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Modernismo - Segundo Momento - Poesia

 

Modernismo

Primeiro Momento

Segundo Momento - Poesia

Gera��o 30

Gera��o 45

 

Informa��es retiradas do trabalho Modernismo

Autores:
Carlos Drummond de Andrade
Cec�lia Meireles
Jorge de Lima
Murilo Mendes
Vin�cius de Moraes

 

Introdu��o

"Os camaradas n�o disseram que havia uma guerra
e era necess�rio
trazer fogo e alimento."

(Carlos Drummond de Andrade)

Recebendo como heran�a todas as conquistas da gera��o de 1922, a segunda fase do Modernismo brasileiro se estende de 1930 a 1945.

Per�odo extremamente rico tanto em termos de produ��o po�tica quanto de prosa, reflete um conturbado momento hist�rico: no plano internacional, vive-se a depress�o econ�mica, o avan�o do nazifascismo e a II Guerra Mundial; no plano interno, Get�lio Vargas ascende ao poder e se consolida como ditador, no Estado Novo. Assim, a par das pesquisas est�ticas, o universo tem�tico se amplia, incorporando preocupa��es relativas ao destino dos homens e ao "estar-no-mundo".

Em 1945, ano do fim da guerra, das explos�es at�micas, da cria��o da ONU e, no plano nacional, da derrubada de Get�lio Vargas, abre-se um novo per�odo na hist�ria liter�ria do Brasil.

 

Momento hist�rico

O per�odo que vai de 1930 a 1945 talvez tenha testemunhado as maiores transforma��es ocorridas neste s�culo. A d�cada de 1930 come�a sob o forte impacto da crise iniciada com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, seguida pelo colapso do sistema financeiro internacional: � a Grande Depress�o, caracterizada por paralisa��es de f�bricas, rupturas nas rela��es comerciais, fal�ncias banc�rias, alt�ssimo �ndice de desemprego, fome e mis�ria generalizadas. Assim, cada pa�s procura solucionar internamente a crise, mediante a interven��o do Estado na organiza��o econ�mica. Ao mesmo tempo, a depress�o leva ao agravamento das quest�es sociais e ao avan�o dos partidos socialistas e comunistas, provocando choques ideol�gicos, principalmente com as burguesias nacionais, que passam a defender um Estado autorit�rio, pautado por um nacionalismo conservador, por um militarismo crescente c por uma postura anticomunista e antiparlamentar - ou seja, um Estado fascista. � o que ocorre na It�lia de Mussolini, na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco e no Portugal de Salazar.

O desenvolvimento do nazifascismo e de sua voca��o expansionista, o crescente militarismo e armamentismo, somados �s frustra��es geradas pelas derrotas na I Guerra Mundial: este �, em linhas gerais, o quadro que levaria o mundo � II Guerra Mundial ( 1939-1945) e ao horror at�mico de Hiroxima e Nagas�qui (agosto de 1945).

No Brasil, 1930 marca o ponto m�ximo do processo revolucion�rio estudado nos dois cap�tulos anteriores, ou seja, � o fim da Rep�blica Velha, do dom�nio das velhas oligarquias ligadas ao caf� e o in�cio do longo per�odo em que Vargas permaneceu no poder.

A elei��o de 1�- de mar�o de 1930 para a sucess�o de Washington Lu�s representava a disputa entre o candidato Get�lio Vargas, em nome da Alian�a Liberal, que reunia Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Para�ba, e o candidato oficial J�lio Prestes, paulista, que contava com o apoio das demais unidades da Federa��o. O resultado da elei��o foi favor�vel a J�lio Prestes; entretanto, entre a elei��o e a posse, que se daria em novembro, estoura a Revolu��o de 30, em 3 de outubro, ao mesmo tempo que a economia cafeeira sente os primeiros efeitos da crise econ�mica mundial.

A Revolu��o de 30, que levou Get�lio Vargas a um governo provis�rio, contava com o apoio da burguesia industrial, dos setores m�dios e dos tenentes respons�veis pelas revoltas na d�cada de 1920 (exce��o feita a Lu�s Carlos Prestes, que, no ex�lio, havia optado claramente pelo comunismo). Desenvolve-se, assim, uma pol�tica de incentivo � industrializa��o e � entrada de capital norte-americano, em substitui��o ao capital ingl�s.

Uma tentativa contra-revolucion�ria partiu de S�o Paulo, em 1932, como resultado da frustra��o dos paulistas com a Revolu��o de 30: a oligarquia cafeeira sentia-se prejudicada pela pol�tica econ�mica de Vargas; as classes m�dias e a burguesia temiam as agita��es sociais; e, para coroar o descontentamento, Vargas havia nomeado um interventor pernambucano para S�o Paulo. A chamada Revolu��o Constitucionalista explodiu em 9 de julho, mas n�o logrou �xito. Se Guilherme de Almeida foi o poeta da Revolu��o paulista, tendo produzido v�rios textos ufanistas, Oswald de Andrade foi seu romancista cr�tico, como atesta seu livro Marco zero - a revolu��o melanc�lica.

