para os destros; para os canhotos é o hemisfério direito quem exerce este papel). O hemisfério esquerdo é aquele que percebe o ponto preto na folha ( vê a parte, não o todo). Já o hemisfério direito é criativo, vê o espaço em volta, o todo, as relações que existem entre as coisas.

Por exemplo, qual a relação existente entre os elementos abaixo?

1) f olha – fala – fonte – festa

2) gato – cobra - elefante – camelo

3) Brasil – Canadá – E.U.A. – Japão

(Respostas: 1) palavras começadas com f; 2) animais; 3) países.)

Quem percebe as relações, aquilo que há em comum entre as situações ou coisas, é o hemisfério direito.

Nós precisamos dos dois tipos de raciocínio, tanto o analítico (hemisfério esquerdo) como o sintético (aquele do hemisfério direito). Nenhum dos dois é melhor ou pior. Problemas acontecem quando se adota um deles de forma exclusiva ou preferencial, quando se é treinado a usar muito um deles e pouco ou nada o outro. É como a pessoa que compra um martelo e começa a tratar todas as coisas como se fossem pregos... Um martelo é um instrumento útil, mas não serve para tudo...

Também na área do comportamento humano, na tentativa de entendê-lo e explicá-lo, surgiram diversas abordagens. Muitas delas priorizaram o raciocínio analítico (dentre elas, a psicanálise de Freud, que no próprio nome- psicanálise - já contém a análise). Não questionamos o mérito da psicanálise e como ela influenciou profundamente a forma como passamos a enxergar o mundo, as pessoas e a nós mesmos. Ela foi incorporada à nossa cultura e tornou-se comum ouvirmos as pessoas falarem em Complexo de Édipo, Superego, Freud explica, etc.

Mas o que acontece se você treinar muito um determinado tipo de habilidade e pouco ou nada outra? Por exemplo, o que aconteceria se na escola você treinasse muito a escrita mas pouco ou nada a leitura? É bastante provável que você desenvolvesse muito a primeira e pouco a segunda. O que aconteceria se você tivesse tido uma de suas mãos amarradas durante os primeiros dez anos de sua vida, usando apenas aquela que ficou livre durante todo este tempo? É possível que aquela que esteve amarrada tivesse seus músculos atrofiados, assim como movimentos e sensibilidade pouco desenvolvidos. Agora reflita: será que não ocorreu um pouco disto na educação praticada no país até bem pouco tempo atrás? Um treino maciço do pensamento lógico, das habilidades de cálculo, testes de múltipla escolha ou de completar sentenças, do pensamento vertical (hemisfério esquerdo), havendo poucas atividades que estimulassem a criatividade, a musicalidade, a intuição, as soluções originais (hemisfério direito), o pensamento lateral (que será tema de um próximo artigo)?

A boa notícia é que podemos treinar as habilidades do hemisfério usado com menor freqüência, aquele que porventura esteja sendo sub-utilizado.

Esta é uma das propostas da Programação Neurolingüística (PNL), uma nova tecnologia acerca do comportamento humano que compara o cérebro a um computador que nos é dado sem o manual do usuário. Nossos comportamentos, hábitos e habilidades são como "programas" que usamos em nosso cérebro. A PNL aparece então neste contexto como o "manual do usuário" deste nosso "computador mental", ensinando-nos que é possível nos reprogramarmos e ainda adquirirmos novos e melhores programas. Desta forma, poderemos utilizar plenamente nosso potencial (nosso cérebro, nosso pensamento vertical e lateral, nossa linguagem) e assim atingirmos nossos objetivos nas mais variadas áreas de nossas vidas: afetiva, profissional, social, etc. Poderemos acessar em nós habilidades de ambos os hemisférios cerebrais, poderemos descobrir recursos que sempre estiveram em nós mas que antes não sabíamos utilizar (como programas instalados em nosso computador há muitos anos mas que nunca antes houvessem sido acessados por nós).

No próximo artigo apresentaremos um teste para saber qual o hemisfério que você usa com maior freqüência e também se há um certo equilíbrio na utilização de ambos os hemisférios cerebrais.

 

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33.2- TESTE: HEMISFÉRIOS CEREBRAIS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

No artigo anterior falamos sobre os dois hemisférios cerebrais. Em outras palavras, dissemos que da mesma forma que você tem duas pernas, e que se deixar de usar uma delas ela ficará atrofiada e você andará mancando, também o seu cérebro tem duas partes, dois hemisférios.

