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Ícone: Horas Marianas, livro de oração de Maria carolina Alves Machado,  minha ancestral, que nele anotava dados genealógicos.  Impresso em Paris, 1827. VOLTE PARA A PÁGINA INICIAL POR AQUI

Ícone: certidão de nascimento de Sylvio de Oliveira Guimarães, avô da editora. FAMÍLIAS E SOBRENOMES PESQUISADOS

Ícone: prensa manual, do século XVII. NOTÍCIAS DE NOSSA GENTE
Ícone: Solar dos Guimarães, em Ouro Preto, MG. Casa onde viveu o escritor Bernardo Guimarães -  Crayon de Renato Picazzio - ÁRVORE GENEALÓGICA DESTE RAMO DA FAMÍLIA - LINKS LITERÁRIOS
Ícone: Solar dos Alves, em Soledade de Itajubá, hoje Delfim Moreira, MG. Crayon de  Delu Senna Machado. ÁRVORE GENEALOGICA  DESTES RAMOS DA FAMÍLIA
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edição 100 / 2001 

 
O terreno fértil da genealogia
Cresce o interesse popular pelo resgate das raízes históricas da própria família

Por Suzel Tunes / Wagner de Oliveira
E-mail: [email protected]

A cada dia, mais e mais pessoas descobrem que têm, dentro de sua própria carteira, uma pequena, mas importante partícula da história 
humana: sua cédula de identidade. Naquele quadradinho plastificado, 
elas conseguem vislumbrar séculos
de vida; seja nos traços étnicos 
revelados no rosto sério em 3x4,
seja no nome resultante do
encontro de famílias ao longo de gerações.

E, partindo desses pequenos sinais, mergulham numa surpreendente
viagem rumo ao passado pelos caminhos da genealogia, 
o estudo das relações familiares.

Ferramenta auxiliar da história, a genealogia é uma ciência milenar, mas nunca esteve tão na moda. Na Internet, por exemplo,  figura como um dos quatro assuntos de maior interesse, junto com esportes, finanças e sexo. 
Quando a igreja dos mórmons inaugurou seu site de pesquisa genealógica (leia quadro abaixo), o servidor ficou saturado  com 500 visitantes por segundo.

Para Fernando Korndörfer, presidente do Instituto de Genealogia do Paraná, Igepar, e autor do primeiro curso brasileiro sobre o assunto via Internet, existe uma explicação para esse crescente interesse: busca-se na elaboração de uma árvore genealógica - que é uma das formas gráficas mais comuns de apresentação da ascendência - o resgate das próprias raízes, perdidas nessa época de mudanças vertiginosas e desagregação familiar.   "As pessoas começam a sentir-se como 'folhinhas perdidas ao léu' e buscam âncoras para as velhas perguntas básicas do ser humano: Quem sou; de onde venho; para onde vou? 
A história familiar é uma parte da resposta, com suas tradições, seus mistérios, as lutas dos antepassados. 
A folhinha faz parte de um ramo, que está no galho, que está no tronco da história. E isso é muito forte", filosofa Korndörfer. Desvendar a própria história tem sido, de fato, a motivação de  muitos jovens que se embrenham por cartórios de registros civis, igrejas e arquivos históricos empoeirados em busca de parentes.


Fernando Korndörfer, ao lado do brasão de família:
  "folha presa no tronco da história"

O cantor lírico Richard Bauer, de São Paulo, tinha apenas 18 anos quando começou a pesquisar sua família. "Comecei em 1990, quando 
faleceu uma tia-avó. No enterro,
vi um monte de gente que eu nem conhecia. Descobri que minha 
família era gigantesca e resolvi 
conhecê-la melhor. 
Consegui chegar até um hexavô 
da parte de minha mãe e a 
um trisavô, da parte de meu pai.
E vou seguir até onde puder. Não existe colecionador de selo, moeda? Eu coleciono gente."

Alguns pesquisadores não se contentam em listar os nomes dos familiares. 
Buscam entrar em contato com 
todos os quais têm algum grau de parentesco.
A família Arantes promoveu uma 
festa com 200 pessoas no Clube Paulistano, em São Paulo, para 
marcar o lançamento do livro da família, uma publicação 
com 1.026 páginas e mais de 30 mil Arantes, de todas 
as gerações conhecidas até agora. 
Os Foltran, com 1.200 membros - conhecidos - espalhados
pelo mundo, cerca de 550 só no Brasil, costumam 
promover grandes encontros familiares que reúnem quase 
400 pessoas, como a VII Reunião da Família Foltran, 
ocorrida no município paulista de Tietê, em fevereiro 
deste ano. Os megaeventos são organizados pela 
Associação Grande Família Foltran, fundada em 1995.

