ENTREVISTA

Nelly Beatriz M. P. Penteado(*)

 

Esta entrevista foi concedida de forma virtual (num chat) a alguns estudantes de Psicologia, interessados no estudo e nas aplicações da PNL. Posteriormente nós a editamos, eles a apresentaram na universidade e eu resolvi apresentar aqui um pouco daqueles nossos encontros.

 

 

O que é Programação Neurolingüística?

A maneira mais fácil de começar a entender o que é Programação Neurolingüística, que abreviamos sob a sigla PNL, é comparar o cérebro humano a um computador. O que acontece é que este computador não vem com manual do usuário e então você pode aprender a operá-lo pelo menos de duas maneiras: por ensaio-e-erro (tentando, errando, corrigindo, tentando de novo, etc.) ou pode ir direto ao ponto, ou seja, aprendendo a operá-lo como o fazem as pessoas competentes em determinadas áreas ou habilidades. Isto equivale a adquirir novos e melhores programas ou então a uma reprogramação dos programas que você usa habitualmente.

 

A PNL tem sido às vezes classificada como auto-ajuda, terapia alternativa, ou então associada a práticas místicas, "pensamento-positivo", etc. Esta associação é correta?

 

De forma alguma. Especificamente, é tudo o que ela não é. Ela não é uma nova modalidade de terapia alternativa (aliás, PNL não é uma abordagem psicoterápica, apesar de que ela pode ser utilizada também para esta finalidade). Não é nova e nem alternativa porque ela na verdade se originou de práticas existentes há muito tempo e reconhecidas no meio acadêmico. É o caso do trabalho de Milton Erikson, um psicanalista e hipnoterapeuta que serviu de modelo para inúmeras técnicas hoje utilizadas pela PNL. É o caso também de Virginia Satir, uma terapeuta familiar reconhecida mundialmente por sua atuação sistêmica e seu trabalho magistral com famílias. É também o caso de Fritz Perls, criador da Gestalt Terapia, e Gregory Bateson, o antropólogo britânico criador da teoria do duplo vínculo de esquizofrenia. Como se vê, a PNL não é nova, não é mística e não está em fase experimental, não está carecendo de dados ou resultados práticos e consistentes que demonstrem sua eficácia.

 

Mas o que se ouve é que a PNL possui fórmulas que propiciam resultados imediatos, quase mágicos...

 O grande mérito da PNL foi ter descrito os procedimentos dos profissionais citados anteriormente, aqueles que ela usou como modelos, de forma que estes procedimentos pudessem ser repetidos por outras pessoas - e isto é ciência, este é um procedimento científico. A PNL traduziu estes procedimentos em notações, esquemas, tal qual fórmulas. É a mesma coisa que eu ensinar você a dançar usando um esquema gráfico, um desenho num papel e uma descrição verbal, mais ou menos assim: dois passos para a direita, um para a esquerda, uma volta, etc. Você pode compreender meu esquema facilmente, mas isto ainda não é dançar! Você aprendeu o esquema, mas dançar é mais que isso. Se você nunca dançou antes, não adianta colocar o papel com o esquema debaixo do braço e ir a um baile. Acontece a mesma coisa com a PNL: algumas pessoas tiveram algum tipo de contato com os esquemas que a PNL disponibiliza (através de livros, apostilas, etc.) e saíram por aí aplicando-os de forma indiscriminada, como se fosse mágica (1-2-3 e pronto!) ou receita de bolo. E na maioria das vezes, aplicadas desta forma, as técnicas não funcionam. Porque PNL se aprende de forma prática, daí a importância de se fazer um treinamento em PNL em entidades sérias e reconhecidas pela comunidade internacional da PNL.

 

Onde você fez sua formação em PNL?

Na Sociedade Brasileira de PNL, entidade pioneira da PNL no Brasil, que ministra palestras e treinamentos de altíssima qualidade, além de possuir uma preocupação constante com a ética.

 

A PNL realmente produz resultados imediatos e duradouros?

Sim, isto é uma realidade na PNL. Primeiramente é preciso que modifiquemos um antigo paradigma segundo o qual todo processo de mudança deve necessariamente ser demorado e doloroso. Aquela antiga idéia que diz que "O que arde, cura". Na verdade, vivemos até agora sob o jugo do sofrimento - é uma questão profundamente arraigada em nossa cultura. Então o que acontece é que nós, os programadores neurolingüistas, às vezes precisamos trabalhar este tipo de crença das pessoas antes de conduzir um processo de mudança.