Cada hemisfério processa informações de forma diferente. O hemisfério esquerdo (o esquerdo para os destros, o direito para os canhotos) é responsável por nosso comportamento lógico, detalhista, cauteloso, organizado. Já no hemisfério direito estão nossa criatividade, intuição e habilidades artísticas .

O lado esquerdo enfatiza

O lado direito enfatiza

Linguagem

Rima

Lógica

Ritmo

Números

Música

Matemática

Pintura

Seqüência

Imaginação

Palavras

Modelos

 

Provavelmente você conhece pessoas que usam o hemisfério esquerdo de forma predominante: são excessivamente organizadas, perfeccionistas, detalhistas, racionais. Da mesma forma, você talvez conheça pessoas que usam mais o hemisfério direito: criativas, sonhadoras, intuitivas (algumas das quais às vezes faltam organização e atenção aos detalhes para que concretizem seus ideais), emotivas.

O ideal seria que usássemos os dois hemisférios de forma equilibrada, integrada.

O teste a seguir se propõe a fornecer uma idéia aproximada a respeito do uso de seus hemisférios cerebrais. Foi extraído do livro Como Passar no Vestibular, de Lair Ribeiro, Editora Objetiva, um livro muito interessante cuja leitura recomendamos aos estudantes em fase de vestibular e a todas as pessoas que queiram aprender novos e mais eficazes métodos de estudo.

Dê para cada palavra a seguir um valor de 1 a 5, de acordo com sua identificação ou afinidade com ela (quanto maior a identificação, maior o valor registrado).

 

1. PENSADOR

11. CONTROLADO

2. SONHADOR

12. MUSICAL

3. DETALHISTA

13. PERSISTENTE

4. VISIONÁRIO

14. ARTÍSTICO

5. FALANTE

15. MATEMÁTICO

6. IDEALISTA

16. EMOTIVO

7. ORGANIZADO

17. CALCULISTA

8. EXCÊNTRICO

18. CRIATIVO

9. PRECISO

19. PREVISÍVEL

10.IMAGINATIVO

20. ROMÂNTICO

Os itens ímpares são relativos ao hemisfério esquerdo, os itens pares, ao hemisfério direito.

Some todos os valores das palavras correspondentes aos itens ímpares da lista (Hemisfério Esquerdo) e escreva o resultado.

A seguir, some todos os valores das palavras correspondentes aos itens pares (Hemisfério Direito).

ÍMPARES

(Esquerdo)

PARES

(Direito)

Observação: Diferenças iguais ou superiores a 10% indicam a predominância, em uso, do Hemisfério Direito ou Esquerdo.

Por exemplo: o somatório de todos os valores das palavras correspondentes ao hemisfério esquerdo foi 28. O somatório de todos os valores das palavras correspondentes ao hemisfério direito foi 36. Isso significa uma predominância do hemisfério direito. O que fazer então para equilibrar e integrar os dois hemisférios? O segredo não é diminuir a atividade do hemisfério direito, mas incrementar a atividade do hemisfério esquerdo.

Para desenvolver o hemisfério esquerdo você poderia realizar atividades lógicas e seqüenciais. Por exemplo, atividades que envolvam cálculos (exemplo: Kumon), raciocínio lógico, fazer um curso sobre organização de arquivos, atividades que exijam precisão e atenção a detalhes, aprender idiomas.

Para desenvolver o hemisfério direito você poderia visitar exposições de quadros e de artes (e refinar seu senso estético e artístico), ouvir músicas (e desenvolver sua sensibilidade musical), assistir a peças de teatro, escrever um romance (ou poemas, crônicas, ou outras atividades em que você use sua criatividade), aprender uma linguagem de símbolos (por exemplo: escrita do Japão ou da China, que se constituem de ideogramas, figuras que expressam idéias completas, e não sons e fonemas a serem combinados em palavras e frases, como a nossa escrita)

Voltaremos a falar sobre os hemisférios cerebrais num próximo artigo no qual abordaremos o pensamento vertical e lateral.

No próximo artigo falaremos sobre o que pais e educadores podem fazer para promover a auto-estima das crianças.

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34.1- COMO PODEMOS PROMOVER A AUTO-ESTIMA DAS CRIANÇAS (1a parte)

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

Auto-estima é a capacidade de gostarmos de nós mesmos, de nos aprovarmos, aquela certeza de que somos capazes de realizar uma porção de coisas, de que somos realmente muito competentes em determinadas habilidades, e também a capacidade de termos uma auto-imagem positiva. A auto-estima inclui tanto a imagem que temos de nós (nossa auto-imagem) como a imagem que acreditamos que as outras pessoas têm de nós, aquilo que acreditamos que elas pensam a nosso respeito.