O vício da pesquisa
Outra motivação para a pesquisa genealógica é a busca
da cidadania estrangeira. Quem é filho, neto ou bisneto
de imigrantes italianos, por exemplo, pode requerer a
dupla cidadania. Nesse caso, a árvore genealógica pode 
ir apenas até a prova documental do parentesco e origem 
familiar. Mas quando se começa, dizem os genealogistas, 
é difícil parar. "A pesquisa vira um vício, cada história 
que se encontra é um grande barato", diz o genealogista 
Fernando Korndörfer, consultor de negócios internacionais 
e professor de inglês para executivos nas horas vagas. 
Sobra-lhe ainda tempo para escarafunchar a
 família de origem alemã.

Assim como Korndörfer, a maioria dos genealogistas 
é amadora, mas já há quem tenha descoberto, nesse ramo de pesquisa, um lucrativo filão de mercado. Afinal, uma árvore 
genealógica com várias gerações custa, em média, 2 mil reais, 
mas, dependendo do tempo gasto e do grau de dificuldade da pesquisa, a conta pode ficar ainda mais salgada. 
Uma tradicional família paulista já chegou a pagar
50 mil reais por um estudo que levou oito anos para 
ficar pronto. No entanto, mesmo os genealogistas ditos 
profissionais não costumam ter formação acadêmica em 
pesquisa histórica. Na verdade, são raros os historiadores
que se dedicam à confecção e venda de árvores 
genealógicas. A maioria deles não costuma encarar 
essa atividade com muita simpatia. "A pesquisa histórica 
deve ser contextualizada. Para a história, não interessam 
apenas os ramos nobres das famílias, mas também 
os ilegítimos e o modo como viviam e se relacionavam", 
alfineta a historiadora Eni de Mesquita Samara, 
pesquisadora do Cedhal, Centro de Estudos de
Demografia Histórica da América Latina, da 
Universidade de São Paulo. Ela reconhece a genealogia 
como uma útil ferramenta de pesquisa, mas admite
um preconceito pessoal, nascido, certamente, 
da tradição nobiliárquica dessa ciência auxiliar da história.

 

Parentesco eterno

  

Quem constrói uma árvore genealógica não pode deixar de fazer uma visita a um Centro de História da Família (CHF) da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida como Mórmon, nome de um profeta que, segundo a Igreja, teria vivido na América no ano de 400 d.C.  

Nos 178 CHFs espalhados pelo país (com mais 34 novos previstos para o final do ano), os mórmons permitem o acesso gratuito a cerca de 12 milhões de registros (sobretudo certidões de nascimento, casamento e óbito) microfilmados em cartórios, igrejas e arquivos históricos do mundo todo. Uma cópia de cada registro vai para a sede mundial da Igreja, em Salt Lake City, no Estado americano de Utah, e fica guardado, como um verdadeiro tesouro, em um abrigo de chumbo encravado no sopé das Montanhas Rochosas, totalmente a salvo de umidade, incêndios e até explosões atômicas.   

Esse arquivo central, fundado em 1894, é considerado hoje o maior acervo genealógico do mundo. Para pesquisar neste acervo, basta ter o nome completo do antepassado e a data exata ou aproximada do documento que se quer encontrar. Por meio de microfichas disponíveis em cada CHF, consulta-se um índice que vai localizar o microfilme com o documento pedido. As consultas são gratuitas. Esse microfilme pode ser visto em máquinas apropriadas no próprio CHF ou ser ampliado, a pedido do pesquisador. 

