Muito
fala-se, hoje, em uma "nova revolução"
que está acontecendo no campo, graças às
inovações tecnológicas da biotecnologia, que
associadas à crescente preocupação com o meio
ambiente (através de novos sistemas de produção,
como o Plantio Direto na Palha), direcionam os
avanços que podem alavancar a produtividade
agropecuária da safra brasileira nos próximos
anos.
Entretanto,
foi o novo conceito de AGRONEGÓCIO entendido como
sendo toda a cadeia produtiva (que engloba
agricultura, pecuária, produção de
adubos/fertilizantes,
biocidas/defensivos/medicamentos veterinários,
máquinas/tratores/equipamentos agrícolas,
armazenamento, distribuição/transporte e
comercialização/processamento de produtos
agrícolas, enfim, desde a fabricação de insumos,
a produção nas fazendas, a sua transformação
até o seu consumo), que trouxe um maior refinamento
administrativo da atividade agrícola.
Isto ocorreu e está ocorrendo em todas as regiões
agrícolas do mundo, e no Brasil não está sendo
diferente. Durante as décadas de 60 e 70 aconteceu
a introdução das chamadas "grandes
culturas" (cereais e oleaginosas, como a soja,
trigo, arroz, milho, etc.) e início
aperfeiçoamento pecuária (principalmente, a
bovinocultura, a suinocultura e a avicultura). Mas,
no cerrado foi somente a partir das décadas de 80 e
90 que a tecnologia agronômica alcançou e
viabilizou o desenvolvimento real desta parte do
Brasil Central, principalmente, devido ao
melhoramento genético da cultura da soja.
Atualmente,
o nosso País passa por uma imensa transição
socio-econômica caracterizada por uma perda de
renda inédita, tanto pela ineficiente da ação
governamental, quanto pela desarticulação do setor
privado, cuja principal conseqüência é a
DESCAPITALIZAÇÃO quase absoluta da agricultura
(endividamento, queda de investimentos, abandono da
atividade rural, falências, etc.).
Frente à este cenário, o conceito integrado de
cadeia produtiva e agronegócio, faz com que a
agricultura (mais articulada e eficiente e com maior
agregação de valor) deixe definitivamente de ser
uma atividade arcaica e ineficiente (com raras
exceções) e passe a ser encarada como atividade
empresarial, e como tal, gere lucros significativos
ao empresário rural. Nós temos potencial
ecológico e tecnológico para isso, basta existir
condições socio-econômicas e políticas
favoráveis por parte de quem dirige o País, e
organização por parte de quem produz.
A adoção planejada de mecanismos mercantis mais
modernos e sistemas organizacionais clássicos (como
cooperativismo, associativismo, parcerias, alianças
estratégicas, mercado futuro, bolsas de
mercadorias, etc.) podem transformar a realidade do
produtor, uma vez que, deseja-se o abandono da atual
postura passiva desta classe, no sentido de esperar
que sempre a intervenção governamental resolverá
os problemas da economia e melhorará (num passe de
mágica) a questão da renda no campo.
Aumentando o controle de custos de produção e
monitorando os riscos inerentes à sua atividade
(que são muitos), o agricultor pode obter tanto
produção e como preços mais estáveis. Além
disso, a atuação interdependente entre produtores,
comerciantes e consumidores (em sintonia) traz maior
agilidade ao setor, configurando um sistema mais
profissional e mais sério.
A
GLOBALIZAÇÃO e a ABERTURA ECONÔMICA
possibilitaram que o setor agrícola brasileiro (na
atual década) experimentasse transformações
estruturais influenciadas por um comércio
internacional dos produtos agrícolas, dominado
pelas chamadas commodities agrícolas (ou seja,
mercadoria ou artigo agrícola de venda com
cotação internacional), que vêm apresentando:
sinais de saturação, margens de lucro decrescentes
por unidade de produto, necessidade de maior
integração das propriedades nas cadeias
produtivas, dependência cada vez maior de suporte
científico e tecnológico na atividade de
produção agropecuária (formação e atuação
profissional de Engenheiros-Agrônomos e pesquisa
agronômica), atendimento a novas exigências de
padronização / classificação e controle de
qualidade dos produtos agropecuários, e, aumento da
demanda por processos de gestão.
Portanto, o moderno AGRONEGÓCIO (ou agribusiness)
traz consigo a situação de produtores rurais
tradicionais confrontando-se com complexos sistemas
produtivos, comerciais, cadeias agroalimentares
multinacionais, esquemas institucionais e
organizações sociais, nos quais a "unidade de
produção rural", ou seja a propriedade rural,
constitui um elemento de vital importância ao
sistema. Porém, deve estar integrada numa rede de
vinculações a outros sistemas: comercial,
financeiro, de infraestrutura, de tecnologia, de
relações gerenciais do trabalho, e de todo aparato
institucional público e privado.
