CLÉRIO JOSÉ BORGES DE SANT´ANNA VOLTAR |
Sant’Anna, Clério José
Borges de, 1950 – Alvor poético / Clério José Borges de
Sant’Anna; [ prefácio Eno Teodoro
Wanke ]. – São Paulo Scortecci, 1996. 1. Poesia brasileira I . Título. 96-0668
CCD-869.975 |
Índice para catálogo sistemático:
1. Poesia: Século 20 : Literatura brasileira
869.915
2. Século 20 : Literatura brasileira
869.915
EDITORA
Caixa Postal 11481 – São Paulo – SP – CEP 05422-970
Tels.: (011) 210 1179 / 210 6501 – Fax: (011) 815 6996
JS 2105 – Março de 1996 – 1ª edição
Copyright – Clério José Borges de Sant’Anna
Prefácio
O lugar de Clério José Borges na história da literatura brasileira já está garantido, acredito. Ele é o grande animador de neotrovismo, aquele que, promovendo encontros trovistas, consegue reunir trovadores vindos não só dos mais distantes rincões do país, como até da Argentina, do Uruguai e de Portugal.
O que chamamos de neotrovismo aliás, ou seja, uma renovação do movimento trovista, acontecido na década de 1980, é conseqüência direta de seu dinamismo e capacidade de organização.
Ele não se detém perante obstáculos, por maiores que pareçam. E consegue, como já disse, a realização de encontros literários na área trovista que deixam profundos traços nos que comparecem, não só pelo aspecto – que não é de se desprezar – dos reencontros e das novas amizades nascidas ao influxo da convivência de tantas personalidades comungando do mesmo ideal, como do fato de ter aberto uma preciosa tribuna onde se discutem livremente os problemas do trovismo.
Ninguém sai indiferente dos encontros trovistas. Aqueles breves dias de convivência sempre deixam traços profundos nas pessoas – tanto que muitos retornam sempre, fascinados pela oportunidade.
Sou seu amigo e admirador desde o início. Compareci ao Primeiro Seminário Nacional da Trova, em 1980, realizado em Vila Velha, e depois não faltarei mais a esses eventos. Sou, fora o Clério, é claro, a única pessoa a comparecer a todos os quinze seminários realizados até agora.
Daí por que, obviamente, tenho um enorme prazer em saudá-lo no momento em que publica este seu livro Alvor Poético onde demonstrar que, além de suas qualidades de planejador e organizador de eventos no movimento trovista, é também um trovador, um haicaista, um poeta, um sonetista competente.
Quem está de parabéns não é só Clério, mas todos nós, os seus leitores e admiradores. Muito bem, Clério!
Presidente de Honra da FEBET - Federação Brasileira de Entidades Trovistas
HOMENAGENS
A Zenaide Emília Thomes Borges, Clérigthon Thomes Borges, Cleberson José Thomes Borges e Lyra Borges de Sant’Anna (in memoriam).
Aos amigos de sempre: José Borges Ribeiro Filho (Zequinha), Emanuel do Espírito Santo Barcellos e Zedânove Tavares Sucupira.
Ao escritor Eno Teodoro Wanke, incentivador e líder cultural.
Aos empresários Marcelo Brettas Della Sávia e Antônio José Lobato Carvalho de Araújo, da Viação Praiana Ltda.
Ao empresário José Carlos Mendes Pires, da firma VITECH – Vitória Tecnologia S/A.
Aos colegas, Delegado Gercino Cláudio Soares e investigador Marcos Barbosa.
A Katiúscia Patrocínio, o sonho real.
Fazer Trovas*
Fazer trovas é andar em busca de ouro,
achar riquezas, ter desenvoltura,
criar palavras, qual rico tesouro,
expressar sentimentos e ternura.
Fazer trovas é encanto sem desdouro,
vislumbrando os afetos e a ventura.
É desejar a fama, belo louro,
criar muita poesia e dar candura.
Juntando textos até ali dispersos,
nasce o milagre, o ápice do sonho,
emoldurando o quadro de seus versos.
Ao trovar, na volúpia da emoção,
as quimeras, o amor – triste ou risonho –
o trovador perfuma o coração!
* Este soneto foi escolhido
pelo escritor Eno Teodoro Wanke para integrar o livro Os Mais Belos Sonetos sobre a Trova.
Fogo da Paixão*
Meu coração é um celeiro de ternura,
Fraternal campo de pouso de amizade.
Coração sem ódio, rancor e amargura
A esbanjar paz, amor e felicidade.