Como o caso daquela pessoa que tinha uma fobia há mais de 10 anos e que foi curada por um procedimento de PNL em uma única sessão (ou em duas, ou três - este número não é fixo). Aí ela vai para casa e pensa: "Não pode ser, alguns minutos não podem acabar com um sofrimento de 10 anos". A fobia volta. E a pessoa volta a procurar o terapeuta. Este então lhe pergunta quantas sessões ela acredita então que seriam necessárias para curar sua fobia, ao que ela responde: "Pelo menos umas cinco". O terapeuta faz cinco sessões e a pessoa é completamente curada. Foi uma forma que o terapeuta encontrou de encaixar a cura no sistema de crenças daquela pessoa. Ele também poderia ter optado por modificar diretamente aquela crença.

Quanto a serem duradouras, eu lhe digo que as mudanças que ocorrem rapidamente a partir dos procedimentos da PNL duram tanto tempo quanto aquelas que ocorrem de forma lenta ou torturante. Não há dúvida de que nenhuma mudança é eterna. Não se pode garantir que um trabalho feito a partir da PNL dure para sempre porque a vida não é algo estático, as pessoas mudam o tempo todo. Mas se algo ocorrer e modificar o equilíbrio alcançado, sempre há inúmeras ferramentas e caminhos para restaurar o equilíbrio do sistema (da pessoa consigo mesma e dela com os sistemas maiores em que está inserida).

 

E que técnicas são estas que podem curar de forma tão rápida?

Na verdade, a técnica é apenas um detalhe. O que realmente conta é a habilidade do programador em diagnosticar a situação e definir quando e qual técnica aplicar, além de reconhecer a que outras questões aquele problema pode estar relacionado na vida de um indivíduo - o que se conhece em linguagem psicanalítica como ganhos secundários. Sem um amplo levantamento da rede de relações à qual aquele problema pode pertencer, a técnica poderá ser usada em vão. Esta é mais uma vantagem da PNL: ela é sistêmica, ela considera o indivíduo como um todo, além de analisá-lo e compreendê-lo em relação aos sistemas mais amplos aos quais pertence (família, sociedade, nação, etc.). A PNL atua com um profundo respeito à ecologia desses sistemas.

 

Com que tipo de problemas você tem tido sucesso a partir das técnicas da PNL?

A PNL é útil a uma gama imensa de situações, não apenas terapêuticas, como também aplicada à educação, a empresas, aos esportes, etc. Particularmente, tenho obtido resultados excelentes com clientes com queixa de ansiedade nos mais variados níveis, especialmente aqueles com Transtorno do Pânico. Também com pacientes com dificuldades de comunicação e relacionamento interpessoal - a PNL possui técnicas fantásticas para que nos comuniquemos melhor. Os resultados são igualmente satisfatórios nos casos de depressão, porque a depressão é sobretudo uma forma distorcida e pessimista de ver a vida. Indivíduos deprimidos possuem paradigmas a respeito da vida que eles não se lembram mais onde foi que adquiriram. Que depressão é falta de serotonina, noradrenalina e dopamina no cérebro, todo mundo já sabe. Agora, o que é fantástico é que hoje em dia sabemos que da mesma forma que os fatores orgânicos afetam e determinam o estado emocional, o inverso também é verdadeiro. Ou seja, melhorando-se o estado emocional de um indivíduo através de uma reestruturação de suas crenças e paradigmas, seus níveis de serotonina, noradrenalina e dopamina voltam ao normal. Aliás, esta é uma das teses que Daniel Goleman comprova e demonstra em seu livro Inteligência Emocional, citando inúmeras pesquisas sobre o tema. Dentre outras coisas, ele fala neste livro que temperamento não é destino, ou seja, que ninguém precisa continuar sendo do jeito que sempre foi se isto não for algo que se deseje - aquela história de que uma pessoa nasce tímida e não há nada que se possa fazer para mudar isto. Temperamento então seria um determinado conjunto de conexões no cérebro, como ruas e avenidas, as quais podem ser modificadas, ou então podemos abrir ruas novas e então escolher por onde pretendemos andar: pelas novas ou pelas antigas. A PNL também acredita que temos todos os recursos de que precisamos e somos capazes de efetuar modificações em nós mesmos e em nossos ambientes.

Além dos casos acima, estou trabalhando atualmente num novo projeto que envolve clientes com dificuldades na área profissional e financeira.

