Esquina da Literatura

br.geocities.com/esquinadaliteratura

Autores

Cecília Meireles

 

Modernismo

Segundo Momento - Poesia

 

Romanceiro da Inconfidência
Resenha de Francico de Araújo da Costa sobre o livro.

Introdu��o
Informa��es retiradas do trabalho Modernismo

Cec�lia Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. �rf� de pai e m�e desde os tr�s anos de idade, foi criada pela av� materna. Em 1917 formou-se na Escola Normal do Rio, dedicando-se ao magist�rio prim�rio. Estreou em livro com Espectros (1919). A partir da d�cada de 30, lecionou Literatura Brasileira em v�rias universidades. Morreu em 9 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro.

Cec�lia Meireles iniciou-se na literatura participando da chamada "corrente espiritualista", sob a influ�ncia dos poetas que formariam o grupo da revista Festa, de inspira��o neo-simbolista. Posteriormente afastou-se desses artistas, sem, contudo, perder as caracter�sticas intimistas, introspectivas, numa permanente viagem interior. Em vista disso, sua obra reflete uma atmosfera de sonho, de fantasia e, ao mesmo tempo, de solid�o e padecimento, como afirma a escritora:

"Mas creio que todos padecem, se s�o poetas. Porque, afinal, se sente que o grito � o grito; e a poesia j� � o grito (com toda a sua for�a) mas transfigurado."

Um dos aspectos fundamentais da po�tica de Cec�lia Meireles � sua consci�ncia da transitoriedade das coisas; por isso mesmo, o tempo � personagem central de sua obra: o tempo passa, � fugaz, fugidio. A vida � fugaz e a morte uma presen�a no horizonte. Para compreendermos melhor esse ponto, transcrevemos um trecho de uma entrevista concedida pela autora:

"Essas e outras mortes ocorridas na fam�lia acarretaram muitos contratempos materiais mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas rela��es entre o Ef�mero e o Eterno que, para outros, constituem aprendizagem dolorosa e, por vezes, cheia de viol�ncia. Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A no��o ou sentimento da transitoriedade de tudo � o fundamento mesmo da minha personalidade."

Ao lado de uma linguagem que valoriza os s�mbolos e de imagens sugestivas com constantes apelos sensoriais, uma das marcas do lirismo de Cec�lia Meireles � a musicalidade de seus versos. O cr�tico Darcy Damasceno assim analisa a forma pela qual a poeta percebe o mundo e o materializa em poesia:

"O conjunto de seres e coisas que latejam, crescem, brilham, gravitam, se multiplicam e morrem, num constante fluir, perecer ou renovar-se, e, impressionando-nos os sentidos, configuram a realidade f�sica, � gozosamente apreendido por Cec�lia Meireles, que v� no espet�culo do mundo algo digno de contempla��o

de amor, portanto. Inventariar as coisas, descrev�-las, nome�-las, real�ar-lhes as linhas, a cor, distingui-las em gamas olfativas, auditivas, t�cteis, saber-lhes o gosto espec�fico, eis a tarefa para a qual adestra e afina os sentidos, penhorando ao real sua fidelidade. Esta, por sua vez, solicita o testemunho amoroso, j� que o mundo � apraz�vel aos sentidos; a melhor maneira de testemunh�-la � fazer do mundo mat�ria de puro canto."

Como exemplo do que foi dito anteriormente, apresentamos a poesia "Can��o". Procure l�-la da mesma forma que Cec�lia Meireles leu a realidade que a cercava, ou seja, com a raz�o, com o cora��o e com os sentidos.

"Nunca eu tivera querido
dizer palavra t�o louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido est� guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ningu�m viu ningu�m
que o amor pusesse t�o triste.
Essa tristeza n�o viste,
e eu sei que ela se v� bem...
S� se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, tamb�m..:"

Em Romanceiro da inconfid�ncia, Cec�lia Meireles retoma uma forma po�tica de tradi��o ib�rica, denominada romance (composi��o de car�ter popular, escrita em redondilha), para reconstruir o epis�dio da Inconfid�ncia Mineira e extrair, de um fato passado, datado, limitado geogr�fica e cronologicamente, valores que s�o eternos e significativos para a forma��o da consci�ncia de um povo. A pr�pria autora afirma tratar-se de "uma hist�ria feita de coisas eternas e irredut�veis: de ouro, amor, liberdade, trai��es...".

E exatamente para o mais eterno desses valores - a Liberdade - a poeta dedica uma das mais belas estrofes de nossa literatura. S�o versos escritos em redondilha maior (de sete s�labas po�ticas):

"Atr�s de portas fechadas,
� luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem
acontece a Inconfid�ncia.
Liberdade, ainda que tarde
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira j� est� viva
e sobe na noite imensa.
E os seus tristes inventores
j� s�o r�us - pois se atreveram
a falar em Liberdade.

Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que n�o h� ningu�m que explique
e ningu�m que n�o entenda."

Fonte:
NICOLA, Jos� de. Literatura Brasileira das origens dos nossos dias. Ed.15. S�o Paulo. Scipione.

Visite também:
Jornal de Poesias - Muitas poesias e alguns ensaios
Índice Cultura
- da Tv Cultura - Completo

Cec�lia Meireles - Biografia, cita��es e alguns poemas.

Cec�lia Meireles 100 anos - Cont�m depoimentos da autora e algumas de suas poesias.

Cec�lia Meireles [Nilc-USP] - Re�ne sua caracter�stica liter�ria e antologia de suas principais obras.

Cec�lia Meireles: A Pastora de Nuvens - Poemas escolhidos.

Cec�lia Meireles: Inspira��es - Inclui algumas de suas poesias, fotos e biografia.

Poesia Cec�lia Meireles - Inclui sua biografia, foto e sele��o de poesias.

Cec�lia Meireles - Colet�nea das poesias desta autora.

 

 

Início | Autores | Escolas Liter�rias
1998-2007 Esquina da Literatura - InfoEsquina

Hosted by www.Geocities.ws

1