Meu peito vibra ante a sensação
Do prazer carnal, do “gemer sem sentir dor”.
Peito onde bate um terno coração
Em angústia, num constante amargor.
Busco a verdade, compilando na emoção
O valor das coisas simples e terrenas.
No amor, acabo passando procuração
Para o prazer nas coisas mais amenas.
Sou simples, porém, grande guerreiro
Na luta pela verdade e pela razão.
Sou combativo, sou autêntico pioneiro,
Dono do mágico fogo da paixão.
Este poema, foi selecionado
pela Litteris Editora do Rio de Janeiro para integrar o livro Escritores e Escritoras do Século 21 (antologia
literária), 1994.
8
Natal
JESUS MENINO, Coração de Mundo,
encanta a terra de grande alegria.
O redentor de florescer fecundo
foi a esperança de um sublime dia.
Natal, Jesus nascendo, e, bem no fundo,
deixando felizes José e Maria.
Pastores, num momento tão profundo,
se alegraram naquele mesmo dia.
Natal, festa de toda a Cristandade,
um momento de PAZ pra humanidade,
um encontro de amor, fé e harmonia.
E onde se espera que a fraternidade
suplante a fome, o mal, a iniquidade,
as guerras, a dor, o comércio, a hipocrisia.
Sendo a esperança de uma nova vida,
inunda os lares da PAZ tão querida
JESUS MENINO, Coração do Mundo.
9
Poder*
O asfalto pulsou
um latente sangue escarlate,
numa tarde quente de um sol de verão.
O coração pulsou
em inebriante paixão,
num momento lascivo
de um sol de verão.
O mar pulsou em
Ondas vorazes na praia,
Num ímpeto arrojado
De um sol de verão.
O povo pulsou
Nas ruas da democracia,
Num instante de liberdade
De um sol de verão.
A paz pulsou
nos seres imaculados,
em minutos de êxtase
de um sol de verão.
O poder pulsou
num clima libertário anárquico
em tempos quiméricos
de um sol de verão.
A criança pulsou
na felicidade de um lar,
em dias agradáveis
de um sol de verão.
* Esta poesia foi premiada com a Medalha de Bronze, no
VIII Concurso Nacional de Poesias da Revista Brasília, em 1987, concorrendo entre mais de dez mil trabalhos.
10
Sensação
O dia
quente
embriaga o meu ser,
em eterna
sensação letárgica.
Busco palavras,
desnudo meus sentimentos
na oficina da vida
do amor e da paixão.
E a quente
sensação
do frio, afogado
de vez
o calor infernal.
11
OLHAR
Devora a lágrima
concebida da paixão.
Não estanquei
o sangue do coração ferido,
mas continuei vivendo,
ser indivisível,
pela mágica do seu olhar.
12
Ecos de esperança
Com desvelos,
construí meu mundo
de sonhos com ecos de esperanças,
e minha alma, renovada
na estrada da bonança,
em rubras tintas de arrebol,
atapetada de flores,
descobriu, ansiosa,
que a vida pode ser
um esterno sonho
de felicidade,
se eu puder ter
sua amizade.
13
Medo
Diamantes lapidados.
Duas chamas que renascem.
Sol em teus cabelos
em luz cintilante.
Rosto fulgurante,
uma nova esperança.
Escondi-me em caracol,
ofuscando a emoção.
14
Prazer
Volúpia febril
que me faz prisioneiro.
Boca de mel afrodisíaca.
Chama no seu carpo desnudo.
Mistério do seu ser
em que me afundo
no prazer do amor.
15
Mutante
Amante beijo,
alma absorta,
beleza áspera.
Solto versos ao vento.
Versos piegas,
palpitando de tédio
volátil,
mas perene.
Desvairados sonhos
e a lógica conclusão:
Em berços alheios
fico rubro e enfatizo
que sou cápsula flutuante,
um estéreo mutante.
16
Refúgio
Em êxtase,
num idílio de amor,
desfruto de momentos felizes.
Em sonhos,
sinto logo a dor
em matizes de aromas e crises.
Em sublimidade
nas floradas manhã de calor
teu amor me deixa cicatrizes.
Em teus braços,
Meus refúgio, meu labor,
Afastando momentos infelizes.
17
BUSCA
Eram eternas as horas
de um passeio
pela fértil imaginação.
Eram intensos os arroubos
conscientes
de um jovem coração
Eram ferozes os percalços,
numa angústia
louca de grande paixão.