 

E como é isto? É possível melhorar a situação financeira de alguém a partir das técnicas da PNL?

 

Eu sei que pode parecer meio mágico, que o país, assim como o mundo de forma geral, atravessa momentos difíceis. Todavia, se você considerar que a situação financeira é decorrente também do valor que um indivíduo acredita que tem (sua auto-estima), da satisfação que ele obtém em seu trabalho (quanto mais satisfação, mais ele vai se sentir "recarregado", mais ele vai querer trabalhar), do quanto ele está alinhado com seu propósito de vida (seus dons, talentos, missão), de sua motivação em alcançar objetivos definidos de acordo com tudo isso e, sobretudo, das crenças que ele tem acerca do dinheiro, então dá para entender porque a PNL é eficaz neste tipo de situação, uma vez que ela atua em todas estas direções aqui mencionadas. Então algumas pessoas poderiam argumentar que é difícil prosperar quando a situação do país é ruim e eu teria inúmeros exemplos de pessoas que prosperaram exatamente porque criaram algo que poderia ser útil durante a crise, e de outras pessoas que se mantêm economicamente estáveis em suas áreas de atuação porque utilizaram soluções criativas. Repito, prosperidade está muito mais relacionada às crenças e expectativas de uma pessoa do que da situação econômica de seu país.

Não há dúvidas de que em nossa sociedade há processos injustos de exclusão social, há desigualdade econômica, as pessoas não têm iguais oportunidades de acesso à saúde, educação, etc. Esta é uma situação revoltante e acredito que é tarefa de todos nós lutarmos para superá-la, não apenas individualmente mas principalmente coletivamente. É preciso acabar com esta crença social do "Salve-se quem puder", "Vou livrar minha pele", "cada um por si...". Eu realmente tenho esperança de que um dia conseguiremos evoluir todos juntos. Aqueles que estão à frente esperando e ajudando os que ficaram para trás. E este foi um dos motivos que me atraíram para a PNL: a preocupação que ela possui com o todo, sua maneira sistêmica e profundamente ecológica de pensar sobre o indivíduo e a sociedade.

 

Como deve proceder uma pessoa interessada em aprender PNL?

Depende dos objetivos aos quais ela se proponha. Se ela tem um problema específico, crônico ou agudo (como uma fobia, por exemplo), ou se deseja uma orientação personalizada, o ideal seria procurar um atendimento individual, um profissional que utilizasse a PNL como um personal coaching (da mesma forma que hoje em dia se popularizou a assessoria por um personal trainer). De forma geral, problemas mais sérios, ou mais profundos, requerem um atendimento individual. Agora, se ela quer aprender a se reprogramar, em outras palavras, se quer adquirir o manual do usuário de seu cérebro, então ela poderia participar de um curso.

Costumamos pedir aos participantes que tragam para os cursos uma lista dos principais problemas ou dificuldades experimentados no dia a dia (excetuando-se aqueles mais sérios). Estes problemas são trabalhados (e normalmente resolvidos) em diversos exercícios. O mais importante é que a PNL nos ajuda a mudar esquemas internos, seqüências internas de pensamento e ação que via de regra utilizamos em diversas situações (nossos programas). Então a PNL ao invés de falar de "problemas" (problematizar, discutir, etc.), vai atuar neste esquemas, que são mais ou menos como fôrmas em que vamos encaixando nossa realidade. Daí quando você muda a fôrma, automaticamente vários problemas vão se resolvendo em série. A PNL não se ocupa dos problemas em si, mas sim dos processos internos que lhes dão sustentação.

Estou sempre insistindo nesta história dos cursos. Muitas pessoas acreditam que poderão aprender PNL através de livros, apostilas (ou mesmo através dos artigos que venho publicando na Internet). Costumo dizer a estas pessoas que há muitas coisas que se pode aprender através de leituras (e de fitas, vídeos, etc.). É um bom começo e estas informações podem provocar mudanças na forma de pensar, de ver o mundo (recebo muitos e-mails de pessoas que relatam inúmeras mudanças em suas vidas a partir de leituras sobre a PNL). Mas é a mesma diferença entre você conhecer Copacabana por fotos (ou por vídeo, por ouvir falar) e estar pessoalmente lá: há experiências incríveis que só poderemos experimentar se estivermos lá, ao vivo, associadamente. Sem contar que é muito mais divertido também estar lá pessoalmente...

 

Como são estes cursos?

