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Como funcionam os freios?

No link, se encontra um artigo antigo, mas que explica de maneira surpreendentemente completa muito do que se precisa saber sobre freios:

http://www.japantackle.com/Topics/brake_system.htm

Para aqueles que não sabem inglês, faço um resumo incluindo apenas os freios mais comuns; e acrescento algumas atualidades e detalhes que eu julgo mais relevantes sobre este assunto:

Porque precisamos de freios?

Após a isca puxar a linha do carretel e imprimir-lhe uma rotação inicial, o carretel começa a girar sozinho, por sua própria "inércia (o carretel toma um embalo)"; qualquer desaceleração da isca fará com que a linha fique frouxa...; e temos uma cabeleira! A função do freio é desacelerar o carretel para que este não libere a linha mais rápido que a isca viaja.

E, infelizmente, essa desaceleração ocorre por vários fatores: trajetória ascendente da isca, resistência do ar, quando a isca toca a água,...

  Quando a linha está acelerando o carretel, ainda temos outro fator a propiciar as cabeleiras; a linha se aperta contra o carretel e isso pode "encavalar" a linha; se não houver frenagem suficiente, teremos o famoso "embucetamento"... É essa a razão pela qual a maior parte das cabeleiras se inicia no começo da viagem da isca; e isso se soma ao fator anteriormente citado, de forma que se faz necessário uma forte frenagem adicional durante a primeira parte do arremesso.

Sem um freio "automático" na própria carretilha, teríamos de frear no dedo a cada arremesso; seria difícil prestar atenção ao que interessa: a trajetória da isca. Frear no dedo, algo eventualmente necessário quando se arremessa com carretilhas; é o último recurso que temos para evitar uma cabeleira que está prestes a se formar...

 

Como o freio funciona?

Os freios das carretilhas têm sua frenagem dividida didaticamente em 2 fases:

1) Logo após início do arremesso (no primeiro terço do arremesso), quando é máxima a rotação do carretel, mas também é máxima a probabilidade de se iniciar uma cabeleira porque a linha é apertada contra o carretel ao tracioná-lo. Geralmente, é neste momento que se tem a formação de cabeleiras e quando ajustamos a quantidade de freio, na verdade, estamos ajustando o quanto de freio será usado neste momento (início do arremesso, com altas rotações).

2) Controlar a taxa de desaceleração do carretel, evitando as "cabeleiras tardias (que iniciam no terço médio do arremesso)"; comuns quando se arremessa contra o vento ou com iscas leves e/ou pouco aerodinâmicas (iscas que desaceleram rapidamente por conta da resistência do ar).

 

 

Como seria o freio (principal) ideal ?

1) Nas baixas rotações: nenhuma frenagem.Durante um arremesso, frenagem neste momento, mesmo que por um curtíssimo período de tempo; apenas reduz a rotação máxima a que o carretel chegará porque apenas no início de um arremesso normal que se tem essa rotação. Obs: No pincho, o freio auxiliar (Cast Control) é adequado; de forma que o freio principal não precisa frear nada mesmo nesta rotação. Inclusive; convém observar que se deve desligar o Cast Control quando se quer um arremesso longo, mas terá de se parar o carretel no dedo pouco antes da isca tocar a água para evitar uma cabeleira...

2) Nas médias rotações: ampla gama de ajustes.Aqui seria desejável uma ampla gama de ajustes possíveis para situações opostas como; o arremesso de uma isca pesada e aerodinâmica a favor do vento, ou de uma isca leve e pouco aerodinâmica contra o vento (com vento frontal).

3) Nas altas rotações: mais importante que uma ampla gama de ajustes (todos os freios são satisfatórios neste aspecto, embora na maioria não seja possível um ajuste "pacífico" entre as altas e as médias rotações), o freio deve atingir uma "saturação"! Quero dizer que, se a força de frenagem continuar subindo, não será possível atingir grandes rotações, limitando desnecessariamente a distância de arremesso.

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Freio Magnético:

O freio magnético possui um perfil de frenagem linearmente proporcional à rotação do carretel; e isto é vantajoso nas altas rotações, pois ele freia moderadamente (moderadamente, se comparado ao freio centrífugo) nesta situação, mas exatamente é essa a hora que se precisa de mais freio, pois a maioria absoluta das cabeleiras se inicia justamente no começo do arremesso durante ou logo após a rotação máxima (como explicado anteriormente)! Isso obriga a usar uma regulagem que freia demais nas médias rotações.

