AGRONOMIA
E O MEIO AMBIENTE
* Avelar Damasceno Amorim
Neste momento difícil por que passa a Agropecuária
Piauiense, a falta de um modelo apropriado de
gestão integrado e participativo contribui bastante
para o atingimento de níveis elevados de
degradação ambiental, provocados pelo uso dos
agrotóxicos, falta de práticas de conservação de
solo e água, coleta de lixo e de tratamento de
esgotos nas comunidades rurais e nas
agroindústrias, contínuo desmatamentos e queimadas
nos biomas (caatinga e cerrado), como também, a
derrubada das matas ciliares e a intensidade dos
assoreamentos dos rios provocada pelas erosões.
Tudo isso resulta num processo de desenvolvimento
sem sustentabilidade, com sinais de falta de
planejamento dos órgãos responsáveis pela gestão
ambiental, dos recursos hídricos e da
agropecuária, contribuindo para as desigualdades
com notório crescimento da exclusão social e da
concentração da riqueza especialmente na região
dos cerrados, o que põe em risco a paz e a
democracia no nosso estado.
Entre as metas do setor agropecuário para enfrentar
os desafios, a classe agronômica propõe políticas
públicas que garantam a gestão ambiental no campo,
para isto, devemos levar em consideração diversos
pressupostos para formulação de um desenho
proposto (Gestão Integrada do Meio Ambiente). Por
ser um tema relativamente novo no Estado do Piauí e
ainda pouco compreendido enquanto objeto de
Política Pública, a questão ambiental tem sido
tratada como mais uma política setorial. No Piauí,
nos seus municípios, foi circunscrita com
responsabilidade apenas os organismos de Meio
Ambiente–IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e
SEMAR (Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos). Contudo, meio ambiente não pode ser
considerado um setor específico e estanque, mas a
base que permeia todos os demais setores
(agricultura, construção civil, pecuária,
agronomia, educação, saúde etc....) em todos os
níveis, ou os transpõe de forma horizontal.
Este caráter sistêmico ou interconectado do meio
ambiente tem importantes conseqüências para a
implantação de uma política ou de um programa
ambiental. De fato, como as causas principais dos
problemas Ambientais estão fora da competência de
atuação do IBAMA e da SEMAR, soluções
consistentes só podem ser alcançadas quando
existir uma articulação e uma ação integrada
entre todos os setores cujas ações impactam o meio
ambiente.
Desta
forma, a classe agronômica entende que o Governo
deve estimular a inserção da variável ambiental
nos grandes eixos de políticas públicas, como as
de saneamento, agricultura, transporte, indústria,
saúde e energia – já que quando estas são
conduzidas sem considerar o meio ambiente, produzem
externalidades (ou efeitos colaterais) e acabam por
penalizar a população ao deteriorar os recursos
naturais ou levá-los à exaustão.
Como um desdobramento da estratégia da gestão
integrada do meio ambiente, surge a necessidade de
se trabalhar em parceria, reunindo todos os atores
das bacias hidrográficas do nosso Estado, para
equacionar as questões ambientais. As parcerias só
serão efetivadas no Piauí, quando a Secretaria de
Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos deixar de
lado a postura autoritária de “manda quem pode e
obedece quem tem juízo”, pois as parcerias só
acontecerão quando se reunirem as pessoas ou
instituições com interesses comuns - criando-se
assim novas forças (alianças), unindo e orientando
as já existentes para que operem harmonicamente em
busca do desenvolvimento sustentável.