Aqui se faz uma homenagem àqueles que com seu trabalho
e inteligência, contribuíram para a construção,
desenvolvimento e reconhecimento do município de maneira
acentuada. E que essa homenagem se estenda a todos aqueles,
em todos os tempos, que de alguma forma também deram
a sua contribuição.
Padre
Silvestre Álvares da Silva
Nasceu
no dia 31/12/1773 no Arraial denominado Cocal, que naquela
época era Capela filial da freguesia de Nossa Senhora
da Conceição de Traíras, no norte do
Estado de Goiás. Seus pais eram o capitão Manuel
Álvares da Silva e dona Francisca Machado Ferreira.
Curiosamente era filho ilegítimo, e até os sete
anos viveu com sua mãe, quando então foi reconhecido
pelo pai e passou a viver com ele. Aos 20 anos de idade mudou-se
juntamente com o pai para Jaraguá. Buscando a carreira
eclesiástica foi morar no Rio de Janeiro, onde se ordenou
padre no ano de 1793. Foi nomeado padre coadjutor (uma espécie
de padre auxiliar e substituto) em Jaraguá no dia 05/01/1803,
tomando posse no dia seguinte. Torna-se padre quando o arraial
Córrego de Jaraguá é transformado em
Vila e a Igreja Nossa Senhora da Penha é elevada à
categoria de Matriz, em 1833. Ingressou na política
no ano de 1822, e conseguiu ser eleito deputado na Assembléia
Constituinte de 1823, a qual foi dissolvida por D.Pedro I.
Teve participação de destaque durante o curto
período da constituinte, tendo sido considerado um
ótimo orador. Ele foi eleito juntamente com o comendador
Joaquim Alves de Oliveira, proprietário da Fazenda
Babilônia, que não quis assumir o cargo, e com
isso o Padre Silvestre foi o único representante de
Goiás na constituinte de 1823.
Trecho
de uma indicação do deputado Álvares
da Silva na Assembléia Constituinte : Proponho
que se officie ao poder executivo para que mande fazer a ponte
do Rio das Almas do caminho da Meia-Ponte, assim como concertar
ou fazer a do Orubú do caminho da capital da mesma
província, visto a decadência em que se vai pondo
o arraial mais notável da mesma província, que
é Meia-Ponte, por lhe faltar o commercio que então
havia quando existião as ditas pontes, mandando pôr
franco o seu caminho por Jaraguá que também
tem sentido a mesma decadência - Foi approvada,
ordenando-se que se officiasse ao governo para providenciar
o que julgasse conveniente.
Padre
Silvestre faleceu no dia 20/05/1864, aos 90 anos de idade.
Com a sua morte, o padre coadjutor, Manoel Ribeiro de Freitas
passa a ser o titular na Igreja. Ele nasceu em Trahiras no
dia 25/08/1815 e era filho do capitão de ordenança
Joaquim Ribeiro de Freitas e dona Laura Inocência Furtada.
Faleceu em 28/10/1892, aos 77 anos de idade, deixando 8 filhos
com Joaquina da Silva Machado, fato comum na época,
apesar de ser padre.
Poeta Manoel Amorim Félix de
Souza
Nasceu
em Jaraguá, em 11/07/1914. Foi compositor, jornalista
e professor de português, além de seguir carreira
na magistratura, como promotor na Cidade de Goiás,
juiz em algumas cidades como Anápolis e Corumbaíba,
desembargador (empossado em 1963), e presidente do Tribunal
de Justiça, em 1968. Aposentou-se no ano de 1969, graças
ao golpe militar, conforme explicou ao jornal O Popular
de Goiânia : Eu fazia parte da cúpula intelectual
do Tribunal, não cedia aos desejos do poder reinante
da época. Era perigoso e fui afastado.
Junto com tudo isso, deixou um extraordinário trabalho
como compositor, verdadeiros hinos de Goiás, como as
músicas Balada Goiana (que compôs quando era
professor de português no Lyceu de Goiás) e Rio
Vermelho. Segundo o jornalista Leonardo Razuk , Manoel
Amorim deixou uma obra que para sempre fará parte da
memória do Estado. Traduzindo tão bem as paixões
e as belezas goianas, ele se tornou um dos maiores poetas
da música regional. Escreveu o amor, sintetizou o espírito
e elevou o orgulho de ser Goiás. Com sua morte, a música
goiana perde um de seus mais importantes filhos.
“Ele
era uma pessoa muito doce e sensível, e transmitia isso
em suas canções. Não tocava nenhum instrumento, mas, na
minha opinião, compôs uma das melodias mais bonitas da
música goiana, que é a de Rio Vermelho“.
( Marcelo Barra, cantor e compositor ). |
“Manoel
Amorim Félix de Souza foi o grande jurista da música goiana.
Equilibrado, sentimental e amoroso da terra goiana. Basta
Balada Goiana para imortalizá-lo perante a história de
Goiás“.