Nossa auto-estima vai sendo formada desde o momento em que nascemos. Todas as experiências que resultam em satisfação, conforto, alegria, vão compondo uma auto-estima positiva. Quando a mãe brinca com o bebê e este sorri, quando a mãe repete as palavras que o bebê pronuncia, numa espécie de jogo divertido, é como se ela estivesse lhe dizendo: "Você é muito especial e já consegue realizar coisas incríveis, que atraem a minha atenção a ponto de eu querer parar tudo o que estava fazendo para vir aqui brincar com você!"

As aprendizagens pelas quais uma criança tem de passar são inúmeras e difíceis. Já no primeiro ano de vida, ela precisa aprender a reconhecer o rosto das pessoas que convivem com ela (e as vozes), aprender a comunicar de alguma maneira aquilo que sente (fome, dor, solidão...), aprender uma série de movimentos (segurar, engatinhar, andar, etc.). Ela precisará de apoio e estímulo para todas estas aprendizagens, precisará de adultos que a consolem (e que a ensinem a se consolar sozinha futuramente) quando falhar ou se sentir insegura. Precisará de encorajamento, alguém cuja atitude expresse uma visão otimista a respeito de todas estas aprendizagens, alguém cujo comportamento a ajude a encarar a aprendizagem e o mundo como coisas divertidas, curiosas, excitantes. É preciso incentivar o prazer pela descoberta, o prazer em ser persistente e superar obstáculos.

É mais ou menos como imaginar que as crianças são os visitantes recém chegados a este mundo e que aos adultos cabe o papel de cicerones, protetores. Aos adultos caberá a tarefa de mostrar o máximo que puderem do mundo e possibilitar o maior número possível de experiências positivas às crianças. É o que vejo no comportamentos daqueles pais amorosos que levam o filho ao parque e começam a apontar para tudo: "Olha lá o patinho! Olha que lindo o cachorrinho! Passa a mão no pelo dele, sinta como é macio! Agora vou lhe dar um pouquinho deste suco para você experimentar que delícia. Olha lá o circo! Vamos lá? Vamos ver o palhaço? E amanhã, vamos nadar? E depois, vou comprar um pianinho para você." É bem diferente daquele pai ou mãe que quando a criança diz: "Pai, vamos lá ver o patinho?", o pai responde: "Não! O pato vai bicar você..." Ou: "Mãe, vamos na pracinha?" e a mãe: "Não, lá tem um bandido que rouba e mata crianças..." Cada pai/mãe apresenta uma determinada visão de mundo a seu filho.

Neste processo, a atitude e os comentários dos pais e professores acerca dos sucessos e dos insucessos da criança são decisivos para sua auto-estima, seu auto-conceito. Como a criança que esparramou muita cola em seu trabalho escolar e que ouviu dos pais (ou do professor) o comentário: "Mas como você é desastrado! Olha só que porcaria! Você não consegue fazer nada direito mesmo!" Esta criança terá um auto-conceito bem diferente daquela outra que, diante da mesma situação, ouviu algo como: "Você colocou muita cola em seu trabalho. Não ficou tão bom como aquele que você fez ontem. Da próxima vez, use a cola com mais cuidado." Neste exemplo, vemos alguns princípios fundamentais para a formação de um auto-conceito positivo:

  1. Comentar objetivamente os fatos, apontando apenas e tão somente o que a criança fez ("Você colocou muita cola", "Você derrubou o copo", "Você machucou seu amigo", etc.)
  2. Não julgar a criança a partir de seu comportamento. Não confundir sua identidade (quem ela é) com seu comportamento (o que ela faz). Não rotular a criança. Não dizer: "Você é..." (agitada, agressiva, etc.), mas preferir usar o verbo estar no lugar de é: "Você está..." (agitada, agressiva, etc.). Com isto demonstramos a ela que o seu comportamento pode mudar, mas sua identidade, seu valor, quem ela é, permanecem constantes. Demonstramos, em última análise, que ela não é o seu comportamento. Da mesma forma, é melhor dizer: "O seu caderno está desorganizado" ( e não "Você é desorganizada"). Ou "O que você fez deixou seu amigo muito triste" (e não "Você é má") "Sua mochila está suja" (E não Você é suja)
  3. Não comparar a criança com outras crianças mas sim com ela mesma: "Ontem você fez uma letra bem melhor do que a de hoje" ( e não "Olha como a letra de fulano é bonita. Por que você não faz uma letra como a dele?"). E também: "Hoje você não se comportou bem na festa batendo nas crianças menores" ( E não "Por que você sempre arruma confusão? Será que você não consegue ser normal como as outras crianças?")
  4. Orientar a criança sobre o que ela pode fazer para conseguir um resultado melhor: "Se você usar menos cola, o trabalho ficará melhor". Ajudá-la a descobrir novas e melhores maneiras de obter resultados positivos: "O que você poderia fazer na próxima vez para que isto não ocorresse mais?" "De que maneira você poderá se comportar no futuro para que seu amigo não fique magoado com você?" Ajudá-la a encontrar novas alternativas para seu comportamento.