São cursos eminentemente práticos, com muitos exercícios a serem feitos individualmente e em grupo. Certamente, depois de um curso de PNL, o praticante nunca mais será o mesmo. Ele sairá com instrumentos e técnicas que vão possibilitar-lhe enxergar a realidade, seu mundo, a vida, num outro nível, numa outra dimensão. É como aquelas gravuras em terceira dimensão. Você primeiro precisa aprender a técnica de olhar o todo, de não focalizar especificamente um detalhe, de explorar a visão do todo ao invés da visão focal, para daí então ser capaz de ver a figura que está em terceira dimensão, aquela que parece saltar da página. A PNL também é assim. Você começa a se surpreender com muitas coisas que sempre estiveram próximas mas que antes você não conseguia perceber. E isso é fascinante!

 

Onde as pessoas interessadas poderão fazer estes cursos?

 Com a popularização da PNL no Brasil, tivemos uma proliferação de cursos, seminários e palestras sobre o tema. Pessoalmente, recomendo a Sociedade Brasileira de PNL, que além de pioneira no Brasil, é hoje o maior Centro de PNL da América Latina. É uma forma segura e eficaz de aprender PNL de acordo com os padrões internacionais estabelecidos por seus principais criadores. Quanto às demais instituições, sei que há algumas realmente muito boas, que fazem um trabalho sério. Sugiro que os interessados procurem se informar com outros participantes que já fizeram os cursos que elas oferecem.

 

Você também ministra cursos?

Para o ano de 99 estou concentrando minhas atividades nos atendimentos individuais, em Indaiatuba, e na publicação de um livro que fala sobre auto-imagem (um livro que ficou super interessante, mas até agora estou procurando uma editora para lançá-lo), usando a tecnologia da PNL. Tenho também ministrado palestras em escolas, comunidades, universidades (a mais recente foi uma palestra realizada no final de maio na Universidade Estadual de Campinas - Unicamp). Recentemente iniciei uma parceria com uma empresa que realiza treinamentos e consultorias em empresas (o CPDEC) e estamos prevendo então para o segundo semestre treinamentos in company, mas é provável que eu realize também eventos abertos porque muitas pessoas me escrevem solicitando-os.

 

Como surgiu a idéia do seu site na Internet?

Desde 1996 mantenho um site com vários artigos que escrevi sobre PNL. Publiquei em jornais cerca de 30 artigos, que resolvi disponibilizar na Internet, na tentativa de compartilhar algo que eu considero maravilhoso.

Certa vez eu soube que um colega teria comentado que muito daquilo que escrevo já está nos livros básicos de PNL. Isso é verdade. O que eu fiz foi apenas traduzir a PNL à minha maneira, pensando principalmente naquelas pessoas que são leigas no assunto, ou que estão iniciando seus estudos de PNL. E me parece que deu certo, porque tenho recebido muitos e-mails que afirmam que meus textos são "muito didáticos, fluidos e interessantes" (este comentário especificamente recebi de um professor que é orientador de teses na Unicamp - muito obrigada professor França!), pessoas que relatam que finalmente conseguiram entender conceitos que não haviam compreendido anteriormente, e então eu me sinto recompensada, me sinto feliz. Porque PNL também é arte, o que quer dizer que a gente aprende a técnica mas depois cada um a utiliza de um jeito próprio, imprimindo um certo toque pessoal.

Eu também sou leitora voraz e tenho o hábito de ler tudo o que sai publicado sobre PNL. Não raro, ocorre de eu ler um novo livro básico sobre PNL que me faz pensar de novas maneiras aquilo que eu já sabia. Sabe quando você lê algo e diz: "Nossa! Sabe que eu não havia pensado nisso assim, desta forma?" Cada autor coloca as mesmas questões sob diferentes prismas, efetuando novas associações entre o material conhecido da PNL.

Estou sempre em busca de novas ferramentas e conceitos que se mostrem eficazes em meu trabalho, tanto da PNL como de outras abordagens. Aliás, isso é PNL: o processo de modelar estratégias eficazes, extraindo delas um padrão, ou seja, identificando seqüências que se repetem. Eu diria que PNL é uma "certeza absoluta" de que a verdade não está em um só lugar (ou seja, de que não existe "certeza absoluta"...) e uma atitude de profundo respeito por todo conhecimento acumulado até agora, por todas as abordagens psicológicas, filosóficas, sociológicas, etc. Neste final de milênio, acredito que estamos aprendendo a ter uma visão menos analítica e mais ampla, mais sintética, mais inclusiva. Então no meu site você encontra links de PNL mas também de Realidade Virtual, Terapia Cognitiva, etc.

