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O Início
No final dos anos 70, no outono da ditadura militar, Edgard Scandurra,
fascinado pelo Punk Rock e, em busca desse som, ia a shows na periferia
da cidade, para trocar informações com o pessoal. Foi então que Edgard e
seu amigo Dino resolveram montar uma banda que tocasse Punk, sem
esquecer de Led Zeppelin e Jimi Hendrix. Nascia aí o Suburbio.
Nessa época, Edgard estudava no Colégio Brasílio Machado, onde volta e
meia topava com um sujeito esquisito, de apelido Nasi. Mesmo sem
conhecê-lo, Edgard sentia simpatia pelo modo com que ele se vestia, e
num desses encontros os dois acabaram se conhecendo, e ficando amigos.
Mais tarde, Edgard chamou o Nasi para participar do Suburbio, no
festival interno do colégio Objetivo. Nessa época, o grande hit do
Suburbio era Pobre Paulista, que mais tarde viraria um dos grandes hits
do Ira!.
Em 1980, Edgard foi convocado para servir o exército, e foi lá onde
Edgard iria compor N.B. (Núcleo Base), que por sua vez também viraria um
grande hit do Ira! , um ano depois (em 1981), Nasi chamaria o amigo
Edgard para tocar num show na PUC e ali surgiria o Ira, ainda sem
exclamação, e com nome inspirado no Exército Republicano Irlandês.
Completavam a formação o baterista Fabio Scatone, e o baixista Adilson.
O Primeiro Disco
Dois anos se passaram até que o produtor Pena Schimidt descobriu a
banda, nessa época contando com Charles Gavin na bateria (mais tarde
baterista dos Titãs) e Dino (velho companheiro do Subúrbio) no
contrabaixo, e os levou até a gravadora Warner, onde o Ira gravaria seu
primeiro compacto. O compacto contava com as músicas Gritos na Multidão
e Pobre Paulista.
Em março de 1985, após trocar Dino por Ricardo Gaspa, e Charles Gavin
pelo ex-titã André Jung, o Ira!, com ponto de exclamação, gravaria seu
primeiro LP; "Mudança de Comportamento". O disco contava com 11 faixas,
entre elas N.B. (Núcleo Base), Ninguém precisa de guerra, Longe de Tudo
e Ninguém entende um mod.
No ano seguinte, com maior prestígio dentro e fora da gravadora, a banda
lançaria seu segundo LP Vivendo e Não Aprendendo. O disco, lançado em
Setembro, era sem dúvida uma obra prima. Vivendo e Não Aprendendo trazia
grandes hits como Envelheço na Cidade, Vitrine Viva, Pobre Paulista e
Gritos na Multidão, sendo as duas últimas gravadas ao vivo na Broadway
em São Paulo.
O reconhecimento da mídia
O estouro do grupo se consolidou quando a música Flores em Você entrou
na trilha sonora da novela "O Outro" da rede Globo. O disco chegaria a
marca de 200 mil cópias vendidas. O grupo era aclamado pela mídia, e
Edgard Scandurra, merecidamente escolhido pela revista Bizz como o
melhor guitarrista brasileiro. Edgard, um canhoto sui generis por não
inverter as cordas da guitarra, tocava com grande velocidade e perícia a
ponto de impressionar todos seus companheiros da era do Brock.
Quatro meses depois, a banda ressurgiria com o lançamento do álbum "Psicoacústica",
que contava com um instrumental afiadíssimo. Dentre as oito longas
faixas estavam a balada Rubro Zorro, Manhãs de Domingo, Farto de Rock n'Roll,
e um rap de roda Advogado do Diabo. O disco se tornaria a obra "cult" do
Ira!.
No caminho para o quarto disco, Edgard Scandurra gravou um disco solo
chamado "Amigos Invisíveis", onde tocava todos os instrumentos. O
próximo disco do Ira!, chamado "Clandestino", trazia fortes influências
do Cinema Novo que produziria bons momentos como Nasci em 62, Melissa
(com a participação especial de Paulo-Bandido da Luz Vermelha-Villaça),
Cabeças Quentes e Consciencia Limpa.
Um surto de renovação e criatividade resultaria no disco "Meninos da Rua
Paulo". O entusiasmo da banda ao cantar versos de Raul Seixas para Lucy
in the Sky with Diamonds, de Lennon e McCartney, com o título em
português de Você Ainda Pode Sonhar era um dos grandes momentos do
disco. Em
1993 Nasi lança o primeiro disco solo com o projeto
paralelo
Nasi e os Irmãos do Blues, trabalho
este voltado para o rhythm‘n‘ blues.