É muito comum encontrarmos crianças que são marginalizadas na escola. Aquelas que acabam sendo apontadas como culpadas por tudo o que acontece de errado, mesmo que não tenham culpa. Aquelas que, como se diz comumente, ficam com fama (de rebeldes, chatas, diferentes...).

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 34.2- COMO PROMOVER A AUTO-ESTIMA DAS CRIANÇAS (2a parte)

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

 

É muito comum encontrarmos crianças que são marginalizadas na escola. Aquelas que acabam sendo apontadas como culpadas por tudo o que acontece de errado, mesmo que não tenham culpa. Aquelas que, como se diz comumente, ficam com fama (de rebeldes, chatas, diferentes...).

É preciso pensar a respeito deste processo considerando-se o contexto mais amplo em que a escola está inserida. Porque isto que ocorre na escola nada mais é do que um processo de exclusão social. Nossa sociedade exclui o diferente. E o diferente tanto pode ser a criança com dificuldades de relacionamento interpessoal, ou com dificuldades de aprendizagem, a que usa óculos, ou aparelho nos dentes, ou aquela que é muito magra, ou muito gorda, etc. Às vezes a escola reflete esta prática da exclusão, a escola reproduz aquilo que acontece em nossa sociedade.

Vivemos hoje a cultura da homogeneização. Todos têm de estar com o mesmo corte de cabelo, com a mesma roupa, com a mesma griffe, falar as mesmas gírias, freqüentar os mesmos lugares, manter o corpo dentro de determinados padrões, etc. Não há lugar para aqueles que ousam ser originais (ou, na melhor das hipóteses, estes terão de se esforçar muito a fim de conseguirem o respeito e o afeto dos normais...). Os diferentes são excluídos, marginalizados, alijados do convívio com os normais, a menos que consigam ser trazidos à normalidade, que passem por algum processo (que tanto pode ser a educação recebida na escola, em casa, ou até mesmo alguns procedimentos ditos terapêuticos) que os transforme finalmente em normais.

Situações como esta são excelentes oportunidades para que a escola trabalhe a capacidade dos alunos de empatizar, isto é, de se colocar no lugar do outro e tentar ver o mundo como ele vê, tentar sentir o que ele sente. É uma ótima oportunidade também para se falar sobre valores como solidariedade, cidadania, democracia, direitos, igualdade. Todavia, às vezes até mesmo o professor, por vezes pressionado por prazos e objetivos a serem cumpridos, acaba excluindo o aluno diferente, aquele que não se encaixa, ou que não acompanha (o ritmo da maioria). Às vezes até por medo de que também ele, o professor, seja julgado diferente em relação aos demais professores da escola, aqueles que conseguem que toda a classe tenha o mesmo ritmo e o mesmo comportamento... (E o mesmo ocorrerá com a escola, temerosa de não estar dentro do padrão das demais escolas...)

Felizmente encontramos professores idealistas neste contexto, que se empenham completamente em recuperar a auto-estima abalada do aluno excluído e marginalizado, que são capazes de pensar: "E se fosse meu filho?". Aqueles que, como um professor que conheço, vão à casa do aluno que abandonou a escola a fim de trazê-lo de volta. Aqueles que buscam uma forma de valorizar o aluno, que procuram algo que ele saiba fazer bem a fim de valorizá-lo perante a classe e a escola. Aqueles que dão um voto de confiança e, mais do que isto, que são os primeiros a confiar no aluno e em seu potencial.(Lembro-me de um professor que deu a um destes alunos a chave de seu próprio carro e pediu a ele que fosse lá buscar um livro. Este episódio foi decisivo na vida deste aluno, que a partir daí começou a se comportar de outra forma). Estes estão absolutamente comprometidos com a missão de educar. Arriscam-se por seu ideal de ensinar, de trans-formar. Mostram ao aluno que serão mais persistentes do que ele na luta por recuperar sua auto-estima. Mostram que não desistirão do aluno, ainda que ele teste continuamente a determinação do professor. Pois quando o aluno não acredita mais em si, lhe é difícil acreditar que alguém mais possa fazê-lo. Normalmente os alunos com pouca ou nenhuma auto-estima sofrem de depressão, desesperança e desconfiança em relação ao mundo e aos adultos, vistos como potencialmente perigosos e causadores de sofrimentos. Desnecessário dizer que tais professores são verdadeiros heróis nos dias de hoje, principalmente se considerarmos a difícil realidade da escola pública.