Tamanha paixão pela genealogia tem uma explicação doutrinária. Os mórmons acreditam que as famílias se reencontrarão após a morte, no mundo espiritual. Por isso o empenho dos mórmons em montar suas árvores genealógicas.
Álvaro Santin, responsável pelo Centro de Serviços de História da Família, começou suas pesquisas há cerca de dez anos e já tem 4.772 nomes em sua árvore. Para chegar a todos esses parentes, a grande maioria italiana, Santin não precisou sair do país. Acessou os arquivos da igreja na Itália. E já está colocando à disposição os dados que conseguiu na Internet, o próximo alvo dos mórmons. Em maio desse ano, foi inaugurado o site www.familysearch.com, que permite o acesso a bancos de dados montados por membros da igreja. Por enquanto, estão disponíveis apenas os nomes de americanos, ingleses e finlandeses, num total de 400 milhões de pessoas. Até o final do ano, porém, os mórmons pretendem incluir bancos de dados do mundo todo, inclusive do Brasil. (*)


____________
(*)  - Nota da Editora do Site:  Brasil e América do Sul já ficguram no site da Igreja dos SUD 

 

 

Neide Bibiano e o Almanaque de Gotha, um catálogo da nobreza européia: preciosidade conservada à custa de veneno

Afinal, durante anos, a genealogia atendeu aos interesses de uma nobreza preocupada em checar o pedigree dos pretendentes às noivas de fina estirpe e, mesmo hoje, ainda existe gente que investiga sua ascendência com o claro objetivo de encontrar nobres ou figuras históricas famosas em suas raízes. "Já vi gente que teve um verdadeiro ataque porque encontrou um coveiro entre seus antepassados", diverte-se Neide Bibiano, diretora do Instituto Genealógico Brasileiro, que possui uma das principais bibliotecas do país especializadas no assunto.

A professora Eni de Mesquita alerta também que não basta enumerar os nomes de uma família. "É importante saber quem eram essas pessoas, como viviam, o que pensavam", explica ela, autora de um estudo sobre as famílias paulistas do século 19, que resultou no livro A Mulher, o Poder e a Família, editado pela Marco Zero.

Planos de vôo
Os primeiros passos de uma viagem sem data para acabar

1 - Reunir toda a documentação disponível sobre seus familiares: certidões de nascimento, casamento e óbito, carteiras de identidade, de trabalho, passaportes, documentos de naturalização, títulos de eleitor, certificados escolares etc.

2 - Compor um banco de dados onde constem: nome completo, apelido, datas e locais de nascimento, casamento, morte e sepultamento. Para esse trabalho, podem-se usar softwares de genealogia. Eles são programas utilitários para organizar os bancos de dados e podem ser adquiridos pela Internet.

Algumas opções:
Brother's/Keeper 5.2 F: http://ourworld.compuserve.com/homepages/Brothers_Keeper/ - É um "shareware" , ou seja, uma versão gratuita, ideal para iniciantes.
Personal Ancestral File (PAF):
http://www.genealogy.org/~paf/ - Também gratuito.
Family Tree Maker:
www.familytreemaker.com - É o mais conhecido e mais usado no mercado. A versão mais barata custa US$ 40,00.

3 - Fazer um levantamento dos dados que faltam em relação a cada indivíduo e, se for o caso, estimar as datas dos principais eventos, indicando hipóteses dos respectivos lugares onde possivelmente ocorreram.

4 - Entrevistar parentes e amigos, principalmente os mais idosos, buscando informações transmitidas oralmente, a fim de preencher as lacunas mencionadas no item 3.

5 - Pesquisar em cartórios de registros civis e arquivos paroquiais, levando-se em conta as localidades e épocas reais ou hipotéticas.

Outros locais de pesquisa: bibliotecas públicas, igrejas, museus, arquivos públicos, institutos históricos, academias de letras etc. (leia alguns endereços no Anote). Não se esqueça de uma visita ao cemitério. Os livros de sepultamento e as lápides por vezes trazem informações valiosíssimas.
Consultar os livros de autores que tratam da história e genealogia locais (Estado ou município), como o Genealogia Paulistana, em São Paulo, ou o Velhos Troncos Mineiros, de Cônego Trindade.

6 - Consultar os Centros de História da Família da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons). Eles possuem grande acervo de livros, microfichas e microfilmes abertos ao público, mesmo para quem não professe a religião.

7 - Buscar informações na Internet, nos sites de genealogia (veja Anote) ou mesmo nos sites de procura, como o Altavista ou Cadê. Há várias famílias que deixam à disposição suas árvores na Web.

(extraído do Pequeno Guia para Iniciantes em Genealogia, de Rubens R. Câmara e Fernando J. Korndörfer, no site http://www.genealogia.com.br/gn_guia.html)

Esqueleto com carne
Essa é uma orientação que Korndörfer já segue em suas buscas pessoais. "Se os dados sobre nascimento, casamento e morte de cada antepassado equivalessem a um esqueleto, a história que essa pessoa viveu são a carne, músculos e coração, os quais dão vida e movimento ao esqueleto", apregoa ele.