Como é na média rotação onde se dá a maior parte do arremesso, os dois terços finais; ele freia demais a isca e reduz desnecessariamente a distância de arremesso. Inclusive; uma pequena mas notável desvantagem dele, é que ele atua prematuramente durante a saída de linha atrapalhando um pouquinho a que se chegue a uma grande velocidade do carretel...Em outras palavras: não se consegue uma regulagem boa para as médias e as altas rotações ao mesmo tempo; e sempre irá sobrar frenagem nas médias rotações, o que irá limitar a distância de arremesso. Sem contar a frenagem desnecessária durante as baixas rotações...

Freio Centrífugo:

O freio centrífugo tem um perfil de frenagem ao quadrado da rotação do carretel; ideal para as baixas e médias rotações (se a situação de arremesso for próxima às condições ideais, o mais comum!), mas péssimo para as altas rotações. Exatamente sua frenagem irrisória nas baixas e médias rotações o habilita ao arremesso de iscas leves, e o torna significativamente superior ao freio magnético para o arremesso de iscas de qualquer peso.

Seu problema é frear demais nas altas rotações! Em nenhum outro tipo de freio seria mais desejável que houvesse um ponto de saturação (um limite máximo de força de frenagem). Além da limitação da distância máxima de arremesso; é notável que a distância de arremesso muda pouco com a variação da força empregada durante o arremesso, isso ocorre porque logo no começo da saída de linha, a força a mais colocada no arremesso se transforma em rotação a mais e em muito mais frenagem...

Sua desvantagem sobre o freio magnético é quando se arremessa contra o vento, pois com o freio centrífugo dá cabeleiras nesta situação, obrigando a usar o freio mecânico (auxiliar, secundário, Cast Control,...) que não possui um perfil ideal de frenagem para esta situação por frear demais nas baixas rotações (o perfil do freio magnético é parecido com o perfil ideal para arremessos contra um vento muito forte; mas quem é que pesca nesta situação de ventania?...).

Uma Dica

Não se regula um freio, especialmente o centrífugo, em função do peso a ser arremessado; mas sim em função do jeito de arremessar. Quanto mais energia for usada no arremesso, menos "buchinhas (chapeuzinhos,...)" se deve usar.

Por exemplo: para o arremesso de iscas pesadas, varas longas como uns 6 pés , e com um bom braço a arremessar, 1 ou 2 buchinhas são suficientes; enquanto que se você trocar a isca por uma leve, vara menor, ou com o uso de uma menor força de arremesso, você deve aumentar o número de buchinhas porque a rotação máxima do carretel será menor.

Todos os freios freiam mais com o aumento da rotação do carretel, mas em especial o freio centrífugo que não tem "saturação (limite máximo de força de frenagem)". Se o arremesso alcançar maiores rotações, o aumento dessa rotação se encarregará de aumentar a força de frenagem

Freio Shimano SVS 4X4:

Mais um freio centrífugo; mas com a possibilidade de ser ajustado durante a pescaria sem ter de abrir a carretilha. Embora não deixe de ser uma evolução em relação ao freio centrífugo convencional, não irá oferecer melhor desempenho; apenas praticidade maior

Freio Centrífugo somado ao Freio Magnético:

Se resume a um freio misto, que combina os freios magnético e centrífugo; sendo superior a ambos isoladamente. Essa superioridade ocorre porque o freio magnético permite um ajuste rápido da frenagem nas médias rotações, sendo suficiente ajustar "em casa" o freio centrífugo.

  Quem usa um freio centrífugo sabe que é problemático você abrir o freio para ajustá-lo durante a pescaria; mas quase sempre se usa um ajuste único para a pescaria, limitando-se ao uso do Cast Control para regular para vento. É aí que o freio magnético ajuda muito, pois o perfil do freio magnético é mais próximo ao ideal para ser somado ao perfil do freio centrífugo para se obter um ajuste para o vento frontal! A única desvantagem é que o freio magnético continua somando força de frenagem durante as altas rotações; mas essa desvantagem não é muito perceptível porque a rotação máxima será menor mesmo (por causa do vento frontal)...

Concluindo; foi feliz e oportuna a combinação desses 2 freios. Mas ainda se tem o problema do excesso de frenagem nas altas rotações.

Na ilustração, o efeito do Cast Control (em verde); uma frenagem constante independentemente da velocidade de rotação. Também são vistos os perfis dos freios magnético (em azul) e centrífugo (em vermelho).

Freio Daiwa Mag Force V ou Z:

Nas baixas e médias rotações, ele freia ainda menos (ou um pouco mais, dependendo do ajuste) que um freio centrífugo, pois ele apresenta um padrão de frenagem ao cubo da rotação do carretel.