Ainda em 32, a ideologia fascista encontra resson�ncia no nacionalismo exacerbado do Grupo Verde-Amarelo, liderado por Pl�nio Salgado, fundador da A��o Integralista Brasileira. Ao mesmo tempo crescem no Brasil as for�as de esquerda. Em 1934, elas formam uma frente �nica: a ANL - Alian�a Nacional Libertadora. Tornam-se freq�entes os choques entre a extrema-direita e os membros da ANL, at� que o governo federal manda fech�-la, por "atividade subversiva de ordem pol�tica e social", em julho de 1935. Entretanto, na clandestinidade, a ANL tenta uma revolu��o, em novembro desse mesmo ano, "contra o imperialismo e o fascismo" e "por um governo popular nacional revolucion�rio". Os revoltosos previam uma rebeli�o militar imediatamente acompanhada por revoltas populares, mas o movimento n�o foi al�m de tr�s unidades militares, logo derrotadas; milhares de pessoas foram aprisionadas, e o governo obteve um pretexto para endurecer o regime.

Get�lio Vargas, auxiliado pelos integralistas, inicia sua ditadura em 10 de novembro de 1937. O chamado Estado Novo ser� um longo per�odo antidemocr�tico, anticomunista, baseado num nacionalismo conservador e na idolatria de um chefe �nico: Get�lio Vargas. Essa situa��o se prolongar� at� 29 de outubro de 1945, quando, pressionado, Get�lio renuncia.

Diante desses significativos acontecimentos, Carlos Drummond de Andrade publica, em 1945, um poema intitulado "Nosso tempo", que revela o estado de �nimo da parcela mais consciente da sociedade:

"Este � tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em v�o percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em p� na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis n�o bastam. Os l�rios n�o nascem
da lei. Meu nome � tumulto, e escreve-se
na pedra.
(...)"

 

Caracter�sticas

A poesia da segunda fase do Modernismo representa um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da gera��o de 1922: � poss�vel perceber a influ�ncia exercida por M�rio e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram sua produ��o po�tica ap�s a realiza��o da Semana. Lembramos, a prop�sito, que Carlos Drummond de Andrade dedicou seu livro de estr�ia, Alguma poesia (1930), a M�rio de Andrade. Murilo Mendes, com seu livro Hist�ria do Brasil, seguiu a trilha aberta por Oswald, repensando nossa hist�ria com muito humor e ironia, como ilustra o poema "Festa familiar":

"Em outubro de 1930
N�s fizemos - que anima��o!
Um pic-nic com carabinas."

Formalmente, os novos poetas continuam a pesquisa est�tica iniciada na d�cada anterior, cultivando o verso livre e a poesia sint�tica, de que � exemplo � poema "Cota zero", de Drummond:

"Stop. A vida parou
ou foi o autom�vel'?"

Entretanto, � na tem�tica que se percebe uma nova postura art�stica: passa-se a questionar a realidade com mais vigor e, fato extremamente importante, o artista passa a se questionar como indiv�duo e como artista em sua "tentativa de explorar e de interpretar o estar no mundo". O resultado � uma literatura mais construtiva e mais politizada, que n�o quer e n�o pode se afastar das profundas transforma��es ocorridas nesse per�odo; da� tamb�m o surgimento de uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo, caso de Cec�lia Meireles, de Jorge de Lima, de Vin�cius de Moraes e de Murilo Mendes em determinada fase.

� um tempo de defini��es, de compromissos, do aprofundamento das rela��es entre o "eu" e o mundo, mesmo com a consci�ncia da fragilidade do "eu". Observemos tr�s momentos de Carlos Drummond de Andrade em seu livro Sentimento do mundo (o t�tulo � significativo), com poesias escritas entre 1935 e 1940:

"Tenho apenas duas m�os / e o sentimento do mundo"

Mais adiante, em verdadeira profiss�o de f�, declara:

"N�o, meu cora��o n�o � maior que o mundo.
� muito menor.
Nele n�o cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo, por isso me grito,
por isso freq�ento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos."

Essa consci�ncia de ter "apenas" duas m�os e de o mundo ser t�o grande, longe de significar derrotismo, abre como perspectiva �nica para enfrentar esses tempos dif�ceis a uni�o, as solu��es coletivas:

"O presente � t�o grande, n�o nos afastemos. N�o nos afastemos muito, vamos de m�os dadas."

Fonte:
NICOLA, Jos� de. Literatura Brasileira das origens dos nossos dias. Ed.15. S�o Paulo. Scipione.

 

 

 

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