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Meu nome é Maria , e eu vim do futuro, Deus me enviou, tenho que avisar ao rei. Os monstros virão e queimarão as aldeias, destruirão cidades.

Estava andando nas ruas que não mais existem em meu tempo. Eu penso rápido, por isso Deus me escolheu para avisar o que vai acontecer.

Todas as maravilhas que os velhos contaram estão aqui, lâmpadas que iluminam a noite, comida farta. Carros velozes... mas é mais lindo e cheio de maravilhas do que me contaram. Eles são de metais pintados com uma cor brilhante. As pessoas estão bem alimentadas e bem vestidas.

Aparelhos voadores cruzam o céu, assim como o ancião contou. E como foi contado pelo seu pai. Há duas gerações passadas monstros vindos do inferno em naves estranhas aportaram na cidade e espalharam dor, morte, fogo e destruição. Não deixaram pedra sobre pedra. Disseram em suas línguas estranhas que era vingança. Que eram mais avançados que nós e que não mais.

 Tento falar para todos os que encontro para se prepararem, para vigiarem os céus e mares, mirar as estrelas com suas armas, para que não sejam pegos de surpresas. Pois eu sei o que vai acontecer.

Mas ninguém acredita em mim, bem que o sábio me avisou, preciso procurar uma universidade para avisar os mestre, com todas as informações que eu tenho, de como derrubarão os governadores, todas as estratégias do inimigo para se prepararem

O sábio me fez decorar os mapas, repetir as histórias, tentou descrever armas que eu nunca imaginaria existir. Enquanto ele me descrevia pareciam inacreditáveis.

 - Descendente de franceses?

- Não é bem isto, entramos em contato com Paris e perguntamos se existe algum grupo étnico que se manteve isolado por gerações. Olha doutor, pode rir, mas DNA igual ao dela, sem mistura de raça, só foi encontrado nos corpos enterrados no gelo dos Alpes há quase mil anos, é como se ela tivesse vindo do passado.

- Parece um caso avançado de alteração psicossomática derivada da esquizofrenia, já vi isto antes.

- O mais engraçado é que ela diz que vem do futuro.

- Doutor, doutor Henrique... este rapaz deseja muito falar com senhor.

- E sobre que assunto quer abordar?

- Boa tarde Doutor, meu nome é Mário Sherender. É sobre o seu último artigo. Eu tive oportunidade de ler...

- Ah, sobre o psicossomatismo linear, por favor, venha a minha sala.

Após entrar na sala Sherender sentasse na cadeira Luiz XV indicada pelo psicólogo.

- Doutor, o artigo que me refiro, acho que não é o psicossomatismo linear, mas sobre esquizofrenia genética.

- Ah, claro, pensei que levava uns seis meses para estes artigos serem revisados. 

- Um pouco mais que isto, eu tive a oportunidade de ler antes.

- Sr. Schenberg... tu és estudante de psicologia?

- Oh não, eu sou físico... e não é Schenberg, é Sherender.

- O assunto a que se refere, Maria, acredita tanto que veio do século X a ponto de alterar toda sua fisiologia, psicossomatismo linear e esquizofrenia genética são títulos que tratam do mesmo assunto.

Thorne fala que há um meio de se obter uma energia negativa com duas placas de metal paralelas sem carga. A princípio, duas placas neutras não exercem força entre elas por não terem cargas. Mas Casimir, dentro da Teoria Quântica em 1948, provou que o vácuo entre as placas está em plena atividade pelo Princípio de Incerteza de Heisenberg. Trilhões de partículas e antipartículas desaparece e desaparecem constantemente. de foram tão fugaz que não observáveis. Mas essas partículas virtuais criam uma força atrativa entre as duas placas que são mensuráveis. Em 1958 o efeito Casimir fio medido por M. J. Sparnaay.

Então se colocarmos duas placas de Casimir nas entradas do buraco de minhoca talvez seja possível a viagem do tempo.

Stephen Hawking assinala que a radiação emitida pelo buraco de minhoca seria suficiente para fechá-lo. O que Thorne ainda discorda.

Mesmo que Stephen se mostre relutante à viagem ao tempo, ele quem cria a noção de universos paralelos que resolveria o problema do paradoxo do tempo.

- E o que tu queres dizer com isto? Que ela teria viajado no tempo?