Outra constatação importante, refere-se ao fato de
que a maior parte da AGREGAÇÃO DE VALOR à
produção agropecuária acontece fora das
propriedades rurais ("fora da porteira"),
e isto reforça mais ainda o reconhecimento da
necessidade de sua inserção nesse amplo contexto
de agronegócio.
Do ponto vista logístico, as principais
estratégias de desenvolvimento do agronegócio
nacional passam, necessariamente, pela integração
dos diversos segmentos que compõem essa cadeia
produtiva associadas, contudo, a ações e projetos
cooperativos de CIÊNCIA e de TECNOLOGIA - cerne da
competitividade, desenvolvimento e crescimento de
qualquer setor.
Existe portanto, uma necessidade emergencial de
apoio e investimentos no setor produtivo
agropecuário, pois, temos a oportunidade histórica
de inserção do Brasil no "1o Mundo" como
maior produtor e exportador de alimentos do planeta.
Porém, atingir estes níveis de aumento de
produtividade é uma tarefa bastante difícil na
prática, pois, cerca de 40% de toda a produção
agrícola é perdida devido à incidência de
doenças, pragas e plantas daninhas. Como conjugar
então a necessidade crescente por alimentos com a
área agricultável disponível e ainda reduzindo
estas imensas perdas? A resposta é: com uma
agricultura mais eficiente e mais sustentável que
possibilite o aumento da produtividade por área
cultivada.
No Brasil, em 1989 a safra de grãos atingiu o
volume de 70 milhões de toneladas, e dez anos
depois nas últimas safras, ainda não havia
ultrapassado o patamar de 80 milhões de toneladas.
Além disso, a cada ano aumentam as importações de
trigo, milho, arroz e até feijão, num mecanismo
momentâneo em que o governo ativa a compra direta
de países produtores, obviamente, em detrimento da
agricultura nacional numa tentativa equivocada de
resolver problemas de abastecimento sem fomentar a
atividade primária dentro do País, e sim,
injetando divisas em outras economias.
Mesmo com um aumento na produção de grãos em uma
década, a produtividade brasileira de grãos
cresceu, isto porque, a área de cultivo caiu de 40
milhões de hectares para em torno de 36 milhões de
hectares nas últimas safras. Em suma, em uma área
17% menor, conseguiu-se produzir 14% a mais o volume
de grãos por área. Hoje, esta proporção engloba
uma área de plantio que sofreu redução de 12%,
com uma produção em torno de 60% maior, levando-se
em conta uma safra pouco maior do que 80 milhões de
toneladas (aproximadamente 85 milhões de
toneladas).
E
isto, evidentemente, somente foi conseguido devido
ao trabalho e atuação eficiente de produtores e
Engenheiros-Agrônomos através do exercício
profissional nas lavouras, na assistência técnica,
extensão rural, pesquisa básica e aplicada, no
desenvolvimento de novas variedades melhoradas e de
novas técnicas de manejo fitotécnico, utilização
de modernas máquinas e implementos agrícolas,
adoção de novas metodologias de gerenciamento e
administração rural, aplicação de novos canais e
formas de comercialização, tudo isto, em sintonia
com esta nova realidade do agronegócio e da
globalização da economia.
Em
nível mundial, podem ser cultivados em torno de 3,6
bilhões de hectares, estando nos Países Tropicais
as maiores áreas de reserva, como por exemplo, os
Cerrados brasileiros (savanas tropicais), que
dispõe de 200 milhões de hectares, dos quais
somente um quarto desta área é aproveitada hoje em
dia com agricultura e pecuária extensiva. Portanto,
é exatamente nestas últimas áreas de fronteira
agrícola (com extensão, solo, água renovável,
radiação solar em abundância e tecnologia
viáveis), que incluem em torno de 100 milhões de
hectares aptos ao cultivo localizados no Brasil
Central, Centro-Oeste e parte da Região Norte e
Nordeste que está o "futuro celeiro" do
mundo.
Cabe a nós produtores, engenheiros-agrônomos,
técnicos, empresários, comunidade rural em geral
fazer bom uso desta terra abençoada e dela usufruir
sem degradar, aperfeiçoando, desta forma, a única
atividade da economia brasileira com potencial
competitivo no mercado internacional e capaz de
transformar a nossa realidade - a AGRICULTURA.
|