Bem
antes disso, ginecologistas já
receitavam combinações de
anticoncepcionais com efeito idêntico
às clientes inseguras com as conseqüências
de uma relação sexual sem proteção
ou marcada por incidentes como o estouro
da camisinha. Ou seja, um recurso de
emergência para situações de risco.
E
haja emergência! A mais recente
pesquisa sobre a sexualidade e a saúde
das nossas meninas mostrou um aumento de
80% no uso do remédio em três anos. O
estudo foi feito com 178 garotas com
menos de 20 anos, atendidas nos serviços
de referência para adolescentes
paulistas. “Das 120 que já tinham
vida sexual, 35,8% usaram a pílula de
emergência pelo menos uma vez. Em 2004,
esse número era menor: 20% recorreram
ao método”, diz a ginecologista
Albertina Duarte Takiuti, responsável
pelo estudo e coordenadora do Programa
Estadual de Saúde do Adolescente de São
Paulo.
O
crescimento do uso da pílula revela que
as garotas estão preocupadas em evitar
a gravidez indesejada, mas, ao mesmo
tempo, não estão tomando as devidas
precauções para que isso não aconteça.
Resumindo: não se valem de
anticoncepcionais e, mais grave, não
exigem que o parceiro use camisinha,
expondo-se assim às doenças
sexualmente transmissíveis. Em 60,5%
dos casos avaliados pelo trabalho, as
jovens que tomaram a pílula do dia
seguinte fizeram sexo sem preservativo e
não estavam usando nenhum outro método
anticoncepcional. As demais usaram
preservativos que teriam se rompido,
segundo elas, durante a relação
sexual.
A
pesquisa também mostrou que a maioria
das jovens conhece o método de última
hora, mas isso não quer dizer que
saibam como usá-lo. “Elas ignoram que
pode falhar em 10% a 15% dos casos e o vêem
como uma espécie de pílula mágica”,
diz Albertina. A estudante paulista
Carla, 16 anos, descobriu isso na prática.
“Esqueci da camisinha e meu namorado
comprou a pílula do dia seguinte. Tomei
certo, mas mesmo assim fiquei grávida”,
conta a garota, enquanto embala no colo
a filha Mercedes, de sete meses. Agora
ela usa um dispositivo intra-uterino
para evitar nova gravidez.
“Aproveitamos esse momento para uma ação
educativa sobre a importância da proteção
com anticoncepcionais e com a camisinha,
por causa das doenças sexualmente
transmissíveis”, diz Albertina.
Outro
comportamento desaconselhável é o uso
constante da pílula. Cerca de 46% das
garotas avaliadas tomaram mais de uma
vez. “Isso diminui a eficácia, mas
elas desconhecem”, explica a
ginecologista Mônica Moreira, de São
Paulo. A estudante de fisioterapia Júlia
Salvatti, 21 anos, acredita que uma das
explicações para o consumo repetido,
até mais de uma vez por mês, é que
algumas jovens tomam a pílula como se
fosse mais um anticoncepcional. “Não
é. Deveria haver mais campanhas para
esclarecer como funciona de fato e sobre
a prevenção da gravidez”, afirma. Júlia
tomou uma única vez, aos 19 anos,
durante a fase em que interrompeu o uso
regular de comprimidos anticoncepcionais
por recomendação médica. “Deu
certo, mas até minha menstruação
chegar, dez dias depois do remédio,
fiquei muito ansiosa. Não quero passar
por isso de novo”, diz.
Essa reportagem
apenas confirma o que já se imaginava.
Que boa parte da juventude não tem
qualquer preocupação quanto ao sexo
livre. E, em muitos casos, nem com os
cuidados para não engravidar ou
contrair doenças venéreas. Se lermos a
Bíblia, vamos compreender que o foco de
Jesus estava correto ao dizer que
"qualquer que olhar uma mulher com
intenção impura, no seu coração já
cometeu adultério com ela" (Mateus
5,28). O foco está na mente. A questão
principal não é usar ou deixar de usar
métodos contraceptivos, no caso de
pessoas não casadas, mas tratar o sexo
como algo que pertence à relação
matrimonial exclusivamente. Algo que não
pode ser banalizado. A motivação tem
sido o medo de engravidar ou adquirir
doenças, mas o assunto é mais
abrangente. Envolve a felicidade das
pessoas. A sexualidade livre tem criado
relações vazias, passageiras e frágeis.
É esse o foco do qual Jesus falava. |