Nas altas rotações; ele assume um perfil de frenagem próximo ao ideal, semelhante ao do freio magnético, mas ainda sem atingir uma saturação.

Resumindo: é o freio que reúne as características próximas às ideais para o arremesso em situação ideal; e ainda é capaz de dar ajuste suficiente para a maior parte das situações de vento frontal.

Como nem tudo é perfeito, falta-lhe 2 coisas:

Saturação em altas rotações; pois ele se limita a ter o perfil do freio magnético nesta faixa de rotação. Embora esse perfil de frenagem seja bom em altas rotações; poderia ser ainda melhor; se houvesse uma real saturação...

E "ampla gama de regulagem nas médias rotações", importante para arremessos com vento frontal; mas ele ainda é capaz de fornecer ajustes satisfatórios para quase todas as situações de vento.

Houve um freio que era capaz de atingir verdadeira saturação em altas rotações, o "Ultramag da Abu Garcia (fabricado entre 1982 e 1986)"; porém ele não era nada adequado às outras rotações (média e baixa) e parou de ser fabricado...

Freio Shimano DC-7:

Teoricamente, o melhor freio possível, pois todas as características de um freio ideal só podem mesmo ser reunidas por um freio "programável"...

Porém; testes práticos revelaram que o freio Mag Force é mais efetivo, tanto em distância de arremesso como em prevenir cabeleiras... Ocorre que o freio DC7 não foi feito para a nossa pescaria de Tucunaré, ou de Robalo... Ele foi concebido para pescarias em que se usam varas sempre acima de 7 pés ...; ou seja, aquela regulagem q faz a carretilha arremessar uma isca de 14g a mais de 100m, e girar o carretel acima dos 50.000 RPM, foi feita com uma vara com mais de 9 pés ...

Eles (os japoneses) usam linhas na faixa de 0.20mm para a maioria das pescarias... Realidade bem diferente da nossa.

Resumindo: pra nós pescadores de tucunarés, uma carretilha com esse freio é inviável!

Conclusão:

O freio centrífugo é claramente superior ao freio magnético, especialmente para o arremesso de iscas leves. E o freio magnético tem um perfil de frenagem próximo ao perfil ideal para o arremesso nas piores condições possíveis (forte vento frontal).

  O freio Daiwa Mag Force V ou Z "ainda" é o melhor freio da atualidade; pelo menos, para a realidade das nossas pescarias em águas interiores.

  Para o arremesso de iscas relativamente grandes (varas mais longas tal como 6 pés , braço forte, sem vento frontal,...; em suma, situação ideal para grandes arremessos), o freio centrífugo se comporta tão bem quanto o freio Mag Force! Para tanto, se deve usar apenas 1 buchinha levantada e assim, atingir altas rotações e grandes distâncias de arremesso! O freio Mag Force continua sendo superior ao freio centrífugo por não depender de situação ideal, varas longas, iscas relativamente pesadas, e grande força de arremesso para ter seu máximo desempenho.

  O freio DC-7 possui grandes vantagens, sendo o único que atende à necessidade de regular as médias rotações sem comprometer (seriamente) as altas rotações. Apenas um freio eletrônico ou programável seria capaz de atender a todas as demandas de perfis de frenagem... Mas o uso de linha de 0,20 mm com varas a partir de 9 pés não é a nossa realidade, o que torna esse freio inviável para nós!

Quem sabe, no futuro, haja mesmo um freio eletrônico capaz de atender nossa demanda...

Filosofando...

  Não resisto à tentação de perguntar... Porque usar uma carretilha com um freio DC7 que custa U$ 650,00 lá fora, se um molinete atende melhor ainda à necessidade de arremessos longos, como na pesca de costão?

Como molinetes não precisam frear a saída de linha, não importa o quanto de tecnologia seja usada... Molinete sempre arremessa mais longe (especialmente os de carretel mais largo ou Long-Cast)!

Não sejamos consumistas e vamos usar carretilhas sim, mas com sabedoria.

Uma carretilha é mais confortável (ergonômica), mais leve e forte (teoricamente, depende dos modelos comparados...), permite arremessos mais precisos, dá menos barriga na linha durante o arremesso (importante para arremessos com vento lateral que leva a barriga da linha para cima de vegetação ou estruturas, ou para arremessos sob estruturas como árvores "debruçadas" sobre a água...).

CONSIDERAÇÕES:

Agradeço ao Fabrício Biguá (Adm. do Fórum Turma do Biguá), por sua co-autoria deste artigo! Valeu Fabrício!

setstatsmoacyrsacramento@hotmail.com.br

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