Todavia, não podemos delegar apenas à escola a imensa tarefa de educar a criança. Por vezes, pouco o professor poderá fazer porque os problemas de auto-estima do aluno se originam em casa, na família, no relacionamento com os pais, no meio social em que o aluno vive. Muitas vezes será necessária uma ajuda especializada (de um psicólogo, por exemplo), a fim de que a criança seja considerada não como a responsável, culpada, por seus problemas, mas como um produto de seu meio familiar, social, escolar, etc. É tarefa do psicólogo considerar a criança dentro deste contexto mais amplo a fim de que todos possam evoluir juntos (não é só a criança quem mudará, mas também a família, os parentes que com ela convivem, a escola, etc.).

Aos pais cabe a maior parte no processo de educar a criança. A tarefa de educar um filho é imensa, dura pelo menos 20 anos. Filho não é algo que se possa devolver como se fosse um artigo e dizer: "Mudei de idéia, não quero mais". Ou "Não gostei do modelo". O projeto de ter um filho não tem volta.

Agora, não basta criar e conviver, prover necessidades físicas e intelectuais, etc. É preciso abraçar a causa, comprar a briga do filho. Defendê-lo até o fim, não desistir de encontrar algo de valor nele e de fazê-lo acreditar em si mesmo. Custe o que custar.

Neste aspecto, é muito bom quando encontramos pais que patrocinam e incentivam a descoberta dos dons e talentos de seus filhos. Aqueles pais que apoiam a iniciativa do filho de se matricular num curso de artes (ou de música), que apoiam os projetos dos filhos mesmo quando naufragam ou resolvem mudar de rumo... Aqueles pais que não só apoiam estas atividades, assim como eles próprios acabam participando delas, a fim de estarem junto do filho, incentivando-o, torcendo por ele. Exemplo: o pai que vai assistir e torcer pelo filho no jogo de futebol; a mãe que vai com o filho participar do grupo de escoteiros e que aceita assumir uma função no grupo para estar junto do filho; o pai e a mãe que confeccionam faixas e cartazes para torcer pelo filho que participará de uma competição, etc. É como dizia aquela propaganda: "Não basta ser pai. Tem que participar!" Não há nada no mundo que possa substituir este tipo de carinho dos pais. Não adianta tentar substituí-lo por um vídeo-game novo, roupas, presentes, viagens, etc.

Certa vez li um texto que se intitulava: "Com quantos beijinhos se constrói a auto-estima de uma criança?" A resposta não pode ser exata. Apenas se pode dizer que com muitos: muitos beijos, carinhos, pequenos agrados que demonstrem "Você é alguém especial, você tem muito valor". É como a figura do treinador correndo junto com o atleta, incentivando-o, orientando-o, até o final do treino. E no dia seguinte também. E principalmente, no momento em que o atleta sofrer uma derrota... Como diz Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, os pais são os treinadores emocionais de seus filhos.

É por este motivo que recomendamos aos pais para que cuidem inclusive da aparência do filho: de seus hábitos de higiene, de suas roupas e calçados. É muito importante ajudar a criança a ter uma imagem positiva de si mesma, a se achar atraente, a gostar de seu próprio reflexo no espelho (ou nos álbuns de fotografia, fundamentais na construção da identidade da criança), a ter uma imagem que atraia os demais, que provoque uma reação positiva nas demais pessoas (e não uma aparência descuidada, que cause repugnância e afaste as pessoas). É como aquela história do pacote de presente. Um pacote bem feito valoriza aquilo que está dentro. Reflita: se em cima de uma mesa estivessem dois pacotes, um bem bonito, com fitas, etc., e outro embrulhado num jornal todo amassado, qual deles você escolheria? Podemos até admitir que dentro do jornal estivesse um diamante e dentro do pacote bonito, algo sem valor, mas quem arriscaria? É óbvio que não estamos aqui defendendo o consumismo de marcas, griffes, etc. Apenas lembramos que ensinar uma criança a andar limpa, com roupas e sapatos bem cuidados (ainda que sejam humildes), vai ajudá-la a construir uma auto-imagem positiva e a ser bem recebida pelas pessoas. Provavelmente, é por este motivo que aquele personagem de histórias em quadrinhos, o Cascão, traga em volta de si uma nuvenzinha negra... Que tal ajudarmos nossas crianças na construção de uma nuvem positiva em torno de si?