( José Mendonça Teles, escritor). |
BALADA
GOIANA |
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RIO
VERMELHO |
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Todos têm um amor na vida
Que os inspira a cantar
Eu só canto a minha cidade
Minha terra, meu sonho,
meu lar
Terra
linda venturosa
Terra amada de meus pais
Minha terra de luz e vida
É Goiás, Goiás, Goiás
Lá
ao longe, ao sol poente
Brilha a serra a me ofuscar
Se é bela ao sol caindo
Mais formosa é ao luar
De
manhã os passarinhos
Alegres se põem a cantar
À tarde os sinos festivos
Não se cansam da badalar
Lá
no alto da capelinha
De joelhos a rezar
Os casais de namorados
Vão sonhando ao luar
O
rio descendo ligeiro
Vai cantando uma canção
Pelas ruas balanceando
Balanceiam meu coração
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Cai a noite sobre o casario
A terra vazia emudece
O luar por entre a galharia
Lindos véus estranhos tece
É
quando solitário tento
Pelas ruas de minha cidade
Secar dos olhos essas lágrimas
E do peito essa saudade
Rio
Vermelho
Escuta minha súplica
Pois peno, pena de amor
Rio Vermelho
Que meu pranto colhe
E pede a Deus por mim
Rio Vermelho
Velho camarada
Nas tuas águas murmurantes
Leva mensagem inacabada
Rio Vermelho
Fala por mim
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Desembargador
João Bonifácio Gomes de Siqueira
Filho
do tenente-coronel Joaquim Gomes de Siqueira e dona Maria
Raimunda Rodrigues de Morais,nasceu na cidade de Jaraguá
no dia 13/05/1816. Formou-se na Faculdade de Direito de São
Paulo, e foi o primeiro goiano, filho de pais goianos, formado
em Direito, e o segundo a freqüentar um curso de nível
superior. Depois da formatura voltou para Jaraguá onde
se casou com Ana Lina da Fonseca, que era sua prima, e filha
de Francisco Augusto de Faria Albernaz e Emerenciana Rodrigues
de Morais. Na antiga capital do Estado, cidade de Goiás,
exerceu diversos cargos, como o de Chefe Geral da Polícia,
Vice-Presidência da Província de Goiás,
Juiz. Em várias ocasiões assumiu a presidência
da Província. Foi ainda Deputado Provincial, e com
a proclamação da República em 1889, foi
nomeado Governador do Estado de Goiás, cargo que ocupou
até 1891. Eleito deputado na Constituinte do Estado,
presidiu a Assembléia que promulgou a Constituição
política . Viúvo, casou-se uma segunda vez com
Luíza Maria Rodrigues de Morais.
Faleceu na cidade de Goiás, no dia 17/07/1901, aos
85 anos de idade.
Coronel Bernardo Antônio
de Faria Albernaz
Nasceu
na cidade de Jaraguá, no dia 22/10/1847, era filho
de Inácio Antônio da Silva e Tereza de Jesus
Albernaz. Por decreto de agosto de 1890, foi nomeado vice-governador
do Estado, e substituiu o então governador Dr. Urbano
de Gouveia no período de 21/01 a 27/05 de 1891. Foi
ainda eleito vice-governador nos mandatos de 1895-1898 e 1898-1901,
quando assumiu a administração do Estado em
algumas oportunidades. Foi ainda Secretário da Instrução,
Indústria, Terras e Obras Públicas, Secretário
do Interior e Justiça, Diretor do Liceu Goiano, Deputado
Federal, Intendente Municipal, membro da constituinte goiana
e Deputado Estadual. Exerceu também o jornalismo.
Faleceu na cidade de Goiás no dia 18/04/1922, aos 74
anos de idade.
Dr. Bernardo Sayão Carvalho
Araújo
Agrônomo,
foi nomeado pelo Governo Federal para administrar a CANG (
Colônia Agrícola Nacional de Goiás), concebida
dentro da Marcha para o Oeste, a qual visava o
povoamento da região, e que foi implantada na década
de 40 do século XX. Segundo a historiadora Lyz Elisabeth
Amorim, Bernardo Sayão era imbuído de
toda a ideologia do governo Vargas, no que concerne aos projetos
de ocupação de espaços vazios e interligação
de regiões. Sayão representou a encarnação
do discurso de Vargas. A ele coube a abertura das estradas,
a demarcação da área e a divisão
dos lotes. Ele é considerado a principal figura na
implementação da CANG. Foi acompanhado por funcionários
advindos principalmente do RJ, que permaneceram uma temporada
na cidade de Jaraguá.
Nasceu
no dia 18 de junho, ano de 1901, no Rio de Janeiro. Faleceu
no dia 15 de janeiro de 1959, vítima de um acidente fatal,
em que um enorme galho de árvore caiu sobre a barraca em que
se encontrava, durante a construção da Rodovia Belém-Brasília,
da qual foi nomeado Supervisor por Juscelino Kubitschek.
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