| |
|
GERAL
|
Sábado, 3 de novembro de 2001
|
Especialista
gaúcho diz que nova abordagem é eficiente em 70% dos casos de
dependência
|
|
RECIFE - Depois de muitos anos, Sérgio de Paula Ramos, coordenador
do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de
Psiquiatria, finalmente teve uma boa notícia para dar aos colegas.
"Estamos vencendo a parada contra o alcoolismo", afirmou o
especialista, ontem no 19.º Congresso Brasileiro de Psiquiatria. A
receita de Ramos combina técnicas psicoterápicas e medicação que,
segundo ele, "diminui o apetite para o álcool". Ramos, do
Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, diz que, em um ano, 70% dos
pacientes da unidade que aderiram ao tratamento deixaram a bebida.
- Ramos garantiu que a medicação sozinha não funciona. Também não
é qualquer psicoterapia que dá resultado. "O profissional tem
de ser especialista em alcoolismo ou dependência química",
alerta. Ele, porém, reconhece que a maior dificuldade na luta
contra o alcoolismo é a resistência do paciente, que não quer se
tratar. O psiquiatra pernambucano Evaldo Melo de Oliveira, diretor
do Instituto Raid, de atendimento a dependentes de drogas, frisou
que parte dos dependentes se nega a abandoná-las completamente e,
por isso, nunca será possível erradicar o seu uso, por causa da
angústia que leva a pessoa a buscar uma solução no álcool ou
outras drogas.
- Para esses casos, ele defende a flexibilização do tratamento,
para reduzir o prejuízo causado pelo dependente a si mesmo, à família
e à coletividade.
"O lema dos Alcoólicos Anônimos - se quiser parar de beber, o
problema é nosso; se quiser continuar, o problema é seu - não
deve ser adotado pelo Estado, que não pode abandonar os que não
desejam parar", afirmou. "Por isso temos de buscar
caminhos que levem à redução do consumo."
- Choque - O novo
presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Marco
Antonio Alves Brasil, disse ontem que a instituição
está disposta a lutar para que o cidadão brasileiro tenha direito
a tudo o q ue possa ajudar na área da psiquiatria e saúde
mental - o que inclui psicoterapia, medicamento e também a
eletroconvulsoterapia (choque elétrico).
- Ele frisou a eficácia e indicação da corrente elétrica nos
casos de depressão profunda, com risco de suicídio, desde que
aplicada de forma segura, com equipamento moderno, anestesia e
autorização do paciente ou de seus familiares. "O uso da
corrente elétrica não é preconização da psiquiatria, é também
da cardiologia, por exemplo", observou ele, frisando que o
condenável é o mau uso ou uso inadequado e indiscriminado da técnica.
- Poucos hospitais brasileiros têm o equipamento para o tratamento.
|
|
Copyright
© 2001 O Estado de S. Paulo. Todos os direitos reservados. A
reprodução desta notícia tem caráter meramente cultural e
educativo.
|
| |
|