Mas como é possível extrair vida de documentos aparentemente frios, como certidões, recenseamentos, inventários e testamentos? A professora Eni explica: "Os recenseamentos, por exemplo, revelam as diferenças de idade entre os casais e mostram que as famílias não eram tão grandes como faz crer o número de nascimentos. Acontece que as crianças morriam cedo. Já nos testamentos, encontra-se o reconhecimento e, muitas vezes, a referência carinhosa a um filho bastardo ou a escravos domésticos que acompa
nhavam a família. E, nos inventários, observa-se a preocupação em prover as filhas com dotes para o casamento".

Para chegar a esses documentos, os pesquisadores de história da família - profissionais ou amadores - têm que percorrer sinuosos caminhos. "Se você souber muito pouco sobre sua família, é melhor 'entrar de ré', isto é, procurar primeiro os dados sobre a morte da pessoa, depois os do casamento e finalmente os de nascimento", aconselha Korndörfer. "A certidão de óbito geralmente lhe informará a idade, data de nascimento ou nomes dos pais, dos quais você possivelmente não teria conhecimento para começar com o registro de nascimento", explica ele.

Casos ao pé da árvore
Quem faz pesquisa genealógica muitas vezes se depara com histórias que beiram a lendas, misturam-se a elas, ou as suplantam, em graça e singularidade.

O vampiro e a princesa
A imprensa britânica não dá mesmo trégua à Família Real e, especialmente, ao pobre príncipe Charles. Para o jornal inglês The Sun, até a genealogia de Charles depõe contra ele: o príncipe seria descendente de um vampiro. O conde romeno Vlad Tepes, conhecido como Drácula, seria antepassado da princesa Maria de Teck, que se casou em 1893 com Jorge V. E Jorge V é avô da rainha Elizabeth, portanto, bisavô de Charles. Por outro lado, a falecida princesa Diana seria uma descendente do grande escritor William Shakespeare (1564-1616). Ele teria tido uma filha ilegítima chamada Penélope, que teria se casado com o barão Spencer - é reconhecido como um dos ancestrais diretos de Diana.

A armadilha dos sobrenomes
Rubens Câmara, advogado e genealogista de Minas Gerais com oito anos de experiência em pesquisa, vive recebendo e-mails de amigos que perguntam qual a história desse ou daquele sobrenome. A todos ele alerta: "Não dá para falar a história da família apenas se baseando no sobrenome". Segundo ele, antigamente, não se usavam sobrenomes. As pessoas começaram a ser diferenciadas por nomes que diziam respeito à aparência, profissão, filiação ou local de origem. Ou que surgiram de pura invenção: "O nome de Sarney, por exemplo, foi criado por um avô do ex-presidente, que era empregado de um tal Sir Neill. E aqui em Minas há uma família que tem o nome bem 'britânico' de Goodgod, criado por um antepassado deles".

Chico Buarque e as noivas portuguesas
Para compor a música Paratodos, em que fala de seus antepassados (O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano), Chico Buarque contou, basicamente, com a memória dos parentes. Mais tarde sua árvore genealógica acabaria atestando o parentesco com senhores de engenho do Nordeste. E o professor Francisco Antônio Dória, um matemático de formação que acabou se apaixonando pela pesquisa histórica, foi ainda mais fundo: descobriu que um dos troncos da ascendência materna de Chico chegou ao Brasil para atender aos apelos do padre Manoel da Nóbrega. Como bom súdito, o padre pediu ao rei de Portugal mulheres brancas, a fim de que os fidalgos portugueses não se amasiassem com as índias. Assim, em 1553 desembarcou Clemenza D'Oria para se casar com Fernão Vaz da Costa, primo do governador do Brasil, Dom Duarte da Costa, e iniciar a família desses talentosos Franciscos.

A invasão dos Silva
Segundo o genealogista Francisco Antônio Dória, sobrenomes comuns brasileiros, como Menezes, Silva, Souza, Cunha, Vasconcelos ou Pereira, são nomes da alta nobreza portuguesa do período medieval. "Em Portugal, por volta do século 15, o sobrenome não se transmitia obrigatoriamente de pai para filho. Podia-se, por exemplo, adotar o nome de um bisavô, de qualquer lado. Naturalmente, escolhia-se os mais importantes, como Silva ou Souza, que acabaram se alastrando pelo país."

