No
último dia 12 de outubro comemorou-se,
além do dia das crianças e de Nossa
Senhora Aparecida, o dia do
Engenheiro-Agrônomo. Profissional este
que vive momentos difíceis, reflexo da
descapitalização e desarticulação que
o setor agropecuário vem passando nos
últimos anos, particularmente na última
década.
Entretanto,
a nobreza de seu labor transcende os
interesses econômicos e comerciais da
atividade agrícola, sendo na verdade uma
classe de profissionais com uma difícil e
fundamental missão: ofertar o elemento
mais básico à manutenção da vida no
mundo – o alimento.
Praticar
a agricultura (ager, agri =
campo; cultura = cultivo) é uma
atividade árdua, pesada e exclusiva
daqueles que têm amor e devotação à
terra e à natureza, vocação esta cada
vez mais rara no homem moderno. Sua
profissão resume-se em uma arte ...a Agricultura,
que é a arte de cultivar os campos e
domesticar animais, com fins puramente
utilitários ao homem...
A
história de sua profissão confunde-se
com a história da humanidade, pois, uma
vez que homem deixou de ser nômade, na
pré-história, onde praticava
extrativismo vegetal na busca de
alimentos, e passou a cultivar vegetais e
produzir seus alimentos, tornou-se
agricultor.
De
uma atividade empírica (considerada uma arte)
a agricultura transformou-se numa
atividade técnico-científica
(considerada uma ciência),
e que precisava, cada vez mais de estudos,
pesquisas e trabalho de pessoas com
formação acadêmica para assistir o
agricultor, orientando-o e monitorando seu
desempenho nos campos.
Com
a evolução das ciências gerais
(Alquimia, Química, Física, Fisiologia,
Genética, etc.) ocorreu a evolução da
agricultura, e da ciência específica que
dela nasceu: a AGRONOMIA (ager,
agri = campo; nomos = ciência,
leis). Portanto, a Agronomia é a ciência
que estuda as leis físicas, químicas e
biológicas aplicadas às plantas
cultivadas, aos rebanhos, aos solos, ao
ambiente, com o objetivo de melhorá-los
para produção de alimentos, fibras e
energia através do cultivo técnico dos
campos, para o progresso das nações e
para a evolução e o bem-estar da
humanidade.
O
surgimento da Agricultura Moderna
(onde a escala de produção altera
processos tradicionais e seculares de
produção) trouxe inseridas inovações
nas áreas da mecânica (com
substituição do trabalho animal pelo
trabalho mecânico), da biofísica (agindo
na qualidade e conservação dos produtos,
pasteurização, congelamento, secagem,
armazenamento e ensilagem), da bioquímica
(fertilização de solos e uso de
biocidas, "pesticidas",
"agrotóxicos") e da biologia
(através da seleção e melhoramento
genético de plantas e animais, com a
aplicação de leis da transmissão de
caracteres hereditários descobertas por
Johann Mendel).
Através
do somatório do uso de máquinas,
equipamentos agrícolas, insumos, energia
elétrica, novas técnicas cultivo e
genética aconteceu uma evolução
contínua da agricultura moderna, fazendo
com que nos dois últimos séculos, a
produtividade do trabalho agrícola
(rendimento operacional) multiplicasse por
50 e a do solo agrícola por 10.
Ainda
assim, segundo a FAO (Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura), hoje em dia mais de 800
milhões de pessoas – a maioria nos
países em desenvolvimento – sofre de
subnutrição crônica, alimentando-se em
menor quantidade do que aquela necessária
para atingir os níveis mínimos de
energia para a sobrevivência.
Por
outro lado, a população mundial cresce
à razão de 3 novos habitantes a cada
segundo, o que significa 25 mil
indivíduos por dia e cerca de 90 a 100
milhões por ano. Até o ano 2050 o
Planeta Terra terá uma população entre
9 e 10 bilhões de habitantes. Em
comparação com a situação atual, mais
4 bilhões de pessoas terão de ser
alimentadas, ou seja, no período de uma
geração a quantidade de alimentos hoje
disponível terá que ser mais do que
duplicada.
Isto
vai de encontro com a teoria desenvolvida
por Thomas Robert Malthus em 1798, numa
pesquisa sobre pobreza de massa populares
– obra secular entitulada Ensaio
sobre o Princípio de população.
Nela o autor dizia que ... existe uma
corrida implacável e assimétrica entre o
crescimento demográfico, de inexorável
progressão geométrica, e a vagarosa
progressão aritmética do crescimento
agrícola ... E isto tinha, provavelmente,
um desfecho catastrófico.
Será
que este pesquisador estava certo? Ou
será que as críticas a ele é que
estavam mais fundamentadas? Por exemplo, o
autor Walter Bagehot comentou que Malthus
usava fatos inverídicos e inconclusivos.
E também, William Godwin criticou aquele
autor dizendo que ele ignorava a
capacidade da criatividade humana para
produzir novos conhecimentos e
tecnologias.