Eram quimeras inauditas,
sonhos inesquecíveis
numa busca de razão.
18
Ilusão
Pensei amar-te
com toda a força
do meu coração...
Mas eram arroubos
Ilusórios...
Momentos falsos...
Ação sem a
razão.
Todo ser busca
a perfeição interior.
Mas eu busco
sinceridade,
sem ilusão.
19
Semblante
Robustez da máscara.
Lábios doces.
Cabelos como seda fina,
olhos reluzentes de
sinceridade.
No sonho, modulado em canto,
sinto a dor do espírito
que outrora sorria.
Espectro incerto.
Um hábito de inverno
na escuridão da vida.
A solidão,
alma entristecida.
Uma lágrima
que rola
tão sentida e
tão tristonha.
20
Hipurgia
Superfície de gelo,
rosto ancorado no riso.
Gente em cambalhotas e
geladas emoções.
Um ácido sulfúrico,
a burguesia,
esnobando a fome
que a pobreza asfixia.
Se morrer a poesia,
morre a esperança.
Razão porque atravesso
as estrelas
e transpasso sóis.
Minha poesia é
pacto de palavras
gravitando.
21
Sem prazer
Fogo-fátuo
em eclipse de sonhos.
Pescar palavras
para relatar
em metamorfoses
a fornalha dos sentidos.
Corda que ata e desata
numa sinfonia
de intensa magia.
É um instante de amor,
palpitando no embalo
em completa essência
da gostosa sensação
de prazer.
22
Epigrama I
Arrasto minhas
metades nas ruas.
Encontro muitas
outras metades.
São gramíneas
em busca da verdade,
da alegria,
para ser a luz
ou a magia
do florido jardim
da vida.
23
Epigrama II
Flash.
Epiderme reluzente.
Nudez com pérgulas
de prazer.
Poço engolindo,
em simbiose perfeita.
24
Sonhos
Sonhos que dilaceram
o meu viver.
Sonhos que me levam
a uma nova dimensão.
A constância e incontância
de um amor.
A frustração.
A angústia.
Ser amargurado
e sofredor.
Uma desesperança desmedida...
E a realidade maior
de que as quimeras
acabam
na madrugada...
25
Criança
Pensei voltar a ser criança:
brincar, brincar, brincar...
Pensei sujar-me na lama,
brincar, brincar, brincar...
Pensei correr nas ruas,
brincar, brincar, brincar...
Pensei jogar bola,
brincar, brincar, brincar...
Pensei matar a fome,
brincar, brincar, brincar...
Pensei fazer poesias,
brincar, brincar, brincar...
Pensei brincar de brincar,
brincar, brincar, brincar...
Aribiri, Vila Velha, ES, março de 1964
26
Haicais guilherminos
Ecos da cidade;
um grito latente, aflito,
fim da impunidade.
***
Pobre coração:
paixão com muita emoção,
vencendo a razão.
***
Utópico amor;
lutar para não chorar
vivendo na dor.
***
Morte de arrebol,
a tarde vem, sem alarde,
morre a luz do sol.
***
Cantiga dolente,
linguagem com bela imagem,
prazerosamente.
***
Gaivota bandida;
canção triste – poluição
pássaro sem vida.
***
Manto de plumagens;
as aves, de asas suaves
deslizando imagens. 27
***
Terra germinando
beleza na natureza.
- todos preservando.
***
Meninos de rua
crescendo, também morrendo.
- Não há sol nem lua.
28
Tanka *
Porcelana rara,
envolvente, tão presente,
fórmula tão cara,
estrela bela e cadente,
essência no alvor da vida.
* Tanka: tipo de poesia de origem japonesa com cinco
versos.
29
O trovador
O bom Trovador é aquele que nasce
com brilhante e tão doce inspiração,
cultuando a palavra e, com emoção,
mostrando seu canto com garra e classe.
Trovador que ama a Trova com prazer
e ao seu colega chama “Meu Irmão”,
não vive de intrigas no coração,
respeitando todos pelo saber.
E assim o Trovador que tem muita honra,
na vida não vive só de ilusão.
Mostra versos de paz, luz e razão,
e jamais aos irmãos causa desonra.
E o trovador é sempre respeitando
quando se inspira em forte paixão
ou em doce e dolente bela canção
e assim, por suas Trovas é sempre amado.
30
Trovas
TROVA – Composição poética de quatro versos de sete sílabas poéticas cada, com rima e sentido completo.
NEOTROVISNO – Nova fase do movimento trovista no Brasil de divulgação da Trova e dos Trovadores.
