P o e s i a

III-6 * Janeiro-Dezembro de 2000

O povo ao poder


Castro Alves

Improviso ao ser dissentido
o Meeting republicano promovido pelo tribuno Antonio Borges da Fonseca,
conduzido à prisão, em 1864, no Recife.

Quando nas praças se eleva
Do Povo a sublime voz,
Um raio ilumina a treva,
O Cristo assombra o algoz...
Que o gigante da calçada,
De pé sobre a barricada,
Desgrenhado, enorme, nu,
Em Roma é Catão ou Mário,
É Cristo sobre o Calvário
, É Garibaldi ou Kossuth.

A praça, a praça é do Povo!
Como o céu é do Condor!
É antro onde a liberdade
Cria a águia ao seu calor!
Senhor, pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça!...
Só tem a rua de seu.
Ninguém vos rouba os castelos,
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Nas torturas, nas fogueiras,
Nas tocas da Inquisição,
Chiava o ferro na carne,
Porém gritava a aflição!
Pois bem nesta hora poluta,
Nós bebemos a cicuta,
Sufocados no estertor!
Deixai-nos soltar um grito,
Que trepando no Infinito,
Talvez desperte o Senhor.
A palavra, vós roubai-la

Dos lábios da multidão.
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão!
Mas que infância, ó velha Roma,
Ó cidade da Vendoma,
Ó mundo de cem heróis,
Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis?

Dizei onde a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei,
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?
Fala soberba Inglaterra,
Do Sul ao teu pobre irmão
Dos teus tribunos qu é feito.
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão.

...........................................

Mas embalde que o direito
Não é pasto de punhal
Nem a patas de cavalo
Se faz um crime legal.
Não, não há muitos setembros,
Da plebe doem-lhe os membros
Ao chicote do poder
E o momento é malfadado
Quando o povo ensangüentado
Diz já não posso sofrer.

Pois bem! nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Cavário escalamos
Levando aos ombros a cruz,
Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro
Como alvorada do bem,
Lacoonte esmagados
Morreremos corodados
Erguendo os olhos além.

Irmãos da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz!
Ó soberba populaça,
Rebento de velha raça
Dos nosso velhos Catões,
Lançai um protesto, ó Povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e às Nações!

Recife, 1864

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última atualização * 27/10/2000

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