O
que verifica-se hoje é que, realmente,
muitos países obtiveram avanços
extraordinários na tecnologia e
desenvolvimento da agricultura, ofertando
alimentos em quantidade e qualidade para a
sua população, exportando excedentes e
enriquecendo muito devido a esta
atividade.
Por
outro lado, na maioria dos países em
desenvolvimento observa-se que o ritmo de
crescimento da população tem sido mais
acelerado do que a disponibilidade de
alimentos. E ainda observa-se em muitos
países onde há ampla disponibilidade de
alimentos, porém, com uma má
distribuição de renda, um poder
aquisitivo insuficiente para o consumo
elementar.
Os
cereais são a principal fonte de
nutrientes para os seres humanos e dos
animais domésticos. Seu consumo atual é
de 1,9 bilhão de toneladas por ano, e
para atender esta demanda específica no
futuro, a produção precisa ser dobrada
até o ano de 2020. Em outras palavras, o
rendimento de grãos de cereais deve
aumentar cerca de 2,4% ao ano nos países
produtores.
De
uma maneira geral, para atender a
crescente demanda da produção de
alimentos estima-se que é preciso
aumentar em 60% a produtividade das
culturas nos países em desenvolvimento e
incorporar cerca de 200 milhões de
hectares ao processo produtivo,
principalmente na região tropical.
Atingir
estes níveis de aumento de produtividade
é uma tarefa bastante difícil na
prática, pois, cerca de 40% de toda a
produção agrícola é perdida devido à
incidência de doenças, pragas e plantas
daninhas. Como conjugar a necessidade
crescente por alimentos com a área
agricultável disponível e ainda
reduzindo estas imensas perdas? A resposta
é: com uma agricultura mais eficiente,
mais profissional e mais científica, que
possibilite o aumento da produtividade por
área cultivada.
E
este objetivo, evidentemente, somente
será atingido através do trabalho de
Engenheiros-Agrônomos através do
exercício profissional na assistência
técnica, na extensão rural, na pesquisa
básica e aplicada, no ensino agrícola,
no desenvolvimento de novas variedades
melhoradas e de novas técnicas de manejo
fitotécnico, na utilização de modernas
máquinas e implementos agrícolas, na
adoção de novas metodologias de
gerenciamento, enfim em todo o universo
agrícola em sintonia com a nova realidade
da globalização da economia mundial.
A
responsabilidade técnica da produção de
alimentos e fibras (produtos agrícolas)
é, portanto, atribuição do
Engenheiro-Agrônomo como profissional de
nível superior, e sua área de atuação
engloba todas as atividades da cadeia
produtiva do agronegócio, desde a
produção, passando pela colheita,
armazenamento, transporte e
comercialização de produtos
agropecuários.
Assim
sendo, a Produção Vegetal, que é
um somatório de diversas áreas de estudo
como a Fitotecnia, a Ciência dos Solos e
a Fitossanidade, configura-se como sendo o
principal ramo de atividade do
Engenheiro-Agrônomo, que encontra hoje
outras opções de atuação profissional
como por exemplo, a Administração e
Contabilidade Rural, Comercialização
Agrícola e Agronegócio, Agroecologia e
Estudos de Impactos Ambientais,
Biotecnologia, Melhoramento Genético,
Tecnologia de Sementes, Engenharia Rural,
Mecanização Agrícola, Extensão e
Sociologia Rural, Produção Zootécnica e
Forragicultura, e ainda o Direito Agrário
O
atendimento ao aumento da demanda mundial
de alimentos passará pela formação,
capacitação, especialização e
atuação profissional destes
profissionais em contingente suficiente
para cobrir as áreas que estão
atualmente em produção, e para atuarem
futuramente também nas áreas de
fronteira agrícola. Necessitamos ampliar
o número de postos de trabalho com
técnicos capacitados, com experiência de
práticas produtivas de campo (visão
técnica), mas também com boas noções
de administração, economia e
comercialização agrícola (visão
econômica).
O
objetivo é, principalmente, de
proporcionar a formação e atuação cada
vez maior de empreendedores que gerem
bens, serviços e empregos no setor rural,
com qualidade de produção e eficiente
gestão do agronegócio, dentro de uma
harmonia entre teoria e prática, ou seja,
de um equilíbrio do perfil profissional
executivo e conceptivo.
A
amplitude do universo que envolve o
conhecimento agronômico e ecológico
desta profissão tem dimensões
gigantescas, e que deve ser abordado com
ênfase na qualidade total, e isto somente
é atingido pelo profissional que aprende
à aprender, à pensar, à criticar, à
reciclar, à integrar, à experimentar, à
arriscar, à empreender, à buscar sempre
novas soluções para os infindáveis
problemas que surgem à cada safra.
Parabéns
à você que escolheu esta bela
carreira... parabéns
Engenheiro-Agrônomo! Continue acreditando
nos seus ideais e na sua vocação, pois,
saiba que seu trabalho está alimentando o
mundo!