ICQ:2403779

 


 
 

Capítulo de "Entrelaçados"

      O roubo dos quase setecentos e cinqüenta mil reais, tinha sido efetuado pelo próprio carro forte amarelo com a sigla T.R.A.C. Inesperadamente naquela manhã, ele retornara, surpreendendo a todos. Dele saíram cinco homens fortemente armados, sendo que um deles tinha exatamente o mesmo tipo físico e cor de pele de Raul. O rapaz também possuía olhos azuis tais como os dele. Características as quais foram percebidas por vários dos colegas, que tiveram a oportunidade de chegar bem próximo dos ladrões. O pior é que alguém tentara reagir e o sujeito abriu um rombo no peito do tal, com sua escopeta. Raul se defendera sim, dizendo que estivera todo o tempo na farmácia, a qual situava-se a apenas três quadras dali, o que seria fácil confirmarem. A multidão de homens enfurecidos, entretanto, não quis ouvir a voz da razão. Só conseguiam pensar no próprio bolso. tinham sido lesados e queriam um culpado a quem pudessem acusar. Além disso, e´ claro, buscavam vingança a qualquer preço. Não fosse pelo senhor Freitas, com um tiro para o alto, conseguindo atenção imediata e já teriam iniciado o espancamento. Queriam conseguir informações sobre o dinheiro e julgavam que ele as teria para dar. Quando Freitas falou que deveriam levar o rapaz à polícia, em vez de fazer justiça com suas próprias mãos, houve quem protestasse. Nessas horas sempre há os que só desejam ver sangue, sem se importar com mais nada. A maioria, entretanto, entendeu que seria a única maneira de conseguirem reaver o que lhes pertencia. Assim não demorou mais do que alguns minutos e Raul estava lá, junto com outros homens estranhos e hostis, que eram conhecidos como velhos ladrões na cidade.
      Não tendo ninguém para ajudá-lo e não tendo Luciana dado-lhe um telefone para que pudesse entrar em contato, teria que esperar todo o fim de semana. Na farmácia informaram que ela já tinha saído. Ela era a única pessoa que poderia salvá-lo daquela situação. Assim sendo, deitou-se no estreito espaço que lhe coube, sobre um jornal e pôs-se a pensar na moça.
      Quando a noite chegou, Raul sentiu-se muito ameaçado pela presença daqueles marginais ali tão próximos. Chegou a tentar não dormir para não ser pego de surpresa. Já tinha escutado coisas sobre o que acontecia nas prisões, principalmente com garotos na sua idade. Contudo, ele não resistiu ao sono e por volta das duas horas da manhã, simplesmente apagou. Eram sete e meia da manhã quando acordou sentindo-se molhado nas costas. Ao virar-se percebeu que havia um homem magro muito próximo de seu corpo. O rapaz pulou assustado, achando que o sujeito tinha urinado nele. Estava de pé, quando percebeu que o líquido em suas costas era sangue e que a garganta do homem estava cortada, de uma orelha à outra. Nesse momento os outros foram levantando e questionando o acontecido. No canto da cela um homem ruivo disse que assistira quando Raul fora molestado e para defender-se usou a faca.
      Não havia qualquer faca na cela, é claro, mas encontraram, próximo do corpo inerte, uma lâmina de aproximadamente dez centímetros de comprimento. Isso e os respingos de sangue que cobriam o corpo de Raul, foi o suficiente para incriminá-lo.
      Aquela não era uma semana de sorte para Raul. Separado de sua família aos dezesseis anos de idade, encontrara a mulher dos seus sonhos, mas já fora envolvido injustamente em dois crimes brutais e ele não possuía qualquer meio de defender-se deste último.

 

 
 
 
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