Um poeta bom e sério
pela
trova vai lutando:
o
nosso querido Clério
pelo
Brasil vai trovando!
Isaías Moreira Cavalcante (Bahia)
Trovas para Clério José Borges
Eu cumprimento na pessoa
de Clério Borges (o cantor
da promissora Carapina)
o capixaba trovador.
Antônio Urbano Ferreira (RJ)
Encheu o Olimpo os alforges
De inspiração – Musa e Graça! –
E o mandou a CLÉRIO BORGES,
Que, na Serra, a Trova abraça.
Varlo
Olo de Oliveira (RJ)
Clério José Borges Sant’Anna,
Nome invulgar no Brasil...
Da trova seu nome emana,
Bravo, orgulho e viril!
F. C.
Rocha (RJ)
Clério Borges, meu amigo,
Presidente e professor,
Atente para o que digo:
- A Trova é canto de amor.
Felisbelo da Silva (Ceará)
É Trovador de verdade
Clério Borges de Sant’Anna.
É mulo da Fraternidade,
leal, sincero, bacana.
Tem uma grande mulher:
Zenaide. Ela sempre quer
Clério em Trova Nacional
Um amigo bem legal.
32
Dois inteligentes filhos,
mais velho com o pai parece
e o loiro com mãe. São brilhos
que ao casal enternece.
É um casal bem feliz:
Clério e Dona Zenaide
têm, sim, na vida o que quis:
Amor e Fraternidade.
Raimundo Araújo*
·
Advogado, Procurador da
Prefeitura Municipal de Nilópolis, RJ. Jornalista com a coluna “Letras, Idéias
e Fatos”, no jornal A Voz dos Municípios,
Escritor, Poeta e Trovador.
33
Trovas de Clério Borges
Que mimo: estás ao meu lado,
tão próxima e tão fagueira,
enquanto eu, embaraçado,
fico mudo a noite inteira.
***
Cariacica se revela
cidade de encantos mil.
Tem esplendor de aquarela
e um povo culto e gentil.
***
Vila Velha, minha terra,
orgulho de nossa história...
Um relicário que encerra
momentos de amor e glória.
***
São luzes decerto, os sonhos,
cheios de graça infinita,
a iluminar-nos risonhos,
na escuridão da desdita.
***
O orvalho da madrugada
espalhou-se pela serra,
e a semente, então regada,
revigorou toda a terra.
***
Barcos do meu velho mar,
deslizem bem de mansinho,
pois quero meu bem amar
suavemente e com carinho.
***
Lua tímida no céu
sentiu saudades do sol
e rasgou da noite arrebol.
***
Menina, se o teu rostinho
fosse envolto em róseo anelo
e enfeitado com carinho
não ficaria mais belo.
***
Uma ação comunitária
bem feita, com muito amor,
traz a uma alma solitária
A certeza de uma valor.
*** 34
Cantem trovas, trovadores,
pois a Trova tem valor.
A Trova faz de escritores
deuses e poetas do amor.
***
Na primavera da vida
colhi flores encantadas,
porém, tu foste, querida,
uma das mais perfumadas.
***
É verdadeira alegria
ver o Flamengo vencer,
e até sou capaz de, um dia,
dessa alegria morrer!
***
Nesta vida quero amor,
saúde e felicidade.
Quero a PAZ, quero o calor
de sua bela amizade.
***
Vila Velha, seu encanto
está na simplicidade.
É Vila com acalanto
de grande e nobre cidade.
***
Preso ao madeiro da dor
e na chama da paixão,
busquei o conforto, amor,
do seu forte coração.
***
Tive nas mãos a fartura
dos seus mais gostosos beijos.
E nosso amor, com ternura,
floriu de grandes desejos.
***
Posso dizer-te, Vitória,
num momento de emoção,
que esta terra meritória
aquece meu coração.
***
Vagou no seio da noite
a bela estrela cadente,
e seu amor, com açoite,
tornou-me fraco, impotente.
***
35
O pássaro então cantou
a mais bela melodia,
e a floresta se alegrou,
numa plangente harmonia.
***
Em quatro versos somente
procurar a TROVA exaltar
e mostra como és fluente
na bela arte de trovar.
***
Num mundo de tantas guerras,
e PAZ devemos pregar,
pois até mesmo entre as feras
se pratica o verbo amar.
***
Carteiro és meu amigão.
Leva a carta direitinho.
Trabalha e ganha teu pão,
entregando-a com carinho.