 

Quanto tempo demora um tratamento a partir das técnicas da PNL?

A PNL funciona de forma rápida, segura e eficaz, o que quer dizer que ela pode ser enquadrada dentre as psicoterapias breves. Agora, não existe mágica. Com isso quero dizer que cada caso é um caso e que as técnicas existem em função das pessoas e não o inverso. É imprescindível uma atitude de respeito em relação à intrincada rede de sistemas que constituem o indivíduo que está em busca de ajuda. Há casos que se resolvem com uma única sessão e aqueles em que é necessário um pouco mais.

 

Nos livros de PNL é comum encontrarmos casos de curas que levaram apenas alguns minutos. Este é um fato freqüente na PNL?

Sim, a cura pode ser rápida, mas não sempre, com todas as pessoas. Podemos compará-la com um jogador que marca um gol. O gol na verdade é apenas a parte mais visível de todo um trabalho de condicionamento físico, treinos, jogadas táticas. Em parte, o fato de a PNL ser divulgada como algo que funciona sempre de forma rápida faz parte da estratégia de marketing da PNL. É o mesmo que eu lançar uma campanha publicitária de um creme dental que deixa os dentes mais brancos. É óbvio que isto não acontecerá sempre, com todas as pessoas, da mesma maneira. A PNL é rápida? A resposta é : Sim. Ela funciona sempre? Não. Conheço uma pessoa que fez um trabalho para perda de peso com um dos principais expoentes da PNL hoje no mundo, trabalho este que durou cerca de três horas e que não funcionou de jeito nenhum! Todavia, é preciso que descubramos onde a PNL pode ser útil, ao invés de demonstrar onde ela não funciona.

Para explicar como funciona a PNL, gosto de citar aquela história de um mecânico que foi chamado para consertar a caldeira de um navio. Ele foi até lá, olhou, apalpou, escutou os ruídos e então deu uma única martelada numa determinada peça e a caldeira passou a funcionar perfeitamente. Ele então apresentou a nota de seus serviços: US$ 1.000,00. A pessoa que o contratou achou absurdo pagar um preço assim tão alto por uma única martelada. O mecânico então apresentou uma nota assim discriminada:

Conserto com o martelo = US$ 1,00

Saber onde martelar = US$ 999,00

É assim também com a PNL. A técnica é o martelo, e um martelo todos podem adquirir facilmente. Mas é preciso saber como, onde e principalmente quando utilizá-lo, o que quer dizer que às vezes é necessário que se cumpra um certo número de etapas, um processo. Além de tudo isso, está a perícia do praticante de PNL, que vai aplicar as técnicas de forma natural, elegante, sem que o cliente possa sequer percebê-las.

 

E isto é possível?

Como já dissemos antes, as técnicas servem principalmente como um instrumento de treinamento do praticante de PNL. É como saborear um prato de um cheff de cozinha: você saboreia uma combinação especial, singular, de determinados ingredientes, mas o cozinheiro não deixa pistas evidentes de quais ingredientes ele usou. Já pensou como seria desagradável encontrar no seu prato um pedaço da embalagem de um dos ingredientes usados? Ou então um pedaço da receita que ele usou? Assim também é com a PNL, pelo menos, com os bons praticantes da PNL: sem que o cliente se dê conta ele é naturalmente conduzido a experiências de crescimento e mudança, de forma agradável, natural, dentro de um relacionamento de confiança e empatia.

 

Há algum tempo atrás, num programa de televisão, houve uma demonstração de PNL em que uma pessoa caminhava sobre uma linha imaginária no chão, indo ora em direção ao passado, ora em direção ao futuro. Era algo semelhante a uma regressão de memória. Esta é uma técnica comum na PNL?