No próximo artigo apresentaremos uma metáfora (imperdível!) que fala sobre mudança de paradigmas, um tema abordado pela Programação Neurolingüística.

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35- MUDANÇA DE PARADIGMAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

Certa vez um executivo resolveu pescar no final de semana. Como bom executivo, ele fez um planejamento detalhado, comprou a melhor vara, o melhor anzol, a melhor isca, o melhor carro para transportar o equipamento e escolheu no mapa o melhor rio, onde havia o melhor peixe.

Chegando no local, ele se instalou no melhor lugar, às margens do rio, lançou sua isca no rio e esperou. Uma hora, duas horas, três horas e nada! Ele não conseguiu pescar nenhum peixe.

Eis que chega um pescador descalço, chapéu na cabeça, cigarro de palha na boca e uma varinha de bambu sobre o ombro. Ele se senta, lança sua isca no rio e logo pesca um peixe enorme. Retira o peixe da água, olha para ele, e o devolve ao rio. O executivo fica intrigado com aquilo.

Pouco depois, ele pesca outro peixe enorme. Mais uma vez, ele o devolve ao rio. O executivo começa a ficar irritado.

Finalmente, pesca o terceiro peixe, novamente um peixe enorme, e o devolve ao rio. O executivo não agüentou e achou que aquilo era provocação. Levantou-se e foi até ele tomar satisfações.

 

Esta metáfora nos fala sobre mudança de paradigmas. Paradigmas são as "fôrmas" nas quais vamos encaixando o mundo, a realidade, nossas experiências, nossas percepções.

Assim como na história, às vezes será necessário ampliar ou modificar nossas fôrmas a fim de que elas possam conter novos elementos, os "peixes grandes" (ou diferentes) que a vida nos manda.

É o que acontece, por exemplo, com esta época em que estamos vivendo, de intensa evolução tecnológica. Tal evolução traz consigo muitos "peixes grandes" que certamente não caberão em nossas fôrmas. Exemplo: softwares novos (programas de computador) que não funcionarão em computadores mais antigos, filmes em DVD (cujas imagens são digitalizadas), que não poderão ser vistos nos vídeo-cassetes tradicionais, etc. É claro que o que estamos enfatizando aqui é a necessidade de nos adequarmos a esta tecnologia a fim de podermos adquirir as informações que ela disponibiliza (e não a fim de sermos considerados "modernos", "na moda", etc. – não é o status, ou o poder que confere a quem a possui, que estamos ressaltando aqui).

Mas podemos pensar também nas fôrmas que usamos em nossas vidas, para solucionarmos problemas, para atingirmos objetivos. Também nossas crenças, nossos valores, aquelas coisas que norteiam nossas vidas, que motivam nossas ações (Exemplo: trabalhar doze horas por dia para comprar um carro novo; malhar três horas todos os dias numa academia para ficar com os músculos definidos).

É como a história da Cinderela, em que ela perde o sapatinho de cristal ao sair correndo do baile à meia-noite, quando o encanto da fada se quebraria. No dia seguinte, o príncipe manda um mensageiro experimentar o sapatinho em todas as moças do reino, a fim de descobrir a quem eles pertenciam. Segundo uma versão desta história, muitas moças, na ânsia de calçar o sapatinho perfeitamente, e assim se tornarem a futura esposa do príncipe, cortaram um pedaço do próprio calcanhar... Não é exatamente a mesma coisa que acontece hoje em dia, em que a maioria das pessoas tenta desesperadamente "caber" nas fôrmas que nossa sociedade valoriza (manequim 38/40 para as mulheres, roupas de griffe, aparelhos importados e tantos outros símbolos de poder para homens e mulheres...)? Aquelas pessoas que se submetem a sacrifícios terríveis para poderem caber em tais fôrmas (exemplo: cirurgias estéticas, dietas drásticas para redução do peso, sacrifícios para ter os objetos que a mídia divulga, etc.)? Não estaria, pelo menos a grande maioria destas pessoas, tentando "caber" dentro do sapatinho de cristal, aquele que promete que seremos "felizes para sempre"? Como se não pudéssemos ser felizes com os pés que temos? (E àquelas pessoas a quem falta o "recheio" para caber no sapatinho, prótese de silicone nelas... Felizmente há exceções - poucas, é verdade. Aquelas pessoas que se submetem a este tipo de cirurgia não para "caber" no sapatinho de cristal, mas sim para calçar melhor o próprio sapato...).