Em 1994, o grupo lançou o sexto disco "Música Calma para Pessoas
Nervosas", obra que viria encerrar um ciclo do Ira! junto à Warner .
Esse disco, autoproduzido pelo grupo, teve como destaque a música
Arrastão.
Mais discos e projetos solo
Em 1995, já em outra gravadora (a Paradoxx), o grupo lançou o disco "7"
que contava com uma faixa em CD-ROM, e grandes composições como Você não
serve pra mim, e Assim que me querem. Como faixa bônus, Nasci em 62,
tirada de um show onde Nasi e Arnaldo Antunes detonam nos vocais. O
álbum foi gravado logo após uma turnê de quatro shows no Japão que
culminaram com uma apresentação antológica no Club Cittá, templo do Rock
no Japão.
No final de 96, Edgard lançou seu segundo disco solo "Benzina",
mesclando o rock clássico, já presente no Ira!, com novas tendências
musicais como o techno e o rave music, fazendo uma inteligente e
inspirada fusão de sua herança rock com a música eletrônica. O disco foi
produzido por Mitar Subotic, e conta com Andrei Ivanovic no baixo, Denis
Seres na bateria, Marisol na voz e, é claro, Edgard na guitarra e voz.
Em maio de 1998, o Ira! lança o ousado "Você Não Sabe Quem Eu Sou",
álbum que incorpora algo da atitude criativa de "Psicoacústica" ao fazer
do estúdio um laboratório para a criação de arranjos surpreendentes e
inusitados, o disco viria receber o prêmio de "Melhor Produção de Rock"
da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), além pelo país.
Deixando a gravadora Paradoxx, o Ira! desenvolve o embrião do que viria
a ser seu nono disco ao produzir um CD demo, baseado na interpretação de
outros autores, que acabaria por conduzir o grupo para a Abril Music,
atual gravadora da banda.
Em novembro de 1999 o Ira! lança o aclamado "Isso É Amor", CD que
rapidamente ganharia as rádios e o prestígio de crítica levando o Ira! a
ser considerado pela APCA "O Melhor Grupo de Música Popular de 1999"!
"Ao Vivo MTV" e Rock in Rio
2000. A banda Ira! Lança o "Ao Vivo MTV" gravado no Memorial da América
Latina, em comemoração aos vinte anos de uma invejável carreira de
sucesso. No "track list" não faltam grandes clássicos como "Tolices",
"Envelheço na Cidade", "É assim que me querem" e "Flores em você".
Seguido desse grande sucesso de vendagem (cerca de 160.000 cópias em cd
e mais de 21.000 em DVD), o Ira! Apresenta-se no Rock In Rio 03 para
250.000 pessoas, o recorde de público do Festival. Com certeza um dos
momentos mais marcantes na carreira da banda e para os fãs que
presenciaram. Ainda no ano 2000 Ricardo Gaspa lança seu projeto paralelo
de surf music "Huntington
Bitches".
Inéditas
Em 2001 o grupo lança “Entre Seus Rins”, apenas com músicas inéditas,
este cd mostra um Ira! cada vez mais maduro, porém, sem perder o ar
juvenil e reflexivo da banda. A Faixa "Um homem só" é a prova da
criatividade e trajetória desses músicos, pois traz em uma só música
diversos elementos que vão do flamenco ao Rock psicodélico.
2004 mais um sucesso, o lançamento do “Acústico MTV”, com CD e DVD, que
além dos ‘hits’ trouxe quatro faixas inéditas e fez jus a canções
ótimas, mas desconhecidas do grande público. Representantes de três
gerações diferentes participaram da gravação: Paralamas do Sucesso,
Samuel Rosa e Pitty.
2007 o Ira! Retorna ao rock clássico com o CD e DVD “Invisível DJ” 14º
disco e 4º vídeo com a produção de Rick Bonadio e aposta num som
dançante nas primeiras faixas e surpreende em músicas como “Mariana Foi
pro Mar”, tocada ao som de violão numa levada sessentista, ao todo
o disco contém 12 faixas que mesclam rock e baladas com direito a clássico,
como a regravação de Feito Gente, composta por Walter Franco na década
de 70. |