***
Vila Velha, minha terra,
obra prima de valor.
É bela musa que encerra
grandes quimeras de amor.
***
É reunindo os trovadores
numa festa popular
que o CTC, com louvores,
procura a PAZ semear.
***
Nesta casa tão singela
onde mora um Trovador
é a mulher que manda nela,
porém nos dois manda o amor.
***
Na madrugada orvalhada,
quando surge um novo dia,
vejo Cristo na florada
deste ano que se inicia...
***
Meus votos, neste Natal,
são de PAZ e muitas glórias,
e que você seja o tal
e tenha muitas vitórias.
***
36
Para a ponte terminar,
recursos conseguirei,
pois vou logo leiloar
o bigode do Sarney.
***
Brasília, bela cidade,
de um povo culto e gentil.
Terra da fraternidade,
capital do meu Brasil.
***
A latinidade é um sonho
repleto de potestade,
que me faz viver risonho
nas asas da liberdade.
***
Os laços de uma amizade
imorredoura e tão quente,
só se rompem, em verdade,
se a morte estiver presente,
***
O canto de um trovador,
quanto feito em harmonia,
transmite PAZ, muito amor
e sensação de alegria.
***
Ano Novo: belos sonhos,
promessas de PAZ sem fim.
Belos momentos risonhos,
doces quimeras, enfim.
***
O belo luar prateado
e as estrelas cintilantes
formam conjunto encantado
na folia dos amantes.
***
Sonhei ter um grande amor
na minha vida sofrida,
mas sou peça sem valor
nas engrenagens da vida.
***
O capixaba fluente
logo perdeu toda a graça
quando Rodolfo, bem “quente”,
demonstrou a sua raça.
***
37
Do Brasil, pátria que eu amo,
terra do nume e da glória,
o Espírito Santo é um ramo,
e a flor mimosa é Vitória!...
***
O perfil de um grande amor
vi nos seus olhos, querida...
Receba, pois, uma flor
e a mim dedique sua vida.
***
É verdade, está na história:
- Assim que chega o verão,
não há brotinho em Vitória
que não fique com tesão.
***
Petrópolis altaneira,
doce encanto de cidade.
Eu, com alma forasteira,
ao partir, levo saudades!...
***
Vila Velha, agradecida
com tantos nobres cultores,
não quer ser nunca esquecida
pelos Irmãos Trovadores.
***
Dou-vos parabéns por serdes
tão bela e de fino trato,
vossos belos olhos verdes
iluminarão meu quarto.
***
Receba, na flor dos anos,
ensinamentos, querida.
Não deixe que os desenganos
te prejudiquem na vida.
***
PAZ e a beleza do amor,
um sonho eterno, sem fim...
Neste Natal do Senhor,
meus votos receba assim.
***
Mar, sonhos de uma canção,
momentos que são saudades,
ternura no coração,
banhos de felicidade.
***
38
Capixaba preguiçoso
eu juro que não nasceu
Se nasceu por ser teimoso
eu juro que já morreu.
***
SERRA, todos seus encantos,
só mostram se esplendor.
Em prosa, versos e cantos,
o seu povo é vencedor.
***
Instruir o analfabeto
é luta bem necessária,
a se fazer com afeto
numa Ação Comunitária.
***
Estadista de valor,
mártir da democracia,
foi Tancredo, com amor,
esperança em poesia.
***
Não jogue lixo no chão,
preservando este local.
Você tem educação
e é um cara muito legal.
***
Entre flores, doces encanto,
com carinho e muito amor,
o nosso Espirito Santo
te recebe, trovador!
39
O Neotrovismo
Em homenagem aos amigos:
Prof. Clério José Borges
de Sant’Anna
e Dr. Eno Teodoro Wanke
Em comemoração pelos dez anos
do nosso movimento neotrovista
eu, sendo um Trovador dos veteranos,
rendo homenagens como Sonetista...
Aprecio demais os grandes planos
do poeta Clério Borges, grande artista!
...Seminários... Esforços sobre-humanos:
é o neotrovismo, autêntica conquista!...
Mas há outro, também merecedor
desta homenagem: grande Trovador
e Poeta, nosso amigo Eno T. Wanke.
Fundador, Presidente da FEBET,
muito já fez e ainda mais promete
pro neotrovismo em cima de um palanque!
Rio, 1990
José
Miranda Jordão*
* Nascido em Pati do Alferes, RJ, em 25 de novembro de
1908 e falecido em novembro de 1993.
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