Esta é a própria semente do capitalismo, a "fôrma" que ele sugere: diminuir, desvalorizar, oprimir, excluir as pessoas que não se encaixam (em suas fôrmas, nos padrões vigentes). E vemos então muitas pessoas jogando o jogo do "eu tenho, você não tem", ou "O meu é melhor (maior, mais caro, mais ‘hi tech’, etc.) que o seu"... Até mesmo o conhecimento, que via de regra deveria servir para nos abrir os olhos para tudo isso, é usado como instrumento de poder e dominação: "Eu tenho mais conhecimentos (ou melhor pontuação no vestibular, ou melhor Curriculum Vitae, etc.) que você!"

Também as palavras constituem fôrmas em que vamos encaixando a realidade. Aquelas palavras que todos usamos, que acabam criando consensos em torno de alguns temas. Exemplo: hoje em dia se discute muito a palavra cidadania, e isso está ajudando o país, como um todo, a ultrapassar aquela fase anterior, da Lei de Gérson: "O negócio é levar vantagem em tudo, certo?" As palavras vão condicionando em nós uma determinada visão de mundo.

Imagine que as palavras são como pastas dentro de um imenso arquivo. Tudo aquilo que nos acontece, vamos classificando, vamos arquivando dentro destas pastas. Assim, existe um certo consenso em nossa sociedade sobre as coisas que são belas, justas, injustas, agradáveis, elegantes, etc., de forma que quando algo lhe acontece, você já sabe em que pasta deverá arquivar aquela experiência: "Isso que me aconteceu é uma injustiça" – e você vai arquivar a experiência na pasta da injustiça. "Isso é bonito" – e você colocará o rótulo ou etiqueta de "bonito" naquilo que estiver observando, etc. Você aprendeu a fazê-lo com as pessoas com quem convive, ou na TV, nos jornais, na escola, na igreja, etc.

A maioria das pessoas tenta ansiosamente arquivar o maior número possível de experiências nas pastas do "belo", "moderno", "bem-sucedido", "elegante", "lucrativo" - como se estas fossem as únicas coisas que realmente importassem na vida. Às vezes tentam converter toda e qualquer experiência em algo que possa ser arquivado nas tais pastas (exemplo: a morte de um parente, uma doença, ou outro evento doloroso ou fatalidade, acaba se transformando em estratégia para aparecer na mídia - tal como tem acontecido com artistas famosos...)

A Programação Neurolingüística surge neste contexto como uma maneira de ampliarmos e atualizarmos nossas fôrmas, de revermos o conteúdo de nossas pastas, de verificarmos se determinadas experiências não seriam melhor arquivadas em outras pastas – ou talvez até fosse necessário criar novas pastas, ou ainda, rever os critérios de importância segundo os quais as organizamos, as hierarquizamos. Isso se faz através de algumas intervenções que ela possibilita quer nas palavras usadas (daí o nome: Programação Neurolingüística), que expressam o modelo de mundo que uma pessoa possui, quer em alguns esquemas ou estratégias (programas) que esta pessoa usa rotineiramente em sua vida, seqüências de comportamentos usados para atingir determinados objetivos e que , com a prática, tornam-se inconscientes (exemplo: você não precisa pensar de seqüência de fatos que se sucedem no ato de escovar os dentes: você faz isso automaticamente, inconscientemente. Da mesma forma, você usa seqüências inconscientes, programas, para ficar alegre, deprimido, motivado, etc.). É como se a PNL nos fornecesse novos óculos através dos quais passaríamos a olhar o mundo, só que de uma maneira ampliada – óculos com super poderes, que nos permitem ver as coisas em terceira dimensão.

Já dizia Paulo Freire, um dos maiores educadores que nosso país já teve (e que, creio eu, não conheceu a Programação Neurolingüística, apesar de usá-la, de certa forma, em seu método) que "quem dá a palavra, dá o tema". As palavras contêm uma determinada "leitura do mundo". Por este motivo, ele propunha que alfabetização jamais acontecesse dissociada da experiência de cada aluno. Ele abominava aquelas cartilhas com frases como "Ivo viu a uva", justamente porque são frases vazias de significado, que não fazem pensar, que não nos tocam o sentimento ou a razão. Ao contrário, ele propunha frases tiradas do vocabulário dos próprios alunos, pois assim seria possível alfabetizar e conscientizar (ampliar a consciência, a visão de mundo) ao mesmo tempo (ele propunha que a alfabetização utilizasse os nomes das pastas daquele nosso arquivo, a fim de fazer pensar sobre o conteúdo delas). Provavelmente hoje uma frase que Paulo Freire gostaria para iniciar um grupo de alfabetização de adultos seria "José está desempregado", antecedida de um amplo debate a respeito de emprego, dinheiro, economia, desigualdade social, etc.

