Questões
delicadas em Genealogia |
"Não há nenhum rei
que não tenha tido um escravo entre seus ancestrais, e nenhum
escravo
que não possa contar um rei dentre os seus." |
Helen Keller (*) |
|
Existem as
chamadas "questões
delicadas" em todas as famílias, ou seja pontos nevrálgicos que podem atrapalhar um pouco a pesquisa
genealógica.
Mas nem por isso você deve desistir.
Uma pesquisa genealógica mais profunda, às
vezes, esbarra em questões que as pessoas não querem tocar ou preferem
esquecer.
Mas se sua pesquisa se propuser a ser um
trabalho sério, documentado, é importante que nada seja omitido.
As "questões delicadas"
citadas abaixo foram criadas para orientar alunos de Ensino Médio (o
antigo 2° grau ou Colegial) nos seus trabalhos. Mas as
sugestões valem mesmo para um trabalho adulto.
Se você estiver fazendo um trabalho
escolar, deve pesar bem as informações relevantes e os valores que devem
ser respeitados, especialmente se os avós forem vivos e mais
particularmente ainda se você vive numa comunidade pequena.
As tais "questões" delicadas costumam
ser...
|
a. Gravidez antes do casamento. (Como
explicamos, para as gerações antigas isso era "um escândalo").
Procure explicar aos avós que os valores morais do mundo hoje não são
tão rígidos. |
b. Ascendência negra. (Muitas famílias escondem o fato de descenderem de
escravos ou ex-escravos. Mesmo que você ache essa posição
preconceituosa, deve respeitar seus avós). |
c. Ascendência indígena. Na maioria dos Estados do Brasil o fato é motivo de
muito orgulho. Mas em meia-dúzia de lugares é razão de vergonha.
Descender de índio é motivo de orgulho, no Brasil, desde o século XVIII.
Conheça o alvará de d. José I, incentivando o
casamento com índios. Mas se entre sua família a idéia for outra, respeite
seus pais ou avós,
independente da sua própria opinião. |
d. Ancestrais que foram perseguidos politicamente.
O Brasil viveu muitos
períodos de ditaduras e exceções do estado-de-direito. Às vezes, esse
é um assunto doloroso para a família. Para outras, é motivo de orgulho. |
e. Ancestrais que tiveram problemas com a lei, por crimes
não-políticos, como roubo ou homicídio. As chamadas
"ovelhas-negras" das famílias. |
f. Bisavós, avós ou tias que "fugiram" com outros homens, que
não seus próprios cônjuges.
Lembre- se que, antigamente, as mulheres eram
muito oprimidas e tinham condições de vida duríssimas. Uma
mulher que fugia em busca da felicidade pode ser vista hoje como uma
pioneira e não como a "ovelha negra".
Assim, ao invés de se envergonhar, você pode até se orgulhar dessa
ancestral. Se houver clima. você pode exprimir esse novo ponto-de-vista
aos seus avós. |
g. Ancestrais (femininas) que
foram prostitutas antes de se casarem. Além do amor à primeira vista,
existem explicações sociológicas para o fato: locais em que não havia
poucas ou quase nenhuma mulher; origem humilde do marido que preferia se
unir a uma mulher mais simples. |
h. Ancestrais com profissões
muito humildes. Em alguns círculos isso é motivo de vergonha. O
importante aqui é "fazer a virada": muito mais digno é ter
sido um trabalhador honesto e digno. Aliás, a maioria das pessoas
descende mesmo de pessoas humildes. Senão, hoje todos seriam classe
dominante ou "aristocracia". |
(*) Helen Keller (1880–1968), autora
americana, educadora e conferencista; que nasceu cega e
surda e superou todos os obstáculos, aprendendo a ouvir pela
vibração da voz, a falar, a ler e a escrever em braille .
In "A história da minha vida", cap. I, 1903. |