RIO - Para muitas pessoas, reconstruir a árvore genealógica da própria
família é um trabalho árduo, quase impossível. A genética, porém,
resolveu facilitar esse caminho. Com
um exame de DNA é possível descobrir a origem de qualquer pessoa, num
trabalho de genealogia molecular que remete a um tempo anterior ao
descobrimento do Brasil.
O exame vem sendo realizado pelo geneticista mineiro Sérgio
Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do
Gene - Núcleo de Genética Médica. Pioneiro no País no teste de
paternidade por DNA, Pena foi responsável pela pesquisa que traçou
o retrato dos 500 anos de transformações que resultaram no
brasileiro atual, divulgada no início do ano.
Com o teste de genealogia por DNA, é possível descobriu as
ancestralidades paterna e materna do paciente e ainda o peso de cada
uma delas na formação genética da pessoa. Feito com uma simples
coleta de células da bochecha, o teste pode ser encomendado pela
Internet ( www.genealogiapordna.com.br
).
Segundo Pena, cerca de 30 pessoas já fizeram o novo exame.
Mutações - O estudo da ancestralidade só é possível
com a análise das mutações do DNA, que guarda informações sobre
as origens genéticas herdadas de ancestrais do homem que viveram há
cerca de 40 mil anos na África, Ásia e Europa. Segundo Pena, o
exame constitui-se na investigação do DNA mitocondrial, de origem
exclusivamente materna, e do cromossomo Y, presente apenas nas células
sexuais masculinas.
O teste completo é dividido em três partes. A primeira traça a
ancestralidade materna do paciente, a partir da análise do DNA
mitocondrial.
Segundo Pena, o estudo sobre a ancestralidade do homem brasileiro,
divulgado no início do ano, revela que a miscigenação é bem
maior do que se supunha.
"É praticamente impossível encontrar um brasileiro
genuinamente branco ou negro", afirma.
O geneticista vai além: a
pesquisa mostra que a cor de pele não reflete toda a história
contida no DNA.
"Ao analisar o exame da ancestralidade genômica, o que
observamos é que, na sua maioria, o branco brasileiro tem um herança
genética mais próxima de seus ascendentes africanos do que dos
europeus", explica Pena. "A relação entre cor e genoma
é muito pequena, porque nossos genes exibem um casamento
interracial bem-sucedido construído ao longo da história
brasileira."