A PNL nos possibilita ainda desafiarmos nossas próprias barreiras e limites internos, o que será tema do próximo artigo, quando falaremos sobre como os elefantinhos são treinados no circo e sobre o que isto tem a ver conosco.

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36- BARREIRAS INTERNAS

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Nelly Beatriz M. P. Penteado (*)

 

"Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades.

Lembrai-vos de que as grandes proezas da história

foram conquistas do que parecia impossível"

Charles Chaplin

 

Você sabe como se ensina um elefante a não fugir do circo? (Não, esta não é mais uma daquelas piadas...) É simples. Quando ele ainda é pequeno, ele é amarrado à uma pequena árvore, usando-se para isso uma corda. Como o elefante é pequeno, ele não consegue se soltar, e então ele aprende que a árvore é mais forte que ele. Daí por diante, sempre que amarrado à uma árvore, ele reagirá desta maneira (ele generalizará esta aprendizagem pela vida afora).

E então o elefante cresce, fica enorme, muito forte. Todavia, sempre que amarrado à uma árvore, ele se comportará da mesma forma que quando pequeno: ele "pensará" que ela é mais forte que ele. E ficará lá, apesar de sua força ser mais do que suficiente para arrancar aquela árvore.

Agora pense: o que isso tudo tem a ver conosco? Será que esta história se aplica à sua vida? Será que você, assim como o elefante, em sua infância aprendeu, internalizou, inúmeras barreiras, limites, inúmeros "não posso", ou "não sou capaz" e continua reagindo a eles sem questioná-los, sem atualizá-los? Será que você está amarrado a inúmeras "arvorezinhas" em sua vida? Será que você cresceu e ainda não se deu conta de que hoje você é muito mais forte (competente, experiente, sábio, livre, etc.)? Será que muitas crenças que você possui hoje, especialmente aquelas relacionadas a "Não posso...", "Não devo...", "Não consigo...", não passam de aprendizagens ocorridas na infância e que você generalizou pela vida afora? Você ainda tem medo de misturar manga com leite? Você ainda conserva e respeita medos e limites infundados? (E vocês, pais, será que não andam "amarrando" seus filhos a "árvores" demais, desnecessárias?) Você consegue identificar onde estão seus limites internos?

 

Não é tão difícil começarmos a identificar nossos limites internos. Por exemplo, alguém lhe pergunta: "Você já andou na Montanha Russa?" E você responde: "Não, tenho medo desse tipo de brinquedo". (Olha o limite interno aí! Eu, se estivesse perto de você nesta hora, lhe perguntaria: "Mas você já experimentou pelo menos uma vez?" "E se você descobrir que é uma delícia?") Outro exemplo: "Você já comeu carne de capivara?" E aí você talvez respondesse: "Não, tenho nojo!" ("Mas você já provou?") Ou então, o pneu de carro furou e eu encontro você vindo para casa a pé. E eu lhe pergunto: "Mas por que você não trocou o pneu?" E você responde: "Obviamente porque eu não sei trocá-lo!" Daí eu lhe diria: "E você não pensou em pedir a alguém?" E você: "Ah! Eu não costumo pedir favores a estranhos!" (Olha outro limite aqui...)

Uma boa maneira de começarmos a questionar nossos limites internos é sempre que nos ouvirmos dizendo (ou pensando) "Não posso", "Não consigo", etc., repetirmos para nós mesmos a pergunta: "O que me impede?"

Muitas vezes, convivemos há tanto tempo com nossos limites que acabamos cegos para eles. Nestas situações (como em muitas...), outras pessoas poderão nos ajudar questionando aquilo que para elas é um absurdo e para nós é algo rotineiro, habitual. É por este motivo (também) que a convivência com outras pessoas é tão importante para nosso crescimento pessoal. Muitas vezes "quem está de fora, vê melhor"... É como experimentar roupas numa loja: quando um amigo está conosco, poderá ver defeitos na roupa que nós provavelmente não perceberíamos. Precisamos dos olhos, ouvidos, comentários e opiniões das outras pessoas assim como precisamos dos nossos próprios. Não fosse assim, como o cirurgião gástrico operaria o próprio estômago? Quem estaria no confessionário para ouvir a confissão do padre? Como o dentista obturaria o próprio dente? Precisamos uns dos outros.

No próximo artigo falaremos sobre o sofrimento e sobre como ele está fortemente arraigado em nossa cultura.

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(*) Nelly Beatriz M. P. Penteado é Psicóloga e Master Practitioner em Programação Neurolingüística (PNL).

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