- Nos anexos ao texto que escreveste estão as citações de Maria. Algumas delas falam sobre placas de metal que conduziriam a outro tempo. Mas em nenhum momento ela diz ter saído do caminho. Apenas entrado.

- Oras Mário, ela está aqui, no Hospital, tomando remédios, sendo atendida.
- Está e não está. Sua perturbação no nosso universo é quanticamente previsto.
- Eu não estou entendendo onde queres chegar.

- Quem ou o que a enviou tinha um objetivo, nos avisar de alguma coisa que vai acontecer.

- Aí está, ela diz que veio do passado dizendo que sabe o que vai acontecer no futuro?

- Sei que pode ser difícil de acreditar, mas digamos o verdadeiro viajante do tempo não pudesse completar a viagem, e tivesse que fazer um salto muito além de seu tempo. E por intermédio de outro indivíduo que não tivesse chance de alterar o universo por suas moléculas estarem a mais de mil anos no passado, ou talvez não bloqueasse o caminho por ser uma viagem para o futuro, em direção que o rio caudaloso do tempo segue incessantemente, e assim trouxesse uma mensagem de um mensageiro ainda não nascido.

- Desculpe-me sr. Schremberg. Mas estou sem tempo agora, tenho uma consulta com um dos meus pacientes. Deixe-me seu cartão que eu entro em contato.

- Não é Schremberg, é Sherender, e eu preciso entrevistar Maria.

- Só se o senhor for parente, mas acredito que nem sequer fale a língua dela, por isso queira se retirar, senão vou chamar os seguranças.- Henrique fala isso empurrando o físico para fora de sua sala.

O psicólogo, depois de expulsar educadamente o físico de sua sala se deixa cair no Recamier, fica olhando o rosto de Sigmund Freud em um retrato em preto e branco e resmunga: - Coitado, tão jovem.

Ninguém me entende neste passado, todos falam uma língua arcaica. Pensam que sou louca. Estão tão confortáveis nesta vida rica e cheia de máquinas que não conseguem acreditar que isto vai acabar em breve.

E eu tenho o conhecimento que pode evitar o cataclismo.

A imagem que só poucos conseguem ver no meu futuro brilha na caixa, eu consigo assistir do calabouço onde eu fui presa. Imagens da guerra... começou, agora é tarde. Voltei ao passado e não consegui evitar.

Lá estão eles, os demônios, cavaleiros do apocalipse. Dois sábios aparecem na porta do meu calabouço, sem se importar com a caixa de imagens e conversam.

- Bom doutor, deixe-me discorrer sobre a ponte Einstein-Rosen. Assim posso dispor de outra forma o tema. Já faz um tempo em os físicos tem discorrido sobre o buraco de minhoca, se uma nave percorrer o buraco ele não fecharia o caminho?- Godel mostrou que duas soluções das equações de Einstein eram possíveis com a mesma distribuição de poeira e gás. 

Em Newton, o tempo é como é como uma flecha disparada sem desvio em direção há um alvo. Em Einstein este caminho é um rio, um grande rio , com meandros, vórtices e por vezes, ramificações. Já em Godel o rio do tempo é mais suave, fluindo num movimento circular.

- É ela doutor, um caso de esquizofrenia muito peculiar. Ela age como se tivesse vindo da idade média.

- Em que língua ela está falando?

- Isto é o mais estranho, ela fala latim arcaico e gálico, foi necessário dois intérpretes de línguas mortas da Universidade para entrevistá-la.

- Identificação?

- Nenhuma, sem sinais de vacinas. Nós mandamos fazer um exame de DNA para comparações étnicas, a perícia nos mandou um relatório que deixou a equipe do hospital aturdido. 

Ela parece ter vindo do norte da França....

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- Bom, seu eu levar a sério que a Maria está dizendo a verdade, ela não poderia mudar o passado a ponto de mudar seu próprio nascimento? - O dr. Henrique sempre se mostra paciente e interessado com seus interlocutores.

- Em Newton o retorno não é possível, em Einstein a energia necessária para o retorno seria grande demais a ponto da própria que está retornando se tornar energia. 

Mesmo que Einstein admitisse que um buraco negro pudesse fornecer esta energia, as forças gravitacionais destruiriam qualquer corpo que nele penetrasse. Se fosse possível construir uma ponte Einstein-Rosen uma perturbação causada por um corpo a destruiria fechando a entrada do buraco.