Sim, é uma espécie de regressão de memória, só que é feita de forma consciente, com o indivíduo totalmente acordado e no controle da situação. É utilizada principalmente para modificar memórias negativas de situações passadas. A PNL nos mostra que não é possível mudar o passado, mas é possível mudar a forma como arquivamos este passado, a representação interna que guardamos dele. Na verdade, é só isso que conta, uma vez que nós, seres humanos, não reagimos às coisas em si, mas sim às representações que temos delas (as imagens que temos delas, os sons, sabores, odores, sensações, etc.). E este é um processo pessoal, sobre o qual podemos aprender a ter controle. Agora, como eu disse anteriormente, o bom praticante de PNL usa a técnica para treinar e aprender e depois a aplica de forma tão natural que o cliente não possa nem ao menos pressenti-la. Via de regra, meus clientes não precisam se levantar para caminhar por esta linha imaginária. Eles o fazem sem que nem se dêem conta, sem saírem de onde estão, sem quebrar a naturalidade de nosso contato. Esta técnica eu usei durante meu próprio treinamento em PNL e hoje ensino-a nos cursos, para pessoas que desejam aprendê-la para depois poderem aplicá-la em si mesmas e em outras pessoas. É como um molde ou uma fôrma que você usa somente enquanto é necessário (enquanto você ainda não sabe fazer com suas próprias mãos) e descarta logo em seguida. É a receita do cheff que não pode aparecer no prato que você vai saborear.

Para que você possa ter uma idéia de como a PNL caminha hoje para níveis cada vez mais refinados de eficácia e sutileza, Richard Bandler, um dos principais criadores da PNL, prometeu certa vez num seminário ensinar uma técnica para cura rápida de fobia. Ele avisou aos participantes para que ficassem atentos porque ele seria bastante sutil. O seminário prosseguiu e num determinado momento ele perguntou a determinado participante se ele seria capaz de caminhar de costas até o palco e este assim o fez. Depois ele fez uma série de perguntas específicas, estando ainda o participante de costas para a platéia. Perguntou sobre uma receita culinária e outras coisas do gênero. Em seguida virou o participante de frente para a platéia e fez novas perguntas e finalmente agradeceu e pediu a ele para que voltasse ao seu lugar. No final do seminário, alguns participantes perguntaram a Bandler se ele havia se esquecido de demonstrar a cura rápida de fobia, ao que ele respondeu que ela já havia sido feita, eles é que não tinham percebido. Na verdade, aquele participante tinha fobia de falar em público e Bandler o curou distraindo a atenção consciente dele enquanto tratava de fazer com que falasse diante de uma platéia de mais de cem pessoas durante vários minutos! Várias técnicas da PNL usam este princípio: você percorre com o cliente o mesmo circuito (do medo ou de outras sensações indesejáveis), só que de uma forma diferente, agregando novas e melhores sensações. Mais ou menos assim: um dia uma pessoa passou por uma situação traumática ao andar por determinada rua. A partir de então, todas as vezes que ela passa por aquela rua, ela tem aquelas sensações desagradáveis. Então designamos várias pessoas para percorrerem com ela aquele mesmo caminho e ajudarem-na a perder o medo: seu pai, seu irmão, o Papa, Stallone, um humorista, etc. A cada vez que esta pessoa percorre o mesmo caminho, agregando uma nova sensação possibilitada pela companhia de uma outra pessoa, o circuito do medo se enfraquece e cria-se uma nova associação. É a partir deste princípio simples que a PNL realiza as curas de fobias e de alergias (É óbvio que o exemplo é ilustrativo e que não é necessário percorrer o mesmo caminho concretamente, fisicamente, mas sim apenas na imaginação). Hoje em dia sabemos que estas técnicas enfraquecem aqueles circuitos no cérebro e possibilitam novas conexões. Isso é PNL!

Mas quero ressaltar aqui que não considero adequado e ético este tipo de apresentação em televisão. Primeiro porque expõe o cliente, segundo porque a técnica é apresentada longe do contexto da PNL, de seus pressupostos (como uma "receita de bolo") e por fim porque divulga uma imagem da PNL que não é real: como se fosse mágica, misticismo, milagre, e por aí afora. Em minha opinião, este tipo de técnica só poderia ser mostrado dentro de um contexto de treinamento, jamais de "show".

 Quais as novidades na área da PNL?

 São muitas: trabalhos envolvendo a parte espiritual (chamado Core Transformation), Design Human Engineer (DHE), Aprendizagem Acelerada, Leitura Dinâmica, estratégias educacionais, procedimentos de cura (alergias, câncer, AIDS, etc.) e muitas outras novidades que vêm por aí. O pessoal da PNL é absolutamente apaixonado pelo tema e não pára de produzir novas estratégias e conhecimentos - felizmente para todos nós!

 

 (*) Nelly Beatriz M. P. Penteado é Psicóloga e Master Practitioner em Programação Neurolingüística (PNL).

  [email protected]

 

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