 

Tesouro na lápide
Os cartórios de registros civis e as igrejas (onde eram registrados os nascimentos e casamentos até 1938) são endereços obrigatórios. Mas informações valiosas podem ser encontradas em arquivos históricos, museus, escolas e até cemitérios. As lápides, por exemplo, podem revelar, além de nomes e datas de falecimento, também as datas e locais de nascimento. Os arquivos históricos guardam jornais antigos com notícias de casamentos, obituários e chegada de navios de imigrantes. E até listas telefônicas pod
em ser consultadas em busca de parentes fortuitos - listas de outros países, inclusive, que se encontram disponíveis na Internet. Um detalhe importante: quem descende de imigrantes estrangeiros, precisa ter ao menos uma noção do idioma de origem dos antepassados, para enveredar pelos arquivos da terra natal. Assim, um descendente de japoneses precisará ler documentos em ideogramas.

Além de tempo, paciência e perseverança, o pesquisador precisa ter uma saúde de ferro para suportar o ar cheirando a mofo dos velhos arquivos e bibliotecas. No Instituto Genealógico Brasileiro, Neide Bibiano trava uma ferrenha batalha com os insetos - com risco de vida para ambos. É que, para proteger os livros, ela aplica um perigoso veneno nas bordas, que manuseia sem luvas. Aos visitantes que recebe em sua biblioteca, ela adverte que nunca cometam o hábito de molhar os dedos na língua para virar as páginas dos livros, sob risco de terem o mesmo destino dos personagens de O Nome da Rosa, romance de Umberto Eco. Vale a pena o risco. Quem se aventura pelas estantes apinhadas de livros, encontra volumes raríssimos, como manuscritos da época do Império
e testamentos do século 15, e pode ler informações das mais curiosas, como os inventários que relacionam o número de cuecas, camisolas usadas e bules sem tampa que uma família possuía.

"Como a colônia não produzia nada, ou seja, tudo era importado da metrópole, esses bens eram valiosos para as famílias da época", explica Bibiano. Outra das raridades é o famoso Almanaque de Gotha, o guia das linhagens aristocráticas internacionais. "Era a revista Caras da época", compara a pesquisadora, com um toque de ironia. Editado na forma de livro de bolso, com capa dura, o almanaque tirou este nome do Ducado de Gotha, na Alemanha, onde foi publicado pela primeira vez em 1763. Não demorou a se tornar o padrão de referência para príncipes e princesas que queriam saber qual a dinastia mais apropriada para um casamento, e só deixou de ser publicado em 1944, quando Gotha caiu nas mãos dos comunistas. Mas, no último dia 15 de agosto, foi relançado na Inglaterra, com um grande festa de nobres no Hotel Claridge, em Londres.

 

 

Clássico na Internet
O Instituto Genealógico Brasileiro também possui um dos poucos exemplares que ainda existem da Genealogia Paulistana, obra em nove volumes de Luiz Gonçalves da Silva Leme (1852-1919), que é considerado um clássico no assunto. Editado no início do século, contém informações que remontam à época do descobrimento do Brasil. Por ter sido uma obra com tiragem limitada e não reeditada, há poucos volumes disponíveis. Mas toda essa obra já está sendo digitada por voluntários de todo o país, que pretendem colocá-la na Internet, de modo a torná-la mais acessível e proporcionar sua virtual perenidade. O livro também está sendo reeditado em CD-ROM pela genealogista paulista Marta Amato.
Outro futuro lançamento que vai facilitar a vida dos pesquisadores é o Dicionário das Famílias Brasileiras, um trabalho do genealogista carioca Carlos Eduardo Barata e do deputado federal Antônio Cunha Bueno, que deverá chegar em novembro. A publicação, um calhamaço em dois volumes que totalizam mais de 2 mil páginas, trará 17 mil verbetes sobre a origem e a história dos sobrenomes que compõem a população brasileira. "É a primeira vez que os brasileiros terão acesso a informações sobre famílias indígenas e negras. Antigamente, só se estudava a elite", orgulha-se Barata, que estuda a origem dos nomes das pessoas há 28 anos. Também são relacionados os nomes referentes a cristãos-novos (judeus fugidos da Inquisição), a linha ilegítima de alguns sobrenomes, herdados após casos extraconjugais dos patriarcas, e até descendentes de padres. Quem não encontrar seus antepassados no livro, pelo menos poderá usufruir de histórias saborosas, como o Adão de Pernambuco. 
Chamava-se Jerônimo de Albuquerque e era genro de Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambucano. Um dos primeiros colonos portugueses a desembarcar no Brasil, em 1535, em Pernambuco, Jerônimo teve nada menos que 42 filhos e 130 netos, que ajudaram a povoar a imensidão vazia do Brasil no século 16 e a iniciar a trajetória de um dos sobrenomes com que mais brasileiros assinam hoje: Albuquerque. Por conta de tamanho empenho, a sociedade brasileira é uma grande família, segundo Barata. "Esqueça o bairrismo no nosso país. O sangue brasileiro está disseminado por todo o território. Todos por aqui têm algum grau de parentesco", sustenta o pesquisador. "É como se fosse uma família só", afirma. 

