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Capítulo de "Crimes"

      Eram apenas cinco horas e treze minutos da manhã, a luz do sol mal aparecera, mas já se podia imaginar que aquele seria um dia muito quente. Ricardo não costumava levantar tão cedo assim e nem gostava de fazê-lo, porém naquelas circunstâncias era inevitável. Enquanto tomava uma xícara de café bem doce e comia um de seus preferidos amanteigados, pensava nas palavras de Sérgio ao telefone. Aquele era entre os seus colegas do departamento de polícia, o que menos demonstrava preocupar-se com as vítimas em qualquer situação.
      Certamente o corpo da jovem deveria ter sido muito maltratado, com este já eram cinco nos últimos dois meses, caso tivesse as mesmas características.
Subindo a escadaria, avistou Sérgio no patamar do segundo andar, que com expressão ainda inconformada, virou-se e disse:

   - Esta eu conhecia cara, não foi fácil! Seu nome é Francis De Paula, cantava algumas vezes numa Boate.

      Entrando no apartamento de mobília barata, destas que se encontra em Brics de segunda categoria, Ricardo percebeu que nada estava desarrumado, mesmo no quarto onde se encontrava o corpo, apenas a cama mostrava sinais de uso recente e provavelmente por duas pessoas que se conheciam.       Ao contrário do que imaginara, o corpo não estava mutilado, como nas outras quatro anteriores e quando viu os olhos da moça fechados, virou-se para Sérgio, que nem esperou a pergunta e foi logo dizendo:

   - Desculpe chefe eu não pude resistir, tirei os dois crucifixos depois que foi fotografada, usando luva é claro, estão aqui...
   - Você fez bem! Disse Ricardo. Aquela imagem também mexe comigo.
   - Droga! Porque tinha que ser em nosso distrito? Acrescentou Ricardo enquanto saíam do quarto.

      Já sentado à sua mesa, com o relatório na mão, notou pela primeira vez, que mais um detalhe estava fora do padrão: esta não tinha dezenove anos, como as outras, mas vinte e três. Estaria o maníaco mudando seus hábitos? Isto acontece algumas vezes com os "Serial Killers". Ou esta não tinha sido realmente morta pelo mesmo homem? Se fosse o mesmo, porque não tinha mutilado aquele corpo como de costume? Será que faltara tempo? Alguém quem sabe se aproximava e ele teve de fugir...

 
 
 
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