 
 

H

eráldica: nobreza estampada

 

Os nobres da Idade Média tinham um sinal exterior de 
nobreza tão invejado quanto uma Ferrari último tipo ou uma mansão em Côte d'Azur: seu brasão de armas. Pintado em cores fortes e utilizando ícones significativos como a Torre, símbolo de poder, ou o Leão, que representava grandeza e coragem, o brasão era a marca registrada da elite. 

Objeto de estudo da heráldica, a utilização de determinados símbolos e cores para identificar indivíduos, famílias, tribos ou clãs é um costume que se perde no tempo. Alguns historiadores relacionam o uso de emblemas com as 
Cruzadas, outros acreditam que a origem é ainda mais 
antiga. Seja como for, o uso regulamentado dos símbolos heráldicos se estabelece na Idade Média, para diferenciar 
os cavaleiros em suas intermináveis guerras e torneios. 
Nessa época, para evitar duplicações e confusões, os emblemas e cores do escudo são rigidamente codificados.
Num primeiro momento, as armas de um cavaleiro são individuais: representam-no e, em certos casos, às terras 
que possuem e a sua vassalagem. Mas não são armas 
de família, ou seja, não se transmitem de pai para filho.
Com o tempo,  esses brasões passam a ser concedidos diretamente pelo  rei, como recompensa pelos serviços ou atos de bravura de seus cavaleiros, acompanhando geralmente a doação de terras. 
A partir do século 12, esta forma de identificação pessoal torna-se hereditária e, por ser uma deferência real, 
um sinônimo de nobreza da família. Assim surgiram 
os brasões dos Almeida, dos Silva, dos Menezes. 
Por isso, quem encontra hoje um brasão com seu nome 
precisa descobrir, primeiro, se ele é de caráter hereditário. Depois, se tem o direito de usá-lo. Não é porque um 
Menezes teve um brasão que todo Menezes poderá
herdá-lo. 
"Só quem pertence ao tronco original da família tem direito 
ao uso do brasão", alerta Neide Bibiano, diretora do 
Instituto Genealógico Brasileiro. Além do mais, como
os negros libertos da escravidão costumavam adotar os sobrenomes de seus senhores, é comum que descendentes 
de ex-escravos tenham sobrenomes de antigos nobres.
É claro que qualquer um pode comprar um brasão com seu sobrenome, desses que se vendem em quiosque de 
shopping center. Mas ele não passará de um enfeite 
na parede, sem qualquer valor legal. 
Outra confusão comum, diz Neide Bibiano, é a adoção de emblemas não oficiais, ou seja, criados sem os auspícios 
reais. "Com a disseminação do uso de emblemas, 
os mercadores passaram a usar figuras para identificar os produtos que vendiam nas feiras. Ou seja, alguns
brasões são, na verdade, rótulos de mercadorias."

 


Anote 

Na Internet

·  www.genealogia.com.br - home page da Lista de Discussão Brasileira de Genealogia, dedicada à troca de informações entre pesquisadores

·  www.bsi.com.br/~igepar/ home page do Instituto de Genealogia do Paraná, com diversos links, incluindo o curso de genealogia básica, de Fernando J. Korndörfer 

Alguns endereços

·  Instituto Genealógico Brasileiro - rua 7 de Abril, 230, 10º andar, São Paulo, SP, Tel. (0**11) 257-4840

·  Memorial do Imigrante - rua Visconde de Parnaíba, 1316 (metrô Bresser), São Paulo, SP, Tel. (0**11) 6692-7804

·  Centro de Serviços de História da Família (mórmons) - avenida Prof. Francisco Morato, 2430, São Paulo, SP, Tel. (0**11) 3723-3410 ou 3723-3407 

 


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